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No dia seguinte, eu e Natasha fomos ao Museu de Astronomia e Astronáutica onde faríamos uma entrevista para as vagas de monitoria. O museu se localizava no próprio campus e o fato de possuírem uma associação, era comum às oportunidades dadas aos calouros, porém o que explica a mínima porcentagem de alunos ali presentes que vinham da Universidade era o simples fato de que ninguém aspirava trabalhar na monitoria de um simples museu tendo Cambridge no currículo.
Foi nos orientado esperar em um banco preto de couro num longo corredor de estrutura muito antiga. A porta ficava bem a nossa frente e cada barulho da maçaneta minhas pernas estremeciam.
Um senhor com seus lá cinquenta anos foi quem me recebeu e enquanto eu levava minha bagagem com o nome de Cambridge, ele levava milhares de mini dinossauros espelhados pela sala. Seu olhar não era severo e parecia não ser sua intenção afligir os entrevistados.
― Price. – sorriu ele quando entrei. – Seu nome não me é estranho. Sou Thomas Dickson, coordenador do museu.
― Devo dizer o mesmo, senhor. – disse me referindo ao sobrenome "Dickson".
Ele olhou para mim novamente e sorriu.
Fiquei nervosa com o que aquilo poderia significar, mas acredito ter ficado mais tempo na sala com Dickson do que Natasha. Uma ligação seria realizada dentro de poucos dias para nos informar sua decisão. Eu estava confiante, acredito ter ido bem.
Naquela tarde, decidi estudar as anotações que havia feito na biblioteca e dentre as páginas do meu caderno havia uma mensagem escrita em um daqueles papeizinhos com cores chamativas e colantes. A letra não era das melhores e dizia: No museu às 11h. Embora soubesse que o museu não estaria aberto às 11, eu não recusaria mais uma oportunidade para me aventurar durante a noite então eu estaria lá.
Ajudei Mandy a separar suas roupas para sua partida em dois dias.
Após organizá-las sobre a cama, ela se sentou ao lado da pilha e passava suavemente a mão sobre o algodão macio.
― No que está pensando?
Ela suspirou e disse:
― Sou uma péssima mãe.
Enruguei a testa estranhando aquela afirmação.
― Porque está dizendo isso? Sabe que não é verdade.
― Como não? Estou partindo de novo, Gale.
Era difícil aceitar aquilo mais uma vez, de fato. Claro que eu não queria que ela fosse para a Rússia e pensava da mesma forma quando se mudara para Cambridge. Sentei-me ao lado dela tentando procurar palavras que a incentivasse, mas eu era péssima nisso.
― Eles a escolheram por um motivo e além do mais, tudo isso será meu por uma semana, como eu poderia ficar chateada?
― Me preocupo com você e suas loucuras.
― Mãe, eu não vou dar uma festa em casa, embora seja uma ideia genial ou...
― Gale, tudo bem. – interrompeu-me ela. ― Apenas não quero que faça nada com que se arrependa.
"Eu me arrependeria se te impedisse de ir à Rússia" ― pensei.
― Não se preocupe, vou ficar bem. – sorri.
Eu não queria deixá-la em casa sozinha naquela noite, pois ficaria mais tempo pensando em como as coisas poderiam ter sido diferentes e nos infinitos "se" que viriam em sua mente.
Disse a Mandy que desmarcaria o combinado com Sam, porém ela insistiu que eu fosse e claro, deu a entender ainda que acredita num romance próspero.