Capítulo 4 Yusuf

Maya fixou os olhos no cachorro por um longo tempo, sentindo-se infantil por fazer isso, desviou o olhar. Ela se aninhou no sofá, vestindo um pijama de flanela, enquanto observava os trabalhadores da empresa de mudanças junto com o homem bonito e misterioso entrando e saindo da casa da frente.

'Que tipo de pessoa se muda no meio do Festival de Primavera?', pensou. 'Ele é tão estranho quanto o nome do seu animal de estimação.'

"Au! Au!" Maya ligou a televisão para matar o tempo e o tédio. Depois de um tempo, quando ela já estava quase dormindo, o cachorro começou a latir ansiosamente.

"Pare com isso! Vá brincar sozinha em outro lugar", retrucou ela, tentando abrir os olhos. O latido incessante do animal a estava deixando com dor de cabeça.

Naquela mesma noite, ela se pôs a escrever e produziu quatro mil palavras. Seu cérebro dolorido praticamente implorou para que fizesse uma pausa. Porém, quando ela finalmente conseguiu adormecer, o homem e os latidos constantes de seu animal de estimação a acordaram.

"Calma, Preciosa. Não faça tanto barulho!" Aquela voz encantadora enchia seus ouvidos. Havia duas coisas na vida que Maya apreciava acima de tudo, mãos bonitas e vozes melodiosas. Assim, não havia dúvida que aquela linda voz tinha prendido sua atenção. O cachorro pareceu se acalmar e parou de latir, mas Maya não podia deixar de se sentir atraída por aquela voz tão agradável.

De repente, ela abriu os olhos e olhou diretamente para Yusuf, fazendo que ele se surpreendesse e retirasse sua mão desajeitadamente.

Era Preciosa que parecia estar feliz e à vontade, rodeando alegremente os pés de Maya. Yusuf não queria perturbá-la, então, cuidadosamente, abaixou-se e estendeu a mão para segurar o cachorro. No entanto, Maya agora já estava acordada e os observava atentamente.

Os olhares de Maya e Yusuf se encontraram por um instante, em silêncio, antes de ambos se sentirem envergonhados o suficiente para desviar o olhar. Maya recuperou rapidamente a compostura e pigarreou: "Você já terminou de limpar a casa?", perguntou ela.

Yusuf puxou seu animal de estimação para perto de si e acariciou ternamente sua cabeça fofa. "Sinto muito se incomodei você", disse ele, educadamente. "Muito obrigado pela ajuda."

Ninguém no mundo conseguiria odiar uma pessoa bem-educada, ainda mais quando era tão bonita e elegante quanto aquele homem. Ainda por cima, ele tinha um sorriso lindo e extremamente cativante. Maya levou a mão ao nariz e ficou aliviada ao ver que não estava sangrando com toda essa excitação. "De nada", respondeu simplesmente.

Ela era uma pessoa caseira, que não gostava de ficar saindo para rua e nem de lidar com estranhos. Gostava menos ainda de ficar falando com eles. Por outro lado, Yusuf era um estranho que raramente falava com outra pessoa, a menos que fosse seu animal de estimação. Além disso, ele não sabia muito sobre o que falar com as pessoas.

Portanto, sendo como eram, não se preocuparam em perguntar o nome um do outro. Os dois falaram algumas poucas palavras educadas e se calaram.

Ele saiu em seguida, mas Maya não se sentiu nem um pouco decepcionada. Muito pelo contrário, ela ficou feliz em poder fechar a porta de entrada e voltar imediatamente para seu quarto e cair no sono de novo.

Enquanto isso, Yusuf voltou para casa e acendeu a luz. Ele olhou ao seu redor, para sua nova casa, com os móveis recém-montados e limpos, sentiu-se extremamente satisfeito.

Ele colocou Preciosa no chão e deixou um pedaço de carne crua em uma vasilha limpa. A cadela começou a abanar o rabo imediatamente, pronta para degustar seu lanchinho noturno. Depois de um tempo, o celular de Yusuf tocou. Era uma ligação de seu único amigo. "Olá, Andy".

"Você está satisfeito com sua nova casa?", perguntou uma alegre voz masculina.

Yusuf olhou ao redor da sala novamente e concordou com a cabeça. Ele percebeu que seu amigo não podia vê-lo e respondeu monossilabicamente: "Sim!".

"Ei, posso saber por que você parece tão indiferente? Mas antes de mais nada, deixe-me dar algumas boas notícias. Você sabia que tem uma linda mulher, preciosa, morando na frente da sua casa?", sussurrou Andy.

Preciosa, que tinha acabado de saborear sua comida, espirrou. Yusuf olhou para o cachorro ao ouvir a descrição do amigo, que parecia ter adivinhado o que ela fez.

"Ei, ei! Não estou falando do seu cachorro! Sua vizinha é uma mulher muito bonita!". Sendo seu único amigo, Andy sabia muito bem que Yusuf dificilmente repararia na beleza de sua vizinha.

De repente, a ficha caiu para o lindo homem e ele se lembrou da mulher com quem tinha acabado de falar. É verdade. Ela era muito bonita, mas o que isso tinha a ver com ele?