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- Hm... - Resmunguei indicando para que ela continuasse falando, enquanto eu mexia no chaveiro da minha mochila.
- A entrevista vai ser no quinto andar, sala sete. - Murmurou, enquanto acariciava levemente minha mão. - Não diga besteiras e evite assuntos polêmicos, ele é muito reservado e frio, não vai conseguir tirar nem um sorriso de canto dele.
Ótimo! Realmente, um chefe o qual não tinha um pingo de humor era tudo o que eu precisava para completar minha vida. Bufei, inconformada. Minha vida ia ser só tombo o tempo todo? Eu não tinha psicológico para aguentar mais nada.
Vendo que minha reação não foi uma das melhores, ela continuou, querendo amenizar o bicho de sete cabeças que se formou em minha mente.
- Ele é calmo, não atrasa nossos salários e apenas...manda. - Coçou a nuca, envergonhada com aquela descrição. Meu cenho se franziu, enquanto eu a fitava com curiosidade. - Muito mandão. Devo pontuar.
- Certo. - Não poderia imaginar um chefe diferente. Ele era um CEO, não um dono de restaurante de esquina. - Mas alguma notícia?
- Ele odeia atrasos. - Sorriu. - Você não tem esse problema, provavelmente ele vai gostar de você.
- Ao menos algo. - Resmunguei, fitando minhas próprias mãos.
- Já avisei a ele que você chegou. - Murmurou. - Ele não mudou de expressão, mas seus olhos se levantaram rapidamente pra fitar o relógio e os olhos se estreitaram levemente.
- Isso é um bom sinal, senhora analista de expressões corporais? - Cruzei os braços a fitando, enquanto ela jogava a cabeça para trás rindo. Achei aquilo extremamente forçado, mas deixei passar. Talvez ela apenas quisesse retirar o nervosismo de mim.
- É. Com certeza. - Se levantou, agitada. - Pode subir junto comigo se quiser, lá é mais calmo que aqui.
- Ok. - Dei de ombros. Eu já tinha chegado em um ponto da minha vida, que eu só ignorava o que eu não gostava. Meu psicológico estava abalado a muitos anos. Tempo e dinheiro, era algo que não tive nesses últimos cinco anos. - Espero que isso não seja uma perda de tempo...
- Não vai ser! - Animada e otimista, chamou o elevador. Enquanto eu observava o local, e tentava ler a placa que avisava sobre os andares e suas salas, Agnes tagarelava, descrevendo como as mulheres das empresas caíam em seu encanto frio e arrogante. Pelo visto ela já estava fissurada nele e não sabia. Só falava dele. - Chegamos!
Eu queria a empolgação de Agnes para meu dia a dia. Na parte do dia o qual não estava entregando currículos, eu estava com minha mãe no hospital, e a outra parte dormindo.
- Aqui, meu espaço, e logo mais, o seu. - Sorriu, dando a volta. - Ele está terminando uma reunião na sala cinco, mas pode ficar na sala sete o esperando e pensando no que não falar.
- Certo, certo. - Ri, acenando com a mão para ela, enquanto olhava para as plaquinhas com os números das salas. Eu queria muito saber, pra que tantas salas de reuniões, se ele era um só. - Me deseje sorte.
- Boa sorte e bico fechado. - Acenou de volta, enquanto se preparava para voltar ao seu trabalho.
Abri a porta com receio, pedindo a Deus para que não tivesse ninguém lá dentro. A sala estava vazia e escura, optei por não mexer em nada, enquanto me desloquei até ao lado do sofá, onde fiquei em pé, esperando dar a hora.
Eu fiquei em pé, sem tocar em nada por longos dez minutos. Quando eu iria reclamar sobre o chefe gostar de pessoas pontuais, e ele mesmo chegar atrasado, a porta se abriu, iluminando a sala escura.
Eu congelei, sem saber o que fazer no momento. Engoli em seco, observando a grande silhueta fechar a porta e bater duas palmas, fazendo a luz se acender.
Vi a expressão dura se tornar confusa quando seus olhos pararam sobre mim. Tratei de me explicar, antes que ele achasse que eu estava bisbilhotando a sala.
- Boa tarde. - Cumprimentei, vendo ele apenas acenar com a cabeça. Que legal, ele parece muito empolgado. - Apenas estava esperando o senhor chegar, não toquei em nada, como pode ver...
Estava óbvio que eu não havia tocado no sofá. Era felpudo, e com certeza ficaria marcado, caso eu me sentasse ou tocasse nele. Ele caminhou até a mesa de reunião e indicou que eu o seguisse.
Observei com cuidado ele se sentar, e me mandar fazer o mesmo. Me sentei com cuidado. Tudo ali cheirava a milhões de dólares, e eu não tinha nem um, quanto mais milhões.
- Então, - Um silêncio se instalou, quando a voz grossa soou. - senhorita Anne Hickmann. - Um arrepio passou por todo o meu corpo, quando ele falou meu nome e me olhou ao mesmo tempo no fundo dos olhos. - Vejo que gosta de chegar antes de todos.
- Pode ser tarde demais. - Murmurei, lembrando de minha mãe. - Prefiro evitar tudo de ruim que pode acontecer.