Capítulo 7 ✨Vou embora de Birmigham✨

Depois que os dois irmãos saíram da igreja, eu olhei em volta enquanto pensava sobre o que tinha acabado de ver e ouvir.

O Arthur parecia atormentado. Será que estava apresentando indícios de arrependimento por tudo que fez ou foi apenas um surto.

- Hanna! - me virei ao ouvir chamarem meu nome é dei de cara com a Cassie, a moça da loja. - Se lembra de mim?

- Claro que sim! - eu respondi sorridentemente. - Olá, Cassie, como você está? - perguntei amigavelmente enquanto me aproximava dela.

- Ah, estou ótima, obrigada por perguntar. E você? Está se adaptando à cidade? - ela perguntou baixinho, pois algumas pessoas haviam entrado na igreja e se dirigido aos bancos e abaixando a cabeça, rezando.

- Estou bem e sim, graças a Deus, estou me adaptando à cidade. É bem diferente de onde eu venho, mas nada que não possa me acostumar, não é mesmo? - eu dei uma risadinha.

- Eu moro aqui desde os meus cinco anos. Birmigham nem sempre foi assim. Tudo ficou ainda pior depois da guerra. - a Cassie disse, depois de engolir em seco. - Me parte o coração ver as crianças tendo que conviver em um lugar tão nojento, não só por causa das ruas sujas, mas também pelas pessoas que passam por elas.

Ela disse e eu olhei para o chão, de um jeito pensativo.

Realmente era bem triste.

Mas eu iria me esforçar para que conseguisse dar um pouco de paz não só para as crianças, mas também para cuidadões de bem, que temem as perigosas gangues ao sair de suas casas.

- Eu sinto por elas. - eu sussurrei, voltando a olhar para a mulher gentil que estava na minha frente. - Elas merecem coisa melhor. Merecem um lar pacífico

Cassie concordou com a cabeça e depois se virou, olhando para o altar.

Ela fechou os olhos e disse algo em um tom baixo, logo depois fez o sinal da cruz.

- Bom, eu preciso ir, tenho que abrir a loja. Hoje o dia vai ser corrido para mim! Tenha um bom dia, Hanna. Tomara que nos encontremos de novo. - ela disse e eu sorri, vendo-a se afastar.

Suspirei e depois também saí da igreja.

Passei pela cidade, na intenção de continuar conhecendo mais da mesma e quando chegou a hora de ir para o The Garrison, eu me apressei para não chegar atrasada.

Entrei no pub, logo colocando no rosto uma expressão confusa ao ver o Freddie sentado em uma das mesas, com a mão sobre o rosto.

Ele parecia estar em outro planeta.

Algo tinha acontecido.

- O que foi, Freddie? - perguntei, fazendo-o olhar para mim imediatamente. Ele teve um pequeno susto, achava que estava sozinho.

- O The Garrison não é mais meu. - ele respondeu depois de hesitar. - O Tommy comprou para seu irmão Arthur. Agora é oficialmente dos Hartmans. - ele acrescentou e eu franzi a testa.

Me aproximei da mesa onde ele estava e apoiei minhas mãos em uma das cadeiras.

- Não estou acreditando! E por que você vendeu? - eu perguntei e ele se levantou calmamente.

- Os Hartmans não aceitam um "não", Hanna. Mas não foi só por isso. - ele colocou as mãos sobre a cabeça, abaixando-a um pouco. - Eu preciso ir para Londres. Preciso resolver alguns assuntos por lá. Assuntos familiares.

Durante esses dias que convivemos juntos no trabalho ele nunca tinha mencionado sua família.

Eu não sabia o que dizer, ainda estava tentando processar o que ele tinha acabado de me contar.

Por que comprar o pub assim, tão de repente?

- Então você vai deixar a cidade, Freddie? - me aproximei dele e perguntei um tempo depois.

- Sim, eu vou embora de Birmigham. Não tem mais nada que me prenda aqui. Tudo o que eu tinha era o The Garrison e agora ele não me pertence mais. - ele olhou em volta. - Por mais que tenha crescido aqui, quero poder viver o resto da minha vida em um lugar melhor, mais seguro.

- Freddie...

- Eu já estou ficando velho, Hanna. Mesmo com sua ajuda, em breve não conseguiria continuar mantendo esse lugar. - ele me interrompeu. - Mesmo que eu sinta por deixar o The Garrison, sei que não foi ruim o Tommy ter comprado. Ele é um homem de negócios. Cuidará bem do pub, tenho certeza. - ele tentou um sorriso.

Nós olhamos por um momento e eu assenti relutantemente.

- Ok. - eu sussurrei. - Muito obrigada pela oportunidade, Freddie. De verdade. Você foi muito gentil comigo.

Ele tinha sido um verdadeiro cavalheiro desde que cheguei à cidade, muito diferente da maioria dos outros homens que havia encontrado durante meus passeios pelas ruas da mesma.

Freddie sorriu para mim e fiz o mesmo antes de me virar, na intenção de ir embora.

Mas, a voz dele fez parar.

- Espere! - me virei, olhando para o mais velho que tinha acabado de falar. Ele tirou algo de seu bolso. - Pelos seus dias de trabalho. - esticou seu braço.

Ele estava querendo me pagar.

- Guarde isso, Freddie. - eu fiz um gesto com a mão, não aceitando.

- Você precisa receber pelos dias de trabalho, Hanna! - ele exclamou. - Vamos, pegue! Por favor, não recuse. Seria idiotice.

- Eu não.. - ele me interrompeu pela segunda vez:

- Você me ajudou muito nesses últimos dias. Seria injusto se não recebesse um pagamento por isso, Hanna. Pegue! - ele esticou seu braço novamente e eu suspirei, logo pegando o dinheiro.

- Obrigada, Freddie. - eu sussurrei e dei um sorriso fraco. - Espero que faça uma boa viagem à Londres. - acrescentei no mesmo tom.

Depois de me despedir dele, eu fui embora, deixando o lugar maluco que havia trabalhado por alguns dias.

Eu não me sentia bem pelo Freddie. Ele parecia entristecido, aparentava gostar muito do The Garrison. Esperava que ele ficasse bem.

Já na pensão, eu cumprimentei a senhora Elizabeth que como sempre, estava na recepção e subi as escadas de madeira.

Ela parecia estranha, mas tentou disfarçar ao máximo. Não cheguei a perguntar se estava tudo bem, imaginei que não tivesse acontecido nada de mais.

Entrei no meu quarto e me deparei com alguém próximo a janela, observando a rua.

- Como você entrou aqui? - eu perguntei, tentando uma voz firme.

            
            

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