/0/5392/coverbig.jpg?v=aa4135ffad5e78d6b6dd2d90313914cf)
10

/ 1

John girou a chave do carro estupefato, era a terceira tentativa e a merda do motor não ligava. Tentou uma quarta vez, uma quinta e na sexta, ele finalmente desistiu. Que se fodesse o carro, a chave, ou tanque sem combustível. Ele tinha dinheiro, então por quê merdas está tentando fazer a droga do carro ligar? Não fazia sentido. Ele pode pagar um táxi, ou qualquer coisa que fosse, mas ele está justamente tentando fazer a droga do carro pegar por pura insistência. Se eu tivesse abastecido, John pensou, estaria longe daqui agora, mas que homem infeliz...
"Por que não liga?" Indagou e bateu com o punho no volante.
Não que John fosse de fato um homem infeliz, até as pessoas mais felizes tornavam-se pessoas tristes em determinados momentos da vida, e infelizmente para John, aquela semana não estava dando. Tudo bem, as pessoas ficam tristes, tudo bem, mas aquela semana estava um inferno, acontecia uma merda atrás da outra, como ele podia suportar? Não bastasse isso, seus colegas de grupo não conseguiam entender que ele precisa de espaço. Um dia livre de toda aquela correria, talvez uma semana, John não sabe, mas ele se sente sufocado, preso a uma âncora invisível que limita boa parte de suas atitudes. E tudo bem, ele era maior de idade, mas por que todos o tratavam como uma criança? Por quê diabos ele tinha que receber e obedecer ordens o tempo inteiro sem tempo para pausa?
Seu interno gritava dizendo que ele estava a fazer tudo errado, mas se pelo menos um dia ele pudesse viver sem ser controlado, se ao menos ele pudesse respirar sem se sentir como uma marionete controlada por centenas de mãos...
John não faça isso!
John não coma aquilo!
Cuide melhor da sua aparência!
Durma cedo ou vai envelhecer e ver sua carreira despencar!
Você não pode sair com essa garota!
Você não pode dizer isso!
Não aja dessa forma, você não quer que suas fãs pensem que você é um maníaco pervertido!
E assim era seu inferno, e todos os dias eram iguais...
"Que se foda essa merda!" ele exclamou. "Que se foda toda essa merda, especialmente a porra desse carro, eu quero que tudo se foda!" Praguejou entredentes.
Tirou o cinto de segurança e abriu a porta decidido a sair daquele carro de uma vez e abandoná-lo ali mesmo, talvez pudesse pedir ao Henkel que apanhasse o carro no fim do dia. Naquele momento John só precisava de uma bela dose de álcool, não como nas outras vezes que bebia até cair, aquilo seria diferente de tudo. Ele ficaria chapado, mas com a consciência de que seria um homem morto quando voltasse para casa. E pensando nisso lhe ocorreu que antes de dar sua dose de sumiço nos outros membros saindo de casa sem dizer para onde ia, ele havia pensado em tudo, menos recorrer a alguém misericordioso o suficiente para lhe oferecer um teto para ficar.
John tinha dinheiro o suficiente para pagar o hotel mais luxuoso de toda Seoul, mas não havia dinheiro que comprasse o sossego e nenhum hotel de luxo poderia lhe oferecer isso, ao contrário, seria descoberto em menos de 24 horas e isso era tudo o que ele não queria.
2
"Vire à esquerda!" Jin disse soando terrivelmente tímido. A mão que segurava o celular estava trêmula, e ele suava o tempo todo. " À esquerda, Klaus, vire à esquerda!"
Klaus bufou e bateu com o punho no volante, por que Jin tinha de ser tão ruim com endereços? Ele pensou, e desejou que estivesse em seu estúdio agora, fazendo qualquer coisa, tudo menos estar com aquele cara.
"Porra Jin!" Klaus esbravejou guiando o carro até o acostamento. "Se você continuar desse jeito vai me fazer causar um acidente!
"Então fale normalmente e não use esse tom de voz, está me deixando nervoso!"
"Você me mandou ir na direção errada, estamos perdidos, a culpa é sua, e eu tenho todo direito de estar furioso com você!" Exclamou entre dentes. "Agora pare de agir como um viado fresco faria e procure o endereço correto... Estou cansado de aturar você!"
"Eu mandei você ir na direção errada?" Jin indagou sentindo seu rosto ruborizar de raiva. "Eu disse pra você, Klaus, após o semáforo siga em frente e o que você fez?" Indagou pausadamente. "Isso mesmo! Você virou na primeira esquina que viu seu estúpido! Você fez isso por livre e espontânea vontade, se nós estamos perdidos a culpa é inteiramente sua!" Esbravejou jogando o celular contra o corpo do outro Kim. "Se você está cansado de me aturar agindo feito um viado fresco" Ele gritou. "Vá em frente e saía desse carro, ligue para alguma de suas vadias passadas, aquelas que você costuma comer nas quartas, e peça para ela buscar o pedaço de merda que você é na porra dessa rodovia!"
"Por que você está usando esse tom comigo?" Klaus questionou incrédulo.
"Porque você é um cretino, e é esse o tom que você sempre usa para falar comigo, e faz com que eu me sinta um lixo perto de você "Jin confessou enraivecido. "E se você quer saber, eu também estou cansado de aturar você!"
Jin curvou sua postura minimamente apenas para alcançar o celular que havia caído sobre o carpete do carro, apanhou o aparelho e saiu do veículo sem sequer encarar Klaus. Ele estava passando dos limites, não como na semana anterior, aquilo era mil vezes pior que todas as piadinhas de mau gosto. Cada palavra era como uma facada no peito de Jin, e todos os dias essa mesma faca o apunhalava diversas vezes no mesmo lugar, e a ferida continuava crescendo sem sequer ser curada.
"Jin, pare de drama e volte para o carro!" Klaus disse acompanhando o mais velho. "Não faça escândalo, aquilo não foi nada!"
"Não se preocupe, não farei escândalo, eu não sou você!" Jin exclamou e havia lágrimas em seus olhos.
"Apenas volte para o carro, não me faça perder a paciência-"
"Ou o quê?" Jin questionou. "Esqueça Klaus, eu não entro mais naquele carro com você, pode ir embora!"
"Pare de ser infantil Jin!" Klaus esbravejou. " Acha que vou deixar você aqui?" Indagou. "Como acha que vai voltar para casa?"
"Eu não vou voltar" Arquejou e discou o último número em seu registro de chamadas, ignorando completamente a presença de Klaus ali.
"Jin..." Klaus começou, mas as palavras não saíram.
"Alô?" Jin disse subitamente mudando seu tom de voz, surpreendendo Klaus. "Rose o Alexei está?" Indagou e fingiu não ver quando Klaus franziu o cenho.
"Que ótimo, duas gazelas saltitantes dentro de um carro!" Resmungou sentindo o sangue esquentar.
Klaus caminhou até Jin e arrancou violentamente o celular de sua mão, jogou o aparelho na pista no momento em que um ônibus passava e segurou o braço de Henkel usando um pouco de sua força - não tanto quanto tinha vontade - e o arrastou de volta até o carro.
"Se você quer ter uma boa convivência comigo, tente não quebrar as duas regras" Klaus disse usando um tom surpreendente calmo. "Você não quer me ver com raiva!"
"Tem razão, é muito mais que isso" Jin disse encarando os orbes de Klaus. "Eu quero distância de você."
3
"Não, não abra essa porta!" Damon alertou quando viu a mão de Jia tocar a maçaneta da porta, onde coincidentemente era seu quarto.
"Por quê?" Ela sorriu. "Tem algum monstro aí dentro que possivelmente vai me comer?" Damon bufou, puxou a mão de Jia e a levou para longe dali.
Estavam procurando por algo que pudesse denunciar onde supostamente, John havia ido. E certamente, não seria necessário Jia entrar naquele quarto, considerando a bagunça que estava, o pálido provavelmente ficaria envergonhado.
"Não tem nada lá que possa nos dizer onde aquele moleque foi." Respondeu curto, arrastando a mulher até a sala.
"Como sabe?" Ela indagou risonha. "Você nem mesmo chegou a olhar-"
"Não há nada lá!" Damon gritou surpreendendo-a. "Desculpe." Completou rapidamente.
"OK então senhor nervosinho, o que faremos agora?" Jia questionou. Seus lábios estavam contorcidos em um sorriso largo, ela se sentia feliz. "Quer dizer... Nós já procuramos por tudo aqui!"
"Certamente..." Resmungou pensativo. "Fique aqui, eu já volto!"
Damon olhou a hora em seu celular e no instante seguinte, sumiu no corredor escuro e foi até o quarto que John dividia com Jimmy e Harry. Garotos como John, eram na maioria das vezes descuidados, então tinha que haver alguma pista que indicasse aonde o menor estava, porque ele não podia simplesmente sumir e pensar que ninguém além de seus companheiros de grupo dariam a menor importância.
"O que é isso?" O pálido resmungou quando seus olhos encontraram um caderno de capa dura vermelho.
Caminhou até a cama do mais novo e apanhou o caderno, parecia comum se não fosse a ocasião em que fora encontrado. Rapidamente Damon o abriu, era normal e o único conteúdo que havia ali - para desespero dele - era todo, e somente relacionado à escola. Ele bufou, mas normalmente as pessoas fazem anotações nas últimas folhas do caderno, não fazia sentido, no entanto, era algo a ser considerado. E sem pensar duas vezes, ele virou o caderno ao contrário e o abriu, as folhas estavam todas em branco, mas cuidadosamente ele passou a ponta do indicador na superfície e bingo! Lá estava a pista de que ele precisava.
"Parece que você não é tão esperto assim, John!" Damon disse soando terrivelmente aborrecido.
4
Quando John se certificou de que todas as portas do carro estavam trancadas, ele cuidadosamente escondeu as chaves do carro entre as engrenagens acima do pneu traseiro quando ninguém olhava. Deixaria o carro bem ali, e mais tarde faria com que Jin o apanhasse sem precisar lhe entregar pessoalmente as chaves.
"Que ninguém roube essa merda, amém!" Disse e caminhou para o fim da rua.
Estava tão absorto em seus devaneios que sequer se deu conta que suas pernas o guiaram até a porta de uma loja de bebidas que não frequentava há muito tempo, era mais ou menos 1 quilômetro distante de onde ele inicialmente estava e ainda assim, ele mal notou que estava indo para lá. Talvez aquilo tivesse relação com as coisas que estavam perturbando sua cabeça, e não foi de um todo ruim, ele precisava beber e estava parado em frente a uma loja de bebidas, não era fantástico?
Apoiou as mãos sob os joelhos tentando recuperar o fôlego, se lembra de ter estado ali dentro uma vez, e sua mente lhe mostrava a cena diante de seus olhos. Havia um John risonho - muito diferente do que ele se tornou agora - sentado, conversando sobre assuntos relacionados ao trabalho e reclamando sobre o quanto sua agenda estava lotada, ele parecia tão feliz com isso, era inacreditável. E havia outra pessoa com ele, uma moça, e agora John conseguia se lembrar; esteve ali com Kayla, na época em que ela ainda era sua namorada. Ela sorria e parecia tão feliz que o coração de John doeu ao se lembrar, mas por que ele estava ali? Parecia tão ridículo estar ali depois de tanto tempo que soava como um insulto.
"Que idiota!" Resmungou e chutou uma pedra que estava no chão.
Estava prestes a dar meia volta e ir embora daquele lugar quando mudou de ideia, pegou o celular esquecido em seu bolso e discou o último número em sua - extensa - lista de contatos. Era babaquice, ele sabia, e como sabia... Mas precisava escutar o soar daquela voz doce mais uma vez, apenas naquela tarde, ao menos antes de se afogar no álcool, ele já sentia como se estivesse no fundo do poço de qualquer maneira. E enquanto chamava, os segundos pareciam eternos...
"John?" Ela disse finalmente e parecia surpresa, enquanto John sentia o coração acelerar. "John, por que você está me ligando?" Indagou soando terrivelmente curiosa.
"Kay..." John também não sabia a resposta para aquela pergunta, não havia o que dizer, tudo havia sido dito acerca de alguns meses atrás. Ele não podia telefonar, não devia telefonar, e mesmo amando Kayla mais que sua própria vida, ele precisava, mas não conseguia deixá-la ir. "Eu... Me desculpe, foi um engano, pensei estar ligando para outra pessoa, não quis incomodar!"
"Não tem problema, acidentes acontecem todos os dias..." Disse cautelosamente e John imaginou o rosto corado de Kayla e quis sorrir. "De qualquer forma, foi bom falar com você desta vez, tome cuidado hoje!"
"Obrigado, Kay..." Disse forçando seu tom de voz mais alegre. "Desculpe o incômodo."
E então ele desligou antes que ela pudesse falar, os olhos cheios d'água e a respiração falhando... Por que as coisas tinham de ser daquela maneira? Questionou-se internamente, mas não importava, não naquele dia. Limpou o rosto e decidiu que aquela noite tudo o que importava era o fato de estar sóbrio demais, e no instante seguinte ele entrou na loja de bebidas disposto a resolver seu problema.
5
"O que é isso?" Jia indagou tombando a cabeça para o lado. "Um bilhete?"
"Um número de telefone!" Damon respondeu e parecia mais ranzinza que o normal. "Onde quer que John esteja, essa pessoa deve saber." Disse balançando o pedaço de papel no ar.
"E você está esperando o quê para ligar?" Jia questionou óbvia jogando-se sob o sofá preto da pequena sala.
"Eu não vou ligar do meu telefone" Abanou a cabeça e caminhou até o sofá. "John é um idiota que decora o número de todo mundo, se eu ligar ninguém sequer atende..."
"Hum, deixa que eu ligo!" Exclamou tirando o celular do bolso e estendendo a mão para que Damon lhe entregasse o papel.
Discou cuidadosamente os números que estavam reforçados com lápis de cor amarelo, e ativou o viva-voz quando começou a chamar. Damon aguardava em silêncio com o corpo estirado no sofá, seus olhos fitavam Jia com admiração. Era perfeita. Tudo que Damon precisava naquele momento, e todas aquelas características lhe pareciam tão adequadas que chegava a ser impressionante. Era como se o universo tivesse deixado-a ali para que Damon percebesse que os dois eram como peças de um quebra-cabeça e encaixam-se tão bem quanto. Ela era a resposta para tudo, e mesmo que Damon estivesse tão perdido quanto estava naquele momento, Jia sabia a solução e provavelmente o caminho de volta, então não importava.
"Alô?" Jia indagou subitamente quando parou de chamar. "Alô? Hye?" Improvisou e cuspindo o primeiro nome que surgiu em sua cabeça.
"Mas que diabos?" Sussurrou e Jia gesticulou para que ele ficasse calado.
"Ela está com você?" Questionou com um sorriso sacana em seu rosto. "Você não a conhece?" Disse fazendo com que a voz soasse o mais surpresa possível. "Mas esse número é dela... Por um acaso você assaltou a minha amiga?" Questionou novamente, mas dessa vez, com um tom de indignação. "Com quem estou falando, afinal?" Indagou. "Max?" Ela sorriu para Suga. "Oh sim, só um instante!"
"Max?" Damon sussurrou incrédulo.
"Aqui, é pra você!" Jia exclamou entregando o telefone ao pálido. "Boa sorte, estou indo na sua cozinha procurar algo para comer!"
E então ela saiu, como se aquilo não fosse nada de mais e o fato de Max estar do outro lado da linha não importasse mais do que sua fome - de fato não importava -, mas para Damon o que importava de verdade era o fato de desconfiar que o garoto sabia sim, onde John estava escondido. Respirou fundo e colocou o celular no ouvido, não ficaria com raiva, não ia agir com arrogância, apenas ia perguntar educadamente sobre John, mesmo que Max tenha dito uma vez que não saiba onde o mais novo esteja. Damon sentia que no fundo, ele sabia sim, só não estava disposto a contar.
"Acho que seu celular está com a bateria perfeitamente carregada." Damon ditou soando tão rude quando esperava. Fique calmo, ele repetia em sua mente como um mantra. Fique calmo não assuste o pirralho. "Seguinte, você tem duas alternativas" Disse e houve apenas o silêncio do outro lado da linha. "Ou você diz onde o John está de uma maneira perfeitamente amigável" Começou. "Ou vou ter que dedurar ao manager que John anda conseguindo droga, mas dessa vez vou citar seu nome e você vai estar ferrado!" Ameaçou. "Desista de todos os seus sonhos porque se eu fizer isso você vai estar acabado!"
"Cara..." O outro finalmente falou e soava cansado. "Eu já disse que não sei onde ele está!"
"Então me explica o motivo do John ter anotado seu número no caderno dele?" Damon questionou direto. Às vezes John agia como uma criança, mesmo que negasse e quisesse ser tratado como um homem maduro, o que ele estava longe de ser.
"John anotou meu número no próprio caderno?" Max indagou soando terrivelmente indignado.
"Não explicitamente, mas consegui um rascunho." Disse impaciente. "Você não tem para onde fugir, diga de uma vez onde ele está, todos nós estamos preocupados!"
"Cara, eu já disse a você que eu não sei" O garoto repetiu. "John esteve comigo ontem à noite, sim, mas agora eu não faço ideia de onde ele possa estar!" Escutou o outro respirar fundo. "Ele veio atrás de mim para conseguir uns cigarros de maconha, mas eu não consegui dar o que ele pedia por respeito a vocês!"
"E o que aconteceu depois disso?"
"Ele deu uma de maluco e disse que ia conseguir em outro lugar!"
"Inferno!" Damon bufou. "Obrigado cara, tente falar com aquele mané ou me dê notícias."
"Estou a procurar também, mas parece que ele simplesmente se enfiou em um buraco e não quer sair!"
"O problema é em que buraco esse garoto foi se meter!"
6
Existem pessoas que dariam qualquer coisa para estar no nível em que John está, e também existem pessoas que aplaudem em pé todo o seu sucesso, mas nenhuma delas faz ideia do quanto ele precisou trabalhar para chegar no topo. Nem mesmo John consegue contar quantos degraus precisou subir para que fosse conhecido mundialmente, ele trabalhou sem desistir, ele nunca pensou em desistir e aquilo parecia piada para ele. Mas naquele momento, sentado no mesmo lugar em que esteve acerca de alguns anos atrás, todo o seu mundo parecia desmoronar. Ele não sabia se era o fato de estar cansado, porque um dia todo mundo cansa, ou se todo aquele sentimento era resultado do vazio que ocupava seu coração.
O grupo sempre fora prioridade para ele, o grupo sempre veio em primeiro lugar bem como os membros que compunham ele, então por que merdas ele estava afundando a si próprio e consequentemente levando o grupo junto? Aquilo não era justo. Não era justo ele ter que procurar por Max toda vez que sente seu emocional abalado, desde quando drogas e bebidas resolvem os problemas dos antidepressivos esquecidos em sua gaveta?
John sempre foi alegre, ficar madrugadas ensaiando a coreografia de um lançamento novo nunca tinha sido um incômodo, e no entanto, até os outros membros tem notado o quão cansado ele fica após dançar a mesma música pela terceira vez. Todo o seu sofrimento começou quando Kayla o deixou, parecia clichê, mas John sempre acreditou na história de amar tanto alguém a ponto de ser sua alma gêmea, o problema começa quanto Kayla foi a única em sua vida e o fato de amá-la fazia com que ele acreditasse que ela era a mulher de sua vida. Mas não era e internamente ele sabia. Ele não podia colocar tudo a perder apenas por estar sofrendo por alguém que está bem melhor sem ele, era tão ridículo, e a garrafa de vodka quase vazia naquela mesa mostrava o quão fraco John estava.
"Você lutou tanto e no fim não adiantou de nada" Ele resmungou com a voz embargada. "Fez com que tudo fosse em vão, como você é desgraçado!"
Tomou o resto do líquido que estava dentro da garrafa e se levantou, tirou de sua carteira alguns dólares e os deixou sobre a mesa. Ignorou o fato de estar terrivelmente bêbado e andou até a porta daquela loja de bebidas disposto a resolver aquilo, mesmo estando bêbado, ele precisava tentar.
"Porque eu não posso estar tão perdido..."
O céu já estava escuro quando John finalmente chegou onde havia deixado o carro estacionado, agradecendo o tempo inteiro o fato de não ter sido roubado. Havia um galão de gasolina em sua mão direita - após sair da loja de bebidas ele andou mais 1 quilômetro até um posto de gasolina, e depois mais 3 quilômetros para voltar até a rua em que havia deixado o carro - e na esquerda a metade de uma barra de chocolate - ele comeu a outra metade enquanto caminhava -, e agora tentava inutilmente derrubar a chave do carro com o pé.
"Beleza!" Exclamou e sorriu quando a chave finalmente caiu.
Abriu a tampa do tanque vazio e preencheu com a gasolina que havia dentro do galão, quando terminou, fechou a tampa do tanque e entrou no carro. Respirou fundo, tentado recuperar o fôlego, comeu um pouco do chocolate e no instante seguinte ligou o carro. Era inconsequente dirigir bêbado, ele sabia, mas tudo o que ele mais queria era estar em casa e se desculpar com os membros do grupo. Dirigiu o mais devagar que pôde tentando não atrapalhar o trânsito, tudo estava correndo bem até que seu celular tocou, a tela acessa mostrava a foto de Jimmy, ele estava preocupado e John sentiu que seria um ingrato se recusasse as ligações do Park outra vez, então decidiu atender, porque uma atitude inconsequente a mais não faria diferença.
"Oi, cara-"
"Seu saco de merda, imbecil... onde você está?"
"Estou indo para casa." Disse. As mãos suando e o coração acelerando enquanto ele lentamente perdia o controle da direção.
"Quem você pensa que é para sair sem dar satisfação?"
A voz do Park parecia distante enquanto John observava um corpo se chocar violentamente contra o capô de seu carro, a cena parecia estar em câmera lenta e quanto ele percebeu pisou violentamente no freio. O cinto de segurança impediu que ele batesse com o corpo no volante, enquanto sua mão trêmula segurava firmemente o telefone, seus olhos fitavam as pessoas se aproximarem rapidamente.
"Que barulho foi esse, John?"
"Jimmy..." Disse e engoliu em seco. "Eu acho que acabei de atropelar uma pessoa!" Arregalou os próprios olhos sem conseguir acreditar.
"Você o quê?"
"Eu preciso desligar!"
"Filho da puta!"
John derrubou o celular no carpete, abaixou a aba do boné que usava e saiu do carro tendo os olhares das pessoas aglomerados sobre si e sentiu o julgamento. Havia uma mulher desacordada a poucos metros do carro, e quando ele a viu sentiu seu coração falhar, estava torcendo internamente para que ela não estivesse morta.
"Eu vou ligar para uma ambulância!" Uma mulher exclamou tirando o celular da bolsa.
"Não!" John a repreendeu e se arrependeu no mesmo instante. Ele não podia ser pego bêbado, isso não seria bem-visto. "A ambulância vai demorar, eu mesmo a levo para o hospital!"
Não esperou ninguém se opor à sua decisão, subitamente se aproximou da mulher e respirou aliviado quando percebeu que ela ainda respirava, havia um corte em sua testa que estava sangrando, mas fora isso ela não parecia tão machucada. John a pegou cuidadosamente nos braços - havia um bolsa e ele deu um jeito de pegá-la também - e a colocou no banco passageiro de seu carro, colocou o cinto de segurança e quando ele se certificou que a mulher estava segura, deu a volta e entrou no carro.
"Não se preocupe, nós estamos indo para o hospital!" Disse para acalmar mais a si mesmo do que a mulher desacordada ao seu lado.