Capítulo 10 Envergonhada

Sempre que ouvia algo relacionado à Crosby, Andy perdia a capacidade de pensar e agia como um cachorrinho abandonado. "Ela me disse que tem estado muito ocupada ultimamente, então não quer que eu vá visitá-la", comentou ele com uma voz triste.

Maya fez uma pequena pausa antes de responder. "É verdade, ela anda realmente muito ocupada", disse com um tom indiferente. "É melhor você não a incomodar."

Andy ficou sem saber o que dizer.

"Maya, me diga a verdade. Por um acaso, ela...?", começou ele em um tom vacilante. Pelo visto, o comentário insensível de Maya o tinha afetado.

Sendo uma boa roteirista, Maya já sabia o que Andy ia perguntar antes mesmo de ele terminar de falar e teve que se esforçar para resistir ao impulso de provocá-lo. Em vez disso, respondeu em um tom indiferente: "Nem comece a pensar nessas coisas! Duvido que Crosby vá se apaixonar por alguém no Japão! A menos que seja Yuki Furukawa. Ele é o único japonês que eu aceitaria que ela tivesse um relacionamento!"

"Eu não aceitaria nem com ele!", respondeu Andy, com a voz mais animada depois de ouvir a resposta da garota.

"Você não concorda?!", perguntou Maya, franzindo a testa. Maya realmente não queria que Andy se preocupasse tanto, então, achou melhor não mencionar o fato de que, como Crosby, muitas outras pessoas do mundo todo iam para o Japão estudar. Não era nem um pouco impossível que sua amiga se apaixonasse por algum deles.

Andy ficou em silêncio mais uma vez. "Não vou discutir mais com você", comentou ele, sentindo-se derrotado preferiu mudar de tema. Ele sabia que não tinha nenhuma chance de ganhar numa discussão contra Maya. "De qualquer forma, queria te dizer que a saúde do meu amigo anda muito frágil, principalmente em relação ao seu estômago. Ele já comeu alguma coisa? Você se importaria em...".

"Não se preocupe. Já fiz macarrão para ele. Seria bom você vir para cá o mais rápido possível." Apesar de Andy e sua melhor amiga se conhecerem, ela ainda não se sentia à vontade para ficar falando no celular na frente de um vizinho que conhecia a tão pouco tempo.

Então, apesar de falar em um tom amável, sua voz soava mais fria que o normal. Maya finalmente desligou o celular com uma expressão séria no rosto.

Ao se virar para seu vizinho, percebeu que ele a estava observando com um ar pensativo, fazendo-a corar. Maya não podia deixar de se sentir um pouco envergonhada naquele momento. Ela era sempre gentil com estranhos, apesar de se manter mais reservada e calada. No entanto, ela falou bastante com o admirador de sua amiga, o que a fez se sentir um pouco hipócrita. Ela limpou a garganta para se recompor.

"Sinta-se à vontade enquanto espera por Andy. Tenho certeza de que ele vai chegar daqui a pouco." Maya parou na frente do sofá. Seu cabelo estava caído sobre a testa, um pouco bagunçado, e ela o afastou, soltando um suspiro. Ela não queria que seu vizinho se sentisse desconfortável enquanto esperava. Então apontou para a cozinha e disse: "Vou lavar a louça. Se você quiser, pode assistir à televisão enquanto espera."

Embora não gostasse de lidar com pessoas, Yusuf sempre foi bom em ler os pensamentos delas. Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto pálido quando percebeu o rubor da jovem e a tentativa de esconder sua vergonha.

Era como se um delicado manequim tivesse, de repente, recebido uma alma, exibindo um sorriso etéreo. "Peço desculpas por causar tantos transtornos", comentou ele após limpar a garganta.

Maya se sentiu satisfeita por ele ter pelo menos parado de agradecer o tempo todo.

O sorriso encantador no rosto do rapaz a deixou intrigada por um instante. Ela sempre tinha conseguido manter a compostura, mesmo em sua linha de trabalho, onde estava sempre rodeada por vários homens bonitos. Apesar do homem à sua frente ser tão lindo quanto qualquer celebridade elegante, Maya conseguiu manter o controle e demonstrar uma aparência de calma.

Logo em seguida, ela se dirigiu para a cozinha para lavar a louça sem deixar que ele a distraísse mais.

Yusuf podia escutar o som da água escorrendo e olhou, sem perceber, em direção à cozinha, vislumbrando a pequena silhueta de Maya. As costas esbeltas da garota lhe davam uma aparência serena e delicada.

Ele a observou por um breve momento e logo desviou o olhar. Desta vez, um sorriso espontâneo e caloroso iluminou o seu rosto, enquanto ele olhava ao seu redor chamava a sua cadela, satisfeita, com um aceno de mão.

"Vem aqui, Preciosa!"

O animal obedeceu no mesmo instante, correndo em direção ao seu dono como se fosse uma gigante bola de algodão.