A FILHA DO CEO - Especial mês dos pais
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Capítulo 8 8

DUNCAN

E u teria que arrumar outra padaria para minhas manhãs de sábado.

Depois daquele encontro, não dava para voltar à que eu costumava frequentar. Saber que Chloe poderia decidir ir à padaria, ao mesmo tempo que eu, fazia com que o local parecesse mais uma mina terrestre do que um atraente tesouro escondido da cidade.

Não era assim que eu esperava ver Chloe depois de todos aqueles anos. Claro, vinha esperando que ela me contatasse desde que soubera que ela estava em Chicago. Mas imaginava que isso fosse acontecer de forma profissional e controlada. Pensei que ela, no mínimo, fosse me ligar. Talvez um e-mail. No máximo, marcaria um horário para se reunir comigo no meu escritório. Em qualquer um desses cenários, eu teria a oportunidade de me preparar antes de conversar com ela novamente. Nunca me ocorrera que eu poderia simplesmente cruzar com ela em algum lugar da cidade.

Provavelmente, me faltara clareza. Ela não estava só de passagem por alguns dias, como da última vez. Chloe agora vivia em Chicago, o que implicava fazer mais do que se esconder em casa ou trabalhar. Ela viveria sua vida como qualquer outra pessoa, o que significava passear por diferentes bairros e visitar lugares frequentados pelos moradores, como minha padaria favorita. Ainda era um choque. Assim que a vi sentada ali, soube que era Chloe. Ela estava de costas, mas seus cabelos e a forma como ela se movia eram inconfundíveis. Se dependesse de mim, eu teria fingido que não a vi e saído da padaria. Mas meus pais também a viram.

Nunca haviam conhecido Chloe, mas já tinham me ouvido falar sobre o pai dela. Eles sabiam quem ele era e, por conseguinte, quem era ela. Isso significava que esperavam que eu me mostrasse bem-educado e fosse cumprimentá-la. Eu sabia que era a coisa certa a fazer, apesar de ser a última coisa que eu queria fazer. Ver a menininha que estava sentada à mesa com ela só intensificava essa sensação. Assim que me aproximei, não consegui tirar os olhos da criança. Ela não prestava atenção aos adultos ao seu redor. Em vez disso, estava completamente fascinada pelo cupcake cor-de-rosa que segurava entre suas mãozinhas.

Eu não entendia muito de crianças. Como filho único e proveniente de uma família sem primos, tinha convivido pouco com elas. Por isso, não fui capaz de identificar a idade da menina. Chloe não me ofereceu essa informação, nem sequer nos apresentou, o que obrigou minha mente a jogar um jogo de adivinhação a respeito da criança durante todo o tempo que fiquei ali. Minhas indagações sobre sua idade e sobre quem seria seu pai fizeram com que uma dor de cabeça começasse a se formar atrás dos meus olhos e depois se movesse para minha testa.

Foi quando atingi meu limite. Só dava para manter um papo furado desconfortável por um curto período antes de precisar fugir dele. No entanto, meus pais não conseguiam deixar o assunto para lá.

"Você viu aquela menininha fofa?", perguntou minha mãe. "Não dava para ser mais adorável."

Enquanto voltávamos para meu apartamento, eles continuaram falando sobre a menina por vários quarteirões. Tentei ignorá-los e me esforcei para não pensar em nenhuma das duas, mas eles não paravam de falar e eu, simplesmente, não tinha coragem de atrapalhar a conversa.

"Sabe, ela não é nada do que eu esperava.", meu pai me disse vários minutos depois.

"Pelo jeito que você falava dela, eu imaginava um pitbull."

Meus pais já tinham me ouvido esbravejar contra Chloe e o fracasso do nosso acordo. Eu falava sobre isso com frequência, e eles me ouviram mencionar o assunto em diversas ocasiões. Sempre que uma situação não corria como planejado, ou eu notava uma oportunidade que já não estava ao meu alcance por causa das circunstâncias criadas por aquele acordo fracassado, eu reclamava.

Meu pai me dissera, mais de uma vez, que eu precisava superar o

ocorrido. Não estava me fazendo bem continuar pensando naquilo, deixando que o passado me consumisse quando não havia nada que eu pudesse fazer para mudá-lo.

Essas palavras tinham mais significado do que ele imaginava. Por mais que eu achasse que já havia esquecido Chloe e o que acontecera entre nós naquela noite, vê-la novamente adicionara uma brutalidade inesperada aos meus sentimentos.

"É verdade.", disse minha mãe. "Realmente, não entendo por que você falava sobre ela daquela maneira. Sei que vocês passaram por alguns momentos complicados e que as negociações com a empresa do pai dela não deram certo, mas acordos entre empresas, às vezes, dão errado. Isso não a torna uma pessoa terrível. Na verdade, parece ser uma moça bem legal."

Minha mãe não estava errada. Chloe era uma moça legal. Mas ela também tinha basicamente quebrado meu coração, por isso, eu não guardava muita simpatia por ela. Endereçar o cartão de condolências à mãe dela, após a morte de Vince, fora uma decisão consciente. Ela merecia meus pêsames, e eu queria que ela soubesse que eu reconhecia a importância de Vince e a grande lacuna que seu falecimento deixara na indústria. A situação devia ser incrivelmente difícil para Chloe, e eu sabia que ela também estava sofrendo. Mas não fui capaz de entrar em contato com ela.

Nosso conflito era recente e doloroso demais.

Depois que meus pais foram para casa, liguei para Kent.

"Hoje é sábado.", foi sua saudação quando atendeu o telefone.

"Não vou fazer nada para a feira hoje."

"Não é por isso que estou ligando.", eu disse. "Vi a Chloe hoje."

Parte de mim esperava que ele fosse começar a rir ou a zombar de mim, e me preparei para isso. No entanto, ele ficou em silêncio por alguns instantes.

"Você está bem?", perguntou ele por fim.

"Não muito.", respondi. "Eu a vi na padaria. Fui até lá com meus pais, como em quase todas as manhãs de sábado. Olhei para cima e ali estava ela, sentada e comendo um maldito cupcake." Respirei fundo. "Com uma garotinha do lado dela." "Uma garotinha?", perguntou ele.

"É. E agora só consigo pensar nisso. Já ficou bastante claro que, hoje, só vou conseguir me concentrar na Chloe e naquela menina. Minha mente enlouqueceu completamente, e não consigo parar de pensar nisso.", contei a ele.

"Não precisa dizer mais nada. Estou a caminho.", disse Kent.

Apesar de todas as suas provocações e chateações, no fim das contas, Kent ainda era meu melhor amigo, e eu sabia que ele sempre me apoiaria. Menos de uma hora depois, ele apareceu na porta do meu apartamento com um engradado de seis cervejas em cada mão. Fomos até minha varanda, e ele colocou as garrafas sobre a mesinha que eu deixava ali. Era pouco mais de uma hora da tarde, mas isso não me impediu de pegar uma das cervejas e a abrir. Bebi um gole e vi Kent fazer o mesmo.

"Dá para acreditar?", perguntei. "Ela estava simplesmente sentada ali. Como se não fosse nada. Como se nem sequer tivesse passado pela cabeça dela que estava muito perto do meu bairro e podia me encontrar."

"Será que ela sabia que estava perto do seu bairro?", indagou ele.

"Claro que sabia. Não é como se o bairro em que eu moro fosse um segredo. Já espalharam essa informação por toda a internet.", respondi.

Para ser sincero, eu não sabia se Chloe conhecia a cidade o suficiente para perceber o quão perto do meu apartamento a padaria ficava. Não era como se o nome da minha rua tivesse sido divulgado. Mas isso não importava. Eu tinha ativado meu modo resmungão e, agora, só queria desabafar. Andei de um lado para o outro na varanda, acabando com três cervejas, uma logo após a outra. Confessei todos os meus pensamentos e sentimentos em relação a Chloe e a sua presença na cidade, falei sobre como nosso breve caso me fizera sentir e narrei o desconforto de vê-la sentada naquela mesa com uma criança. Foi difícil colocar em palavras essa experiência. Durante todo aquele tempo, eu sabia que Chloe ainda estava por aí. Ainda estava vivendo sua vida e progredindo ao longo dos anos, assim como eu.

Mas eu não esperava me deparar com ela em uma fase tão diferente da vida. Talvez, parte da minha mente a tivesse congelado no tempo. Minhas memórias se agarravam a Chloe exatamente do jeito que ela era nos poucos dias em que estivemos juntos em Chicago cinco anos atrás. Por mais que eu soubesse que ela não havia simplesmente parado no tempo, vê-la desempenhando o papel de mãe foi uma fria e inquietante dose de realidade.

"Sei que tenho provocado bastante você por causa disso.", comentou Kent. "Mas preciso admitir, eu não esperava que ela fosse demorar tanto tempo para entrar em contato com você depois de chegar à cidade. Ela claramente não escolheu vir para Chicago por coincidência. Em muitas outras cidades do país a indústria de games está crescendo e ela poderia ser muito bem-sucedida.

Decidiu vir para cá com algum objetivo específico." "Você também acha? Enxerga isso?", perguntei.

"Com certeza. E, certamente, é estranho que ela não tenha entrado em contato com você. Sei que não deve ter sido a coisa mais agradável do mundo encontrar a Chloe assim. Conhecendo você, imagino que ia querer saber o que esperar do encontro para poder planejar tudo. Não deve ter sido divertido.", disse ele.

"Não foi mesmo.", concordei.

Eu estava contente por ter Kent ao meu lado. Ele não me daria um sermão, argumentando que Chloe era uma moça legal, nem criticaria a opinião que eu tinha sobre ela. Não demorei muito para perceber que esse pensamento surgira cedo demais na minha mente.

"Sabe, Duncan. Está na hora de esquecer a Chloe. Quero dizer, esquecer de verdade. Principalmente, se ela tiver uma filha. Isso significaria que ela seguiu em frente de um jeito bem definitivo."

Murchei completamente, e o resto das minhas reclamações raivosas desapareceu dos meus pensamentos. Kent tinha razão. Eu não podia discutir com a lógica dele, especialmente, porque derivava do seu conhecimento do que acontecera entre nós e de como eu fora afetado. Eu pensava que já tivesse esquecido Chloe, mas, aparentemente, estava errado. Bastaram aqueles poucos minutos de conversa fiada e desarticulada para trazer de volta todos os sentimentos de anos atrás. Eu precisava superá-la de uma vez por todas.

"Eu sei.", falei por fim. "Isso é realmente uma merda, e preciso deixar tudo no passado. Colocar um ponto final nessa história talvez ajude. Um desfecho pode ser o suficiente para esquecer a Chloe e seguir em frente."

"Você tem razão.", disse Kent. "Um desfecho seria uma ótima maneira de encontrar uma nova perspectiva."

Pelas suas palavras, ele parecia concordar comigo, mas havia um brilho em seus olhos que não me transmitiam cem por cento de confiança. Eu me dei conta de que todas as minhas outras justificativas tinham sido apenas isso... Justificativas. Talvez fosse esse o verdadeiro motivo pelo qual eu nunca deixara outras mulheres se aproximarem de mim e jamais me esforçara para ter um relacionamento sério com nenhuma delas.

Se era esse o caso, isso significava que a situação era triste, e que eu precisava resolvê-la.

            
            

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