Capítulo 2 Salva por um anjo.

Luísa levantou do chão sem forças para continuar e abriu a porta da casa sentindo cada pontada em seu peito, cada passo dado na solidão daquele ambiente era uma lembrança de momentos vividos ali. Só quem perderá alguém um dia saberia como era aquela sensação, da agonia que tomava conta de seu coração, da ideia de nunca mais poder criar memórias com aqueles com quem mais ama.

Ela foi até o banheiro da casa, lavou sua maquiagem, enxugou as lágrimas, tirou suas roupas entrou embaixo do chuveiro e por lá permaneceu por mais de meia hora, até que cansada saiu do chão do banheiro, foi até o seu quarto para vestir algo.

Luísa colocou uma camisola branca que sua mãe lhe dera em seu aniversário, sua mãe, Nora Alcântara, comprara duas camisolas, uma para ela e a outra para a filha para que usassem juntas. Mãe e filha sempre foram muito ligadas. Luísa vestiu a camisola esperando sentir o carinho de sua mãe, algo não estava certo, ela sentia tristeza, mas também raiva 'Por que senhor? Por quê?', a garota inconformada saiu de seu quarto e foi até a adega da casa, pegou um vinho, 'CHÂTEAU LATOUR 1961', este era um vinho que estava na família por algumas décadas e seu pai, Jorge Alcântara, herdara de sua família e havia prometido a família que quando ela se formasse, eles abririam o vinho para degustação. Seu pai era um homem íntegro que amava muito sua filha e fazia de tudo pela sua princesinha.

A mulher foi até a sala pegou três taças de vinho da cozinha e colocou um pouco em cada uma e disse:

- Pai, mãe, de onde vocês tiverem quero que saibam que estou bem, sua garotinha está bem.

Lágrimas rolaram do rosto da menina. Ela continuava sentada no sofá e falando o que precisava:

- Eu amo muito vocês, não sei como vou seguir minha vida sem as pessoas que mais amo no mundo, mas espero segui-la de alguma forma, me perdoa por tudo que já fiz, por meus erros...

Ela desabou em choro novamente, se encolheu no sofá como uma criança assustada, até que pegou uma das taças e bebeu, ficar sóbria não estava diminuindo a dor que sentia, depois que bebeu meia garrafa, seus olhos embaçados pelas lágrimas continuavam inundar sua camisola e a visão começava ficar turva.

Luísa sempre fora fraca para a a bebida, beber não era seu forte, ela achara que se bebesse a dor iria embora, mas a dor persistia e doía cada vez mais, até que ela abriu a porta da frente e saiu na chuva, a água gelada batendo e percorrendo seu corpo pincelava sua dor. Com os pés descalços ela foi até uma rua movimentada, a garota bêbada iria se matar literalmente, para ela não havia mais propósito em viver.

Gabriel vinha em alta velocidade, quando alguém apareceu na estrada, ele freio o carro, mas com água da chuva o carro bateu na pessoa a sua frente, embora de leve a pessoa caiu, o coração daquele homem batia tão rápido que respirar ficava difícil, ele saiu do carro e envolveu aquela mulher maluca em seus braços, havia um pouco de sangue, a moça disse em uma voz doce e calma:

- Obrigada meu anjo salvador.

Depois ela caiu desmaiada em seus braços.

Gabriel ficou na chuva olhando para aquele rosto triste por alguns minutos, até que levantou e colocou a garota em seu carro, depois de se sentar no banco do motorista seu coração continuava acelerado, sua pressa fora embora, era estranho se sentir calmo e agitado ao mesmo tempo, ele nunca experimentara aquela sensação antes. Gabriel pisou no acelerador e saiu do local do acidente rumo ao hospital.

            
            

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