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- Estranho, Pablo, agora que estou próximo desse encontro meu coração dispara! Não sou dessas coisas...
Disse Sara, caminhando pelo jardim como se visse tudo pela primeira vez, mas fato realmente era. Nunca teve a oportunidade de adentrar em tamanha propriedade. Os ciganos nunca eram benvindos. Com sua fama de ladrões e desordeiros.
E ambos foram caminhando, passando as mãos pelas flores até avistarem bancos de baixo de uma árvore e se encaminharam para lá.
Porém nada da tal daminha. Sara envolveu seu rosto com o lenço que cobria seu cabelo com medo de ser reconhecida. Como se fosse possível esconder sua origem em tamanhas saias e cores de sua roupa.
Ficaram em alguns segundos que pareciam eternos naquele banco olhando para todos os lados com um medo absurdo de serem descobertos quando um... som veio por de trás as árvores!
- ei, psiu...vocês ..... venham por aqui!
Por Santa Sara, que voz é essa do além, pensou rapidamente Sara até avistar a companhia da daminha escondida por de trás de uma árvore. E aliviada de sair de tamanha área aberta onde poderia ser vista, adentrou correndo naquela que parecia uma mini floresta. A mucama foi abrindo caminho com as mãos e logo uma nova clareira pode ser vista. E lá estava ela em uma manta no chão com muitas frutas e doces, como um verdadeiro lanche de ciganos.
Já achei de imediato uma boa recepção daquela moça. Ela queria de fato ser gentil e nos fez sentir à vontade.
Chegamos por de trás dela e finalmente virou e nos cumprimentou.
- Sejam benvindos.
Sara, ao ver a moça deu um grito fanhoso, daqueles que o som não são de tão assustada. Pablo quis tampar sua boca, mas teve uma leve vertigem e caiu no chão. Por um breve momento um tumulto se estabeleceu naquele lugar.
Ruzena sem entender se pôs correndo meio que agachada ainda a socorrer o jovem rapaz e a mucama foi correndo retirar a jarra de suco que estava virando por cima do vestido de Ruzena e Sara que estava assustada também, por instinto socorreu Pablo tentando pegar o rapaz ainda em sua queda. Quando finalmente caindo ao chão seu véu. Saindo de sua cabeça e as duas puderam estar no mesmo momento de socorro ao ciganinho, trocarem os olhares de perto, olhos nos olhos ... se fitaram por instantes. E a reação foi quase que simultânea e deram ambas um pulo para trás de tanto susto.
- Meu Deus .... você sou eu! Só que .... só que.... e ficou ali gaguejando sem saber o que completar para não ofender a cigana que era sua semelhança.
Ruzena nessa hora não sabia nem o que estava falando.
A mucama abriu a boca e não fechou mais e Pablo acordou e como sempre fala muito foi logo tagarelando.
- Santa Sara. Vocês parecem gêmeas. Isso não pode ser. Bem que você tem o cabelo mais liso. /Colocando a mão nos cabelos de Sara/
- E você o cabelo um pouquinho mais claro... /colocando as mãos no cabelo de Ruzena/
E imediatamente retirando sabendo que estava ali sendo um pouco abusado. Mas, ele era abusado mesmo, sempre, com aquele jeitinho que no clã fingiam que era normal, sendo ele um rapaz um pouco afeminado.
Mas, algo estava naquele momento acontecendo, ambas não se importavam com a falação de Pablo, elas se olharam como misto de curiosidade, intensidade e familiaridades. Pareciam que se conheciam, ou a semelhança entre elas a faziam se sentir próximas.
E Ruzena que era menos selvagem e muito gentil soltou com delicadeza um...
- Como você é bonita! Qual seu nome?
E Sara, na hora ... - "Você também é bonita!"
E todos começaram a rir como um certo alívio! Depois do susto os ânimos voltaram, sem graça, mas estavam ali se recompondo.
- Tome um suco, lanche. Os lenços Ruzena, entregue os lenços! Disse Carlota para otimizar e mudar o rumo da situação já que uma não parou de ficar admirando a outra, olhando cada detalhe do rosto sem constrangimento de mostrarem tal surpresa.
Mas, ela mesma voltou ao assunto. - "Como vocês se parecem .... como isso é possível ?"
E ali naquele momento que parecia ser eterno, alguém teve o bom senso de lembrar do tempo! Pablo soltou um sonoro.
- Boris! Lembra? Tenho medo dele. Não esqueça do tempo.
Sara, concordou e explicou que não podia demorar. Mas, no tempo restante que tiveram, ambas estavam convictas da certeza de que precisariam saber mais uma da outra. Faziam perguntas quase que juntas como uma brincadeira de irmãs mesmo. Perguntas sobre o que gosta, qual sua comida preferida, sua cor... mas, claro além das diferenças, pois são pessoas diferentes e sabemos são gêmeas. Elas receberam educação diferente então quase nada batia de semelhante a não ser a semelhança física.
Porém, muito mais seria descoberto depois do encontro tramado pelo destino. Era tempo de se reencontrarem.
Organizaram possíveis retornos. E como fariam. Carlota e Pablo, fiéis amigos e quase súditos seriam os encarregados de resolverem como fariam esses encontros. E teriam de ser naquela primavera inteira, pois no frio rigoroso todos se fechavam em suas casas. Mas, teriam tempo. Sim...tempo suficiente para as descobertas que mudariam suas vidas.
Ambas, já demonstravam sentir tamanha alegria. Estavam tão ligadas, brincavam uma com a outra, se seguravam, uma mexia no cabelo da outra...alegres. Realmente uma felicidade...um encontro com o espelho!
Nenhuma das duas tiveram maldade de se perguntarem porque tamanha semelhança e nem porque se sentiam tão à vontade uma com a outra se era até minutos atrás edram duas estranhas.
O momento é de alegria e renovação, e por um breve momento Ruzena se esqueceu do amor sentia pelo Padre e que nunca poderia ser correspondido. De que se sentia uma estranha no eu próprio lar. E por sua vez, Sara não pensava no casamento arranjado com um dos homens mais egoístas e assediado do grupo, o Yago. E que ela teria de seguir uma tradição que não queria, pois tinha dons mesmo era para o comércio e dança.
Ambas com suas dores internas ocultadas e abafadas por um momento de tamanha sutileza e alegria.
- Mas, o tempo urge como o grito de Boris . /foi logo lembrado por Pablo, que sempre tinha essas tiradas realistas e com um tom sarcástico. Um mau humor irônico.
Na hora um franzir de testa de Sara se fez.
- Precisamos ir Ruzena, ou posso lhe chamar de Rosa? Ruzena é Rosa não é?
Com aceno de concordância de Ruzena se levantaram e uma segurou na mão da outra e a nova Rosa falou com o tom doce que tem:
- Você ... (virou-se para Pablo também) – vocês fizeram dessa primavera a melhor de minha vida! Foram muitas emoções por um dia só, que jamais esquecerei. Caso não possamos nos ver, gostaria que soubessem... mas, faremos de tudo para que possamos nos ver não é Sara? /E novamente olhou para Pablo e Carlota e repetiu como se pedisse confirmação de um sim no olhar/ - Não é?
E todos responderam afirmativamente.
- Precisamos ir, Boris realmente é nosso líder e é muito severo. Se eu não chegar no tempo ele determinou, ele pode me prender na primavera e aí não conseguiremos nos ver! Agradeço os presentes, mas eu sou simples e não tenho nada a lhe dar!
E Ruzena com seu olhar sereno lhe responde:
- Você já me deu moça bonita (em uma auto afirmação também de sua beleza) – Você já me deu!