Capítulo 7 Sete

Helena

Acho que foi uma boa ideia optar por usar um jeans básico e camiseta, pensei, enquanto dançava com o rapaz que tinha me chamado para dançar.

Seu nome era Marcos, ou Miguel, sei lá. Isso não me importava muito, já que não nos veríamos mais, depois daquela noite.

A temperatura em Los Angeles estava agradável, ainda mais ali dentro, com todas aquelas pessoas a nossa volta.

O ritmo da música mudou de romântico para um pouco para algo mais lento e senti os braços do sujeito rodearem a minha cintura, me puxando para ainda mais perto dele.

_Você ainda não me disse o seu nome... _ ele disse, chegando um pouco mais perto para que eu pudesse ouvi-lo através da música alta.

_Ah, eu não disse? _ fingi-me de esquecida, enquanto sorria suavemente de volta.

_Não, não disse. _ ele respondeu, deixando suas mãos escorregarem por minhas costas, cada vez mais perto do meu bumbum.

Ele era um cara bonito.

Olhos castanhos, cabelos no mesmo tom de seus olhos; queixo quadrado e lábios...

Qualquer garota se sentiria mais que disposta em beijar aqueles lábios.

E quanto ao físico...

Seus ombros eram largos e braços fortes. Com certeza ele passava várias horas na academia.

Mas nada disso chamava a minha atenção, portando deixei meu sorriso morrer em meus lábios e já estava prestes a me afastar dele quando ouvi meu nome ser chamado:

_Helena...

Me voltei no mesmo instante, deparando-me com Enrico parado atrás de mim e encarando o sujeito com quem eu dançava de uma maneira... estranhamente assustadora.

_Enrico?

_Helena? _ o sujeito repetiu o meu nome, me fazendo olhar para ele mais uma vez enquanto eu tentava sair do seu abraço. _ É um nome muito bonito.

_Ah, obrigada. _ respondi, finalmente conseguindo me afastar o suficiente.

_Precisamos ir. _Enrico afirmou, passando os olhos sobre mim antes de voltar a encarar o rapaz novamente.

_Ir? _ repeti, e quando ele voltou a olhar para mim, minha confusão se foi por completo. _Ah, é mesmo!

_Ir? _ o rapaz reclamou, nada satisfeito, agora encarando Enrico de volta. _ Qual é cara! Agora que estávamos nos entendendo...

_Como assim, nos entendendo? _ Dei mais um passo para longe dele, surpresa com grau de confiança que ele tinha em si mesmo. Homens! Pensei, irritada. _ Não estávamos nos "entendendo"! Era apenas uma dança!

O rapaz sorriu para mim, e aquele sorriso seria capaz de deixar várias calcinhas molhadas por aí...

Mas isso não funcionava comigo, porque era de homens daquele tipo que eu me mantinha o mais longe possível.

Aquele tipo que se divertia em conquistar os corações femininos por aí, abandonando-os logo em seguida depois de conseguir o que queria.

E, era por esse motivo, que eu ia para o trabalho todos os dias com meus óculos grossos de grau ao invés das lentes; minhas roupas austeras e meus cabelos presos em um coque bem apertado.

A garotinha que fui um dia, que gostava muito de se maquiar e se vestir bem, já não existia mais.

Eu já não queria atrair a atenção masculina como fazia antes.

E, mesmo assim, estava prestes a criar uma confusão se não saísse logo dali.

Talvez, não tivesse sido uma boa ideia me afastar de Enrico para dançar, pensei, me voltando para Enrico com o meu queixo empinado.

_Está na hora de irmos embora! _ exclamei, não lhe dando tempo para responder e passando por ele logo em seguida.

Ouvi meu nome ser chamado mais uma vez, mas eu sabia que era o sujeito me chamando de volta, por isso não dei atenção e continuei a andar até o balcão onde estava sentada momentos antes com Enrico.

Estava irritada, por isso peguei o primeiro copo que apareceu na minha frente e o virei de uma única vez, me arrependendo da minha espontaneidade logo em seguida.

O líquido âmbar desceu queimando por minha garganta, me fazendo engasgar e tossir algumas vezes.

_Você enlouqueceu? _ Enrico disse por trás de mim, enquanto tomava o copo de minhas mãos e o colocava sobre o balcão.

Em seguida, ele se voltou para mim, me observando com atenção enquanto eu tentava me controlar e parar de tossir.

_Eu... _Tentei responder, mas não deu muito certo, já que minha garganta ainda pegava fogo.

_Venha, vamos embora! _ Enrico disse, tirando a carteira do bolso e tirando uma quantia mais que o suficiente para pagar a nossa conta.

Ele fez um sinal para o barman, que assentiu enquanto Enrico colocava o dinheiro sob o copo, antes de se virar para sair e me levar com ele.

_Como é que você consegue tomar aquilo? _ perguntei, quando finalmente consegui falar novamente.

Saímos do bar para a noite lá fora e dessa vez eu não fiquei tão grata pela roupa que havia escolhido para sair.

Uma brisa fria me fez abraçar o meu próprio corpo, enquanto caminhava ao lado de Enrico até onde havíamos deixado o carro, um pouco distante do bar já que não havia vagas quando chegamos.

_Já estou acostumado. _ ele respondeu apenas, antes de se voltar para mim e me analisar atentamente. _Você não deveria virar um copo de bebida na boca, daquele jeito, sem saber o que está tomando.

Me senti envergonhada agora.

_Fiquei irritada com aquele idiota e acabei agindo por impulso. _ respondi, esfregando as mãos em meus braços novamente, para me manter aquecida.

_Tudo por ele afirmou que estavam se "entendendo"? _ Enrico frisou essa última parte, rindo baixinho em seguida.

Parei e o encarei, furiosa, apontando o meu dedo em riste para o seu peito.

_Olha aqui, eu não estava me "entendendo" com ninguém! _ afirmei, enquanto ele abaixava o olhar para o meu dedo. _Só estávamos dançando e não aconteceria nada além disso.

_Então devo ter me enganado quando pensei ter visto as mãos descendo cada vez mais até alcançar o seu...

_Isso não ia acontecer! _ neguei rapidamente, interrompendo-o quando Enrico estava prestes a falar do meu bumbum. _Toda a situação estava sob controle e eu já estava prestes a me despedir do otário e ir embora, antes de você chegar.

Mais uma vez eu não esperei por sua resposta e me virei, voltando a andar até o carro e envolver meu corpo com os meus braços.

Por que eu não tinha trazido ao menos uma jaqueta fina para vestir sobre a camiseta? Pensei, recriminando a mim mesma em pensamento.

Então senti algo macio e quentinho ser colocado sobre os meus ombros e me virei para Enrico, enquanto ele terminava de ajeitar o próprio casaco em mim.

_O que está fazendo? _ perguntei, fazendo com que ele me encarasse com um olhar impaciente.

_Você está com frio. _ ele respondeu apenas, dando de ombros, antes de voltar a andar.

Me apressei em segui-lo, um pouco sem graça agora.

_Não precisa...

_Apenas aceite o casaco, Helena. _ ele me interrompeu, sem olhar para mim. _ Já estamos nos aproximando do carro, então poderá me devolvê-lo. Não quero que se arrisque a pegar um resfriado.

Ah, é mesmo! Pensei, mordendo a parte interna do meu lábio.

É claro que ele estava preocupado apenas com o fato de deixá-lo na mão no dia seguinte, pois Enrico D'Angelo não queria comparecer ao casamento sozinho.

_Sim, chefe! _ respondi apenas, percebendo quando ele parou por um instante, me encarando, antes de voltar a caminhar ao meu lado.

Eu estava me sentindo... Diferente.

Minha cabeça estava mais leve... Meu corpo estava mais leve!

_Sabe de uma coisa, Helena? _ Enrico voltou a falar e eu tentei me concentrar no que ele dizia, apesar de achar isso um pouco mais difícil a cada minuto que passava. _Não me lembro de já tê-la visto vestida assim, de jeans e camiseta.

Revirei os olhos, tropeçando sem querer, mas conseguindo recuperar o equilíbrio rapidamente.

_Não dá para trabalhar de Jeans e camiseta! _ respondi. _ Não, quando tenho que passar uma boa impressão, sempre!

_Como assim? _Enrico diminuiu os passos e eu podia jurar que já estávamos chegando até o carro.

Por que ele queria saber disso agora? Pensei, confusa.

Em um momento qualquer, eu teria apenas devolvido a perguntar com outra, a fim de não me expor de qualquer maneira. Mas, naquele momento, um calor estranho começava a tomar conta do meu corpo e dos meus sentidos, e eu me senti a vontade de falar qualquer coisa com Enrico.

_Sou mulher, Enrico! _ respondi, quase tropeçando mais uma vez.

_Juro que eu não tinha percebido isso antes! _Enrico me provocou, e lancei um olhar irritado para ele.

_Você entendeu muito bem o que eu quis dizer. _ resmunguei. _ Trabalho em uma empresa onde há mais homens em cargos importantes, do que mulheres. Preciso mostrar o meu valor no trabalho, trabalhando! Não usando vestidos colados e aqueles decotes ousados que as minhas colegas de trabalho fazem questão de usar.