Vendida - Parte 1
img img Vendida - Parte 1 img Capítulo 3 "Alguém virá por mim "
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Capítulo 11 "O que mais pode acontecer a uma garota que já está machucada " img
Capítulo 12 "O que está acontecendo " img
Capítulo 13 "Apenas atração " img
Capítulo 14 "Eu quero muito mais..." img
Capítulo 15 "Você beija muito bem" img
Capítulo 16 "Garantia de quê " img
Capítulo 17 "Quem é você, Pedro " img
Capítulo 18 "O acordo de milhões" img
Capítulo 19 "Romance proibido " img
Capítulo 20 "Bronca da irmã mais nova " img
Capítulo 21 "O que estão me aprontando " img
Capítulo 22 "A melhor noite da minha vida " img
Capítulo 23 "Uma noite de princesa " img
Capítulo 24 "Finalmente minha primeira vez " img
Capítulo 25 "Um beijo que só a lua pode lembrar" img
Capítulo 26 "Dormindo de conchinha" img
Capítulo 27 "Eu quero você" img
Capítulo 28 "Emocionada " img
Capítulo 29 "Flagrando a irmã com o melhor amigo " img
Capítulo 30 "O mesmo Pedro de antes " img
Capítulo 31 "Sonhar não é errado" img
Capítulo 32 "Uma noite sem vergonhas" img
Capítulo 33 "Uma noite com o irmão da melhor amiga" img
Capítulo 34 "Uma festa ou enterro " img
Capítulo 35 "Um monstro que... chora " img
Capítulo 36 "Loucura de irmãos ou... traição " img
Capítulo 37 "Estamos namorando img
Capítulo 38 "O inferno seria bom se você estivesse lá." img
Capítulo 39 "Era tudo uma mentira " img
Capítulo 40 "Lucas do mal " img
Capítulo 41 "Em quem ele deve acreditar " img
Capítulo 42 "A despedida mais dolorosa" img
Capítulo 43 "O presente incrível da adorável Mia" img
Capítulo 44 "Eu te amo" img
Capítulo 45 "Uma noite inesquecível" img
Capítulo 46 "Eu também te amo" img
Capítulo 47 "A vingança " img
Capítulo 48 "Eu escolhi te amar para sempre" img
Capítulo 49 "Livre " img
Capítulo 50 "Boquinha de Mel" img
Capítulo 51 "Mais uma vez... sozinha " img
Capítulo 52 "Entre deuses e monstros, acho que sou um anjo no jardim do mal" img
Capítulo 53 "A surpresa que ele fez para mim... acho que nunca verei" img
Capítulo 54 "O que é pior que a morte " img
Capítulo 55 "Uma despedida silenciosa" img
Capítulo 56 "Às vezes o amor é sobre deixar ir" img
Capítulo 57 Epílogo - "Não é o fim, e sim um novo começo" img
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Capítulo 3 "Alguém virá por mim "

Capítulo 2

Finalmente as palavras de Albert Einstein estavam fazendo sentido na minha cabeça. "Se você continua vivo é porque ainda não chegou onde devia." Me perguntei durante os últimos dois minutos onde eu deveria chegar, porém a resposta está envolta por uma densa névoa, e eu pareço pequena demais para alcançá-la.

Continuei pensando sobre isso enquanto encarava a enorme porta de madeira à minha frente.

- Esse aqui vai ser o seu quarto.

A garota loira com aparência da minha idade, que se apresentou como Mia, dá um longo suspiro após perceber o quanto eu pareço apreensiva.

- Eu sinto muito. Isso nunca tinha acontecido antes e eu nunca pensei que Ph seria capaz de fazer algo assim. - Ao pronunciar essas palavras, Mia parece realmente decepcionada.

Tenho certeza disso devido a discussão que houve entre os dois há apenas alguns minutos atrás, quando Enzo explicou a situação e Mia tentou me defender a todo custo. Porém o homem com o olhar vazio saiu com a outra garota, a ignorando e aparentemente a deixando ainda mais brava.

- Ph? - Questiono me perguntando se isso é realmente um nome.

É até um pouco surpreendente que alguém com tamanha presença se chame assim.

Mia apenas sorri, pegando uma chave do seu bolso e destrancando a porta.

- É apenas um apelido. Nossos pais eram de países diferentes quando nos tiveram, então nosso nome é uma mistura das duas nacionalidades. Vem, mesmo que pareça horrível, vou tentar te deixar bem acomodada. - Ela diz abrindo a porta e entrando logo em seguida, porém a única coisa que consigo fazer é pensar em como qualquer esperança de que ela fosse me ajudar a fugir agora já não é existente.

- Vocês são irmãos? - Pergunto encarando o chão, me sentindo desesperançosa. - Mia, não pode me ajudar a fugir?

Minha voz soa tão baixa que é até difícil dizer se ela ouviu, porém sinto ela se aproximar e é quando tomo coragem para encará-la. Eu não sei quem são eles ou o que fazem, e depois de passar alguns minutos com ele, sinto que não tenho chance alguma de fugir dessa casa. E depois que... mesmo sendo o irmão dela, ela compactua com o que ele está fazendo comigo? Mantendo uma pessoa em cárcere privado... isso é normal para ela também?

- Emma... - Ela põe uma mão em meu ombro, me encarando com certa culpa. - Eu sinto muito, mas eles são realmente perigosos. Não posso te ajudar a fugir pois mesmo sendo irmã do líder deles, a "organização" é muito grande e não brinca em serviço. Mas eu prometo, não vou deixar eles te machucarem ou te deixarem presa aqui por muito tempo. Pense nisso como uma viagem escolar obrigatória com pessoas que você não conhece. Eu vou conversar com ele, até lá não posso te deixar sair desse quarto, mas olha... aqui tem tudo que precisar. Os meninos também não são ruins como parecem, ao menos quando não se trata do serviço que tem que fazer. E em relação a Ph... bom, ele é gente boa com todos, mas... bem... como posso dizer?

Ela parece embaraçada e até mesmo envergonhada enquanto eu a escuto atentamente, me agarrando nesse fio de esperança que ainda há algo que devo fazer, caso contrário já estaria morta.

- Só tente falar o mínimo possível com ele. E se falar não o desafie ou o contrarie. Também não mexa nas coisas dele. Ele esquenta a cabeça e acaba se deixando levar pela raiva.

Um calafrio de medo percorre a minha espinha. Então... eu não estava errada quando eu o vi pela primeira vez e a sensação impiedosa me assombrou por um tempo.

Assinto e então ela me guia para dentro do quarto, enquanto eu acaricio meus braços arrepiados. Assim como quando eu cheguei, eu não consegui evitar de me sentir impressionada com o quanto espaçoso e decorado parece o quarto. Uma enorme cama está posta no meio do quarto, ao lado de uma parede com uma enorme janela de vidro. Alguns móveis como guarda-roupa, prateleira e sofá fazem com que eu me sinta na casa dos sonhos. Eu nunca estive num lugar tão grande e que transborda riqueza como esse, o que me deixa surpresa pois eles não parecem precisar de dez mil reais, mas ainda assim... Aqui estou eu.

Em cima da cama, eu noto várias roupas dobradas de forma que eu consiga identificar o estilo delas. Ao lado da cama estão algumas caixas de sapato e além disso, a prateleira, por exemplo, tem vários produtos que eu definitivamente já tive vontade de comprar, como produtos de higienes faciais, cremes de todos os tipos, uma chapinha, perfume, maquiagens e outros produtos que não consigo identificar.

Mas por que diabos estão me dando todas essas coisas ao mesmo tempo em que fazem questão do dinheiro que o meu pai está lhe devendo. É realmente apenas dez mil? Eles falaram a verdade quanto a isso, ou estão me escondendo coisas?

- Ali é o banheiro. Como pode ver, aqui tem tudo o que precisar. Eu vou pedir para o Ph pôr um frigobar ao lado da sua cama. - Mia murmura enquanto eu encaro a roupa que peguei em minhas mãos, sentindo que há algo estranho sobre tudo isso.

- O que é essa organização? O que o seu irmão faz? - Pergunto com a voz baixa, me virando para a mesma que permanece parada na entrada do quarto.

- Ah... sobre isso... bom, eu não acho que você possa sair dizendo sobre isso, mas ele meio que trabalha com... tráfico. - Meus olhos se abrem em surpresa, pois essa era a última coisa que eu poderia imaginar, e isso me deixa ainda mais amedrontada, pois segundo tudo o que eu já ouvi sobre isso da boca das pessoas, esse tipo de gente não tem coração. - Ph é o líder. Ele administra desde muito novinho por causa do nosso pai... Mas ninguém além daqueles dois que trouxeram você sabe sobre a identidade dele. Ele prefere assim, já que depois de tudo o que ele causou, se soubessem de quem se trata, já teriam se vingado de tudo o que é jeito.

Um calafrio percorreu minha espinha ao pensar sobre isso. Quão problemático tem que ser essa pessoa para todos ao redor desejarem vingança? O quão longe ele foi nas suas atitudes? Deus... eu definitivamente não vou o desafiar e contrariá-lo. Talvez tentar fugir seja uma péssima ideia. Se ele me pegar, eu posso...

Um toque de celular de uma música popular foi o que interrompeu a minha linha de pensamento, e segundos depois Mia estava encarando a tela do seu telefone com uma expressão revoltada.

- Ah, droga! Emma, eu vou ter que te deixar sozinha. Eu sinto muito, mas eu não posso deixar de fazer isso. Eu sinto muito por isso estar acontecendo, e não se preocupe, vou dar uns puxões de orelha em Pedro. Até lá eu vou ter que trancar essa porta, eu sinto muito mesmo, mas me prometa que vai se cuidar. Pode fazer o que quiser nesse quarto, e se alguém te incomodar me fale imediatamente, está bem?

Ela me lança um sorriso fraco e eu consigo enxergar genuína preocupação em seu olhar. Um alívio em meu peito é perceptível. Ela definitivamente não parece uma pessoa ruim, e se ela me proteger... Eu posso aguentar até lá. Até meu pai conseguir pagar essa dívida.

Pela primeira vez, um sorriso surge em meus lábios, mesmo que fraco, e eu assinto, a deixando tranquila. Logo depois ela se foi, trancando a porta em seguida. Mesmo já aceitando a ideia de que posso aguentar, eu corri feito uma desesperada pelo quarto em busca de ver algo do lado de fora, mas o único lugar que me permitiu ver, foi a janela ao lado da minha cama. Ela é de vidro. Porém grades estão do lado de fora, e isso definitivamente confirma o pensamento de que serei incapaz de fugir, porém fui capaz de perceber algo. Mesmo na escuridão da noite, vi um homem armado no meio do mato segurando uma lanterna, que foi o que me permitiu enxergá-lo... ele estava olhando ao redor, como se procurasse por qualquer ameaça.

Deus... Enzo estava realmente falando a verdade! Eles são mais perigosos do que eu pensei.

As lágrimas brotaram em meus olhos rapidamente e eu me sentei na cama, perdendo a força das minhas pernas.

E se meu pai não pagar a dívida e ver isso como uma oportunidade de se livrar de mim? Ele não poderia... ele precisa de mim para pagar as contas, e como pai tem que estar preocupado com o que esses homens podem fazer comigo. Mesmo que agora tudo esteja diferente entre nós, ele tem que se lembrar de como éramos. De como ele cuidava de mim... Sem falar que mesmo que ele me deixe, Karen irá procurar por mim, tenho certeza. Ela vai chamar a polícia quando perceber que o meu pai está escondendo algo. É nessa esperança que devo me agarrar.

Abracei minhas pernas, deixando que as lágrimas caíssem numa tentativa de lavar minha dor, mas quanto mais penso sobre isso mais a sensação dolorosa se intensifica. Tanto que a pressão em meu coração é enorme e eu tenho dificuldade de respirar.

Acho que fiquei naquela posição por muito tempo, talvez vários minutos ou algumas horas, até que as lágrimas secaram em meu rosto e o pânico tomou conta de mim. Mas eu não estava conseguindo me mexer. É quase como quando você está prestes a morrer, e não consegue se mexer, mesmo sabendo que a sua vida depende disso. Eu me sinto envolta por uma névoa que não se dissipa, e várias silhuetas deformadas me atormentam. Eu estou sozinha!

Eu odeio me sentir assim, mas não posso evitar quando uma crise começa...

Não faço ideia de quanto tempo se passou, mas o céu está um pouco acinzentado, revelando o início do amanhecer.

O que eu tenho que fazer? Por que estou aqui? As coisas acontecem por acaso?

Me fiz perguntas como essa enquanto pensava em voltar a minha rotina de sempre. Não há cor na minha vida... Nada que me mantenha aqui, nada além daquela carta. Talvez seja por esse propósito que eu continuo viva. Talvez tenha sido por nunca ter lido a carta deixada por minha mãe, que eu nunca consegui cravar a lâmina no meu pulso e deixar que eu sangrasse até a morte. Talvez todas essas marcas que carrego em meu corpo, sirva como lembrança do que eu tenho que fazer, e de como abandonei tantas vezes a ideia de desistir da minha própria vida.

Talvez lá no fundo... ainda haja esperança para mim!

Um barulho me assusta, e quando me dou conta a porta do quarto está se destrancando. Me levanto da cama assustada com a ideia de alguém estar vindo me assediar, porém esperançosa de que seja apenas Mia. Abraço o travesseiro contra o meu corpo assim que percebo que definitivamente não é ela.

Muito pelo contrário... a única pessoa que eu não desejaria ver agora aparece bem na minha frente, dando um leve sorriso irônico que me deixa ainda mais aflita. Em suas mãos estão algumas sacolas, e enquanto a luz fraca do sol iluminava o seu rosto, por alguns segundos, o seu olhar vazio já não me amedrontava tanto assim.

            
            

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