Capítulo 9 Nove

Enrico

Durante todo o meu trajeto de volta até o carro, eu não consegui tirar aquele sorrisinho bobo dos meus lábios.

Helena era sempre séria e rígida e eu já estava me acostumando com isso, já que passávamos várias horas juntos, desde que ela havia se tornado a minha assistente.

Essa foi, com certeza, uma das minhas melhores decisões, pensei, me lembrando da nossa pequena conversa dentro do carro, momentos antes.

Mesmo bêbada, ela havia dado uma ótima sugestão para a empresa, sem pensar apenas em si mesma, mas nas várias mulheres que trabalhavam lá também.

Desde que a empresa foi criada, não me dei conta de que apenas os homens possuíssem os cargos mais importantes e foi preciso sair para beber com minha assistente para que isso fosse jogado na minha cara.

Por minha assistente bêbada, para ser mais exato.

Esse pensamento foi o suficiente para me fazer engolir aquele sorriso idiota, o mesmo que havia surgido em meus lábios após ouvir Helena elogiar o meu traseiro.

Então, Helena me observava de uma forma nada profissional de vez em quando, quando sabia que eu não estava olhando... Pensei, meneando a cabeça enquanto saía do elevador e atravessava todo o saguão do hotel até a saída.

Ficar no apartamento de Coraline, antes, tinha me parecido uma ótima ideia.

Mas agora, enquanto entrava no carro para dirigir de volta do hotel até o apartamento, essa ideia já não me parecia tão perfeita assim.

Por mais que tivesse descansado um pouco durante o voo, ainda me sentia cansado, apesar de não sentir sono.

As poucas horas que Helena e eu passamos naquele bar me distraíram o suficiente para não pensar no dia seguinte, apesar de ter ficado sozinho por um momento quando ela se afastou de mim para dançar.

No momento em que aquele rapaz se aproximou dela, chamando-a para dançar, algo estremeceu dentro de mim. Me senti incomodado, sem saber o motivo, por isso apenas ignorei aquela sensação e fiquei ali, apenas observando enquanto Helena se transformava diante dos meus olhos.

Ela em nada se parecia com a mulher que trabalhava ao meu lado todos os dias, sempre séria e rígida.

Helena estava... relaxada e diferente...

Suas roupas, apesar de simples, abraçavam as curvas do seu corpo, algo que eu nunca tinha notado antes. Ela tinha abandonado o coque habitual por um rabo-de-cavalo, que deixava as madeixas ruivas caindo soltas até pouco abaixo de sua cintura.

Talvez, conhecer esse lado de Helena, fosse o motivo daquele desejo repentino de entrar no quarto de hotel.

Porque foi isso o que senti, quando perguntei se ela poderia se virar sozinha ou ainda precisaria da minha ajuda.

Lá no fundo, eu esperava que ela disse que sim, que ainda precisaria de mim. Então eu poderia entrar e tomaríamos um café ou...

Ou poderíamos continuar aquela conversa sobre a maneira como ela me olhava quando eu lhe dava as costas e...

Enrico D'Angelo! O que está acontecendo com você? Perguntei a mim mesmo em pensamento, enquanto parava o carro no estacionamento do prédio onde ficava o apartamento de Coraline, minutos depois.

Eu não deveria, nunca, pensar em Helena daquela maneira!

Se ela tivesse o poder de ouvir os meus pensamentos há poucos instantes atrás, ela me mataria, sem sombra de dúvidas.

O fato de estar há bastante tempo sem sexo não motivo para pensar em minha assistente daquela maneira, principalmente quando ela se encontrava bêbada.

Talvez, na manhã seguinte, Helena nem mesmo se lembrasse de metade do que havíamos conversado aquela noite, e eu sentiria vergonha de mim mesmo, mais tarde, se me aproveitasse de uma mulher quando ela não estivesse sóbria o suficiente para tomar decisões.

Tranquei o carro e subi para o apartamento, afastando aqueles pensamentos da minha cabeça e ansiando por tomar um banho e me deitar um pouco.

Depois de fazer isso, programei o telefone para despertar bem cedo pela manhã, assim poderia ligar para acordar Helena, para que ela não se atrasasse para os seus compromissos da manhã.

Estava tudo agendado, unhas, cabelos e maquiagem... Tudo por minha conta, já que ela estava apenas me fazendo um favor ao me acompanhar ao casamento de Emma e Vincent.

O vestido seria entregue em seu quarto antes do horário do almoço e, ao me lembrar disso, fiquei pensando se o vestido que havia escolhido para Helena ficaria bom e se a cor combinaria com ela.

Ah, com certeza sim! Pensei.

A cor esmeralda combinaria perfeitamente com os seus olhos, lembrei, me deitando de lado e fechando os olhos. Assim como contrastariam com a cor avermelhada de seus cabelos, que agora eu sabia que eram longos e ondulados, e com o tom de sua pele.

E foi assim, imaginando como a minha assistente ficaria no vestido que eu havia escolhido para ela usar no casamento de Emma e Vincent, que eu acabei adormecendo.

*****

O barulho insistente do meu celular tocando foi o que me acordou na manhã seguinte.

O quarto estava claro, o que fez arder os meus olhos, já que esqueci de fechar a cortina antes de dormir.

Suspirei profundamente, antes de tentar abri-los mais uma vez e sentir uma leve pontada de dor de cabeça.

Talvez tivesse exagerado um pouco nas minhas doses de uísque na noite passada, pensei, jogando o cobertor para o lado antes de me levantar da cama logo em seguida.

Então olhei para baixo e reparei na minha ereção gigantesca, maior do que o normal e foi então que me lembrei do sonho que estava tendo a pouco, ante que o despertador tocasse e me trouxesse de volta a realidade.

No sonho, Helena olhava para mim de uma maneira diferente do habitual, e em seu olhar havia... desejo. Então eu caminhei até ela e parei a sua frente, perto o suficiente para estica minhas mãos e livrar seus cabelos daquele maldito coque apertado, deixando que as mechas ruivas caíssem soltas por seus ombros, perfumada s e sedosas.

Então ergui os meus olhos e reparei em seus lábios entreaberto, como dois morangos prontos para serem saboreados.

No segundo seguinte, meus lábios estavam sobre os dela, experimentando, sondando, antes de finalmente aprofundar o nosso beijo. Foi como se um raio tivesse atravessado o meu corpo, tamanho o desejo que tomou conta do meu corpo naquele momento, enquanto sua língua encontrava a minha, tímida no início, antes de se permitir entrar naquela dança sensual com a minha.

E então acabou!

Simplesmente assim.

O maldito despertador havia tocado e acordei daquele sonho maravilhoso com uma dolorosa ereção.

_Mas que porra, Enrico! _ Xinguei a mim mesmo em pensamento, enquanto caminhava até o banheiro para tomar um banho frio.

Uma única noite ao lado de Helena, fora do escritório, e eu não conseguia pensar em mais nada além de levá-la para a cama.

Quando aquele fim de semana terminasse, depois que Vincent colocasse aquela maldita aliança no dedo da Emma, a primeira coisa que faria ao voltar para casa seria arrumar uma mulher.

Talvez, depois de uma boa sessão de sexo com uma morena linda e experiente, eu parasse de olhar para a minha assistente daquela maneira, porque Helena era proibida para mim.

Assim como a Emma era proibida para mim, quando a conheci.

Eu não poderia cometer aquele erro novamente.

Aquele Enrico D'Angelo que eu era antes de conhecer a Emma... Estava mais do que na hora de trazê-lo de volta.

Aquele Enrico que tinha uma mulher diferente em sua cama a cada noite; aquele que passava a maior parte do tempo concentrando-se no trabalho e não em brincar de casinha como eu havia feito antes, com a Emma.

Então estava decido! Pensei, ligando a ducha e permitindo que o jato de água fria me livrasse daquele desejo proibido pela minha assistente.