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Eu sabia que meu pai se sentia um fracassado naquele momento, por não poder fazer nada por minha mãe. Ele sempre foi o homem da casa, aquele que dava o sustento e pagava todas as contas. Sentir-se impotente diante da sua família quando ela precisava, era o seu fim.
Despedi-me deles e saí em direção ao elevador. Ao chegar na rua, peguei meu celular na bolsa e destravei a tela buscando um número na agenda de contatos. Só havia uma pessoa a quem recorrer e uma única coisa que poderia fazer.
- Alô.
- Oi. Sou eu. Vou lhe pedir algo, mas tenho que ter certeza de que não irá me negar.
- O que houve, Angel?
- Minha mãe está ainda mais doente. O câncer está se espalhando muito rápido e ela precisa de uma cirurgia urgente, mas está sem condições de saúde para isso. Ela precisa de um tratamento alternativo que custa muito dinheiro e meu pai não tem mais de onde tirar - disse apressada em meio a um choro desesperado com soluços. - Vamos perder a casa em alguns meses, Skyler. Estou desesperada e não sei o que fazer.
- Angel... eu não sei nem o que dizer. Quer que eu vá para aí? Quer que mande algo para sua conta bancária? Faço o que você pedir.
- Não. Se eu pegar seu dinheiro não sei quando poderemos lhe devolver e você pode vir a precisar dele. Vou voltar para Houston amanhã.
- O que vai vir fazer aqui? Você tem que ficar aí, com a sua família.
- Skyler... - Fiz uma pausa por alguns segundos, pensando bem no que eu estava prestes a pedi-la. - Me coloque no seu trabalho, eu...
- O quê? - interrompeu-me com um grito. - Angel... não! Você está desesperada e não está pensando direito, dizendo coisa com coisa.
- É, eu estou desesperada, mas sei bem o que estou lhe pedindo! Por favor, Skyler! Você disse que faria qualquer coisa para me ajudar e estou precisando da sua ajuda agora. Apresente-me a alguém. Eu preciso de dinheiro e dinheiro rápido. Minha mãe não tem muito tempo!
- Eu não vou fazer isso, Angel. Existe outras alternativas.
- Como o quê? Trabalhar em um bar e ganhar mil e duzentos dólares por mês? Eu preciso de mais, muito mais que isso. Skyler... se não me ajudar, vou procurar a ajuda que preciso em outros lugares.
- Está maluca? - perguntou com outro grito. - Meu Deus... - murmurou baixo do outro lado da linha. - Está bem. Eu vou te ajudar.
- Obrigada - agradeci respirando aliviada.
- Vai dormir, Angel. Fique aí até eu te ligar amanhã. Vou ver o que consigo para você o mais rápido possível e que seja seguro.
- Okay! Boa noite.
- Boa noite - despediu-se antes de encerrar a ligação.
Peguei um táxi e fui para casa. Com a cabeça cheia em mil pensamentos, passei a noite em claro virando de um lado para o outro na cama. Quando o dia amanheceu, levantei-me e desci para preparar o café da manhã. Estava tirando a última panqueca no fogo quando a porta da frente foi aberta e meu pai passou por ela.
- Bom dia - desejou sentando-se à mesa da cozinha.
- Bom dia, pai. Como a mamãe está? - perguntei temendo que a resposta fosse: "piorando".
- Ela acordou e a levaram para o quarto esta manhã.
- Você a viu?
- Sim, por meia hora.
- Tudo vai ficar bem - disse sentando-me na cadeira à sua frente. - Vou voltar para Houston e tentar um empréstimo.
- Acha que consegue? - perguntou encarando-me com um olhar triste.
- Sim. Vou fazer o possível - disse com firmeza.
Depois de comer panquecas e ovos com bacon, ele subiu para seu quarto na expectativa de conseguir dormir um pouco. Coloquei as louças sujas na lavadora e fui para o hospital no carro do meu pai. O médico permitiu somente um acompanhante no quarto e minha avó pediu para que eu a deixasse ficar.
Não deixaram que eu permanecesse por muito tempo, apenas o horário de visitas. Despedi-me da minha mãe e da vovó e saí rumo ao estacionamento vazio. Entrei no carro respirando fundo e tentando não entrar em pânico. Tudo estava sendo muito difícil para todos nós e eu precisava reunir forças para ir em busca do que precisava com urgência.
Dirigi devagar o caminho até em casa, pensando no que eu teria de enfrentar pela frente nos próximos dias. Prometi a mim mesma, que tomaria o máximo de cuidado para que nada de ruim me acontecesse. Rezei em silêncio para que Deus me perdoasse pelo que ia fazer e para que ninguém descobrisse.
Quando cheguei em casa, subi direto para o meu quarto e deitei-me em minha cama encarando o teto. Perdida em pensamentos, lembrei-me do Anthony e depois de seu valioso presente. Eu havia o abandonado em nosso jantar, assim como os brincos. Sentei-me na cama e peguei meu celular ao lado para mandá-lo uma mensagem com pedido de desculpas, mas já havia uma mensagem dele de quase uma hora atrás.
Espero que esteja tudo bem.
Você saiu tão depressa, que
nem mesmo deu-me a chance
de me despedir de você.
Seu presente está comigo.
Anthony
10:23 a.m.
- Droga! - exclamei caindo para trás na cama.
Passei o resto dia sem saber o que escrever na mensagem para ele. Desculpas não seria o bastante, ele precisava de uma satisfação a qual eu não queria dar. A noite chegou e não tive notícias da Skyler. Liguei para ela, mas não me atendeu. Na manhã seguinte, acordei com meu celular tocando sobre o criado-mudo. Ainda de olhos fechados, tateei a mão por cima da madeira em busca do aparelho.
- Alô - atendi sonolenta.
- Levante e venha para cá. Temos uma festa para ir hoje à noite e o cara que vou acompanhar tem um amigo que gostou de você. Mandei uma foto sua para ele, espero que entenda - disse Skyler.
- Tudo bem - disse forçando minhas pálpebras a se abrirem.
- Eu comprei uma passagem aérea para você, já te mandei no seu e-mail. O voo sai às dez, então se apresse.
- Okay. Já estou levantando - disse sentando-me na cama e pondo meus pés no chão.
- Angel?
- Sim.
- Você está certa de que é isso mesmo que você quer?
Pensei por alguns segundos se estava certa disso, mas não encontrei a resposta. Querer, não era a palavra certa para essa situação. Precisar, sim!
- Tudo bem se quiser desistir.
- Não. Eu tenho certeza - menti. - Vou estar aí em quatro horas.
- Tudo bem. Tchau.
- Tchau.
Olhei para o teto observando as estrelas e pensando que a garotinha que tinha medo do escuro nunca imaginou, nem mesmo em seus piores pesadelos, passar pelo que estava passando com minha família ou de ter que se sujeitar a aquilo. Com certeza ela não se orgulharia nem um pouco do que estava prestes a fazer.
Não queria perder minha casa, o lar que morei por doze anos. Não queria perder minha mãe, a mulher que me deu a vida e ensinou-me a ser boa e a amar o próximo. Não queria perder meu pai, para a tristeza ou depressão. Isso era tudo o que me fez tomar aquela decisão. Arrumei minhas coisas e desci para um rápido café da manhã. Encontrei meu pai sentado à mesa, com o rosto escondido sob suas mãos.
- Bom dia - disse ao entrar na cozinha e lhe dei um beijo em sua cabeça.
- Bom dia, filha - retribuiu descobrindo o rosto e pegando o jornal sobre a mesa.
- Vou voltar para Houston hoje e resolver a questão do empréstimo. Assim que tudo estiver certo por lá, deposito o dinheiro na sua conta. Pode me levar no aeroporto em meia hora?
- Claro, querida. Quando você vai voltar?
- Eu não sei. Estou pensando em cobrir férias de alguém no Roger's, já que estamos precisando de grana. - Precisava de uma desculpa para ficar em Houston o maior tempo possível, sem levantar suspeitas de que podia estar fazendo algo errado. Apenas uma noite, não me daria treze mil dólares.
- Odeio que você tenha que fazer isso - disse derrotado. - Eu sou seu pai. Sou eu quem devia estar cuidando de vocês duas e resolvendo os problemas, mas, ao invés disso, olha só para mim. Um falido que está prestes a perder a casa.
- Pai... não fale assim - disse sentando-me na cadeira ao seu lado. - Se estamos nessa situação é porque o senhor deu tudo pela mamãe. - Segurei firme sua mão atraindo seu olhar para mim. - Você fez tudo por nós, até o que não pode. Eu preciso fazer alguma coisa também. Agora é minha vez, você entende?
- Sim - respondeu com os olhos marejados.
- Eu vou subir e me trocar.
- Okay, querida.
***
Meu pai me levou para o aeroporto e o caminho foi feito em um silêncio confortável. Chegando lá, ele ajudou-me a despachar as malas e me acompanhou até o portão de embarque. Nós nos despedimos com um longo abraço, que, por um segundo, me fez querer desistir e ficar.
- Quando você for visitar a mamãe, lembre-se de dizer a ela que precisei ir, mas que volto logo.
- Tudo bem, querida. Boa viagem - desejou e deu-me um beijo no rosto.
Quando cheguei em Houston, já era quase meio-dia. Skyler correu para fora da casa quando viu o táxi estacionar a frente. Ela mal esperou que eu descesse do carro e deu-me um abraço. Pegamos minhas malas e entramos subindo direto para o quarto.
- Então... a que horas é a festa? - perguntei sentando-me em minha cama.
- Às dez horas. Você é uma sortuda. O cara que te arrumei é um gato. Advogado, trinta e poucos anos... - disse sorrindo. - Todas que já ficaram com ele, dizem que ele paga muito bem.
- Quanto acha que eu consigo esta noite?
- Eu não sei, isso vai depender de você e até onde está disposta a ir com ele. Não se cobre, apenas deixe rolar. Quanto menos tensa, melhor. Vamos. Marquei uma depilação completa para você e manicure - disse pegando sua bolsa sobre a cama.
Depois de algumas horas no salão, voltamos para casa. Quanto mais perto os ponteiros do relógio chegavam das dez horas, mais tensa eu ficava. Cansada, eu me deitei e acabei dormindo. Skyler me acordou chamando-me abaixada ao lado da minha cama.
- Já são oito horas. Temos que fazer seu cabelo e a maquiagem - disse ela acariciando meus cabelos.
- Okay - disse sentando-me na cama.
De banho tomado, Skyler ajudou-me com meus cabelos e fez uma linda maquiagem em mim, digna de um ensaio fotográfico ou de um evento importante como um casamento. Ela me emprestou um de seus vestidos curtos e brilhantes com decote bem exagerado nas costas e nos seios. A roupa deixava-me quase nua e desconfortável. Não era do meu costume me vestir daquele jeito.
- Definitivamente, o azul é a sua cor. Contrasta bem com sua pele branca e seus cabelos escuros - disse Skyler observando-me vestida.
Ela estava em um lindo vestido prata da Dolce Gabbana e sandálias preta. Prontas, olhei as horas no celular e já eram dez da noite. Um frio congelante se instalou em meu estômago, causando-me um leve enjoo.
Seguimos de táxi até a festa, que acontecia do outro lado da cidade. Assim que chegamos, logo avistei um rosto conhecido em meio à multidão. Evan estava acompanhado de uma bela morena de cabelos cacheados até a cintura. Ao me ver, ele sorriu malicioso e cínico.
- Christian! - cumprimentou Skyler ao nos aproximarmos de um homem.
- Lola! - ele a cumprimentou de volta, com um enorme sorriso.
O homem era alto, negro, de cabelos quase raspados e de belos olhos amendoados. Dono de um corpo esguio e ombros largos que se destacaram com perfeição no paletó preto canelado. As definições de deus grego foram atualizadas.
- Então esta é sua amiga de Oklahoma? - perguntou com um sorriso gentil para mim.
- Sim. Valentina, este é Christian. Christian, esta é minha amiga gata de quem te falei.
- Como vai, Valentina? - perguntou ele apanhando minha mão direita e inclinando-se levemente para frente, depositando um beijo no dorso de modo galanteador.
- Bem, obrigada - respondi lhe dando um sorriso nervoso.
- Vamos apresentá-la ao seu amigo? - chamou Skyler.
- Claro. Ele está logo ali no bar. - Christian nos conduziu até o bar, com suas mãos repousadas na base de nossas colunas. - James? - chamou ele.
- Sim - respondeu o homem virando-se para nós.
- Esta é Valentina - apresentou Christian.
- Olá, Valentina. Sou James Cabolt - apresentou-se e me surpreendeu ao me cumprimentar com um beijo rápido que selou meus lábios.
- Olá - disse um pouco envergonhada e assustada.
- Você bebe o quê?
- Vodca, por favor. - Precisava de algo forte que me desse coragem para mais tarde.
- Uma vodca com tônica e um uísque doze anos - pediu ele ao barman. - Então... a primeira vez que vem aqui?
- Sim.
- E de onde você é? - perguntou passando os dedos delicadamente por uma mecha do meu cabelo.
- De Oklahoma.
- Você é ainda mais linda pessoalmente - disse encarando-me com um olhar sedutor.
O barman entregou nossas bebidas e seguimos até um sofá mais adiante. James era um lindo homem de olhos verdes, que se destacavam em seus cabelos pretos e anelados. Seu sorriso era encantador e sua conversa descontraída. Eu estava nervosa, mas sua companhia era agradável. Ele não era um homem cheio de dedos e nem agiu com desrespeito tentando me agarrar em meio à multidão de convidados.
Logo Christian e Skyler apareceram e juntaram-se a nós no espaço cercado por um cordão azul de veludo. Conversamos por um tempo e bebemos mais alguns drinques. Era surpreendente como Skyler fazia tudo isso parecer fácil e agia com tamanha naturalidade como se estivesse em um encontro, ou em uma festa qualquer. Ela agia de maneira tão descontraída e relaxada, que chegava a ser assustador tamanha tranquilidade em que ela levava a noite.
Não demorou muito para que eu sentisse os lábios do James em meu pescoço. Ele começou com leves beijos úmidos, deixando uma vez ou outra uma leve mordida em minha pele. Se eu não estivesse tão nervosa, isso teria sido bem excitante.
- Vamos sair daqui? - perguntou sussurrando em meu ouvido, subindo sua mão lentamente por minha perna esquerda, entrando com os dedos por baixo do vestido.
- Vamos - respondi engolindo em seco.
Ele pegou-me pela mão e saímos em direção à longa escada com degraus de vidro azul. No andar de cima, ele conduziu-me por um largo corredor até a porta de um dos quartos. James tirou um cartão magnético do bolso interno do seu paletó e a abriu dando-me passagem para entrar primeiro.
Ele entrou logo em seguida fechando a porta atrás de si e, sem perder mais tempo, ele laçou firme minha cintura com seus dois braços juntando-me o seu corpo. James tomou minha boca em um beijo faminto e imprensou-me contra a parede.
Sua mão direita desceu por meu quadril alcançando a barra do meu vestido e a puxou para cima até minha cintura. Levei um pequeno susto quando senti sua mão invadir a minha calcinha. James desencostou-me da parede e me virou de costas para ele prensando sua ereção contra minha bunda, enquanto insistia em massagear meu clitóris.
Ele tirou meu cabelo para o lado, deixando minhas costas nuas e exposta para seus beijos quentes e úmidos. Senti minhas pernas tremerem de nervoso. Eu não sabia o que fazer para ele e não conseguia me excitar com nada do que James insistia em fazer.
Ele virou-me de frente para ele outra vez e me pegou em seu colo, passando minhas pernas por sua cintura e levando-me até uma mesa mais adiante à sua esquerda, onde me sentou sobre o tablado de madeira liso. James posicionou-se entre minhas pernas e me beijou novamente agarrando meus cabelos da nuca os puxando com certa força.
Apoiei minhas mãos em seus ombros e tentei acompanhar seu beijo caloroso e cheio de desejo, mas não estávamos na mesma sintonia. Ele soltou meus cabelos e com as duas mãos puxou as alças do vestido para baixo, deixando meus seios descobertos. Senti seus dedos acariciarem meus mamilos e os beliscarem. Aquilo tudo devia estar sendo gostoso, mas eu não estava conseguindo sentir prazer em absolutamente nada. Tudo o que eu pensava era nos meus pais, nas dívidas e no quanto precisava estar ali pelo dinheiro.
Entrei com minhas mãos por baixo do seu paletó acariciando seu corpo sarado, em busca de conseguir me acalmar e sentir tesão pelo homem que me beijava com tanta vontade. Mas isso não aconteceu. Nada do que eu também fizesse estava funcionando. Meus músculos doíam de tanta tensão. Ele separou nossos lábios e afastou-se em um passo para trás tirando minhas mãos dele. James encarou-me com suas mãos apoiadas no quadril e sobrancelha arqueada.
- Está nervosa? - perguntou calmo e eu assenti em resposta olhando-o envergonhada. - Está tudo bem. Não vou forçá-la a nada - disse aproximando-se novamente. - É sua primeira vez, não é? - Acariciou meus braços.
Eu abaixei minha cabeça sabendo que estava estragando uma chance de ouro e que talvez não a tivesse de novo.
- Sim - respondi baixo e o olhei novamente.
James ficou em silêncio por alguns segundos, encarando-me pensativo.
- Não posso fazer isso - disse sério. - Você devia ir para casa e pensar melhor no que está fazendo.
- Isso será temporário - afirmei, vendo-o se afastar.
- É o que todas dizem, mas algo que não te contaram é que esse dinheiro fácil vicia - disse tirando um envelope de dentro do seu paletó e o pondo sobre a mesa ao meu lado. - Vai para casa. - Sorriu.
James caminhou até a porta e deixou o quarto. Desci da mesa e puxei as alças do vestido para cima cobrindo meus seios. Olhei para o envelope branco e senti-me mal por não ter dito "não", quando o deixou sobre o aparador.
A passos lentos, fui ao banheiro e encarei meu reflexo no enorme espelho sobre a pia de mármore polido. Ajeitei meus cabelos bagunçados com os dedos e com um lenço de papel, limpei o pouco de batom borrado no canto da boca. Encarando-me pelo espelho, as lágrimas começarem a escorrer por meu rosto. Sentei-me no chão e escorei minhas costas na porta do armário sob a pia.
Chorei com desespero puxando minhas pernas para junto do meu corpo e as abraçando forte. Amparei minha testa sobre meus joelhos escondendo meu rosto para baixo e fechei meus olhos os apertando com força, tentando buscar a calma.
Depois de algum tempo, levantei-me do chão secando as lágrimas com as pontas dos meus dedos e limpando o rímel borrado. Respirei fundo e voltei para o quarto pegando o envelope e o guardando dentro da minha pequena bolsa de mão que estava jogada próxima à porta sobre o carpete. Saí dali envergonhada, evitando olhar para as pessoas. Desci a escada devagar, olhando para os meus pés e sentindo alguns olhares queimarem minha pele.
- Sua presença esta noite me surpreendeu - disse Evan parando à minha frente. - Como vai, Valentina?
- Oi, Evan - cumprimentei-o com frieza na voz, passando por ele.
- Foi bem rápido - debochou.
Olhei para trás e o encarei desinteressada. Não estava a fim de piadinhas, ainda mais vinda de alguém com quem não tinha o mínimo de intimidade.
- A julgar por sua feição, aquele cara não fez um bom serviço.
- Como é? - perguntei com raiva.
- Sabe, Valentina... você é linda demais para ficar aqui sozinha ou de mãos em mãos - disse ao se aproximar. Ele estendeu sua mão e acariciou o contorno do meu rosto com seus dedos. - Eu posso ajudá-la. - Passou seu dedo suavemente por meus lábios.
- Quem lhe disse que eu quero a sua ajuda? - perguntei com arrogância.
- Qual é, garota! - disse rude. - Você está em um evento de prostituição, dentro de uma mansão sugar. Não está aqui porque curte o ambiente, e sim porque precisa da grana que circula em um lugar como este. Qual é a sua necessidade, Valentina? Família? Dívidas? Faculdade? Ambição por algo?
Permaneci em silêncio, encarando-o furiosa e sentindo-me ofendida.
- Eu posso dar tudo o que precisar e você já sabe o que tem que me dar em troca. - Curvou os cantos dos lábios em um sorriso. Ele tirou um cartão de visita do seu paletó e o colocou no decote dos meus seios. - Vou esperar por sua ligação - disse convicto de que isso aconteceria e afastou-se em direção a um grupo de pessoas que conversavam entre si.
Peguei seu cartão de dentro da minha roupa e li nele seu nome e número de telefone. Joguei-o fora no chão e segui para a saída. Caminhei desolada pela calçada respirando fundo a brisa fresca da noite, até avistar um táxi estacionar próximo ao meu lado e duas mulheres o desocuparem. Eu entrei dando ao motorista o endereço da fraternidade e ele seguiu viagem.