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Depois de me acordar cedo e tomar um banho, eu deixei meu quarto e desci as escadas, dando de cara com alguns vizinhos de quarto que também haviam descido para começar seu dia.
Os homens com seus ternos, sobretudos e chapéus e as mulheres com lindos vestidos e encantadoras maquiagens.
- Bom dia. - eu fiz um gesto com a cabeça, cumprimentando-os.
Eles fizeram o mesmo, na verdade não todos. Pelo visto nem todo mundo tinha educação.
Saí da pensão, indo para a pequena e charmosa padaria, na qual tomava café todas as manhãs desde que cheguei à cidade.
Entrei na mesma e fui recebida pela Emelly, a garçonete que sempre me atendia. Eu a cumprimentei, logo me sentando em uma das mesas e depois de escutar meu pedido, ela assentiu e se afastou.
Não demorou muito para que ela voltasse com meu café da manhã.
- Acabou de sair do forno, Hanna. Cuidado para não se queimar! - ela disse e eu sorri levemente, assentindo. Ela se afastou, indo atender outros clientes que estavam chegando.
Comi tudo e depois, vendo que ela estava passando perto da minha mesa, a chamei.
- Muito obrigada, Emelly. - eu paguei pelo café da manhã. - Espere.. você sabe onde fica a rua Small Heath? - perguntei antes que ela pudesse se afastar novamente.
Ela me olhou com os olhos arregalados, mas depois respondeu que sim com a cabeça e me disse onde ficava. Agradeci pela informação e saí da padaria.
Segui pelas ruas até finalmente chegar na que precisava: Small Heath.
Era bem grande, menos suja do que as outras e oferecia uma bela vista das fábricas e também do resto da cidade. Era menos movimentada e tinha um ar diferente, mais limpo e digamos um pouco agradável.
As casas eram bem coladas uma na outras, mas bem construídas, nada de obras mal feitas.
Carros iam e vinham e algumas crianças e adolescentes brincavam de pega-pega em um grande galpão, onde parecia ter vários homens trabalhando super concentrados.
Eles tinham boinas em suas cabeças, boinas muito familiares
Olhando bem os adolescentes que brincavam com os mais novos, eu reconheci um deles. Era o Finn, o mais novo dos irmãos Hartman's.
- Vem me ajudar aqui, garoto! - um homem que carregava uma caixa gritou para ele, que obedeceu quase que imediatamente. - Temos que guardar essas garrafas de whisky.
- Ordens do Tommy. - o Finn disse enquanto revirava os olhos. - Acertei? - perguntou ironicamente e o mais velho assentiu, rindo.
Resolvi sair de onde estava, voltando a andar, não queria que me vissem e percebessem que estava prestando atenção neles.
Cheguei até a metade da rua e parei assim que vi quem vim encontrar.
Era o Tomm... o Thomas.
Ele estava encostado na parede de uma das casas, enquanto fumava um cigarro. Ele estava olhando para mim, o que me fez me perguntar se ele percebeu quando prestei atenção na conversa do seu irmão e do outro homem.
- Hanna. - ele cumprimentou e jogou seu cigarro para o lado, logo se desencostando da parede. Ele colocou as mãos nos bolsos de seu sobretudo. - Veio me dar uma resposta?
Ele como sempre, tinha uma voz calma, assim como sua expressão.
- Sim, eu pensei na sua proposta. - eu respondi em um tom firme.
Alguns dias tinham se passado desde que ele foi até a pensão. Eu ouvi a proposta dele e disse que iria pensar a respeito e depois iria procurar ele para lhe dar uma resposta.
- E então, qual é sua resposta, Srta. Benson? - ele perguntou, se aproximando de mim lentamente.
Seu olhar era frio e intenso. Um pouco, na verdade, bastante intimidador.
- Eu aceito. Aceito trabalhar para o senhor em sua casa de apostas. - eu disse depois de um tempo encarando ele.
Era óbvio que eu aceitaria. Faria de tudo para ficar próxima dele, assim conseguiria informações, principalmente sobre as armas roubadas do exército inglês.
Tudo que eu mais queria era finalizar minha missão. Eu queria voltar para Londres o mais rápido possível.
- Muito bem. - ele concordou e deu um sorrisinho forçado.
- Tommy! - uma mulher de meia idade apareceu. Era aquela da loja e também a mesma que correu atrás dele alguns dias atrás, quando eu estava prestes a entrar na pensão.
- Diga, Polly. Estou ouvindo. - o Thomas disse, olhando para ela. - Espere, antes deixe-me apresentá-la a nossa nova funcionária. Esta é a Hanna. Hanna Benson. - ele começou. - Esta é Polly Gray, minha tia. - ele olhou para mim enquanto gesticulava na direção da mais velha.
A mulher chamada Polly me olhou dos pés a cabeça. Ela não demonstrou nenhum.. nenhum tipo de expressão ao fazer isso.
Eu senti que devia tomar mais cuidado a partir daquele momento, pois lembrei-me que eles eram uma família de sangue cigano. E ciganos não eram bem vistos na Inglaterra, em lugar nenhum.
Eles eram mágicos, feiticeiros... Além de sua língua totalmente indecifrável, ninguém sabia o que eles falavam.
Os Peaky Blinders eram mais complicados do que eu podia imaginar!
- Muito prazer, Sra. Gray. - eu disse suavemente, mas ela não falou nada.
- Depois conversamos. - a tia dele disse ao seu sobrinho.
- Bom, vamos entrar, Hanna. Irei te apresentar seu ambiente de trabalho. - o Thomas disse meio irônico e simplesmente entrou, me deixando ainda na porta. - Vai ficar aí parada? - gritou de dentro.
Eu entrei com passos rápidos e olhei em volta, observando a casa.
Era uma casa pequena, mas muito bem decorada. As paredes eram decoradas por alguns quadros, estantes de livros e também havia algumas velas que serviam de iluminação. Também tinha uma grande lareira e perto da mesma, uma mesa de jantar redonda.
A sala tinha dois sofás e algumas poltronas... era tudo muito limpo e organizado.
Mas, eu fiquei meio confusa.
Isso não parecia nada com o ambiente que eu estava pensando. Era uma casa normal, nada de casa de apostas.
- Eu não estou entendendo. Onde está a casa de apostas? - eu indaguei e o Thomas sorriu de lado, logo se aproximando de uma estante onde havia algumas decorações.
Ele simplesmente abriu-a no meio, revelando um cômodo secreto.
Assim que ele fez isso, eu vi alguns homens e mulheres indo de um lado para o outro.
- Esse cavalo vai ganhar, eu tenho certeza! - um dos homens disse o que estava na sua frente. - Estou confiante!
- Apostas em corridas de cavalos. - o Thomas disse, chamando minha atenção. - Um dos meus melhores negócios.
- Suponho que seja ilegal, não é? - eu disse e depois engoli em seco.
Ele deu um sorrisinho.
- Tenho certeza de que você sabe quem eu sou. Eu Preciso mesmo responder? - ele perguntou ironicamente.
- Tudo em Birmigham é ilegal, Hanna. Tudo é sujo. - a tia dele veio até nós. Ela acendeu um cigarro. - Bem vinda ao trabalho! - ela se aproximou de mim e expulsou a fumaça, me fazendo virar o rosto.
De repente, a irmã de Thomas, Ada, apareceu, mas quando ela o viu, ela se virou, dando meia volta.
- Ada! - ele gritou autoritariamente por ela, mas a mesma fingiu não ouvir.
- Precisamos conversar sobre ela, Tommy. É um assunto sério. - a tia dele disse seriamente. - Envolve o Harry Thorne.
Thomas olhou para sua tia com a testa franzida e logo depois assentiu.
- Lizzie! - gritou e uma das mulheres que estavam nas mesas conversando com os apostadores se levantou imediatamente. - Ajude a Hanna. Ensine-a tudo o que ela precisa saber.
Antes de se afastar com Polly, ele me olhou rapidamente.
A tal da Lizzie se aproximou e me olhou com uma certa indiferença.
- Venha. - ela disse e eu a segui, indo até a mesa onde ela estava antes.
...