/0/3184/coverbig.jpg?v=2ff81e6df13683ab2ac80c902b77881d)
Entreguei a pasta na mão de Tim, pedindo para ele analisar. Ele me olhou assentindo, com um pequeno sorriso e eu voltei ao meu lugar.
A reunião durou quase duas horas, acertando quantos por cento iriam ganhar nessa nova venda e os riscos que tinha durante o lançamento.
Percebi que Logan me olhava toda hora, enquanto eu anotava a maioria das informações necessárias, para o enviar depois. Quando os funcionários de Ernesto se levantaram e ele apertou a mão de Logan, eu enviei o e-mail com todas as informações que tiveram na reunião. Ele fitou o ipad, antes de olhar pra mim.
- Porque não sentou-se ao meu lado? - Indagou, cruzando os braços, apoiando seu peso na mesa de vidro.
- Me concentro melhor sem ser observada. - Dei qualquer resposta que me parecia admissível na hora, mas ele pareceu não acreditar muito. - Olha senhor Muller, não quero aparecer por aí e todos me apontarem como sua secretária, quero fazer um trabalho honesto e bem feito, não gosto de aparecer, então se não for um incomodo, ficarei afastada de você e de seus investidores em todas as reuniões.
Capítulo 6
- Hum. - Levantei meus olhos, pegando-o me analisando minuciosamente. - Você tá pegando o jeito.
Franzi o cenho com aquela conclusão. Eu estava dando meu melhor, não era como se eu trabalhasse ali a vida toda. Era meu primeiro dia!
- Mas ainda falta muito para se tornar uma secretária de verdade e entender os pensamentos de seu superior. - Rangi os dentes, batendo a caneta contra meu caderno de anotações ao ouvir aquilo.
- O que o senhor quer dizer com isso? - Eu sei que deveria ficar quieta, assim como Agnes me avisou, mas eu não conseguia.
- Acha mesmo que eu não sei que Tim não fez os gráficos da finança? - Me olhou por cima do ombro. - Sei que é esperta e provavelmente procurou outro funcionário para fazer o mais rápido possível, e agradeço sua intenção de ajudar e ser prestativa, mas isso é muito previsível pra mim.
Meu olhar caiu, pensando o quão amadora eu tinha sido. Ele está a anos trabalhando naquilo e lidando com as pessoas, era ele quem deveria ver realmente estar trabalhando para ele.
- Quem fez esse gráfico, aliás? - Ele abriu a pasta, analisando-o. Fechei os olhos antes de responder. Provavelmente ele já tinha visto gráficos melhores, e a besta aqui achando que estava perfeito.
- Foi Josh. - Murmurei, apertando o caderno em minhas mãos. - Do setor de limpeza. Eu realmente pensei que estivesse...
- Foi o melhor gráfico que vi em todos esses anos. - Levantou a pasta. - Mande-o ir para a minha sala às dez e meia, preciso de alguém competente nas finanças, não um mimado que só quer ganhar dinheiro às minhas custas.
Engoli em seco, vendo o tom irritado quando tratava de Tim.
- Certo. - Sai da sala murmurando um com licença, indo em direção a minha bancada de trabalho e ligando para a secretária de limpeza. - Bom dia! Aqui é a secretária do senhor Muller.
- Bom dia. - Percebi o tom irritado da mulher e franzi o cenho.
- Pode avisar para Josh ir a sala do senhor Muller às dez e meia, se não for pedir muito? - Indaguei educadamente, tendo apenas um silêncio como resposta. - Senhora? Está me ouvindo?
- Ok! - Suspirou. - Desculpe minha arrogância, mas as outras secretárias não eram gentis quando se tratava do setor de limpeza.
Franzi o cenho, notando o tom triste quando falava daquilo. Outras... Agnes trabalhou antes de mim, ela também era assim? Eu realmente não poderia imaginar ela agindo preconceituosamente com uma pessoa pelo tipo de trabalho.
- Sem problemas. - Soltei um sorriso, e pude ouvir pela respiração que ela também. - Bom trabalho para a senhora, se precisar de algo, pode ligar para mim.
- Obrigada, querida. Igualmente. - Desejou. - Fico feliz que não seja outra píton como a secretária principal.
Foi a última coisa que ouvi, quando ela desligou a linha. Ri levemente, voltando ao meu trabalho, mas aquilo tinha ficado na minha cabeça.
O nome de Agnes ficou rondando minha mente por várias horas, até Josh sair pelo elevador secando as mãos na calça jeans surrada. Seus olhos nos próprios pés a todo instante enquanto se aproximava de mim, provavelmente para perguntar algo.
- B-Bom dia... - Sorri levemente, observando ele engolir em seco antes de levantar o olhar para mim. - O chefe me chamou?
- Sim. - Apontei para a porta de madeira escura, com o nome dele na placa. - Pode ir, ele já está ciente que você viria na hora.
Ele assentiu e caminhou nervosamente até a porta. Eu avisei o CEO sobre Josh pelo interfone que tinha para a sala dele, e não demorou muito para que Josh entrasse na sala.
Antes de entrar ele me fitou, indeciso de algo. Sorri tentando o confortar e balbuciei um boa sorte, está tudo bem. Seu trabalho o agradou. Ele arregalou levemente os olhos, antes de assentir e entrar na sala com as pernas bambas.
Não o julgo, a pressão que sentimos ao entrarmos naquela sala - principalmente - é gritante. É como se até o leão mais feroz, se tornasse domesticado com a aura que ela emanava. E todos sabiam o porquê daquilo. Logan emanava poder e controle por todos os poros de seu corpo, ninguém poderia negar isso.
Depois que Josh entrou, foquei no meu trabalho, querendo adiantar tudo o que fosse possível. Eu era uma pessoa que gostava de deixar tudo pronto, mesmo que só fosse utilizar daqui a dez anos. Isso era péssimo? Com certeza, mas não conseguia parar com esse costume.
Um burburinho soou, me fazendo franzir o cenho. Não tinha nenhuma visita de fornecedor para agora, e Muller ainda estava conversando com Josh, não me avisou nada.
Levantei a cabeça e me deparei com um grupo de mulheres, que pareciam bonecas de porcelanas bem vestidas, como se fossem aquelas secretarias de filmes. Elas passaram por mim, sem ao menos me olharem.
Eu não ligava pra isso, não gostava de ser o centro das atenções mesmo, mas se elas fizessem algo naquele andar que meu chefe não gostasse, eu que iria perder meu emprego.
Quando eu percebi que elas iam abrir a porta da sala de Logan, eu me levantei depressa. Esse povo só pode estar querendo me ferrar!
- Ei! - Chamei a atenção delas para mim. Tinha certeza que meu semblante transmitia toda minha indignação no momento. - O que pensam que estão fazendo?
- Falar com chefe, é claro. - Uma delas revirou os olhos, como se fosse óbvio. A única coisa óbvia ali, era que não tinham senso de onde estavam. - Nos deixe em paz.
- Acho que vocês não sabem sobre a conduta da empresa. - Resmunguei, minha paciência indo pro ralo. - Antes de qualquer pessoa entrar nesta sala, precisa se dirigir a mim para que eu avise ao chefe.
Elas me fitaram com navalhas, mas eu não ia recuar.
- Então, se querem falar com o senhor Muller, terão que reservar um horário, ou esperar eu o avisar. - Me sentei, e escrevi rapidamente um resumo do problema ali de fora. Eu conheço aquele tipo de mulher, e sei que vão fazer de tudo pra me prejudicar.
Com certeza iriam inventar uma mentira para que eu perdesse o meu emprego, e o que me deixa mais chateada, é que são mulheres contra outras mulheres. Nós já não temos valor perante a sociedade, e ainda ficamos nesse pé de guerra como crianças do quinto ano. Não era mais fácil sentar e conversar, pra ver realmente o que cada uma achava da situação?