NOSSO CLICHÊ
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Capítulo 5 5

Caleb:

Meu telefone vibra no bolso no momento em que saio do quarto 305. Foi uma manhã tranquila, o que é uma pausa bem-vinda após o caos da noite passada. Eles ainda não precisaram de mim na sala de cirurgia hoje, por isso ocupei meu tempo verificando os pacientes.

Linnea: estou passando no mercado. Precisa de alguma coisa?

Eu: Não esquece da minha piroca.Eu: ESPERA. NÃO.

Eu: Pipoca. Juro que quis dizer pipoca. Com manteiga. Deus, deixa pra lá.

Linnea: Tudo bem! Pode deixar que eu levo.

Eu: Charlotte sai da escola mais cedo hoje, certo?

Linnea: Sim. 11:30.

Eu: Quer vir ao hospital depois? É bom ela ver o pau em ação.

Eu: não

Eu: PAU

Eu: OMG

Eu: P A I

Eu: sinto muito. Corretor estúpido. Podemos almoçar juntos.

Linnea: Tudo bem. Sim, parece bom. Estou sarrando em breve, então até daqui a pouco.

Linnea: OMG, não!

Linnea: estou sarrando em breve.

Linnea: Pq, corretor? É contagioso? Não, estou saindo em breve. SAINDO.

Linnea: Acho que devemos parar agora. Vejo você no almoço.

Balanço a cabeça e coloco o telefone de volta no bolso. Bem, isso foi humilhante. Piroca? Pau? Você deve estar brincando comigo, corretor. Fico feliz que Linnea tenha um bom senso de humor ou eu poderia estar com problemas.

Meu pager emite um bipe, enviando uma onda familiar de adrenalina através de mim. Fui acordado de um sono meio adormecido por esse som tantas vezes que sempre me faz sentir que tenho que pular da cama, não importa que eu não esteja em uma.

Sou chamado ao pronto-socorro para uma consulta cirúrgica, então desço as escadas. O atendente e eu decidimos admitir o paciente para observação noturna antes de recorrer à cirurgia. O resto da minha manhã passa rapidamente e sigo a rotina de verificar meus pacientes. A perfuração intestinal está estável e indo bem, e o paciente da colecistectomia parece que estará pronto para receber alta pela manhã. A esposa está com ele, então passo algum tempo respondendo perguntas.

Ver a gratidão nos olhos dela me lembra do porquê escolhi essa especialização. Às vezes, me pergunto se escolhi certo. Ser cirurgião de trauma pode ser intenso e estressante, e as horas não são ótimas. Olho para Weston com seu consultório confortável e horário flexível e me pergunto se deveria estar fazendo outra coisa.

Mas a cirurgia de trauma é tão gratificante. É como um quebra-cabeça. Se um paciente vem até mim, ele está em má forma e é meu trabalho descobrir o que há de errado com ele. O tempo parece diminuir e todos os meus sentidos se aguçam. Eu tenho que pensar rápido e agir depressa. Muitas vezes a vida do paciente está em minhas mãos. Não tenho essa adrenalina com qualquer outra coisa e tenho que admitir que é viciante.

E sou bom no que faço, sempre mantive a cabeça fria sob pressão. Consigo manter a calma, avaliar os danos e tomar medidas decisivas.

Eu sei que não ficaria tão feliz fazendo outra coisa, mas sempre tenho que considerar minha família. Antes de Linnea chegar, eu estava pensando seriamente em mudar de emprego. Minha agenda dificultava a procura de babás, e eu não podia continuar dependendo da minha irmã. Mas com Linnea, tudo parecia ter se encaixado.

Meu pager emite um bipe novamente, mas é apenas uma pergunta sobre um paciente. Vou até um posto de enfermagem vazio e uso o telefone.

Kyle, o anestesista de plantão, caminha até a estação.

- Como está a apendicectomia?

- Aceitável - eu digo. - Dei alta a ele.

- Eu não estava feliz com os níveis de oxigênio - diz ele. - Incluí isso nas minhas anotações para o futuro. Espero que ele controle a apneia do sono, ou o teremos de volta aqui em breve.

- Sim. - Meu telefone vibra novamente. Provavelmente é Linnea. - Só um segundo, Kyle, preciso verificar.

Linnea: Estamos aqui embaixo. Você ainda pode fugir para almoçar?

Eu: Sim. Encontro você no lobby principal.

Eu guardo meu telefone.

- Estou descendo para almoçar. Minha filha está aqui.

- Legal - diz ele. - Quem a está trazendo? Sua irmã?

- Não, Linnea - eu digo. - A babá.

Ele concorda.

- Estou indo nessa direção também, vamos juntos.

Kyle e eu pegamos o elevador para baixo. Espero não ser chamado em caso de emergência, embora seja mais provável que isso aconteça à noite. Os dias tendem a ficar mais silenciosos em um pronto-socorro.

As portas do elevador se abrem e vejo Charlotte em pé perto da entrada da frente. Olho para Linnea e quase paro no meu caminho. Ela está usando uma camisa sem mangas verde-clara, calça preta justa e saltos altos. Seu cabelo loiro ondulado está solto e ela o coloca atrás da orelha enquanto sorri para mim.

E sim, seus peitos estão incríveis.

- Uau - diz Kyle baixinho. - Essa é a sua babá?

- Olhos no rosto, Kyle.

Ele limpa a garganta.

- Oi, papai - diz Charlotte quando nos aproximamos.

- Oi, anjinha. - Eu a pego e aceno para Kyle enquanto ele segue pelo corredor. Eu posso praticamente senti-lo tentando não encarar Linnea.

- Estou feliz que você tenha escapado um pouco - diz Linnea. - É bom te ver.

- Sim, é bom ver você também.

Seu rosto fica vermelho, e acho que fiz uma coisa não muito masculina e corei um pouco também. Merda.

- Não posso ir muito longe quando estou de plantão, mas há uma lanchonete do outro lado da rua - digo.

- Parece ótimo - diz Linnea.

- Posso comer macarrão com queijo? - Charlotte pergunta.

- Vamos ver o que eles têm - respondo.

Vamos para fora e atravessamos a rua. A delicatesse está cheia, mas há algumas mesas vazias. Ajudo Charlotte a encontrar o que ela quer ‒ eles têm macarrão com queijo ‒ e todos pedimos no balcão. O cara nos dá um número para levar para a nossa mesa e diz que nossa comida estará pronta em breve.

No momento em que nos sentamos, Charlotte anuncia que precisa ir ao banheiro. Linnea pega sua bolsa e começa a se levantar, mas eu coloco uma mão em seu braço para detê-la.

A sensação de sua pele envia uma sacudida de eletricidade através de mim. Eu tento não deixar isso transparecer no meu rosto.

- Eu posso levá-la.

- Tem certeza? - ela pergunta.

- Sim, de bom grado. Vamos lá, anjinha.

Os banheiros são cabines individuais, então não é grande coisa levá-la para o banheiro masculino. Ela conversa comigo enquanto faz xixi, me contando tudo sobre a viagem de ônibus para o centro da cidade. Quando saímos, há um cara sentado à nossa mesa, em frente à Linnea.

Fico com raiva instantaneamente. Quem diabos é esse cara? Reviro os olhos para seu bigode hipster. Cara, se você não consegue ter pelos faciais reais, faça a barba.

Ele acena com a cabeça para algo que Linnea está dizendo. Não consigo ver o rosto dela, mas o sorriso que ele dá a ela faz minhas costas enrijecerem. Eu conheço esse sorriso, todo cara conhece. Predatório. Pego Charlotte para que possamos nos mover mais rápido e atravessar a lanchonete.

Paro ao lado da mesa e olho para Linnea antes de nivelar o cara com um olhar.

- Oi.

Ele olha para mim, piscando de surpresa.

- Oh. Esta mesa é sua?

- Sim.

- Uh, desculpe. - Ele não olha para Linnea novamente, apenas se levanta.

Eu mantenho meus olhos nele até que ele saia pela porta da frente, depois coloco Charlotte no chão.

- Quem era aquele? - Charlotte pergunta.

Linnea começa a responder, mas eu falo primeiro.

- Alguém que se sentou na mesa errada.

- Oh - diz Charlotte.

Linnea morde o lábio inferior e desvia o olhar.

Merda. Talvez ela quisesse falar com ele. Ela ainda não conhece muitas pessoas aqui. Eu sei que ela conheceu algumas pessoas na loja de música onde começou a ensinar piano, mas é isso. Minha agenda dificulta que ela saia e tenha muita vida. Eu apenas agi como um idiota, afugentando aquele cara. Não é como se eu tivesse alguma opinião sobre com quem Linnea fala.

E por que eu deveria deixar isso me incomodar? Ela é a babá de Charlotte. Isso é tudo. Não é como se eu pudesse namorar com ela, mesmo que quisesse.

Quem estou enganando? Eu quero. Estou encantado com ela desde o momento em que ela desceu a escada rolante no aeroporto. Mas isso não é uma opção.

- Desculpe por isso - eu digo. - Eu, hum, assumi que ele estava incomodando você.

Ela levanta os olhos para encontrar os meus.

- Está tudo bem.

- Você tem certeza?

- Sim, está tudo bem. Ele meio que se convidou para sentar e depois me perguntou se eu bebo leite.

- Se você bebe leite? O que isso deveria significar? - Pergunto.

Linnea sorri e revira os olhos.

- Ele disse que faz bem ao meu corpo.

Isso me faz rir.

- Você está brincando. Essa é uma cantada terrível.

- Foi muito ruim - diz ela.

A garçonete traz nossos almoços, colocando os pratos na nossa frente. Eu preciso me controlar. É inevitável que Linnea encontre pessoas, comece a namorar. Ela deveria estar namorando. Ela é linda e divertida e dará uma namorada maravilhosa para algum idiota sortudo. E para um idiota mais sortudo ainda, será uma esposa do caralho algum dia.

Eu nunca fui um cara ciumento, mas toda vez que penso nela com outra pessoa, me irrita.

Almoçamos e eu olho para ela algumas vezes. Manter as coisas profissionais com ela será mais difícil do que eu pensei. Mas acho que isso significa apenas que tenho que me esforçar mais.

            
            

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