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A Esposa Indesejada Dele, Minha Nova Aurora
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Capítulo 5

PONTO DE VISTA DE LAURA ALMEIDA:

O quarto do hospital era silencioso, estéril e totalmente vazio, exceto por mim. Acordei com o zumbido suave do equipamento médico, a conversa distante das enfermeiras. Nenhum rosto familiar pairava ansiosamente sobre mim, nenhuma mão se estendia para verificar minha testa. Apenas silêncio, e a dor surda do meu tornozelo enfaixado e da testa machucada.

Uma enfermeira entrou apressada, verificando meus sinais vitais.

- O escritório do Sr. Montenegro ligou - ela anunciou, a voz rápida. - Eles querem saber quando ele pode vir te buscar.

Uma risada amarga escapou dos meus lábios. Theo. Me buscando. Como se eu fosse um pacote, um inconveniente a ser removido rapidamente.

- Diga a eles que eu mesma providenciarei meu transporte - eu disse, minha voz firme. - E, por favor, não entre em contato com eles novamente.

A enfermeira pareceu surpresa, mas assentiu.

Passei os dias seguintes em uma névoa de dor e profunda introspecção. O hospital se tornou meu santuário, uma zona neutra onde as regras de Theo, a malícia de Isabela e meu próprio desespero esmagador não podiam me alcançar. Dispensei a enfermeira particular que o escritório de Theo havia enviado, uma mulher severa que claramente fora instruída a relatar todos os meus movimentos. Eu queria ficar sozinha. Eu precisava ficar sozinha.

Na solidão silenciosa, desenrolei os fios emaranhados da minha vida. Seis anos. Seis anos tentando, esperando, sacrificando-me pedaço por pedaço por um homem que me via como nada mais do que um acessório conveniente. Eu o amei, feroz e tolamente, desde que era adolescente, uma paixão silenciosa que floresceu em uma devoção desesperada após nosso casamento arranjado. Ele era brilhante, poderoso, inatingível, e eu tolamente acreditei que minha lealdade inabalável poderia eventualmente conquistar seu coração.

Eu racionalizei sua frieza, sua misofobia, suas regras rígidas. Disse a mim mesma que ele era incapaz de amar alguém, que seu coração era simplesmente construído de forma diferente. Era mais fácil acreditar nisso do que aceitar a verdade arrepiante: ele podia amar. Ele podia prodigalizar afeto, atenção e ternura. Ele simplesmente não fazia isso por mim. Ele fazia por Isabela. Essa percepção, nítida e intransigente, removeu os últimos vestígios do meu autoengano. Meu amor não fora consumido por suas regras; fora faminto por sua indiferença e depois sistematicamente assassinado por sua crueldade.

Quando os médicos me deram alta, saí daquele hospital sozinha, apoiando-me pesadamente em muletas, mas com uma leveza no coração que não sentia há anos. Fui ao escritório de advocacia mais próximo, minha resolução tão sólida quanto o chão sob meus pés. Os papéis do divórcio, assinados por mim, foram oficialmente protocolados.

Voltei para a mansão, não como esposa, mas como residente temporária. A casa parecia cavernosa, ecoando com os fantasmas de uma vida que eu nunca vivi de verdade. Mancava pelos cômodos opulentos, minhas muletas batendo, um contraste gritante com o silêncio luxuoso.

Minha primeira parada foi meu closet. Anos de presentes meticulosos de Theo - joias caras, roupas de grife, tudo escolhido para se adequar ao seu gosto austero - foram sistematicamente retirados. Cada item, antes um símbolo de sua riqueza, agora parecia uma corrente. Peguei todos eles, cada um, e os joguei em enormes sacos de lixo. Eles não eram meus. Nunca foram de verdade.

Então, mancando, fui até o cofre escondido na parede atrás de uma grande pintura. Dentro, aninhada entre documentos importantes, havia uma pequena caixa de veludo. Eu a abri. Um delicado medalhão de prata, gravado com as iniciais da minha avó, brilhava suavemente. Era uma herança, passada por gerações de mulheres Almeida, um símbolo de amor duradouro. Lembrei-me do dia em que Theo o viu.

- O que é isso? - ele perguntou, a testa franzida em desagrado. - Parece... velho. Anti-higiênico. Você não deveria usar essas coisas, Laura. Elas acumulam germes.

Eu, tolamente, o tirei. Guardei-o, fora de sua vista, na esperança de agradá-lo. De ser "limpa" o suficiente.

Agora, eu o peguei, seu metal frio um conforto contra as pontas dos meus dedos. Prendi a corrente em volta do meu pescoço, o medalhão se acomodando contra minha pele, uma promessa silenciosa para mim mesma. Isso era meu. Minha herança. Meu eu. Eu nunca mais o tiraria.

Enquanto eu lutava com minhas muletas em direção à cozinha, uma comoção familiar irrompeu da entrada principal. Theo e Isabela, de volta de sua visita ao hospital, entraram. Isabela estava rindo, um som brilhante e despreocupado, o braço entrelaçado no de Theo. Ela estava perfeitamente bem, é claro. Nem um arranhão.

- Oh, Theo, meu amor, estou faminta! - ela cantou, a voz ecoando pelo hall de mármore. - O que tem para o jantar?

- O que você quiser, meu anjo - Theo respondeu, a voz uma carícia suave. - Já providenciei para que seu chef favorito prepare um banquete. E um chá especial, só para você. - Ele se virou para um mordomo que pairava por perto. - Garanta que todas as necessidades da Sra. Ferraz sejam atendidas. Ela teve um dia difícil.

Meu coração se contraiu, um espasmo de dor. Um chef. Um chá especial. Pelo "dia difícil" dela.

Lembrei-me da vez em que tive uma febre terrível, meu corpo tremendo de calafrios. Eu havia pedido educadamente ao chef de Theo uma sopa simples. Theo descobriu e me repreendeu duramente. "Laura, você sabe que doenças são contagiosas. Você deveria se isolar. Não exponha a equipe e, certamente, não espere tratamento especial." Ele me enviou uma refeição pré-embalada e sem graça para o meu quarto, entregue por um servo mascarado usando luvas.

A diferença era um abismo, um vazio intransponível. Ele não se importava comigo. Nunca se importou. Ele se importava com ela. E isso, em sua simplicidade nua e crua, era a verdade mais dolorosa de todas. Não havia mais amor para morrer. Já era um cadáver, meticulosamente embalsamado por sua indiferença.

Tentei escapar, evitar outro confronto, mas os olhos afiados de Isabela me pegaram.

- Laura! Aí está você! - ela chamou, a voz pingando doçura artificial. Seu olhar, no entanto, estava fixo no medalhão, brilhando em minha garganta. - Oh, que coisinha bonita. Tão pitoresca.

Theo se virou, seus olhos pousando brevemente em mim, depois no medalhão, um brilho de algo ilegível em seu olhar.

Isabela fez beicinho, puxando o braço de Theo.

- Theo, olhe! É muito bonito. Eu quero um! Você sempre dá coisas tão legais para a Laura.

Meu queixo caiu. Ele nunca me deu nada por escolha, apenas o que era considerado apropriado para sua esposa. E ele odiava este medalhão!

Theo suspirou, um som de leve exasperação.

- Isabela, querida, é apenas um medalhão velho. Deixe para lá.

Mas Isabela, sempre a manipuladora, não se deixou deter. Seus olhos se encheram de lágrimas teatralmente.

- Mas eu amei! É tão único! Você nunca me diz não, Theo! Você está dizendo que se importa mais com a Laura e as coisas velhas dela do que comigo?

O rosto de Theo se contraiu. Ele olhou para mim, depois de volta para os olhos cheios de lágrimas de Isabela. Ele claramente não suportava o sofrimento dela.

- Tudo bem, tudo bem, meu amor. Não chore. Laura, tire essa... coisa. A Isabela quer. - Sua voz era monótona, uma ordem disfarçada de pedido.

Minha mão instintivamente voou para o medalhão, agarrando-o.

- Não - eu disse, minha voz tremendo de convicção. - Isso era da minha avó. Significa algo para mim. Não está à venda. Não é para ser dado.

Os olhos de Isabela endureceram.

- Ela está te recusando, Theo! Ela disse não explicitamente ao seu pedido! Como ela ousa! - Ela bateu o pé, uma birra infantil no corpo de uma mulher adulta. - Eu quero! Agora!

A paciência de Theo, escassa na melhor das hipóteses, se esgotou. Ele me encarou.

- Laura, não dificulte as coisas. Quanto você quer por ele? Diga seu preço.

- Não é sobre o preço, Theo! - gritei, minha voz se elevando. - Não tem preço! É uma herança de família! - Virei-me para sair, minhas muletas batendo, uma tentativa desesperada de escapar.

Mas Isabela foi mais rápida. Ela se lançou, a mão alcançando minha garganta, os dedos arranhando o medalhão.

- Me dê, sua bruxa! - ela gritou. Seu aperto era surpreendentemente forte, puxando a delicada corrente.

Eu tropecei, minhas muletas caindo no chão. Meu tornozelo machucado torceu novamente, enviando uma nova onda de agonia através de mim. A corrente do medalhão se partiu sob o puxão frenético de Isabela. Ela caiu para trás, um sorriso triunfante no rosto, a peça de prata em sua mão.

Theo correu para o lado dela, sua preocupação habitual nublando seu rosto.

- Isabela! Você se machucou?

Ela riu, mostrando o medalhão.

- Eu consegui! Agora é meu!

Mas então, seu sorriso se transformou em um escárnio. Com um brilho malicioso nos olhos, ela abriu o medalhão e arrancou a velha fotografia desbotada de dentro. Ela esmagou o medalhão em seu punho, sua delicada prata se dobrando e torcendo em uma bagunça irreconhecível. Então, com uma gargalhada triunfante, ela atirou a peça de metal mutilada em mim. Aterrissou com um baque seco a meus pés, uma relíquia quebrada e profanada.

- Pronto! - ela disse, o peito arfando de esforço e prazer malicioso. - Agora você não tem nada! - Ela agarrou o braço de Theo, a voz doce e infantil novamente. - Agora, benzinho, me pegue no colo! Estou tão cansada.

Theo, sem um momento de hesitação, a pegou nos braços, carregando-a em direção à grande escadaria. Ele não olhou para mim, não reconheceu o medalhão quebrado, não registrou as novas lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Fui deixada sozinha no vasto e ecoante hall, os pedaços mutilados do medalhão da minha avó a meus pés, um testemunho final e cruel da destruição de tudo que eu prezava. Meu pulso, onde Isabela me arranhou, estava sangrando. Meu tornozelo latejava com uma dor que espelhava a dor oca em meu peito. Meu coração estava total, completa e irrevogavelmente morto. Não restava nada além de um vasto e silencioso vazio. E nesse vazio, uma resolução fria e inflexível começou a se formar.

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