/0/2898/coverbig.jpg?v=f6e04432341c165f70b6627ef3d30e88)
Virei a cabeça para o lado depois de ouvir sua pergunta, dei um sorrisinho e toquei meu copo cheio de uísque, dando algumas batidinhas no mesmo com as minhas unhas.
Mordi o lábio inferior e olhei para o homem do meu lado novamente.
Seus olhos azuis e frios como gelo ainda estavam fixos sobre mim.
- Eu sou de Dudley. - respondi com um tom suave. - Vim para Birmigham a procura de um emprego. - ele assentiu com a cabeça e se serviu um copo de uísque. - Mesmo dois anos depois da guerra, as coisas ainda estão bem difíceis.
Menti sobre algumas coisas, é claro.
As coisas realmente não estavam muito boas, embora nós, britânicos, tivéssemos "ganhado" a guerra.
Ele continuou calado, apenas brincava com seu copo e dava alguns goles.
- Vamos, Tommy! Vamos comemorar nossa vitória! - um de seus irmãos abriu uma espécie de janela na sala onde estava.
- Estou indo, Arthur. - ele respondeu sem muita animação e logo se levantou do banquinho. - Boa sorte, Hanna. - ele disse ironicamente enquanto se afastava.
Franzi a testa ao perceber a ironia no seu tom de voz.
Olhei para a porta que Thomas tinha acabado de fechar por alguns minutos, até que me levantei e me aproximei do dono do pub, que aparentava se chamar Freddie.
- Aqui está o dinheiro da bebida. - eu estiquei meu braço. - Pode ficar com o troco.
- Guarde seu dinheiro, Hanna. - o senhor de meia idade disse. - Eu ouvi quando disse seu nome. - explicou e eu assenti com um sorriso.
- Imagina! Eu faço questão de pagar. - eu insisti.
- Já disse que não precisa. Você é nova na cidade, por favor aceite! - fez um movimento com os braços e depois serviu um cliente que pediu um pouco de rum. - E então?
- Está bem. - eu revirei os olhos. - Muito obrigada. - sorri para ele e me despedi, fazendo um gesto com a cabeça.
Antes de começar a andar na direção da porta de entrada, dei uma última olhada na porta onde os três irmãos estavam, provavelmente enchendo a cara e fumando como todos os homens da cidade.
Depois de sair do The Garrison, eu segui pela estrada de terra enquanto olhava para os lados na tentativa de encontrar a pousada onde ficaria.
- Devemos lutar pelos nossos direitos! - ouvi alguém gritar e virei a cabeça, logo vendo um grupo de homens reunidos. - Nós passamos horas e horas nas fábricas trabalhando sem parar e no final recebemos um salário de merda!
- Precisamos enfrentar esses filhos da puta dos Hartman! - outro disse e todos fizeram barulho, concordando.
Então essa família de gângsters também controlava as fábricas.
Pelo visto eles eram mais poderosos do que eu podia imaginar.
- Nossa, como eu odeio esses comunistas idiotas. - uma mulher que estava passando exclamou para seu companheiro. - Eles deveriam estar agradecidos pela oportunidade que Tommy lhes deu.
Observando-os atentamente, notei que as roupas que vestiam eram bem luxuosas. Eles com certeza eram bem ricos.
Olhei para o grupo de comunistas por mais um tempo e depois voltei a andar
Finalmente encontrei a pensão que me hospedaria. Estava feliz em ter encontrado o lugar que quando estivesse nele, ficaria longe das ruas sujas e fedidas de Birmigham.
- Aqui está a chave do seu quarto. - a dona da pensão disse e me entregou. - Seja bem vinda ao inferno que é essa cidade! - ela sorriu de um jeito macabro.
Eu sorri um pouco desconfortável.
- Você conhece algum lugar onde eu possa comprar algumas roupas? - perguntei um pouco sem graça.
Eu não tinha levado nenhuma outra roupa comigo. Achei que seria bom ir até alguma loja e comprar para conhecer um pouco mais da cidade e ficar mais parecida com as outras pessoas da mesma.
Elizabeth, a dona da pensão me disse onde deveria ir e eu agradeci educadamente.
- Bom, acho que vou deixar para conhecer o quarto depois. - eu disse, olhando para a escada do lado da recepção. - Com licença, senhora.
Ela sorriu para mim e eu me afastei, saindo da pensão.
Decidi ir comprar logo algumas roupas, já que a senhora Elizabeth disse que o lugar onde vendia não era muito longe.
Andei por poucos minutos até chegar no suposto lugar.
Assim que entrei na loja, meus olhos percorreram por todos os cantos. Haviam vários sobretudos de todos os tipos pendurados em cabides e também alguns vestidos.
Além de mim, tinham outras mulheres olhando as encantadoras peças.
- Olha só esse aqui, Ada! - uma mulher de cabelo curto exclamou para a outra do seu lado. - Com certeza ficaria muito lindo em você!
- Não. Esse com certeza não! - a outra respondeu levantando seu dedo indicador, e eu ri internamente.
Me aproximei de alguns sobretudos e passei a mão em alguns deles, sentindo o tecido.
- Oi prazer, sou a Cassie, a dona da loja. - uma mulher de cabelos ruivos veio até mim, sorrindo alegremente. - Se precisar de ajuda para escolher, estou aqui, senhorita.
- Muito obrigada. - olhei para ela. - Meu nome é Hanna, sou nova na cidade, prazer em conhecê-la. - eu disse e nós demos um aperto de mãos.
Ela sorriu amigavelmente.
Enquanto nós olhávamos algumas peças, conversamos um pouco. Eu gostei dela, parecia ser uma boa pessoa.
Depois de escolher o que eu queria, eu acompanhei Cassie até sua mesa, onde eu faria o pagamento pelas roupas.
- Obrigada! - ela agradeceu quando lhe entreguei o dinheiro. - Volte sempre, Hanna. E seja bem vinda a Birmigham!
Nós olhamos por um momento e com um sorriso nos lábios, agradeci pelo perfeito atendimento, dei tchau para a mesma e saí da loja.
Voltei para a pensão.
Quando estava prestes a entrar, eu parei de andar assim que vi um rosto conhecido passando na rua.
- Thomas. - sussurrei para mim mesma e coloquei minha bolsinha de mão na frente do meu corpo.
Ele estava andando enquanto fumava e puxava um lindo cavalo de cabelos pretos. Ele não me viu, provavelmente porque havia outras pessoas andando na rua.
- Como vai, senhor? - as pessoas o cumprimentaram e ele simplesmente os ignorou.
Parei de observar o gângster e finalmente entrei na pensão.
Subi as escadas enquanto carregava as sacolas de compras e não demorei muito para chegar no meu quarto.
Abri a porta com um pouco de dificuldade por causa das mãos ocupadas e adentrei no quarto.
Até que não era nada mal.
Havia uma cama grande, um guarda-roupa, criados-mudos, uma escrivaninha e também havia janelas que davam a vista da rua movimentada.
Em cima da escrivaninha tinha um telefone, o que me deixou aliviada por saber que poderia ligar para quem quisesse, sem precisar incomodar ninguém.
Me aproximei das janelas, colocando as cortinas um pouco para o lado.
Olhei para a rua que ainda tinha muitas pessoas andando de um lado para o outro e depois, coloquei meus olhos sobre o enorme canal que havia um pouco distante.
Ao mesmo tempo que barcos chegavam, barcos também saiam, parecia ser bem movimentado.
Essa cidade estava parecendo Londres!
Mesmo que Birmigham se parecesse com a minha cidade natal, eu esperava concluir minha missão o mais rápido possível e ir embora!
...