Capítulo 4 ✨Ele mentiu para nós dois✨

Entrei no The Garrison com passos lentos depois de colocar meu cabelo atrás da orelha. Assim que entrei pude ver o quão cheio estava, nenhum pouco diferente de antes.

Os homens se divertiam loucamente, alguns até cobiçavam as prostitutas que andavam de um lado para o outro na tentativa de chamar a atenção dos mesmos.

Esse pub, com toda certeza foi um dos lugares mais loucos que já coloquei os pés.

Avistei o Freddie, meu chefe e digamos amigo e então me aproximei dele com um sorriso amigável.

- Pronta para seu primeiro dia de trabalho? - perguntou enquanto organizava algumas bebidas no bar.

- Claro que sim, senhor. - eu pisquei para ele e logo recebi um avental. - Não se preocupe, lembro de tudo! - eu disse me referindo as tarefas que ele me deu.

Nós havíamos conversado um pouco mais depois que eu aceitei o emprego, ele me disse tudo o que eu tinha que fazer.

- Ótimo! - ele sorriu e antes de pegar uma grande caixa e entrar em uma sala dos fundos, piscou de volta para mim. - Se precisar de ajuda, pode me chamar.

Assenti e fui rapidamente para detrás do bar, onde eu cumprimentei alguns clientes educados.

- Um pouco de rum, por favor. - uma voz calma e familiar ecoou em meus ouvidos.

Me virei e dei de cara com o John, um dos irmãos do Thomas.

Eu fiquei parada como uma estátua, não esperava encontrar algum deles novamente nem tão cedo.

- Seja o que for, é por conta da casa. - o Freddie segurou meu braço e sussurrou no meu ouvido. - Entendeu, Hanna?

Assenti depois de um tempo e ele começou a servir outros clientes.

Logo me preparei para fazer o mesmo.

Servi um pouco de rum para o John, que ainda me olhava de um jeito intenso, estava literalmente me analisando com seus olhos azuis.

- Por acaso, você é uma prostituta? - perguntou o John arrumou sua boina em sua cabeça. - Por que se não for, você está no lugar errado.

Antes que eu pudesse falar algo, ele se virou para sair enquanto brincava com um palito em sua boca e tinha seu rum em uma de suas mãos.

Balancei a cabeça em negação e observei passando por aquela mesma porta de antes.

Passei o resto da noite servindo as pessoas e limpando um pouco da bagunça que elas faziam, mas claro, com a ajuda do Freddie.

Ele me ajudou em algumas coisas em que tive certas dificuldades, ele era um bom homem.

- Finalmente terminamos! - ele exclamou depois de arrumar uma das cadeiras em volta da mesa. - Estou tão cansado. - passou a mão no rosto.

- Só mais um gole, John! - ouvimos vozes vindo da sala em que os irmãos Hartman entraram na última vez que fui ao pub.

Fomos até lá e ao abrir a porta, vimos John tentando fazer seu irmão Arthur se levantar do sofá onde estava praticamente jogado e com uma garrafa de uísque em mãos.

- Não, Arthur. Precisamos ir embora ou o Tommy vai nos matar. - ele respondeu sem perceber nossa presença.

Os dois estavam bêbados, mas Arthur parecia bem mais.

- Foda-se o Tommy. - ele começou a rir e tentou pegar dos copos. - Ele mentiu para nós dois, você não deveria se preocupar com ele, John. Você... você não deveria... - ele simplesmente caiu do sofá.

Eu cobri a boca, tentando não rir e observei o Freddie e John correndo para levantar o homem caído no chão.

Fingi que nada estava acontecendo e comecei a olhar em volta.

Era uma pequena sala, que com certeza era privada para os irmãos Hartman já que ninguém ousou se aproximar da mesma a noite toda e só eles entravam.

- Vamos, irei acompanhá-los até a casa de sua tia Polly. - disse o Freddie, me fazendo olhar para os irmãos novamente.

John tinha percebido minha presença, ele apenas me olhou de cima a baixo e começou a andar de forma desengonçada até a porta, ignorando as palavras do meu chefe e deixando seu irmão para trás.

- Você quer ajuda? - perguntei e o Freddie negou enquanto segurava o homem bêbado, impedindo-o de cair mais uma vez.

- Pode ir, Hanna. Parabéns, você fez um ótimo trabalho! Nós vemos amanhã. - ele sorriu para mim e eu fiz o mesmo para ele, logo depois saí da sala.

Depois de pegar minha bolsa que tinha guardado, finalmente saí do pub depois de algumas cansativas horas de trabalho

A neblina ainda dominava as ruas de Birmigham, os grilos cantavam insuportavelmente e o frio da noite me fazia sentir arrepios, arrepios profundos.

As ruas estavam longe de estarem vazias.

Tudo continuava a ser uma loucura.

Parei em frente a pensão e antes de entrar, dei uma última olhada nas ruas.

Meus olhos encontraram os de um homem que andava pela rua enquanto fumava. Era ele de novo, Thomas Hartman. Nós dois nos encaramos.

- Senhorita Benson. - ele me cumprimentou enquanto tocava em sua boina, gesticulando a cabeça e passou por mim, se afastando e logo sumindo na neblina.

- Espera, Tommy! - uma mulher de meia idade correu atrás dele. - Você precisa pensar melhor. Você precisa deixá-la ganhar! Deixe sua mãe ganhar!

Olhando-a bem, eu a reconheci imediatamente. Ele era aquela mulher que estava na loja na companhia de outra mulher chamada Ada

Qual era a relação entre eles?

            
            

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