Capítulo 7 ACONTECIMIENTOS

As palavras de Rafael ecoavam na minha cabeça. Ele não iria me deixar em paz. Passei minhas mãos sobre meu rosto. Estava sentindo uma dor de cabeça insuportável. Levantei da cadeira, e quando estava prestes a sair do escritório a porta se abriu.

- Théo! – Olhei para o homem a minha frente.

- Eu ouvi a conversa de vocês – ele diz, a voz suave como um bálsamo para minhas feridas. - Me deixa te ajudar.

Eu balancei a cabeça, os olhos cheios de lágrimas.

- Não, eu não quero te colocar nessa situação novamente. – Eu disse.

- Eu gosto de você, Elisa – ele diz, e suas palavras, ao contrário das de Rafael, não causam dor, mas sim um calor reconfortante que se espalha pelo meu peito.

Théo se aproximou de mim, seus olhos cheios de preocupação enquanto estendia sua mão para secar minhas lágrimas.

Senti minhas vistas embaçando, meu corpo parecia pesado demais para que eu pudesse suportar.

- Elisa, você estar bem? – Perguntou Théo. Sua voz chegava até mim como um eco distante, como se viesse de um lugar muito longe.

Eu balancei a cabeça lentamente, incapaz de formular uma resposta coerente. As lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto.

E de repente tudo a minha volta escureceu.

***

Entrei desesperada a procura de Rafael.

- Elisa! – Nanda me olhou com espanto. - O que é todo esse sangue na sua roupa?

Eu não a respondi, eu estava tão focada em encontrar aquele desgraçado que não conseguia ouvir suas palavras. Corri em direção ao quarto de Rafael, sem me importar em bater na porta. Minha mente estava tomada pela fúria e pela necessidade de confrontá-lo. Entrei no quarto e me deparei com ele, deitado sobre sua cama. A visão de seu rosto despertou uma mistura de ódio e dor dentro de mim.

- O que você fez! – gritei, minha voz carregada de raiva e desespero.

Eu avancei em sua direção, pronta para atacá-lo e fazer com que ele pagasse por tudo o que havia feito. Mas antes que eu pudesse alcançá-lo, ele me segurou com firmeza, impedindo-me de prosseguir. Me debati em seus braços, lutando para me libertar. Minha mente estava turva, cheia de emoções conflitantes. Eu queria machucá-lo, fazê-lo sentir a mesma dor que ele havia me causado.

- Do que estar falando? – Ele perguntou.

- Eu sei, eu sei que foi você que mandou bater no Guilherme.

Ele soltou uma risada irônica, como se estivesse se divertindo com a situação - Ah, sobre isso. – Ele disse, com um sorriso cínico nos lábios. - Eu avisei para você...

Antes que eu pudesse responder, mamãe apareceu na porta do quarto. - Que gritaria toda é essa? – Com uma expressão de preocupação no rosto. Ela olhou para nós dois, sem entender o que estava acontecendo.

Eu olhei para Rafael, Rafael olhou para mim com um olhar ameaçador.

- E esse sangue todo na sua roupa, o que aconteceu? – Mamãe veio até mim.

Olhei para baixo, vendo as manchas vermelhas em minha roupa.

- Não é meu, é de um... – Comecei a dizer, mas fui interrompida por Rafael.

- Do namoradinho da escola dela – disse Rafael, com um sorriso sarcástico nos lábios. - Não é, Elisa?

- Namorado? - Perguntou minha mãe. - Desde quando você têm namorado, Elisa?

- Não é verdade, eu não tenho namorado. O Rafael estar mentindo. – Eu engoli em seco, sentindo o peso da mentira em minhas palavras.

Minha mãe me olhou com um olhar inquisitivo, tentando decifrar a verdade em minhas palavras. Ela sabia que eu não costumava mentir, mas também conhecia a rivalidade entre mim e Rafael.

- Elisa, eu confio em você. – Disse minha mãe, colocando a mão em meu ombro em um gesto reconfortante. - Se você não tem um namorado, então não temos motivos para nos preocupar.

Eu senti um alívio momentâneo.

- Agora vamos tirar essa roupa. E você vai me contar tudo o que aconteceu. – Mamãe me guiou para fora do quarto.

- Elisa precisa aprender que há consequências para suas ações. – Rafael apenas deu de ombros, um sorriso debochado nos lábios.

***

Despertei sentindo um cheiro forte invadindo minhas narinas, fazendo-me abrir os olhos lentamente. Aos poucos, minha visão se ajustou e me deparei com Louise e Théo me encarando. Os dois tinham uma expressões de preocupação estampadas em seus rostos. Eu estava confusa e desorientada. Tentei me lembrar o que havia acontecido, mas minha mente estava embaçada. As vozes ao meu redor pareciam distantes, como se estivessem chegando até mim através de um túnel. Eu sentia uma leve tontura e meu corpo parecia pesado. Até que a voz de Louise cortou o ar, trazendo-me de volta à realidade.

- Você nos deu um susto, garota! – Ela aproximou-se de mim.

- O que aconteceu? - Eu perguntei, minha voz ainda um pouco fraca.

Théo se aproximou de mim.

- Estávamos conversando e você desmaiou. – Disse ele.

Eu olhei para Théo, tentando processar suas palavras. A lembrança do desmaio ainda estava um pouco confusa em minha mente.

- Desmaiei? - repeti, buscando entender o que poderia ter causado aquilo.

Théo assentiu, preocupado.

- Sim, foi repentino. Você simplesmente desmaiou no meio da conversa.

Eu me levantei, sentando-me no sofá.

- Acho que você devia ir para casa, você esta muito tensa, Elisa – Diz Louise.

No entanto, eu hesitei em aceitar sua sugestão.

- Eu não posso, Louise...

- Pelo amor de Deus, Elisa, o seu pai é o dono dessa empresa, você não estar bem, ele não vai reclamar se você falta um ou dois dias. – Sua expressão era de convicção, tentando me convencer de que era importante cuidar de mim mesma.

Fiquei em silêncio. Ela tinha razão, eu tinha que tirar um tempo só para mim.

- Tudo bem! - Eu disse. - Eu vou falar com meu pai.

- Agora! Aproveita que ele esta sossegado na sala dele.

- Eu posso ir com você, caso ainda não esteja se sentindo bem – Théo se ofereceu.

- Estar tudo bem, obrigada – Agradeci.

Me levantei do sofá e caminhei em direção ao escritório do meu pai. Passei pela mesa de Vanessa e notei que ela não estava lá, então apenas entrei na sala sem ao menos bater na porta. Eu congelei, arregalei meus olhos diante daquela cena.

- Pai! – Cobri minha boca desacreditada do que estava vendo.

Meu pai se afastou rapidamente de Vanessa, que estava sentada sobre a mesa quase nua. Ele parecia tão surpreso quanto eu, seus olhos demonstrando culpa e constrangimento. O silêncio pairou no ar, pesado e desconfortável.

- Elisa, querida... – Ele se calou. - Me perdoa, filha.

As palavras não saíam da minha boca. Eu estava atordoada, sem saber o que dizer ou como reagir. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, enquanto eu lutava para controlar minhas emoções. Eu me senti traída. Aquela cena era uma traição à minha mãe. Sem dizer uma palavra virei-me e saí da sala, deixando meu pai e Vanessa para trás. Minhas pernas tremiam enquanto eu caminhava pelo corredor, tentando encontrar um lugar onde pudesse me acalmar e processar tudo o que havia acontecido.

Aquela cena ficaria gravada na minha mente para sempre.

- Elisa! – Ouvi a voz do meu pai atrás de mim. - Me deixa explicar...

Parei secando minhas lagrimas e me virei para ele.

- Explicar o quê? – Perguntei. - Que você traiu a mamãe?! – As palavras saíram com um misto de tristeza e indignação.

- Eu e a sua mãe não estamos bem a um tempo, mas eu amo ela...

- Ama e a traiu, que tipo de amor é esse? – Questionei, minha voz carregada de descrença. Eu estava magoada e confusa, tentando conciliar a imagem que eu tinha do meu pai com a realidade que estava diante de mim.

- Vamos conversar na minha sala, os funcionários podem escutar.

Eu balancei minha cabeça. As lágrimas voltaram escorrer pelo meu rosto, misturando-se com a raiva que eu sentia. Eu queria acreditar nas palavras do meu pai, queria encontrar uma maneira de perdoá-lo.

- Não, pai, eu não quero conversar com você.

- Elisa...

- Ah, pode ficar despreocupado, eu não vou contar nada para minha mãe, – Digo com um tom de sarcasmo. - não quero que ela também saiba seu verdadeiro caráter.

Com essas palavras, virei-me novamente e continuei meu caminho, deixando meu pai para trás. Corri em direção ao banheiro, mas antes que eu entrasse acabei esbarrando em alguém. Meus olhos se encontraram com os de Théo e sem pensar me joguei em seus braços deixando minhas lágrimas caírem sem parar. Ele me envolveu em um abraço reconfortante, segurando-me com gentileza enquanto eu desabafava todas as minhas frustrações e tristezas. Senti sua mão acariciando meus cabelos enquanto eu soluçava, permitindo que eu me expressasse sem questionamentos. Aos poucos as lágrimas começaram a diminuir e minha respiração se acalmou.

Eu olhei para ele, aproximando ainda mais nossos rostos. Antes que eu pudesse me afastar, Théo segurou meu rosto entre suas mãos e começou a me beijar. As memórias da nossa primeira noite juntos inundaram minha mente. Minhas mãos instintivamente se apoiaram em seus ombros, enquanto eu me entregava ao momento, deixando-me levar pela conexão intensa que compartilhávamos. No entanto, logo a realidade voltou a me atingir. Eu me afastei suavemente, olhando para Théo com uma expressão confusa e incerta.

- Me desculpa, me desculpa, eu não devia ter feito isso. – Nos afastamos. - Eu não posso te dar esperança de algo que é incerto para mim.

- Eu entendo. – Diz ele.

Somo interrompidos por alguém que saí do banheiro. Era uma das funcionárias. Théo e eu nos entreolhamos, ambos com expressões de surpresa e preocupação estampadas em nossos rostos.

- Boa tarde. Com licença! – Ela passa por nós.

- Será que ela viu tudo? - Perguntei preocupada.

- Não sei, Elisa. - Théo respondeu, parecendo tão preocupado quanto eu. - Mas mesmo que ela tenha visto, não temos como controlar isso agora.

Eu assenti, sabendo que ele estava certo. Ainda assim, não pude deixar de me sentir um pouco ansiosa. Não queria que boatos começassem a circular na empresa, especialmente considerando tudo o que já estava acontecendo.

- Vamos apenas esperar que ela não tenha notado nada. - Eu disse, tentando parecer confiante.

Ele concordou.

- Tenho que ir embora, meu dia foi muito exaustivo. E me desculpe mais uma vez, eu realmente não quero te magoar. – Suspirei.

- Está tudo bem! - Ele sorriu. - Bom descanso.

Nos despedimos. Enquanto eu caminhava para casa, sentia um aperto no peito. Definitivamente eu precisava de um descanso.

            
            

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