Capítulo 4 O CEO rigoroso e frio

Gabriel Welsch era conhecido como o CEO rigoroso e frio, não tinha piedade quando um dos funcionários cometia falhas graves.

Depois de gritar por horas com o gerente responsável pelo departamento de Tecnologia da Informação, ele exigiu que tomasse mais cuidado ao contratar estagiários, já que um deles usou o computador da empresa para assistir filmes e acabou acessando um site malicioso que lançou um malware nos computadores da empresa.

- Eu dei uma advertência nele... - disse o gerente.

- Demita-o, - ordenou e fitou o homem cabisbaixo. - Não quero que isso se repita ou o você será o próximo que vou dispensar.

- Sim, senhor Welsch! - O homem mais baixo se levantou. - Deseja mais alguma coisa?

- Get out! - mandou a voz fria.

Com as mãos enfiadas no bolso da calça, ele encarava a rua movimentada através da vidraça. O sol brilhava acima dos arranhas-céus espalhados pela cidade. Em um desses hotéis, Gabriel amanheceu no meio das pernas de uma formosa garota com quem passou a noite.

Desde que a esposa faleceu, ele costumava procurar consolo em bares de locais onde não era conhecido. Apesar de sua arrogância, Gabriel usava roupas que não chamavam muita atenção. A maioria das mulheres acreditava que ele era apenas mais um executivo que prestava serviço para a Welsch Corporation.

Embora fosse viúvo, ele sentia a necessidade de relaxar por pelo menos duas vezes na semana. Sua boa aparência facilitava para encontrar uma mulher que o desejasse.

Em uma dessas noites, na capital de São Paulo, ele encontrou uma garota solitária que em pouco tempo estava enrolada em seu corpo em cima dos lençóis bagunçados em um motel barato.

Gabriel era um amante vigoroso e exigente. Ele se satisfazia das variadas formas possíveis e dava prazer a mulher que o recebia em seu corpo. Às vezes, isso gerava uma atração que ele dispensava.

Ele sempre saía antes que a amante acordasse, mas pedia que o funcionário do hotel entregasse flores durante o café da manhã. Dificilmente, saía com a mesma mulher mais de uma vez. Não queria cometer o mesmo erro de se apaixonar. Ele se habituou a esse novo estilo de vida e gostava dessa versão de Gabriel Welsch.

Naquela manhã, ele pegou um táxi e ligou para a secretária que cuidava de sua filha. Parece que Elizabeth não queria comer e estava chorando para ver o pai. Desde que a mãe faleceu, a menina não gostava de ficar com a avó.

- Eu estou ocupado! - vociferou. - Coloque-a para assistir desenho e mande a gerente de departamento pessoal contratar uma babá ainda hoje, - berrou e encerrou a ligação.

Enfiou o celular no bolso e esbarrou em uma mulher de estatura mediana que o confrontou. Ele cravou seu olhar nas pupilas verdes que o encarava. Mesmo depois de pedir desculpas, o que não costumava fazer com frequência, Gabe ficou abismado com a tamanha grosseria da visitante. Se os executivos, que observavam a cena, avisassem que aquele era o CEO da empresa, ela temeria o homem comprido que continuava parada a sua frente.

- Dad! - A garotinha com cachos dourados correu para os seus braços, - Não quero ficar com ela, - coçou os olhos com os dedinhos e cochichou no ouvido de Gabe.

- Quer ir ao parque amanhã?

- Yes!

Gabriel a abraçou forte. Elizabeth era a única por quem seu coração derretia. Ele daria a vida por sua filha.

- A Liz saiu correndo, - a senhora com respiração acelerada se aproximou. - Me desculpe, mas não tenho mais idade para isso, senhor Welsch.

- Prometo que hoje é o último dia.

Ele se concentrou na gerente do Departamento Pessoal com um olhar sombrio. Sua funcionária estava mortificada de medo. Por alguns segundos, Gabe focou na mulher de cabelos platinados no balcão da recepção, mas desviou o olhar para a sua filha.

- Papai! - A menininha segurou a orelha e deu um risinho. - Eu quero sorvete!

- A senhora Mills vai te dar!

- Me perdoe por me intrometer, senhor, mas a Liz deveria fazer uma refeição nutritiva no café da manhã.

- Só hoje! - Ele entregou a filha para a secretária.

Fez sinal para o segurança e olhou para o balcão, a mulher atordoada não estava mais lá.

- Precisa de algum coisa, senhor?

- Procure uma mulher baixinha de cabelo loiro e expulse ela do prédio.

Pouco antes de seguir para a sala na conferência na cobertura, ele foi até o andar da administração. Abriu a porta e fechou com força, a mulher mortificada atrás da mesa o observou.

- Isso é para hoje! - disse em voz alta. - Espero que faça o seu trabalho ou amanhã mesmo, pode arrumar outro emprego.

- Sim, senhor!

Gabriel retirou-se e foi direto para sala de reuniões com o conselho. Ele ficou menos de uma hora ouvindo tudo sobre os novos investimentos em petróleo, mercado imobiliário e softwares. Depois de tomar algumas decisões, decidiu demitir o gerente de marketing.

- Por quê?

O senhor Welsch olhou para um senhor de fios brancos que perguntou de forma bem séria, o único que não o temia.

- Ele gerenciou um time de marketing que não alcançou o resultado pretendido.

- Seu pai teria...

- Meu pai está morto, senhor Gutierrez, - esbravejou com um antigo sócio do pai. - Sou o dono dessa porra toda e administro do jeito que eu quiser, - seu punho fechado bateu na mesa.

Saindo da sala, ele passou por algumas das funcionárias que não paravam de mostrar os dentes. Mesmo zangado, ele cumprimentou com um aceno de cabeça. Tinha que manter a educação sem dar brechas.

Colocou o cartão de acesso, liberando a entrada no elevador. A mulher que olhava para trás entrou. Gabe perguntou aonde ela ia e ainda assim, a baixinha dos olhos verdes foi rude em sua resposta. Sua agressividade desapareceu quando a porta se abriu.

Ela analisou o homem com roupas simples, que até mesmo o seu ex-marido se recusava a usar, e reparou em volta. Era nítido que ela estava perdida e confusa.

...

Durante a tarde, Gabriel girava a caneta por entre os dedos enquanto recordava da mulher que mancou até entrar no elevador privativo. Ela se manteve cabisbaixa até a porta se fechar.

Num impulso, tirou o telefone do gancho e apertou as teclas rapidamente. Impaciente com a demora, começou a balançar a canela.

- Já encontrou aquele desgraçado? - A sua voz estava carregada de raiva. - Ele suspirou fundo enquanto tocava no porta-retratos com a foto da filha. - Faça o seu serviço direito. Estou te pagando para isso! - Gabriel vociferou e em seguida, bateu o telefone com toda a força.

Ele ergueu o rosto assim que ouviu o ruído da porta do elevador que abria.

- Licença, senhor! - A gerente do Departamento Pessoal adentrou e estendeu a mão para o homem com uma carranca tenebrosa. - Escolhi duas candidatas. - Entregou duas folhas.

Gabriel abaixou a cabeça e verificou as informações da primeira candidata e em seguida, o currículo e a avaliação da segunda.

- Você acha elas qualificadas? - Jogou as folhas na mesa.

- Se o senhor me der mais um dia...

- Chega... - ele bateu com o punho apertado na mesa, - eu queria que contratasse a babá hoje.

Com os ombros encolhidos, a mulher fez uma pausa enquanto pensava.

- Tinha uma candidata que era pedagoga. Ela foi professora do segmento infantil por dez anos.

- Onde está o currículo dela?

- É que... - fez uma pausa e desviou o olhar antes de continuar, - A Viviane Bernardi tem um probleminha em uma das pernas. Isso pode atrapalhar um pouco... - silenciou ao notar a feição estranha de Gabe.

No mesmo instante, Gabriel lembrou-se da mulher que entrou em sua sala. Ele deu um tapa na mesa com a mão aberta.

- Ligue para a Viviane.

- Mas, senhor...

- Eu já disse para chamá-la, - esbravejou Gabe.

Depois que a gerente saiu, ele tirou o telefone do gancho e apertou as teclas. Ajeitou as costas na cadeira enquanto aguardava o atendimento.

- Vasculhe a vida de Viviane Bernardi, - ordenou.