Capítulo 4 Quatro

Se ele estava pensando que eu seria uma conquista fácil para se preparar para o dia seguinte ele estava completamente enganado! Pensei, me preparando para discussão acalorada com o meu chefe, se fosse necessário.

Enrico apenas me lançou um olhar rápido, e no momento em que a porta do elevador se abriu, ele entrou, levando a minha mala e a dele para dentro.

_É a primeira vez que vem a Los Angeles, Helena. _ ele respondeu. _ Vou levá-la até a porta do seu quarto, depois vou embora.

Não consegui conter um suspiro de alívio que escapou dos meus lábios e entrei no elevador, ainda mantendo uma certa distância entre nós.

_O que pensou que eu ia fazer? _ Enrico perguntou de repente, me encarando com aqueles olhos dourados, como se estivesse tentando ver qualquer coisa dentro de mim.

Umedeci meus lábios, nervosa, mas antes que eu pudesse responder qualquer coisa ele continuou:

_Pensou que tudo isso fazia parte de um plano para levá-la para a cama?

Enrico continuou a me encarar e, acho que algo em minha expressão denunciou os meus pensamentos, pois ele sorriu com o canto dos lábios, meneando a cabeça em negativa.

_Helena, Helena... _ Enrico disse, quando a porta do elevador se abriu novamente e ele a segurou para que eu saísse. _ Eu nunca precisei de subterfúgios para levar uma mulher para a minha cama e essa não será a primeira vez. Fique tranquila, você está segura comigo. Assim que eu tiver certeza de que está segura e acomodada, eu seguirei para o apartamento da minha irmã.

Me senti... completamente envergonhada, e tratei de tentar disfarçar isso imediatamente.

_Não era isso o que eu estava pensando! _ menti, erguendo o meu queixo de maneira orgulhosa, antes de tomar a minha mala da mão dele e caminhar a sua frente pelo corredor até o meu quarto.

_Mas, sabe Helena... _ Enrico disse atrás de mim, a diversão evidente em seu tom de voz. _ Eu posso mudar o meu modo de agir, se você quiser. É só você dizer que quer e eu...

_Senhor D'Angelo! _ eu parei, no meio do corredor, apontando o dedo para o seu peito enquanto a vergonha e a fúria tomavam conta de mim.

Ele estava zombando das minhas inseguranças e eu não permitiria que ele fizesse isso, nunca!

_Eu não sei com que tipo de mulher você está acostumado a lidar, mas com certeza não sou eu! _ avisei, ainda com o dedo em riste, enquanto ele apenas ficava ali, parado e me encarando com aquele olhar de gato. _ Eu estou cansada, louca para tomar um banho e isso não é um convite!

Fiz questão de deixar isso claro ao perceber a mudança no brilho dos olhos dele.

_Estou aqui apenas como sua assistente e lhe fazendo um "favor"! Então, por favor, não ultrapasse os limites.

Enrico apenas me encarou, em silêncio, por alguns segundos, antes de sorrir para mim.

_Você passou no teste, Helena. _ ele disse, me pegando de surpresa.

_Como é que é? _ questionei, sem saber do que ele estava falando.

_Eu sabia que trazer você comigo seria diferente... _ ele comentou, colocando as mãos nos bolsos da calça tranquilamente. _ Eu precisava trazer alguém para participar do casamento comigo, mas não podia me arriscar a trazer alguém que tivesse falsas esperanças a meu respeito. Eu amei uma única mulher e tive meu coração feito em milhões de pedaços depois disso. E nem mesmo posso culpar alguém além de mim mesmo. Mas você acabou de me provar que fiz a escolha certa ao trazer você.

Permaneci em silêncio, tentando absorver tudo o que ele me dizia.

Isso era apenas parte de um teste? Pensei, furiosa.

Que idiota!

Deveria ter feito o teste antes mesmo de sairmos de Florença!

Revirei os olhos, completamente surpresa com tudo aquilo.

_Você não tem nenhum interesse em mim e isso me deixa... satisfeito, de certa forma. _ Enrico continuou.

De certa forma? Perguntei a mim mesma o que ele queria dizer com isso.

_Se tudo isso não passa de um teste, não acha que deveria ter feito isso "antes" de sairmos de Florença? _ perguntei, deixando claro o quanto eu considerava tudo aquilo ridículo. Então algo passou por minha mente e eu me vi na obrigação de esclarecer tudo de uma vez por todas. _As reservas... Foi você quem alterou as reservas?

Enrico desviou o olhar do meu por um instante, antes de voltar a me encarar e assentir.

_Sim. _ ele respondeu. _ Eu precisava de alguém ao meu lado durante o casamento, mas não poderia arriscar uma complicação desnecessária.

Isso é o suficiente para mim! Pensei, bufando de raiva enquanto olhava ao redor, a procura do meu quarto.

Foi então que percebi que havíamos parado bem diante dele e isso me deixou ainda mais satisfeita.

_Já que não estamos no horário de trabalho, eu me vejo no direito de falar com você da mesma maneira como falaria com qualquer outra pessoa... _ eu disse, inserindo a chave na fechadura. _ Você é um imbecil!

Enrico me encarou, completamente surpreso com as minhas palavras.

_Você pode até estar acostumado com várias mulheres se oferecendo para se sentar no seu colo, em sua cadeira de chefe... _ continuei, sem me preocupar se estava passando dos limites. Ele não tinha se preocupado com isso, ao organizar todo aquele teatro. Então eu não me permitiria preocupar também por passar dos limites! _ Mas eu não sou e nem serei uma delas! O que há entre nós...

Eu disse isso apontando o dedo de mim para ele, adotando uma postura fria e rígida, para que não ficasse nenhuma dúvida a respeito da sinceridade de minhas palavras.

_É apenas profissional! _ terminei. _ Não há nenhum interesse envolvido. Tudo o que eu conseguir ao longo do tempo que eu passar em sua empresa, será apenas fruto do meu trabalho e esforço. Não farei favores sexuais em troca de uma promoção!

Dito isso, eu apenas entrei e o deixei ali no corredor, sozinho, me recostando contra a porta e respirando de maneira desenfreada.

Definitivamente, Enrico D'Angelo era um completo idiota!

_Não sei o que essas mulheres veem nele além de um rostinho bonito e um corpo sexy. _ disse a mim mesma, levando a minha mala até a lateral da cama e me deixando cair no colchão macio e confortável. _ Ele pode até ser atraente, mas lhe falta cérebro!