Capítulo 5 Uma despedida...

O silêncio reinava dentro do carro luxuoso, completamente diferente do carro de Cora que era apenas um modelo convencional.

Mas agora entendia que, talvez, Cora apenas disfarçasse o tamanho de sua verdadeira riqueza para que as pessoas não se aproximassem dela apenas por seu nome e seu status social.

_ Há quanto tempo você e Cora se conhecem? _ Enrico quis saber, quebrando o silêncio do ambiente.

Emma afastou os olhos da vista da janela, voltando-se para ele.

_ Ah, foi logo quando cheguei aqui. _ respondeu de maneira evasiva, pois não queria contar sobre o curso de Gastronomia.

Não voltariam a se ver, então não havia motivos para falar de si mesma.

_ Pense bem na minha oferta. _ ele pediu, olhando para ela por uma fração de segundos antes de voltar sua atenção para o trânsito.

Ele sabia onde Cora morava, apesar de ter ido visitá-la apenas uma vez. E não se lembrava de ter visto Emma lá.

Cora era o tipo de garota impulsiva e ultimamente fazia de tudo para agir de maneira oposta ao que seu pai queria.

Enrico, mais que qualquer outra pessoa, sabia o quanto seu pai era controlador com tudo e com todos a sua volta.

Nos últimos anos, ele é quem havia sido seu foco, já que assumiria a empresa quando seu pai decidisse que era chegada a hora de passar a coroa.

Fizera todas as vontades do velho a fim de assumir o controle da empresa, mas agora que isso acontecera, começaria a viver de acordo com seus desejos.

E pelo visto, agora que conseguira o que queria de Enrico, seu pai estava concentrando sua atenção em Cora.

_ Mais uma semana em Florença, e então poderemos visitar vários lugares para que leve boas lembranças daqui.

Emma mordeu o lábio, parecendo indecisa.

Mas ela sabia muito bem o que Enrico realmente queria.

Homens como ele não perdiam tempo com turismo, muito menos em tentar conquistar uma mulher.

Cora já lhe dissera como ele agia, por isso sabia qual era a verdadeira intensão de Enrico.

O veículo parou e ela olhou pela janela, surpresa por já terem chegado.

O prédio onde ela é Cora moravam não era luxuoso, mas não deixava de ser elegante.

E o apartamento de dois quartos, uma sala e cozinha pequena, era suficientemente aconchegante para as duas.

Agora, Cora teria o espaço todo para ela novamente.

_ Eu agradeço, Enrico. Mas eu realmente preciso ir. _ ela se explicou. _ Obrigado pela carona, espero não ter atrapalhado em nada.

Emma pousou a mão na maçaneta para abrir a porta e saiu sem esperar resposta.

Enrico saiu do carro e colocou-se ao seu lado rapidamente.

_ Deixe-me acompanhá-la até a porta. _ ele se ofereceu.

Convencer Emma estava sendo mais difícil do que ele imaginava, mas ao invés de se irritar, isso apenas tornava tudo mais interessante.

_ Não é necessário... _ ela negou, e suspirou ao perceber que não adiantaria nada, pois dava para ver em seu olhar que ele não tinha interesse de ir a lugar algum.

Então simplesmente aceitou sua companhia.

Seu apartamento ficava no quinto andar do prédio e logo adentravam o elevador.

Enrico ficou muito próximo, permitindo que Emma sentisse novamente seu perfume.

O braço forte tocou o seu, provocando-lhe uma onda de arrepios em todo o seu corpo.

Emma apertou as mãos uma na outra, sentindo-se nervosa de repente.

Enrico era muito bonito e charmoso e não podia negar que se sentira atraída no instante em que pusera os olhos sobre a figura máscula.

Mas ele gostava de mulheres sofisticadas, acostumadas ao mesmo luxo em que ele vivia.

Mulheres que fariam de tudo para estar em sua cama e aparecer ao seu lado nas fotos de jornais e revistas.

_ Quando será o seu voo? _ ele perguntou de repente.

Emma não entendia seu interesse por ela, muito menos sua insistência.

_ As 13:00. _ respondeu, e no mesmo instante o elevador parou.

Ambos saíram para o corredor e Emma parou em frente a porta de seu apartamento.

_ Isso não nos dá muito tempo... _ Enrico murmurou, de repente próximo demais. _ Eu gostaria muito de passar mais tempo ao seu lado, Emma.

Emma sentiu um arrepio percorrer sua espinha pelo modo como seu nome soava ao sair dos lábios dele.

Enrico ergueu a palma e acariciou sua face, seus olhos fixos nos dela, adquirindo uma tonalidade de ouro derretido.

_ Há algo em você... _ ele murmurou, fitando seus lábios antes de subir para seus olhos. _ Eu gostaria muito de passar um pouco mais de tempo com você, antes que vá embora. Talvez um café...

Ele odiava café, mas isso era apenas uma desculpa para que ela o convidasse a entrar.

_ Ou uma bebida...

Emma entortou o lábio, contendo um sorriso.

_ O que o faz pensar que tenho bebida em meu apartamento? _ ela quis saber e Enrico a encarou com um olhar maroto.

_ Você mora com minha irmã e eu a conheço muito bem para saber que ela sempre tem bebida em casa.

Emma hesitou, seu coração batendo cada vez mais acelerado dentro de seu peito enquanto decidia o que fazer.

Ela não veria Enrico outra vez.

E ela poderia nunca mais ter uma oportunidade de sentir-se atraída e atrair um homem como Enrico D" Angelo.

Afastou-se dele para retirar a chave da bolsa de mão que carregava consigo, tentando não deixar transparecer seu nervosismo.

Abriu a porta e deu espaço para que ele entrasse no apartamento.

_ Apenas uma bebida, Enrico. Preciso dormir cedo e me preparar para a viagem de amanhã.

Para uma nova vida.

Um novo começo.

Longe de sua mãe que só enxergava seus defeitos.

Ela nunca deixaria de ser sua mãe, pois apesar de tudo, ela a sustentara e não a abandonara em um lar adotivo.

Sempre seria grata a ela por isso.

Mas seria melhor se, a partir de agora, cada uma vivesse sua própria vida.

Enrico passou por ela, algo no brilho do seu olhar lhe dizendo que não seria apenas uma bebida.

Emma sentiu novamente aquela onda de arrepios percorrerem seu corpo, enquanto fechava a porta assim que ele passou por ela, adentrando no apartamento que ela dividia com sua irmã.

Não era a primeira vez que agia por impulso, já que esgotara suas economias para ir até a Itália em busca de novas experiências.

Mas aquela era a primeira vez que não sabia se estava fazendo a coisa certa.