Seu cabelo está para cima e há muita pele aparecendo no momento. Seus ombros, braços, parte superior das costas. Ainda estou tentando acordar, mas meu pau já está bem à minha frente.
- Oi, papai!- Charlotte diz.
Oh meu Deus, eu nem percebi que minha filha estava na cozinha. Isso é tão ruim.
- Bom dia, anjinha. - Eu a pego e ela me dá um grande aperto em volta do pescoço. Eu a seguro por outro momento e respiro o perfume de morango de seus cabelos. Eu amo muito essa garotinha. - Como você dormiu?
- Bem - diz ela. - Linnea está fazendo panquecas.
Eu a coloco de volta no chão.
- Hum.
Linnea me olha por cima do ombro.
- Espero que esteja tudo bem.
- Sim, claro - eu digo. - Esta também é sua casa agora. Sirva-se de qualquer coisa.
Ela sorri.
- Obrigada. Você quer um pouco?
Deus, esse sorriso.
- Claro, parece delicioso.
Charlotte e eu carregamos pratos e talheres para a mesa enquanto Linnea termina de cozinhar. Ela traz um prato com uma pilha alta de panquecas e nos sentamos. Levanto-me novamente para pegar a manteiga e, quando volto, Linnea já está ajudando Charlotte a cortar uma panqueca em pequenos pedaços.
- Obrigado - eu digo.
- Claro - diz ela com um sorriso.
Ela está inclinada para a frente para ajudar Charlotte e meus olhos são atraídos para aqueles peitos incríveis. Eu costumava pensar que uma palavra como suculento quando aplicado a peitos era estúpido, mas isso foi antes de me deparar com a maravilhosidade da Linnea. Ela se endireita e pega a calda. Afasto meus olhos, esperando que ela não tenha me pego olhando para os seus peitos. Ótimo, ela ainda nem completou vinte e quatro horas aqui, e eu já quase a comi com os olhos.
Eu me distraio com o café da manhã. Panquecas não são minha primeira escolha para um café da manhã ‒ sou mais um cara de ovos e bacon ‒ mas essas estão realmente boas. Não me lembro da última vez que alguém me preparou o café da manhã. Há algo reconfortante em se sentar à mesa, comer tranquilamente panquecas que não precisei fazer.
- Sei que acabei de chegar, não tenho pressa, mas queria falar com você sobre o seu horário de trabalho - diz Linnea. - Gostaria de dar aulas de piano duas vezes por semana. Mas estou aqui primeiro para Charlotte, então, se isso não der certo, tudo bem.
- Tenho certeza de que podemos dar um jeito - eu digo. - No pior cenário, minha irmã Kendra pode cuidar de Charlotte se eu realmente precisar ir e você não estiver disponível. Onde você vai ensinar? Aqui?
- Não, em uma loja de música - diz ela. - Era o que eu estava fazendo em casa. A Henley's Music não é longe daqui e eles oferecem aulas. Vou conversar com o gerente esta semana e ver se consigo uns horários. Deixe-me saber quais dias são melhores para você, e eu me organizo.
- Claro - eu digo. - Como você vai para lá? Você dirige?
- Eu tenho carteira de motorista, mas vou de ônibus - diz ela. - Estou acostumada e já procurei as rotas. Há uma parada a apenas dois quarteirões de distância, então eu vou ficar bem.
- Ok. - Acho que ela já organizou as coisas muito bem. - Sabe, eu obviamente não tenho um piano. Você vai precisar de um lugar para praticar?
- Oh, não precisa se preocupar, eu tenho um piano elétrico que será entregue em alguns dias - diz ela.
- Isso funciona tão bem quanto um piano comum para você?
- Sim, está tudo bem - diz ela. - Eu tenho um ótimo. As teclas são pesadas, então parece com o original. Apenas ocupa menos espaço.
- Posso tocar seu piano? - Charlotte pergunta.
- Claro - diz Linnea. - Vou ensiná-la a tocar todos os tipos de coisas divertidas.
- Seus pais tocam piano? - Eu pergunto.
- Sim. - Ela abaixa o garfo. - Falando em meus pais, eu sinto muito... bem, desculpe se isso foi algo que jogaram para cima de você.
Sinto uma pontada de culpa pelo quanto eu estava reclamando com Alex sobre ela.
- Está tudo bem. Sinceramente, tive muita dificuldade em encontrar alguém para cuidar da Charlotte. Meu horário é bastante irregular, então elas precisam estar dispostas a ficar aqui até altas horas da noite algumas vezes, e muitas babás só querem trabalhar durante o dia. Tínhamos uma garota de quem ambos gostávamos, mas ela ficou noiva e se mudou do estado. O resto era... bem, digamos que não deram certo.
- Você disse que Brittany era uma idiota - diz Charlotte.
Eu estremeço.
- Estava chateado quando disse isso, anjinha. Não foi uma coisa agradável de dizer.
Linnea reprime uma risada suave.
- O que quero dizer é que você morar aqui facilita muito - eu digo. - E você já conhecendo Charlotte também é um grande diferencial.
- Eu gosto da Linnea - diz Charlotte.
- Eu também gosto de você, anjinha - diz Linnea.
Charlotte sorri para ela e meu coração se enche de carinho por ambas.
- Então, você dá aulas de piano - eu digo. - Você está procurando fazer mais alguma coisa em termos de carreira musical?
- Bem, o plano é conseguir um assento em uma orquestra sinfônica - diz ela.
- Uau, isso parece incrível - eu digo. - Você gostaria de ficar aqui na cidade?
- Se der certo - diz ela. - Mas acho que não há muita chance de conseguir com a Orquestra de Seattle. Os pianistas deles são incríveis, e eu não acho que terão vagas por um tempo.
- Oh, então para onde você iria? - Eu pergunto.
Ela encolhe os ombros.
- Depende. A maioria das grandes cidades tem uma orquestra, mas é mais provável que eu continue com uma menor até ter mais experiência. Quando surgir uma vaga, terei que fazer um teste.
Sou atingido por uma onda de decepção ao pensar em sua partida. O que é loucura. Ela não quer ser babá pelo resto da vida. Ela é musicista. Claro que ela vai seguir sua carreira.
Terminamos o café da manhã e ligo a TV para Charlotte. Linnea e eu subimos para tomar banho e nos vestir. Há um momento constrangedor em que saio do meu quarto e a encontro envolta em nada além de uma toalha, indo entre o banheiro e o quarto dela. Seus cabelos longos e molhados caem pelas costas e sua pele está rosada da água quente. Ela me dá um sorriso tímido e entra em seu quarto, fechando a porta atrás de si.
No andar de baixo, jogo algumas rodadas de pesca com Charlotte ‒ ela vence duas ‒ até Linnea descer.
- Linnea pode me levar ao parque? - Charlotte pergunta.
- Bem, querida, Linnea não está realmente cuidando de você hoje, porque estou de folga do trabalho.
- Ah, não me importo - diz Linnea. - O parque é perto?
- Sim, é na rua - eu digo. - Mas, realmente, você não precisa.
- Eu posso levá-la por algumas horas - diz ela. - Aposto que você não descansa muito nos seus dias de folga.
Ela está certa, eu não descanso. Nunca peço a ninguém para cuidar de Charlotte nos meus dias de folga. Principalmente, porque quero passar um tempo com a minha filha. Mas também tive que pedir muitos favores para garantir que eu tenha alguém para cuidar dela enquanto estou trabalhando. Faz meses desde que tive algumas horas para mim, e só porque ela estava dormindo.
- Bom, isso é verdade - eu digo. - Se você tem certeza.
- Eu ficaria feliz - diz ela. - Você está pronta, anjinha?
- Preciso de sapatos, mas já consigo amarrá-los - diz ela.
- Uau, você é uma menina grande - Linnea diz com um sorriso. Ela encontra meus olhos e pisca.
Pelo amor de Deus, ela está me matando.
Depois que eu dou instruções para Linnea, ela e Charlotte saem para o parque. Eu as observo por um momento enquanto caminham pela calçada de mãos dadas. É incrível como Charlotte está animada desde que Linnea chegou. Geralmente, leva muito tempo para se acostumar com as pessoas.
É um alívio. Estou ficando cada vez mais preocupado com a timidez de Charlotte. Não porque haja algo inerentemente errado em ser tímido ou quieto, mas ela está passando por um momento difícil na escola. Começou a primeira série há algumas semanas e não ocorreu tão bem. Quero que minha garotinha seja feliz e cresça, e é difícil vê-la se debatendo.
Entro na cozinha ‒ Linnea já limpou o café da manhã ‒ e olho em volta. Eu provavelmente deveria desempacotar mais algumas caixas, mas em vez disso, sento-me no sofá. Ando exausto ultimamente e nesse momento eu só quero aproveitar que ninguém precisa que eu faça algo.
Um pouco mais tarde, escuto uma batida na porta. Eu me pergunto se acidentalmente as tranquei do lado de fora, preciso fazer uma chave extra para Linnea. Pergunto quem é, e meu cunhado, Weston, responde. Ele olha para trás, quase como se estivesse preocupado que alguém esteja observando e entra.
- E aí, cara?
Ele acena para mim e verifica seu telefone, embolsando-o novamente com um olhar que eu só posso descrever como alívio. Entramos na sala e ele se senta no sofá.
- Você parece muito tenso - eu digo. - Está tudo bem?
Ele solta um suspiro e se inclina para trás.
- Sim. Só preciso me esconder da Kendra por um tempo.
Eu rio.
- Por quê?
- Estamos tentando engravidar - diz ele. - E ela está me tratando como se eu fosse sua própria fábrica de espermatozoides.
Estou tão surpreso que tusso algumas vezes antes de poder responder.
- Ela está... uau. Tudo bem. Não sabia que vocês queriam filhos imediatamente.
- Sim - ele diz com um encolher de ombros. - Kendra foi feita para ser mãe; Eu sabia que ela iria querer uma família. Além disso, você tem Charlotte e ela é ótima.
Isso me faz sorrir. Weston nunca me pareceu o tipo que gosta de criança, mas ele e Charlotte se entenderam imediatamente. Agora, eles têm um vínculo muito fofo.
- Ela é. Mas não entendo por que você está se escondendo.
- Estou exausto pra caralho - diz ele. - Não consigo transar apenas porque a temperatura dela está certa. É como se ela não se importasse se estou ou não de bom humor, ela só quer que eu solte os caras sempre que estalar os dedos. No começo, pensei que seria ótimo fazer um bebê. Sexo extra? Inscreva-me nisso, mas está ficando ridículo. Ela quer que eu vá para casa almoçar todos os dias porque sente minha falta? Não, ela só quer outra injeção de esperma. O mesmo acontece com as manhãs, depois do trabalho, e nem me fale dos finais de semana. Quando ela entrou no chuveiro, eu fugi.
Eu realmente não quero ouvir sobre minha irmã fazendo sexo com o marido, mas isso é meio hilário.
- Então, você está me dizendo que você, Weston Reid, encontrou um limite para quanto sexo consegue aguentar?
- Não é isso. - Ele me lança um olhar e acho que toquei em um nervo. - Eu posso fazer quantas vezes ela quiser. Mas mataria se ela se esforçasse um pouco para mim? É tão clínico. Eu não sou um pedaço de carne.
Não consigo deixar de rir e ele olha para mim novamente.
- Eu sinto muito.
- Estou falando sério - diz ele.
- Eu sei, eu sei. - Paro de rir, mas não tem como isso não ser engraçado. - Sim, aposto que isso é difícil.
- Você não tem ideia - diz ele. - Quando uma mulher coloca na cabeça que quer engravidar, não há como detê-la. Eu sou apenas um pau com testículos para ela ultimamente.
É horrível da minha parte, mas ver Weston com sentimentos machucados é bastante divertido. O cara costumava ser, nas palavras de Kendra, um total galinha. Acho que não quero saber quantas mulheres ele usou para fazer sexo antes de decidir se estabelecer com minha irmã. É engraçado ver como o jogo virou.
Seu telefone toca e ele geme enquanto o pega.
- Oh, ótimo.
- O que?
- O fluido dela está na consistência certa - diz ele.
Coloco a mão na minha testa.
- Sinto muito por ter perguntado.
Ele começa a digitar.
- Estou dizendo para ela vir aqui.
- Uh, você não vai fazer sexo com sua esposa aqui!?! - eu digo.
Ele olha para mim novamente.
- Não, eu preciso distraí-la por um tempo. Ela ainda não viu a anjinha recentemente. - Ele olha em volta como se de repente notasse a ausência de Charlotte. - Onde ela está?
- Ela está no parque com Linnea, a nova babá. Elas estarão em casa em breve.
Weston assente, depois olha para o telefone novamente.
- Sim, ela está vindo, mas esqueça o que te contei.
- Não se preocupe, não é uma conversa que quero lembrar.
A porta da frente se abre e Linnea e Charlotte entram. Charlotte vê Weston e seus olhos se iluminam.
- Tio Weston! - Ela corre e pula no colo dele.
- Ei, garota - diz ele.
Linnea entra na sala de estar.
- Oh, olá.
Apresento Linnea a Weston e ela lhe dá um sorriso tímido.
- Acho que minha irmã também está vindo - digo. - Desculpe inundála com pessoas tão cedo.
- Tudo bem - diz ela. - Está quente lá fora. Eu vou subir e trocar de roupa.
- Claro, leve o seu tempo.
- Eu vou me trocar também - diz Charlotte.
Estou prestes a dizer que ela não precisa quando eu me paro. Não há razão para dizer a ela para não trocar de roupa, e é fofo vê-la copiando Linnea.
As meninas sobem as escadas e Weston olha para mim com as sobrancelhas levantadas.
- O quê? - Pergunto.
- Essa é sua nova babá?
- Sim - eu digo. - Ela é irmã de Melanie, na verdade.
- Uau - diz Weston. - Bem, você está fodido, não é?
- Como?
- Você sabe o que eu quero dizer - diz ele.
- Não, não é assim - eu digo. - Ela está aqui apenas para me ajudar com Charlotte.
- Certo - diz Weston. - Onde ela está ficando?
Hesito porque sei exatamente o que ele vai pensar.
- Aqui.
Ele ri.
- Sim, boa sorte com isso.
- Não preciso de sorte, porque não há nada acontecendo - digo. - Eu sempre tive babás para Charlotte. Não tenho problemas em manter meu pau nas calças.
Ele se levanta e me dá um tapinha no ombro.
- Claro que não. E ela é apenas outra babá.