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Capítulo 9

POV de Dante Carvalho

Vinte e quatro horas se passaram sem dormir.

Sentei-me em meu escritório, um copo de uísque intocado sobre a mesa de mogno.

A casa parecia imensa ao meu redor, hostil em seu silêncio.

Cada sombra que se movia parecia com ela.

Cada rangido do assoalho soava como o eco fantasma de seus passos.

A porta se abriu com um clique.

Olhei para cima, esperando Vital com notícias dos rastreadores.

Era Sofia.

Ela entrou com um ar de posse que revirou meu estômago.

Ela usava um robe de seda.

O robe da minha esposa.

Uma raiva vermelha inundou minha visão, tingindo o mundo de violência.

"O que você está fazendo aqui?", perguntei, minha voz um rosnado baixo e vibrante.

"Ouvi dizer que ela foi embora", disse Sofia suavemente.

Ela contornou a mesa, invadindo meu espaço pessoal.

Ela colocou a mão no meu ombro.

Seus dedos pareciam aranhas rastejando sobre minha pele.

"Sinto muito, Dante. Mas talvez... talvez seja para o melhor."

"Para o melhor?", repeti, as palavras com gosto de cinzas.

"Ela não era a pessoa certa para você", Sofia arrulhou, sua voz pingando falsa simpatia. "Ela era muito dura. Muito fria. Você precisa de alguém que te aprecie. Alguém que precise de você."

Ela se inclinou.

O cheiro de baunilha era sufocante, enjoativo e artificial.

Fez-me querer vomitar.

"Estou aqui, Dante", ela sussurrou contra meu ouvido. "Sempre estive aqui."

Ela se moveu para se sentar no meu colo.

Levantei-me tão abruptamente que minha cadeira voou para trás, batendo contra a parede com um estalo ensurdecedor.

Sofia tropeçou, mal se segurando na beirada da mesa.

"Dante?"

"Tire esse robe", ordenei.

Sofia sorriu timidamente, seus dedos indo para o cinto. "Claro, eu-"

"Tire-o e vista suas próprias roupas", rugi, o som rasgando meu peito. "E saia da minha casa."

Sofia congelou.

Seu rosto se desfez, a máscara de sedução escorregando.

"O quê? Mas... ela se foi! Nós podemos finalmente-"

"Não existe 'nós'!", gritei. "Nunca existiu!"

"Mas você me escolheu!", ela gritou, a voz estridente. "Você me defendeu! Você me comprou a cobertura!"

"Eu comprei a cobertura para a Helena!", bati o punho na mesa, fazendo o copo de uísque tremer. "Usei seu nome para mantê-la fora dos registros para que meus inimigos não a explodissem com ela dentro! Você era uma assinatura! Uma caneta! Nada mais!"

Sofia recuou como se eu a tivesse agredido fisicamente.

Seus olhos se estreitaram, a mágoa se transformando em veneno.

"E o vestido?", ela sibilou. "Você me deixou usá-lo."

Estreitei os olhos, a falta de nexo me pegando de surpresa.

"O quê?"

"O vestido verde", disse ela, a malícia vazando em sua voz, desesperada para reivindicar uma vitória. "Eu o experimentei. Esfreguei meu perfume nele. Eu disse a ela que o tinha usado. Foi por isso que ela me deu um tapa."

O mundo parou de girar.

*Ela me disse que usou o vestido. Ela me disse-*

As palavras desesperadas de Helena daquela noite ecoaram em minha mente, assombrando-me.

Eu não tinha escutado.

Eu tinha olhado para as lágrimas de crocodilo no rosto de Sofia e ignorado a verdade ardente nos olhos de Helena.

Contornei a mesa.

Eu me agigantei sobre Sofia, deixando minha sombra consumi-la.

Ela se encolheu, o medo real e primitivo finalmente entrando em seus olhos.

"Você a provocou", eu disse, a percepção se assentando como chumbo em minhas entranhas. "Você encenou o acidente na cozinha. Você envenenou meu casamento."

"Eu fiz isso por nós!", Sofia chorou.

"Saia", eu disse. Minha voz estava mortalmente silenciosa, muito mais assustadora do que os gritos.

"Dante, por favor-"

"Se você não estiver fora desta casa em dois minutos", avisei, "esquecerei a dívida que tenho com seu falecido marido. E a tratarei como a inimiga que você é."

Sofia recuou, tropeçando nos próprios pés.

Ela se virou e correu para fora do quarto.

Momentos depois, a porta da frente bateu, sacudindo a casa.

Eu estava sozinho.

Verdadeiramente sozinho.

Olhei para a mesa vazia onde a carta de demissão de Helena estivera.

Eu havia escolhido a honra em vez do amor.

E agora eu não tinha nenhum dos dois.

Peguei meu celular.

Disquei para Rocco.

"Você as encontrou?"

"Tivemos um acerto em um cartão de crédito", Rocco respondeu imediatamente. "Uma conta descartável que a Clara abriu anos atrás. Elas compraram passagens."

"Para onde?"

"Rio de Janeiro."

Desliguei sem outra palavra.

Caminhei até a janela e olhei para os terrenos escuros e extensos.

Rio de Janeiro.

A cidade do pecado.

Ela achava que podia fugir.

Ela achava que podia se esconder nas luzes de neon.

Ela estava errada.

Eu não era mais um marido.

Eu era um caçador.

E eu estava indo reivindicar meu prêmio.

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