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No dia seguinte, eu me acordei bem tarde, tomei um banho rápido, saí da pensão e depois de comprar algo que me servisse de almoço, segui para o The Garrison para mais um dia de trabalho.
- Boa tarde, Freddie. - eu cumprimentei o meu chefe, que estava falando no telefone.
Ele sorriu e fez um gesto com a cabeça, logo depois continuou sua conversa.
Eu fiz algumas tarefas como limpar as mesas, o bar e também pegar mais bebidas no estoque e colocá-las no bar.
O tempo foi passando e no fim de tarde, o pub começou a ficar movimento.
Homens entravam e saíam constantemente, sozinhos ou acompanhados pelas prostitutas que entravam livremente. Mesmo sendo o dono do pub e parecendo não gostar muito da presença dessas mulheres, o Freddie não chegava a expulsá-las.
Acho que ele sabia que se fizesse isso, poderia perder alguns clientes.
- O que vai querer? - eu, que estava arrumando algumas garrafas, perguntei ao notar um homem sentar-se em um dos banquinhos.
- Whisky. - ele respondeu baixo tom e eu levantei a cabeça, ao reconhecer a voz.
Era quem eu menos esperava: o Thomas.
- Irlandês ou escocês? - perguntei enquanto nos dois nos encarávamos atenciosamente.
- Irlandês. - ele respondeu e depois de um tempo, eu assenti respeitosamente, logo pegando uma garrafa e um copo, não demorando muito para o servir. - Está gostando do trabalho? - perguntou de repente.
- S-sim. - respondi imediatamente, gaguejando um pouco e desviei o olhar dele. - É um ambiente meio estranho, mas logo vou me acostumar. - coloquei um pano sobre o ombro.
Ele concordou lentamente com a cabeça e depois começou a beber de seu copo, porém, nunca tirando seus olhos dos meus. Seus olhos exalavam intimidação, ele conseguia me intimidar e eu não gostava nada disso.
- Tommy! Tommy! - um homem entrou gritando loucamente. - Eles estão vindo, Tommy! Eles estão vindo me pegar, porra!
O Hartman largou o copo, logo se levantou e olhou para o homem que havia entrado no pub.
- Não tem ninguém vindo atrás de você, Danny. Não tem, entendeu? - ele levantou a mão, fazendo um movimento como se estivesse pedindo que o outro se acalmasse.
- Preciso fazer alguma coisa. Preciso me proteger! - o homem chamado Danny se aproximou de outros homens, pegando nas golas de suas camisas e chacoalhando-os. - Me ajudem, me ajudem!
Eu olhei para o Freddie, que estava um pouco distante.
Ele estava olhando para o homem descontrolado com uma expressão de pena.
Me aproximei dele e empurrei seu braço suavemente, tentando chamar sua atenção, o que funcionou.
- Por que esse homemestá assim?
- A guerra o deixou assim, Hanna. - ele respondeu e continuou falando, mas eu não escutei mais nada. Eu estava perdida enquanto encarava o Danny.
Ele parecia, na verdade, estava completamente fora do normal.
- Merda! - o Thomas gritou e correu até o homem que tinha começado a derrubar as mesas, quebrando-as.
Ele lutou para poder controlá-lo, até que outros homens se aproximaram para poder ajudá-lo.
- Um, dois, três! - eles contaram e deitaram Danny no chão, fazendo ficar de barriga para baixo.
Thomas segurou os braços dele com força, impedindo-o de movimentá-los.
- Respire, Danny, respire! - ele pediu.
- Me ajuda, irmão! Eles vão me pegar! Eles vão me matar.
- Danny, você está em casa! Estamos todos em casa na Inglaterra. Não estamos na França. Está tudo bem! Está tudo bem! Está tudo bem, porra! - o Thomas gritou. - Levanta. - ele puxou o homem.
Danny ficou de pé. Ele estava suando muito, estava respirando muito rapidamente, parecia estar sem fôlego.
- Ah! Droga! - ele exclamou, olhando para todos nós. - Aconteceu de novo? - perguntou, parecendo envergonhado e tirou sua boina, passando a mão por sua cabeça.
- Aconteceu de novo, Danny. - o Thomas respondeu, tocando seu ombro. - Você precisa parar com isso. Está tudo bem.
- Deus! Sr. Hartman, desculpe. - disse o homem que antes estava fora de si.
- Tudo bem. Vá para casa ficar com sua esposa e seus filhos. - o Thomas disse e o outro obedeceu imediatamente.
Balancei a cabeça, tentando ignorar o que tinha acabado de presenciar e então, fui até as mesas caídas no chão.
- Precisa fazer algo sobre ele, Sr. - o Freddie disse, vindo me ajudar a limpar a bagunça. - Eu sei que ele está enfrentando problemas psicológicos, mas ele precisa se controlar. Principalmente quando estiver aqui ou vou acabar tendo muitos prejuízos!
- Isso mesmo, Freddie. Afinal, você está pagando muito caro aos Peaky Blinders por proteção. - disse um homem que estava observando tudo de uma mesa distante.
Ele se levantou e se aproximou do Thomas, que se mantinha incrivelmente calmo.
Sua falta de expressão facial chegava a me irritar um pouco. Era meio difícil saber o que ele estava sentindo.
- Você é a lei por aqui agora, não é, Tommy? - o homem estranho perguntou ironicamente. - Devia meter uma bala na cabeça do Danny como fazem com os cavalos loucos. - ele fez uma pausa. - Talvez precise meter uma bala na minha cabeça um dia também.
Eu parei de limpar por um momento, as últimas palavras que ouvi me deixaram surpresa.
Por que esse homem disse isso? Eles tinham algum tipo de problema um com o outro?
Thomas fechou os olhos e balançou a cabeça em negação, logo depois colocou sua boina de volta, já que a mesma tinha caído quando ele tentava controlar o Danny.
Ele saiu, deixando o homem que falava antes para trás.
Eu franzi a testa e depois voltei a limpar.