Capítulo 3 ✨Ajudando o Freddie✨

Eu bocejei enquanto abria os olhos e me levantava da cama de forma preguiçosa depois de uma longa e boa noite de sono. Eu pensei que não conseguiria dormir em outro lugar sem ser a minha casa.

Mesmo me infiltrando por meses em diferentes lugares, eu não conseguia dormir em outra cama a não ser a minha.

Porém parecia que isso havia mudado, já que tive uma ótima primeira noite em Birmigham. Confesso que fiquei bem surpresa com isso. Não esperava que fosse dormir tão rapidamente depois de um bom banho.

Depois de me levantar da cama, me aproximei da janela, afastei as cortinas e observei a rua, que por incrível que pareça estava menos cheia.

Menos movimentada.

Passei a mão pelo meu rosto enquanto respirava fundo e logo peguei uma toalha de banho.

Só tinha banheiro e ficava mesmo corredor do que o quarto.

- Bom dia. - eu cumprimentei uma mulher que passava. A mesma não respondeu, me fazendo revirar os olhos.

Entrei no banheiro que para minha felicidade estava sem ninguém e comecei a tomar meu banho.

Alguns minutos depois, eu saí do banheiro com a toalha em volta do meu corpo e fui na direção do meu quarto.

Enquanto caminhava até ele, alguém esbarrou em mim.

- Me desculpe, senhorita. - o homem disse sem graça. - Não foi minha intenção esbarrar na..

- Cala a boca e vem, Daniel! - uma mulher gritou furiosamente, do final do corredor e ele a olhou com um olhar de repreensão, provavelmente irritado por seu tom e também palavras.

- Está tudo bem, não se preocupe. - eu disse olhando-o e voltei a andar, me afastando do mesmo.

Enquanto andava, ouvi a garota no final do corredor gritar novamente.

- Para de olhar pra ela, seu idiota!

Balancei a cabeça, negando com uma expressão séria e logo cheguei no meu quarto, fechando a porta de chave para ter privacidade.

Vesti um vestido rosa claro, com um sapato da mesa cor, coloquei um grande colar e um par de brincos de pérolas, arrumei meu cabelo curto e peguei minha pequena bolsa.

Não demorei muito para sair do quarto e descer as escadas, indo para a recepção da pensão, onde a senhora Elizabeth conversava com um garoto.

Ele vestia um colete social por baixo de um lindo sobretudo.

- Todos nós sentimos muito por sua perda, senhora. - o garoto disse para a mais velha que estava atrás da bancada. - Não vamos deixar você nem sua família desamparada. - ele tirou um pacote de seu sobretudo. - Aqui tem 10 mil libras.

- Eu não quero seu dinheiro! - a senhora Elizabeth disse elevando o tom, mas com medo que alguém escutasse, ela olhou em volta. - Não quero absolutamente nada de vocês!

Eu me escondi atrás de uma parede.

- Além desse dinheiro, conseguiremos trabalho para seus dois filhos aqui ou em outro lugar. - o garoto disse calmamente. - Vocês podem ir para outra cidade, fechar esse lugar, começar do zero!

- Por causa de vocês, os malditos Peaky Blinders, o meu marido está morto! - ela disse derramando algumas lágrimas.

Arregalei os olhos depois de escutá-la. Então esse garoto fazia parte da gangue de Thomas Hartman!

O que será que aconteceu para o marido da senhora Elizabeth morrer?

- Eu sei muito bem que se a senhora rejeitar o que estamos lhe oferencendo, em breve não terão como se manter. - o garoto disse, levantando as sobrancelhas. - Eu tenho certeza de que isso aqui não ajuda muito sua família.

A mais velha ficou calada.

- Vamos, senhora! - ele estreitou os olhos. - Aceite!

Silêncio.

A senhora Elizabeth esticou a mão, e logo depois o garoto entregou o pacote com dinheiro. Ele sorria descaradamente, o que me enojou.

- Faça bom proveito! - ele disse, gesticulou com a cabeça e se virou para sair. - Tenha um bom dia.

Eu balancei a cabeça, desacreditada com o que tinha acabado de presenciar. Me perguntava sobre o que havia acontecido. Essa gangue era pior do que eu pensava!

Esperei um pouco até que finalmente voltei a andar, se aproximando da senhora Elizabeth.

- Oh, bom dia, Hanna! - ela forçou uma expressão alegre.

- Bom dia. - eu sorri enquanto abaixava um pouco a cabeça, em rápido cumprimento. - Está tudo bem, senhora? - perguntei e ela se assustou.

- Claro. Por que não estaria? - ela riu, disfarçando e segui por um corredor, sumindo do meu campo de visão.

Neguei com a cabeça e saí da pensão, querendo conhecer mais de Birmigham, a cidade mais louca que já tinha estado em toda minha vida.

Fiquei andando pelas ruas da cidade e a cada segundo me surpreendia com algo, mas não positivamente.

Senti pena de algumas crianças que brincava pelas ruas, elas não mereciam viver em um lugar tão horrível e perigoso, mas sim em um lugar pacífico, onde pudessem crescer sem traumas.

Parei na frente do The Garrison, a porta estava aberta.

Quando vim perceber, eu já tinha passado pela porta

- Hanna? - o dono do pub exclamou surpreso com minha aparição. - O que você está fazendo aqui a essa hora? - perguntou enquanto colocava um balde cheio de água no chão.

Olhei para os lados e percebi que tudo estava uma bagunça.

- O que aconteceu aqui, Freddie? - perguntei.

Ele coçou a nuca, parecendo um pouco envergonhado.

- Teve uma briga feia aqui ontem a noite. - ele deu de ombros. - Quebraram muitas coisas e agora eu estou limpando essa bagunça.

Suspirei.

- Você quer ajuda? - eu perguntei e ele arregalou os olhos. - Eu não me importo em te ajudar, Freddie. - eu sorri para ele.

Ele se aproximou um tanto tímido.

- Olha, eu vou aceitar sim. - balançou a cabeça e olhou para toda a bagunça.

Eu sorri novamente, coloquei minha bolsa em cima do bar e nós dois começamos a limpar todo o pub.

Algumas horas depois, eu me apoiei na parede enquanto respirava fundo. Tinha passado a manhã inteira ajudando o Freddie, isso me cansou bastante .

Porém, eu estava muito feliz em ter ajudado ele. Ele estava sendo muito legal comigo, parecia ser uma boa pessoa.

Eu passei a maior parte do tempo rindo, ele era bem engraçado.

- Obrigado pela ajuda, Hanna. - ele disse depois de me entregar um copo de água. - Se você não tivesse aparecido, eu provavelmente ainda estaria limpando.

Eu tomei a água.

- Não precisa agradecer. - eu disse e coloquei o copo em cima do bar. - Eu não tenho nada pra fazer mesmo. - eu ri e ele fez o mesmo, mas parou rapidamente, ficando com uma expressão pensativa.

- Além de ter escutado seu nome ontem, eu também escutei quando você disse que está a procura de um emprego. - ele disse e eu franzi a testa.

- Escutou? - eu sorri sem graça.

- Olha, eu provavelmente não te pagaria um dos melhores salários, mas você não quer me ajudar aqui no pub, pelo menos até encontrar um emprego melhor? - ele se aproximou com uma expressão interrogativa.

Eu fiquei parada, encarando-o desacreditada com suas palavras.

Trabalhar no The Garrison poderia me ajudar a descobrir mais sobre os Peaky Blinders, sobre o Thomas!

Como pude ver no dia anterior, homens iam para o pub beber e até mesmo se drogar. Eles com toda certeza podiam deixar escapar algo que me ajudasse.

E os Hartman's pareciam frenquentar bastante o lugar também.

- É claro que eu aceito, Freddie! - eu o abracei animada. - Você não sabe o quanto isso vai me ajudar!

O mais velho sorriu para mim.

...

            
            

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