Capítulo 5 Angel

Angel

Já passava das dez horas da noite quando minha mãe finalmente conseguiu dormir depois de passar muito mal com o jantar. Eu e meu pai voltamos para casa e minha tia Natalie ficou com ela no hospital, pelo motivo do meu pai não deixar eu ficar. Depois de um bom banho, deitei-me cansada na cama e peguei meu celular sobre o criado-mudo ao lado, vendo que havia três mensagens recebidas.

Quando você volta?

Precisamos conversar.

Finn

20:35 p.m.

Ei, garota!

Cadê você, que sumiu?

Vê se aparece, já estou com saudades.

Dick

17:09 p.m.

Cadê minha colega de quarto mandona?

Não vai avisar se chegou viva?

Skyler

13:12 p.m.

Respirei fundo e impaciente com a mensagem do Finn, ignorando-a.

- O que ele ainda quer? Não temos absolutamente nada para conversar! - resmunguei.

A única que respondi foi a da Skyler. Avisei a ela que estava tudo certo e que nos falaríamos no dia seguinte. Quanto ao Dick, achei que seria melhor ligar para ele depois, até mesmo porque pela hora que já era ele estaria trabalhando.

Encarei a tela do celular por alguns segundos com certo desapontamento. Nenhuma mensagem do Anthony! No fundo, eu queria falar com ele, mas estava confusa, não sabia para onde eu gostaria que aquele contato nos levasse.

Abri as chamadas e, para minha surpresa, havia duas ligações perdidas dele. Olhei as horas no celular e o relógio marcava meia-noite e dez. Já estava tarde para retornar suas ligações. Coloquei o celular ao meu lado na cama e entreguei-me ao sono.

***

Na manhã seguinte, acordei às nove da manhã com o despertador de quatro patas, que latia estridentemente dentro quarto. LBradtei-me e depois de escovar os dentes, descemos para o café da manhã. Meu pai já havia saído para o trabalho e deixado um bilhete na geladeira avisando-me de que o meu café estava pronto sobre a mesa.

Arrumei a ração na tigela do Bow e a coloquei no chão ao meu lado, observando-o comer desesperadamente, enquanto tomava meu café com tranquilidade. Alimentados, coloquei Bow na coleira e saí com ele pelas calçadas caminhando em direção à oficina do meu pai, que não ficava muito longe de casa.

Ao chegar lá, vi todos trabalhando a todo vapor. Alguns dos poucos funcionários que restavam, sorriram e me cumprimentaram com acenos. Subi a escada barulhenta de ferro que dava acesso ao mezanino e, ao entrar no escritório, encontrei meu pai quebrando a cabeça com alguns papéis espalhados sobre sua mesa.

- Precisa de ajuda? - perguntei fechando a porta atrás de mim.

- Não! Não quero que se preocupe com minha bagunça, resolvo sozinho! - disse apressado, recolhendo-os.

- Pai... Sabe que pode me contar as coisas, não é? Não sou mais criança, agora entendo tudo e posso até te ajudar - disse sentando-me em uma velha poltrona rasgada à sua frente.

- Não precisa, querida. São coisas da contabilidade da oficina - disse afastando-se da mesa e indo em direção à janela que dava uma ampla visão para o galpão.

- Já te ajudei antes, posso fazer isso de novo - insisti pegando a pasta sobre a mesa, onde ele havia guardado os papéis.

Ao abri-la, na primeira folha em letras negras e maiúsculas, li a palavra "Hipoteca". Meu pai mais do que depressa tomou a pasta da minha mão com certa ignorância.

- Já disse que não preciso da sua ajuda, Angel! - disse alto e impaciente.

- O que estamos perdendo, pai? A casa ou a oficina? - perguntei preocupada.

Ele respirou fundo e coçou sua barba por fazer. A pasta foi jogada sobre a mesa com força, fazendo alguns papéis escaparem de dentro dela. Ele abaixou a cabeça e cruzou os dedos atrás da nuca, ficando em silêncio por alguns segundos.

- Nossa casa.

Encarei-o assustada, sentindo minha cabeça dar uma forte pontada nas têmporas.

- Mas não conte nada a sua mãe e nem a ninguém. Entendeu? - perguntou encarando-me sério.

Sem palavras, apenas assenti.

- Mas o que houve, pai? - perguntei com a voz trêmula e falha. - Eu ligo para você todos os dias e sempre me diz que está tudo certo, mas quando volto, descubro que vamos perder nossa casa? O que está acontecendo? Eu quero a verdade! - exigi.

- Minha querida, você não tem que... - começou a dizer sentando-se em sua cadeira do outro lado da mesa.

- Nem comece, pai! - interrompi-o. - Pare de me tratar como criança. Primeiro você e mamãe tentaram me esconder a doença dela na segunda vez. Depois que venderam dois dos nossos carros e agora isso? - disse irritada, apontando para a pasta sobre a mesa. - O que mais está acontecendo? Ou você me diz... ou vou descobrir sozinha! - gritei, impondo-me.

- Hipotequei a nossa casa há três meses, mas não tive nem mesmo como pagar a primeira parcela. Tive que dispensar mais da metade do quadro de funcionários no mês passado, por não ter como pagá-los. Mesmo com o novo sócio, não teríamos como bancar salário e bônus de fim de ano para toda essa gente. Se não bastasse isso, o serviço está reduzido. Mal tenho renda para pagar o plano de saúde que está cada vez mais caro e os remédios que custam uma fortuna, os quais não são disponibilizados pelo governo ou cobertos pelo plano.

- Sócio? - perguntei confusa.

- É! Quando o tratamento da sua mãe mudou no ano passado, o plano não cobriu alguns exames necessários e não tínhamos mais dinheiro guardado. Foi então que vendi o carro da sua mãe e precisei pegar dinheiro do capital da oficina. Cheguei a um ponto que ia fechar as portas, mas como íamos comer ou comprar os remédios da sua mãe? Eu não podia deixar isso acontecer, precisava manter esse lugar aberto, porque ele ainda me ajuda. Então vendi minha caminhonete e encontrei um sócio. Ele não tinha muito, mas foi o suficiente para me ajudar a não falir de vez.

- Meu Deus, pai! Tem carregado tudo isso sozinho?

Ele assentiu derrotado. Pude ver o cansaço e tristeza estampados em seu rosto.

- Ninguém sabe, querida. Nem sua mãe, sua avó ou sua tia Natalie. Okay? Você é a única para quem contei. Consegue guardar isso? Sua mãe não precisa de um fardo desses. O câncer já é difícil demais para ela - disse com a voz embargada.

- Tudo bem, pai. Confie em mim. Nós vamos dar um jeito em tudo isso. Só volto para Houston quando tudo estiver certo por aqui.

- Não, Angel! Foi por isso que não quis lhe contar e também foi por isso que eu e sua mãe quisemos esconder o retorno do câncer de você. Não queremos que pare de estudar, é o seu sonho e você lutou muito para conquistá-lo. Não vou permitir isso!

- Acontece que já sou maior de idade e você não pode me impedir de querer te ajudar, pai! Eu lamento!

LBradtei-me e dei a volta na mesa para abraçá-lo. Ele se pôs de pé e abriu seus braços para mim. Nós nos abraçamos apertado, enquanto eu recostava minha cabeça em seu peito. Nosso momento foi interrompido pelo toque do meu celular no bolso de trás da minha calça. Meu pai me soltou e afastou-se limpando as lágrimas que escorreram em silêncio por seu rosto.

- Atenda. Deve ser seus amigos da universidade - disse ele servindo-se de um copo de água.

Peguei o celular e ele parou de tocar antes que eu pudesse ver quem me ligava. Destravei a tela e vi uma ligação perdida do Anthony. Um leve frio percorreu minha barriga. Saí da sala e fui para fora da oficina ficando longe do barulho das lixadeiras e da máquina de solda, para retornar a chamada.

- Linda Valentina - disse ele ao atender no primeiro toque.

- Para começarmos bem... Muito prazer, sou a Angel. Angel Brown - apresentei-me a ele, finalmente. Era hora.

- Tudo bem... Angel - disse ele pronunciando meu nome vagarosamente com sua voz grossa.

- Isso. Me chame assim agora. Esse é o meu nome.

- Okay. Diga-me quando a verei de novo?

- Estou em Oklahoma com a minha família. Não sei quando estarei de volta ao Texas.

- Angel... Estamos a poucas horas de distância. Acha mesmo que isso é desculpa o suficiente para mim?

- Não, mas é que eu...

- Estarei aí amanhã - interrompeu-me. - Esteja livre para jantarmos. Tenho que desligar agora - disse e encerrou a ligação, sem nem mesmo me dar tempo para lhe dizer tchau.

- Angel? - chamou meu pai.

- Sim - respondi virando-me para ele.

- Estou indo ao hospital, você vem?

- Vou. Claro!

***

Ao chegarmos lá, havia algumas visitas no quarto. Pelo corredor já se deu para ouvir a conversa alta e risos vindos de lá dentro.

- Vovó? - chamei-a ao entrar no quarto.

- Minha formiguinha - disse ela contente, vindo até mim e abraçando-me apertado.

- Vovó, por favor. Não tenho mais quatro anos - sussurrei para ela.

- Jura? Eu nem notei que não cabe mais no meu colo - respondeu humorada, dando sua risada alta e única.

- Oi, mãe - disse indo até ela e beijando seu rosto.

- Oi, filha - cumprimentou-me baixo.

- Então, querida. Pretende ficar as férias toda? - perguntou minha avó.

- O máximo de tempo que eu puder - respondi sorrindo e olhando para minha mãe que me correspondeu com um sorriso carinhoso e contente.

- Vou fazer aquele bolo que você ama de laranja com chocolate branco. Se lembra, querida, de quando eu fazia para você? - perguntou minha avó para minha mãe. - Quem sabe um gosto de infância te faça bem? Hum?

- É uma boa ideia, vovó - disse a ela.

- Eu preciso dar uma saída rápida, tenho umas coisas para resolver e levar Bow para casa. Venho buscá-la mais tarde, Angel. - Meu pai aproximou-se da minha mãe para se despedir.

- Tudo bem - concordei.

- Eu dou uma carona a ela - disse tia Natalie ao meu pai.

- Okay - disse ele antes de sair do quarto.

Passei o resto da manhã e a tarde toda no hospital com minha mãe, minha avó, tia Natalie e Addison que apareceu mais tarde. Ela era a melhor amiga de infância da minha mãe. Nunca houve uma comemoração ou dificuldade, que ambas não estivessem apoiando uma a outra.

Já era quase noite quando Lily chegou. Lily era filha da Addison e minha melhor amiga desde sempre. Tínhamos a mesma idade e semanas de diferença. Estava com saudade dela, com a vida ocupada pelo trabalho e estudo, não nos falávamos com muita frequência e só nos víamos quando eu estava na cidade.

Saímos para jantar em um food truck ali perto e colocar o papo em dia. Ela me contou o quanto estava feliz de estar prestes a encarar seu último ano na faculdade de publicidade e propaganda, e que estava com grandes planos para se mudar para Seattle no próximo ano depois de se formar.

Após muita conversa, Lily deixou-me em casa e marcamos um passeio pela cidade para o dia seguinte na parte da tarde. Ao entrar em casa, encontrei meu pai dormindo recostado em sua poltrona velha, com a TV ligada no canal de esportes e segurando uma garrafa de cerveja vazia na mão.

Bow, seu companheiro de todas as noites, estava deitado no chão sobre o carpete felpudo aos seus pés. Peguei a garrafa de sua mão e desliguei a TV, ligando a luz da sala.

- Oi, filha - disse com a voz sonolenta ao acordar com a luz acesa.

- Oi, pai. Já são quase dez horas. Eu cheguei agora.

- Eu fui até o hospital e você não estava. Sua avó disse que você tinha ido jantar com a Lily.

- É, ela me trouxe.

- Se divertiram? - perguntou lBradtando-se da poltrona.

- Sim. Você já jantou? - perguntei preocupada.

Ultimamente ele vinha cuidando de tudo, menos de si mesmo. Reparei isso quando cheguei, sem ninguém me dizer nada. Ele estava bem mais magro do que o normal.

- Sim, querida. Já tomei banho e escovei os dentes também - disse com sarcasmo e sorrindo.

- Você vai ter que escovar de novo. Estava bebendo cerveja - correspondi ao seu humor.

- É só cerveja. Não suja os dentes - disse parado no primeiro degrau da escada. - Vou dormir. Se precisar de mim, sabe onde me encontrar.

- Bom descanso, pai.

- Boa noite, Angel - desejou subindo a escada.

Depois de um banho e de levar Bow ao jardim, deitei em minha cama e bocejei cansada. Sonolenta, olhei para o teto do quarto observando as estrelas verde fluorescentes que o cobriam quase todo. Fechei meus olhos e lembrei-me do dia em que eu e minha mãe compramos as estrelas em uma lojinha de coisas baratas.

Eu tinha medo do escuro e o pequeno abajur cor-de-rosa sobre a cômoda, não era o suficiente para espantar o monstro que vivia em meu armário. Então, minha mãe teve a ideia brilhante de colocar milhares de estrelinhas no teto. Ela disse que, quando eu sentisse medo, era só olhar para cima e lembrar-me de que eu era a dona do meu próprio céu e que nele monstro algum poderia me assustar.

Nem dava para acreditar que isso já fazia dezoito anos. Com pensamentos saudosos, adormeci.

***

Acordei assustada quando Bow latiu dentro do quarto causando um eco estridente. Sentei-me na cama em um pulo, sentindo-me meio atordoada sem saber direito onde estava e que horas eram. Depois de me situar, olhei para Bow que ainda latia para a janela com vista para o quintal da vizinha.

- Para, Bow! - mandei com raiva.

Ele parou por um segundo, sentou-se e olhou para mim abanando seu rabo peludo, antes de continuar a latir sem parar. LBradtei-me para ver o que o irritava tanto e vi que na árvore tinha um esquilo. Abri a janela e o toquei para longe. Bow calou-se por fim e caminhou até porta que estava encostada, abrindo-a com o focinho e saindo para o corredor.

- Folgado! - disse alto para ele.

O relógio sobre o criado-mudo mostrava-me que já passava das oito da manhã. Meu pai já devia ter saído para a oficina e para mais um dia cheio de problemas.

Sentada na janela, descabelada e vestindo apenas com uma calcinha e uma camiseta larga da universidade, olhei novamente para fora e assustei-me ao ver um rosto conhecido conversando com minha vizinha Beth, uma senhora de quase oitenta anos que gostava de ajudar seus vizinhos a cuidar de suas vidas particulares.

- Dave? - disse baixo imaginando o que ele fazia ali.

Ele se virou em direção à minha casa e olhou para cima. Abaixei me jogando no chão e torcendo para que ele não tivesse me visto. Mas o que ele faz aqui, afinal? Por que está na casa da vizinha xereta? Arrastei-me pelo chão, indo o mais longe possível da janela e lBradtei-me quando cheguei à porta do banheiro.

Vestida decentemente e com os cabelos penteados, peguei meu celular e desci para tomar o café da manhã. Mais uma vez, meu pai havia deixado tudo pronto para mim antes de sair. Eu sempre amei esse seu cuidado.

Coloquei Bow no quintal dos fundos e peguei minha bolsa e os óculos de sol. Saí pela porta lateral da cozinha que dava para frente do outro vizinho e caminhei depressa até a calçada na esperança de não ser parada por ninguém, em especial pelo Dave.

- Bom dia, Angel! - gritou Carla, a vizinha que menos gostava e que morava do outro lado da rua, de frente para minha casa.

Ela veio em minha direção com passos apressados e um falso sorriso largo.

- Bom dia - respondi apressando meus passos tomando distância dela.

- Espera! Quero notícias da Emma - disse pulando à minha frente na calçada.

- Ela está bem e estou com pressa. Tchau - disse e tentei passar rápido por ela, mas Carla segurou meu braço e puxou-me para trás.

- O que está havendo? Seu pai está estranho há dias e agora você. - Ela fez uma pausa de segundos e puxou o ar forte pela boca, arregalando os olhos e fazendo cara de espanto. - Oh, Deus! Emma está morrendo? - perguntou alto colocando sua mão sobre o peito.

- O quê? Não! Ela não está morrendo - disse com raiva por sua petulância, puxando meu braço da sua mão que o agarrava com força. Uma movimentação na calçada chamou minha atenção. Olhei por cima de seu ombro e vi Dave se aproximar. - Droga! - exclamei em um sussurro, abaixando minha cabeça.

- A-há! Eu sabia! Tem alguma coisa acontecendo, não é? - perguntou ela em tom de acusação apontando o dedo para mim.

- Não tem nada acontecendo, Carla! - disse impaciente com sua ousadia. - Minha mãe está viva, bem viva! E para seu desgosto, se meu pai um dia vier a ficar viúvo, vou mantê-lo bem longe de você, seu abutre nojento! - gritei vendo-a arregalar os olhos assustada com minha resposta.

- Angel? - Dave chamou-me. - Sabia que era você quando a vi na janela - disse ele parando ao lado da Carla com um sorriso reluzente no rosto.

- Oi - admirei algumas mechas dos seus cabelos ficarem mais claras ao reflexo do sol.

- Então é aqui que você mora três meses por ano?

- Oi. Eu sou a Carla - apresentou-se ao Dave. - Ainda não tinha tido o prazer de conhecê-lo. Seja bem-vindo a vizinhança - disse com um enorme sorriso malicioso escancarado no rosto.

O que essa mulher ainda faz aqui?

- Sou Dave - apresentou-se a ela apertando sua mão.

- Até mais, Angel. Mande melhoras a sua mãe. - Ela afastou-se com um sorriso falso, voltando para sua casa.

- Melhoras a sua mãe? Ela está doente? - Podia jurar que vi preocupação em suas perguntas.

- O que você faz aqui? - perguntei desconversando-o para evitar de respondê-lo. Não era um assunto que queria conversar com ele.

- Uau! Você não é muito sutil em mudar de assunto. - Sorriu sem graça. - Mas, respondendo à sua pergunta, minha tia-avó Beth mora naquela casa - disse apontando para a casa ao lado da minha. - Você a conhece?

- É, eu a conheço. Ela mora aqui a uns... dez anos.

- É. Ela não está muito bem de saúde e precisava de ajuda para limpar a calha e o jardim.

Assenti sem saber com o que exatamente estava concordando.

- Bom... eu tenho que ir. Tenho coisas para fazer. Tchau, Dave - despedi-me antes de lhe dar as costas.

- Vamos tomar um café mais tarde.

Parei e olhei para ele novamente, lembrando-me do nosso último beijo. Mas logo em seguida lembranças da noite em que ele surtou no bar, amedrontaram-me.

- Não posso. Já tenho compromisso - disse e virei-me novamente seguindo meu caminho pela calçada.

- E amanhã? - perguntou alto.

- Também não posso - respondi sem parar ou olhá-lo novamente.

- Seremos vizinhos por alguns dias, Angel. Estarei aqui a semana toda. Dormindo bem ao seu lado - disse usando um tom de sacanagem e provocação na voz, que me fez sorrir.

            
            

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