Ele tocou os botões da camisa e começou a abrir um por um. Vivian desviou os olhos e se concentrou em uma das paredes com um revestimento tridimensional. Erguendo o rosto, ela observou o forro com alguns pontos de luz.
- Sua mala está ali!
Gabriel apontou para o outro lado da enorme cama king size forrada por um lençol de cetim marrom. Ele retirou as calças e reparou nas bochechas coradas de Vivian.
- Nunca viu um homem nu?
Ele andou pelo quarto só de cueca, exibia o abdômen trincado e suas coxas musculosas. Gabriel abriu as cortinas, permitindo que os raios solares atravessassem a vidraça da enorme janela.
- Você esteve casada por dez anos e ainda fica com vergonha ao ver um homem pelado?
É claro que ela já tinha visto Pietro andando pela casa com roupas debaixo. Entretanto, ele foi o único homem com quem Viviane transava desde o colegial e o único que a tinha visto nua.
- Esse é quarto é bastante masculino! - Vivian desviou o foco da conversa.
- Ela não dormia aqui, se é isso que você quer saber. - Abriu a porta de correr do closet e ficou lá dentro por trinta segundos. - Eu cresci nessa casa, mas depois, o meu pai nos levou para Los Angeles. - Ele retornou ao quarto, segurando uma calça preta e uma camisa de manga longa branca. - Sempre que venho ao Brasil, eu fico aqui.
- Aposto que o quarto da mansão de Los Angeles tem um toque feminino de Rachel, - disse, sem pensar.
- Não fale o nome dela, - ordenou o tom ácido. - Quero esquecer que essa vadia existiu. Entendeu?
Vivian não respondeu, continuou parada. Não sabia qual seria a reação do senhor Welsch.
- Troque de roupa, - mandou antes de entrar no banheiro.
Assim que escutou o barulho da água caindo, Viviane aproveitou para andar calmamente pelo quarto. Observou o celular e a carteira sobre a escrivaninha ao lado do notebook e virou-se para descortinar a vegetação através da grande janela. Pietro era louco para ter uma casa em um condomínio como aquele. Viviane recordava-se da vez em que seu ex comentou sobre a visita aos condomínios de luxo em Alphaville.
Ela deu mais alguns passos até a sua bagagem. A primeira coisa em que pensou foi em ligar para a mãe e avisar que estava bem. Viviane mexeu na bolsa, tirou tudo, mas não encontrou o celular. Abrindo a mala, ela tirou todas as peças de roupas e os dois pares de sapatos. Mexeu em todos os cantos e não encontrou.
Fitou as roupas espalhadas sobre a cama e tentou recordar do último lugar onde esteve.
- O escritório! - Vivian apressou-se.
- Onde vai?
Gabriel enxugava os cabelos quando apareceu na porta do banheiro com uma toalha branca enrolada nos músculos abaixo da barriga.
Vivian ficou estagnada, parecendo uma estátua viva.
- Ainda não trocou esse vestido? - Olhou para a cama. - Que bagunça é essa? - Apontou para as roupas espalhadas na cama.
- Eu não acho o meu celular, - disse a voz entrecortada.
- Vai ligar para quem? - Ele passou a toalha na nuca enquanto a observava. - Quer falar com seu ex?
- Não! - Vivian retrucou de imediato. - É que eu queria falar com a minha mãe. Acho que esqueci o meu celular no seu escritório.
Gabriel negou com a cabeça e em passadas largas, foi até a escrivaninha na outra ponta do quarto. Abriu a gaveta e pegou o celular.
- Ligue e convide-a para o jantar, - entregou o aparelho telefônico.
- Esse não é o meu celular, - suas pupilas dilataram.
Ela deu alguns passos para trás enquanto Gabriel se aproximava. Seu jeito intimidante fazia as suas pernas bambearem. Viviane recuou e caiu sentada na cama.
- Eu destruí o chip e joguei o seu celular no lixo.
- Não devia ter feito isso, - reuniu forças para enfrentá-lo. - Você passou dos limites!
Finalmente, Viviane se impôs. Sua ousadia se desfez quando Gabriel avançou sobre ela e a deitou na cama. Ele olhou dentro dos olhos verdes depois de suspender os seus braços acima da cabeça.
Tanto o coração quanto o pulso de Viviane estavam alterados. Ele roçou os lábios por seu rosto até chegar em sua boca. Já estava duro e louco para entrar em seu corpo quente e molhado desde a noite em que invadiu o seu quarto no meio da madrugada. Esfregou o membro rijo em sua barriga, fazendo-a sentir a sua espessura.
- Não faça isso, Vivian! - murmurou contra a sua boca. - Estou tentando confiar em você. Eu realmente quero acreditar que você não sabia sobre aquela conta bancária, - a voz estava bem mais rouca.
Por sorte, Viviane escutou as duas batidas bem fracas. Gabriel se levantou assim que ouviu a filha chamar por ele.
- Diga ela que já vou.
Ele pegou as roupas e foi se vestir no banheiro enquanto Vivian abria a porta.
- Cadê o papai?
- Está terminando de tomar banho.
- Que bagunça, - a menina olhou para cama assim que entrou no quarto. - Papai não gosta disso! - cochichou.
- Eu vou arrumar rapidinho e me trocar para o nosso passeio.
Elizabeth subiu na cama e ajudou Viviane a recolher as roupas.
- Que faz aqui, Liz?
Gabriel voltou ao quarto enquanto ajeitava a gola da camisa.
- Vim te chamar.
- Espere lá no seu quarto. - Ele ajeitou os cabelos com as mãos.
A menina olhou para a roupa que Viviane dobrava e beijou-lhe o rosto antes de descer da cama. Gabriel acompanhou a filha até a porta e então, fechou.
- Não faça isso de novo, - apontou para as roupas que Viviane dobrava, - detesto bagunça.
- A Liz comentou.
Gabriel colocou a blusa por dentro da calça de linho.
- Troque a porra da roupa! - esbravejou.
Após colocar tudo dentro da mala, Viviane separou apenas um vestido cinza grafite de mangas curtas.
- Já ligou para a sua mãe? - Ajeitou o relógio com a correia prata no pulso direito.
- Ainda não, -- fechou o zíper da mala. - Você não pode me privar de me comunicar com outras pessoas...
- Que pessoas? Pelo que eu soube, você não tem amigas! Ninguém, além de sua mãe, foi te visitar enquanto você estava vegetando naquele hospital. - Gabriel cruzou os braços.
Olhando para os pés, Viviane pegou a roupa e passou por ele sem falar nada.
- Onde vai?
- Vou me trocar no banheiro, - deu-lhe as costas.
...
O trajeto do condomínio até o shopping durou poucos minutos.
O motorista conduzia o carro e ao lado dele, um segurança se comunicava com outros dois que faziam a escolta no veículo que vinha logo atrás.
Enquanto isso, a Liz brincava num joguinho no tablet e ensinava a Viviane a jogar Plants versus zombies, Gabriel discutia com um dos executivos pelo telefone. De repente, ele soltou um palavrão. Liz arregalou os olhos e colocou a mão na boca.
- Não devia falar isso na frente dela, - Vivian o advertiu.
Gabriel tocou a testa franzida e respirou pesadamente. Em um ato repentino de fúria, ele abriu a janela e tacou o celular no meio da estrada.
- O papai tem outro celular! - Habituada com o estresse do pai, a menina explicou. - Depois ele compra mais um, - a pequena Liz sussurrou. - É sua vez! - Entregou o tablet para Vivian.
- Guardem isso, - Gabe mandou, - já chegamos!
O carro entrou no estacionamento frio e mal iluminado. Eles ficaram parados dentro do mustang até que os seguranças autorizassem sua saída.
- Não fiquem colados, - Gabriel deu a ordem. - Apenas vigiem a Liz e a minha esposa, me avisem se notarem qualquer movimento suspeito.
...
Durante o passeio pelas lojas, Gabriel entregou um cartão de crédito e insistiu para que Vivian e a filha acompanhassem a vendedora. Enquanto estava sentado em uma poltrona aconchegante da loja, ele digitava freneticamente no celular.
Vivian ajudou Liz a experimentar o sapato. Ela olhou de soslaio para o homem com cenho franzido enquanto discutia no telefone.
"Gabriel devia estar tão focado em seu trabalho que mal tinha tempo para Rachel", refletiu. "Por isso a pobre mulher vivia fazendo compras e trabalhando. Era para suprir a falta que Gabriel fazia a família." Pensou Viviane.
Ela colocou uma mecha de cabelo para trás da orelha enquanto o observava, ambos trocaram olhares quando Gabe ergueu o rosto. Ela rapidamente interrompeu o contato visual e então, ajudou Elizabeth a tirar os sapatos.
- Trouxe os vestidos que a senhora pediu! - A vendedora sorriu para Vivian. - Pode experimentar, se quiser.
Um dos seguranças estava atento a outra funcionária que ajudava a menina a experimentar outro sapato. Viviane aproveitou para ir até o provador antes que sentissem a sua falta. Ela tirava roupa sobre os ombros enquanto se olhava no espelho. Assustou-se quando a cortina abriu repentinamente.
- Não faz isso, Vivian! - esbravejou Gabriel, - Você tem que cuidar da... - a voz falhou logo que viu seios desnudos.
Ela escondeu os peitos com um dos braços e viu quando Gabriel passou a língua nos lábios.
- O segurança está vigiando a Liz. - Com a outra mão, Vivian pegou o vestido do cabide. - É rápido, só vou experimentar duas peças de roupas.
Num impulso, Gabriel entrou no provador, ele tirou o vestido de suas mãos e a trouxe para mais perto de seu corpo. O pênis duro latejava dentro da calça.
- Não! - Vivian enrusbeceu. - A vendedora virá aqui.
O argumento não o convenceu. Acariciou suas costas enquanto admirava as suas curvas no reflexo do espelho. Puxou o lóbulo de sua orelha entre os dentes e emitiu um gemido.
- A Liz pode vir aqui!
- O quê? - Gabriel recuou. Ele passou a mão no pescoço e deu uma última olhada antes de sair do provador. - Preciso de ar fresco.
Viviane ficou mais aliviada quando ele saiu. Ela experimentou o vestido de alcinha e ajeitou os seios dentro do decote drapeado. O tecido rosê deslizou por seu corpo até suas canelas. Calçou o salto alto preto e mexeu nos cabelos enquanto avaliava o seu reflexo no espelho.
- Experimente isso! - Impaciente, ele abriu a cortina outra vez.
- Ficou bom?
- Está linda! - Gabriel silenciou por sete segundos e então, voltou a si. - Experimente!
Entregou um conjunto de lingerie de renda vermelha combinando com uma ousada camisola de seda na mesma cor.
- Quero que use hoje a noite.
...
Após comerem em um dos restaurantes do shopping, Elizabeth estava chateada porque o pai a repreendeu e disse que não iria ao parque naquele dia por ter sido mal-criada com a avó na noite anterior.
- Você prometeu! - Liz resmungou.
A menina fechou a cara e cruzou os braços, do mesmo modo como Gabriel costumava fazer.
- Podemos brincar ali, - Viviane apontou para uma loja de brinquedos do shopping.
- Deixa, papai! - Liz abraçou a perna de Gabe enquanto ele caminhava. - Please!
- Ok, - respirou pesadamente.
Ambas foram animadas, Liz virou-se e olhou para o pai que não saiu do lugar.
- Vem, pai!
- Daqui a pouco, eu vou. Tenho que fazer uma ligação.
Elizabeth deu de ombros, segurou a mão de Viviane e foi se divertir.
Gabriel olhou para um dos seguranças que estava do outro lado e acenou para que ele as acompanhasse.
...
Em casa, Gabriel teve uma longa discussão com a mãe porque Katherine não aprovou o casamento repentino com uma babá. Mesmo que não soubesse os verdadeiros motivos por trás das intenções do filho, ela se recusava a aceitar Viviane como nora.
No escritório, Kathy repetiu diversas vezes que Viviane era apenas uma aproveitadora que enfeitiçou o seu filho.
Gabe era tão genioso quanto a mãe. Os dois sempre divergiram sobre qualquer assunto que envolvesse a vida amorosa. Ele perdeu as contas de quantos relacionamentos teve que terminar porque sua mãe se intrometeu. Apenas Rachel parecia a mulher adequada para um CEO de sucesso como o filho.
- Você tinha que encontrar outra mulher como a Rachel, - disse Kathy.
- Ela estava me traindo, - Gabe contou.
As palavras pareciam ter fugido, Katherine estava com o rosto petrificado.
- Rachel estava fugindo com o amante no dia do acidente, - revelou.
- O que você fez, Gabriel? - Katherine levantou-se da poltrona.
- Nada, mamãe. Eu só deixei ela ir...
Virou-se de costas para ocultar a feição de desgosto. Gabriel sabia que sua ausência abriu um espaço para que outro tomasse o seu lugar. Só não esperava que um dos seus funcionários, fosse o homem com quem a sua falecida esposa trepava.
- Eu estou cansado. - Ele passou as duas mãos no rosto. - Até amanhã, mãe!
Gabriel trancou a gaveta da mesa e saiu, deixando sua mãe sozinha no escritório.
Em passadas largas, ele caminhava pelo corredor enquanto recordava-se das vezes em que Pietro se hospedou em sua casa e dos dias em que ele deu carona a Rachel até o escritório de advocacia. Pelos relatos dos empregados, não restava dúvida de que Pietro transava com Rachel dentro de sua residência.
Ee precisava se livrar daquele tormento chamado Rachel e relaxar um pouco.
Abrindo a porta do quarto, Gabriel viu a mulher que dormia enrolada por entre os lençóis.
Ele deitou-se de lado e se aproximou das costas de Vivian. Puxou-a para mais perto e reparou no pijama de flanela rosa. Indignado, Gabe fez um muxoxo. Viviane nem mesmo pensou em usar a lingerie que ele tinha escolhido.
- Que está fazendo, Vivian? - Esticou o braço e acendeu a luz do abajur.
- Dormindo, - respondeu a voz embargada pelo sono.
Puxando o lençol, ela cobriu a cabeça.
- Não é assim que as coisas funcionam, Vivian!
Ela estava com tanto sono, que mal ouvia as reclamações dele.
- Prefiro que você durma nua. - Passou a barba por seu pescoço.
- Odeio a sua barba!
- O quê? - Ele arqueou as sobrancelhas pretas.
- Isso pinica, - afastou o queixo de Gabe.
- Viviane Bernardi Welsch! - Ele aumentou o tom da voz fazendo-a sentar na cama. - Vou me barbear e quando eu voltar, eu vou arrancar esse pijama e entrar em você.