A FILHA DO CEO - Especial mês dos pais
img img A FILHA DO CEO - Especial mês dos pais img Capítulo 5 5
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Capítulo 5 5

CHLOE

H

avia manhãs em que eu me perguntava se um dia começaria a beber café puro. Era assim que meu pai preferia. Bem puro e de uma torra tão escura que era como lamber um cinzeiro. Essa comparação estava gravada em minha memória desde a primeira vez que provei um gole da xícara dele. Eu era adolescente e pensava que beber café fosse me fazer parecer sofisticada e produtiva. Meu pai adorava tanto suas xícaras matinais que supus que fossem deliciosas, então, um dia experimentei. Não se parecia nada com o sorvete de café que eu adorava, e a amargura quase me fez vomitar.

Isso não me impediu de adquirir o hábito de beber café na faculdade, para enfrentar as aulas de manhã cedo e as longas noites de estudo. Mas incrementava cada copo com muito creme e açúcar.

Olhei para minha caneca de café com um aperto na garganta. Meu pai sempre surgia na minha mente quando eu me sentava para beber café em uma manhã tranquila. Mesmo depois de mais de quatro anos, ainda era doloroso. Ao mesmo tempo, eu não queria que esses pensamentos desaparecessem. Sentia muita falta dele, pensando em todas as vezes que havíamos bebido café juntos e conversado sobre a indústria à qual ambos nos dedicávamos. Seguir os passos dele era um dos maiores orgulhos da minha vida, especialmente agora. A perda do meu pai era um golpe para o qual eu nunca teria sido capaz de me preparar, e a rapidez com que tudo acontecera tinha dificultado ainda mais a situação.

De certa forma, era esperado. Quando sua saúde não melhorou, e os médicos disseram que não havia mais nada que pudessem fazer contra a enfermidade e as complicações de saúde que descobriram enquanto lidavam com o que pensavam ser suas doenças preexistentes, soubemos que restava pouco tempo. Era horrível pensar nisso, e nunca cheguei a assimilar o que estava acontecendo. Mesmo após sua partida, não consegui aceitar a situação. Não conseguia acreditar que ele não entraria em casa ou me ligaria para que fôssemos ver o mais novo salão de jogos da cidade. Mas, ele também me deixou uma tremenda responsabilidade. Eu estava fazendo exatamente o que sempre planejara fazer, seguindo os passos do meu pai ao administrar sua empresa.

Era uma honra dar continuidade ao que ele construíra, mas muitas vezes desejava que ele estivesse lá para me ver. Em algum lugar dentro de mim, eu sabia que ele estava orgulhoso. Mas abriria mão de quase qualquer coisa para ouvi-lo dizer isso.

"Acabei, mamãe.", disse Juniper do outro lado da mesa.

A voz doce da minha filha me libertou dos pensamentos melancólicos, e sorri para ela.

"Estava bom?", perguntei enquanto me levantava para pegar a tigela que estava diante dela.

"Sim. Cheerios é meu cereal favorito.", disse ela.

"Eu sei. Principalmente, com uma banana em rodelas.", falei, passando a tigela por água e, então, a colocando na lava-louças.

Outra dose de café borbulhava na cafeteira e escorria para minha caneca quando ouvi minha mãe descer as escadas. Entrou na cozinha com um sorriso nos lábios, mas o cansaço em seus olhos indicava que ela não dormira muito. Isso acontecia de vez em quando. Em algumas noites, não ter meu pai ao seu lado na cama a atingia com mais força do que em outras. Mas ela lidava bem com isso. Nunca deixava transparecer suas emoções perto de Juniper.

Eu estava muito contente por ter minha mãe ali. Sem ela, eu nunca teria chegado tão longe. Depois da morte do meu pai, nós nos agarramos uma à outra e nos apoiamos ao longo de todo o caminho. Então, Juniper chegou, e não nos separamos desde então. Ainda apoiávamos uma a outra todos os dias e eu, provavelmente, dependia dela mais do que ela de mim. Mas eu sabia que estar ao meu lado e ter minha filha em sua vida eram coisas que a mantinham animada. Tecnicamente, ela era a herdeira da empresa, e, de fato, cuidara dos negócios com força e dignidade durante cerca de um ano antes de perceber que já não queria aquilo. Então, se aposentou e se mudou para minha casa, pronta para dedicar a vida a mimar sua única neta. Era agridoce, mas estávamos dando nosso melhor, e eu podia enxergar um futuro ainda melhor à nossa frente.

Ele começava com a mudança para Chicago. Era um risco calculado, e uma decisão que eu não encarava de forma leviana. Houve uma época em minha vida em que eu talvez estivesse disposta a me aventurar. Eu tinha a ambição e a espontaneidade necessárias para acordar de manhã, decidir que queria me mudar para um estado completamente diferente e simplesmente fazer isso, sem nenhuma preocupação. Tudo mudou quando Juniper nasceu. Ela transformou minha vida mais do que eu poderia ter imaginado ou previsto. Trouxe-me incríveis doses de alegria, mas também me tornou mais cautelosa e consciente de cada decisão que eu tomava. Essas decisões já não diziam respeito só a mim. Quando eu pensava em algo ou decidia fazer alguma coisa, não era apenas por mim. Agora, era a vida dela, e a da minha mãe, que eu potencialmente afetaria.

Eu, definitivamente, tinha isso em mente quando decidi que nos mudaríamos para Chicago. A cidade estava cheia de oportunidades e de potencial, mas também escondia um pedaço do meu passado profundamente oculto. Eu tinha um segredo, um grande segredo. Algo que eu não contara a ninguém, nem à minha mãe. Eu o escondia de um homem que ocupava uma posição importante na cultura da cidade e que exercia muita influência sobre diversas pessoas. A mudança para Chicago significava ficar perto dele outra vez e arriscar que meu segredo fosse revelado. Mas eu precisava me mudar. Em Memphis, não conseguiria fazer a empresa avançar ainda mais. Se quisesse progredir e alcançar outro patamar de sucesso, teria que ir aonde as oportunidades estavam.

Deixamos o escritório de Memphis em boas mãos, e eu estava convencida de que ele continuaria a funcionar tranquilamente, mesmo na minha ausência. Eu precisava concentrar toda a minha atenção nos desafios à minha frente. E, entre todos esses desafios, o maior era aquele que eu nem sequer revelara a ninguém ainda. Eu havia passado cinco anos juntando meus cacos e tentando organizar uma vida que mudava tão depressa que eu mal conseguia acompanhar seu ritmo. Agora, era hora de encarar meu passado e fazer o que meu pai queria. Era hora de enfrentar Duncan novamente.

Eu tinha me mudado para Chicago com um plano. Conseguiria o acordo que eu havia abandonado anos atrás, ficaria longe dele e esconderia Juniper a todo custo. Era um plano de merda, mas era necessário, e eu não tinha escolha. Era a única coisa que meu pai queria para a empresa - e para mim. Ele sempre planejara fazer o

acordo com Duncan e sua empresa, criando uma aliança forte e benéfica para ambos. Depois, se afastaria da companhia aos poucos, até que eu estivesse no comando. Sua morte me obrigou a assumir o controle a passos largos, mas o acordo com Duncan ainda estava pendente. Eu precisava fechar esse negócio, fazendo jus ao meu pai e o deixando orgulhoso.

Era uma tarefa difícil, e senti que ela pesava sobre meus ombros durante os preparativos para a viagem a Chicago e enquanto nos instalávamos. Naquela manhã, cumprimentei minha mãe com um abraço e assisti ao preparo do seu café da manhã habitual.

Estávamos em Chicago havia aproximadamente três semanas e, finalmente, começávamos a nos adaptar. O que eu tinha que fazer com Duncan estava no centro das minhas preocupações desde o momento em que eu entrara no caminhão de mudanças, mas eu, definitivamente, não começaria com ele. Estávamos em uma transição, e eu precisava fazer tudo da forma mais cuidadosa possível, para aumentar nossas chances de transformar Chicago em um novo lar. Assim como minhas chances de obter sucesso na missão que eu adotara.

Outras coisas precisavam ser resolvidas antes que eu enfrentasse Duncan e, então, me joguei nelas. Encontrei a casa perfeita para nós três e fiz de tudo para torná-la o melhor lar possível. Trabalhei intensamente e passei todos os meus momentos livres com Juniper. Minha filha era extremamente tímida e tinha dificuldade em se acostumar com coisas novas. Minha mãe e eu nos esforçamos ao máximo para ajudá-la a se adaptar ao novo bairro, levando-a em longas caminhadas, buscando parquinhos para crianças, visitando a biblioteca e mostrando a escola que ela frequentaria quando entrasse no jardim de infância.

À noite, quando Juniper ia para a cama e eu tinha alguns minutos antes de me deitar, eu conversava com minha mãe. Mesmo sem saber de tudo, ela era acolhedora e me reconfortava. Ela me encorajava a continuar em frente nos momentos em que eu sentia que estava chegando ao meu limite e, exatamente quando eu precisava, ela conseguia dizer coisas que pareciam ter sido ditas pelo meu pai. Já tínhamos passado nossas primeiras três semanas em Chicago, e, até então, as coisas corriam bem. Em vez de invadir a cidade e causar um grande furor, eu me infiltrava gradualmente. Queria disseminar meu nome e mostrar que eu me encontrava ali, e era isso que estava fazendo. Agora, era hora de dar os próximos passos.

            
            

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