Capítulo 3 Mau caminho

Seus últimos comportamentos não me agradavam e não era fácil ignorá-los. Quando voltei a observar o céu balancei a cabeça negativamente desaprovando.

Não havia razão para que eu ficasse zangada com Sam, mas eu realmente valorizava esses acontecimentos. Aquela sua conduta não me causou uma boa primeira impressão demonstrando apenas imaturidade suficiente para que eu o desprezasse com uma total frieza.

As luzes novamente se acenderam, embora não fizesse tanta diferença. Eu comentava com Natasha e Don a respeito do cometa enquanto Melody e Erick conversavam.

E naquele momento, através de minha visão periférica observei Sam ao meu lado observando o céu pela primeira vez naquela noite.

― Gale, não é? Sou Sam...

― É, eu sei. ― respondi com certa estupidez.

― Eu acho que lhe devo desculpas.

― Me convença de que o jogo seja mais interessante e então talvez eu aceite suas desculpas.

Ele sorriu percebendo a rispidez em minha resposta.

― Eu garanto a você que não é mais interessante. - disse um pouco sem graça possivelmente esperando que eu o repreendesse de novo. ― Jogo de guerras é um dos meus hobbies, mas às vezes passo dos limites.

― Eu entendo. Eu costumava passar dos limites também até meu pai não me encontrar na cama no dia seguinte. Fiquei sem celular por alguns dias.

E falando em celular, o meu vibrou antes que ele pudesse me responder. Era uma mensagem de Mandy dizendo que me esperava no estacionamento. O relógio marcava meia noite, porém ninguém parecia se incomodar com o tempo.

― Preciso ir. - disse me levantando da grama.

― Tem hora para chegar em casa? – perguntou-me Sam.

― É, as coisas são diferentes agora.

Despedi-me de todos e me dirigi ao estacionamento.

A antiga Gale só voltaria para casa um pouco antes do amanhecer, porém agora Mandy fazia questão de controlar meus horários.

Tudo o que fiz num passado não muito longínquo não tinha como objetivo atingir meus pais e deixá-los enlouquecidos. Até faria sentido depois de tudo o que aconteceu entre eles.

Na realidade, o plano era aproveitar a noite já que este era o único período do dia em que nos sentíamos mais audaciosos e inspirados a fazer esse tipo de coisa. E o que não faltava em Londres era lugares para serem explorados por jovens curiosos. Importante ressaltar que a minha imprudência não envolvia drogas, invasão de privacidade ou seja lá o que esteja pensando. Tinha a ver apenas com criatividade, no entanto, é claro, envolvia certos riscos.

Eu estava a caminho de casa quando meu celular vibrou mais uma vez, pensei que a mensagem poderia ser de Rachel, Max ou até mesmo Natasha, mas estranhei o fato do número não constar na lista de contatos.

- Então você quer dizer que uma das formas para perder meu vício seja me meter em encrencas? Não é um bom conselho.

Não foi difícil descobrir o remetente.

- Aquilo não era um conselho. ― respondi.

- De qualquer forma, eu não acharia ruim se você me levasse para o mau caminho.

Não entendi a razão de ele ter dito aquilo, mas desaprovei a ideia.

            
            

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