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Capítulo 1 Cap 1

{Augusto Cipriatti}

- Quando é que vocês vão parar de se arriscar desta forma? - Polo ralha do outro lado do quarto.

- Vocês não, eu não tenho nada a ver com isso... - No mesmo segundo Dom se esquiva, fazendo negativa com as mãos sentado na ponta da minha cama.

- Eu já falei que vocês são irritantes? Deem o fora daqui, amanhã já estarei melhor...

Coloco as mãos sob minhas costelas, gemendo. É provável que eu tenha quebrado uma ou duas, mas com toda certeza meu oponente ficou bem pior. Um leve sorriso sai do canto da minha boca ao pensar na cara do idiota ensanguentado caído no chão do ringue me implorando por piedade.

As lutas ilegais sempre foram minha válvula de escape, a forma que eu encontrei de extravasar a grande merda que sempre foi a minha vida. Antes era só brincadeira, com o passar dos anos, fui vendo que eu era bom naquilo e hoje mesmo podendo lutar em qualquer academia do mundo, até nas mais renomadas, eu sigo neste submundo, usando minha outra face, minha face suja, não aquela que estampa capas de revistas ou alimenta grandes matérias sob economia no país. A face suja do lutador ilegal, filho do maior traficante do Reino Unido, órfão aos cinco anos de idade, largado em um lar de acolhimento, que descobriu na luta uma maneira de amenizar toda essa merda que sempre me assombrou e eu sei, que sempre irá me assombrar.

-Porra Guto, você deve ter quebrado umas costelas. Vou ligar para o Dr. Watson, pedir para ele vir aqui dar uma olhada nessa merda... -Polo sai do quarto bufando, batendo a porta do quarto atrás de si antes mesmo de eu poder argumentar.

Mesmo eu sendo o mais velho de nós três, o cara que nos meteu nessa merda toda, Polo sempre foi o mais centrado, o mais inteligente e o mais preocupado. E no fundo eu me culpo por isso.

Quando fundamos a Magma Enterprises, o objetivo inicial era ter uma empresa de faixada apenas para lavar dinheiro referente ao tráfico de drogas local. Mas as coisas foram se tornando grandes... Grandes demais... E essa merda toda me cansa, me esgota, eu já teria mandado todo mundo a merda, se não fosse por eles dois...

{20 ANOS ANTES}

"Guto, socorrooooo"

"Porra"

Aquele idiota do Hill estava morto. Cheguei pulando em cima dele e arrancando ele de cima do meu amigo, quem ele pensa que é? Minha raiva era tanta, que eu só parei de socar aquele idiota quando alguém me tirou de cima dele...

Isso me rendeu duas semanas de reclusão, separado dos demais órfãos e principalmente dos meus dois amigos, meus irmãos. Mas isso não importava, o fato de Polo estar bem aliviava a angústia da solidão e por ele, ou melhor por eles, eu faria qualquer coisa...

.......

- Hey, acorda... Tá pensando em que idiota? Eu estou aqui falando com você e sigo esperando por uma resposta... E você aí olhando pro nada... Acho bom o Dr. Watson dar uma olhada na cabeça também... Se bem que, você nunca foi muito bom das ideias mesmo... - Fala Dom, me tirando dos meus pensamentos em seu tom sarcástico.

-Vai se foder Dom! Qual a parte do "cai fora daqui" você ainda não entendeu?

-Você é muito ingrato sabia?

-E você ... E você também - falei aprontando para Polo que acabava de entrar no meu quarto novamente como se estivessem em casa – Já chega de ficarem importunando. Amanhã estarei ótimo.

-Eu acho muito bom você estar mesmo, não se esqueça do evento que temos amanhã no Mayfer Club, reafirmaremos alguns acordos importantes e você sabe que a possibilidade de uma ausência sua não é de perto considerada... O Dr. Watson está a caminho, eu preciso ir, tenho muitas coisas para organizar e finalizar até o jantar de amanhã. – Polo fala com seu tom nada amigável.

Eu sei que ele não fica nada feliz com as minhas lutas ilegais, e com os rachas ilegais que Dom adora promover. Eu não o culpo, Marco de nós três era o único que chegou no orfanato e não tinha um passado, uma história, nem mesmo um sobrenome, ele era uma página em branco, e isso de uma certa forma, facilitou as coisas para ele, ele não precisou carregar nenhum fardo, nenhum peso, fomos nós, ou melhor, fui eu quem o colocou nesta merda, e que hoje ele segue maestrando da melhor forma possível.

Marco, ou melhor Polo, se tornou um dos mais respeitados rackers da atualidade, ele domina tudo. Formado em Oxford, ele conseguiu bolsa integral com toda sua capacidade e inteligência notória, e hoje utiliza seu dom para tocar nossa empresa e tudo que diz respeito ao que precisa ser feito para encobrir as merdas que praticamos.

-Eu fico aqui ate o Dr. Watson chegar, mesmo que esse imbecil já tenha me mandado embora umas cem vezes... – Bufa Dom, sentando na poltrona a minha frente alheio mexendo no seu celular.

Polo sai virando as costas já imerso dentro do seu mundo cibernético.

-Agora que ele já foi, cá entre nós dois, baita luta meu irmão, parabéns! – Dom fala, vindo me abraçar.

-Dificilmente haverá alguém para me bater naquele ringue deplorável.

Meu tom é de total confiança, eu sei que sou muito bom como diretor comercial da Magma, mas como lutador, eu sou melhor ainda.

Aos dezesseis anos quando meu tio, até então desconhecido por mim, veio me visitar no orfanato, e com ele trouxe todo o peso que meu sangue carregava, eu soube ali que precisaria fazer algo diferente, deixar de ser pequeno e nos tornar grandes. Foi então que com a ajuda deles, meus irmãos elaboramos o esboço do que seria hoje a grande e renomada empresa chamada Magma Interprises.

Nossa empresa conquistou um lugar solido, nós somos uma das maiores construtoras e incorporadoras do Reino Unido, temos projetos premiados por todo o mundo. Nosso diretor de projetos, Dominc Belmont, é o responsável por boa parte deles.

Dom, se formou em engenharia civil, e ele é realmente muito bom nisso, aos poucos conseguimos ganhar mercado, e cada vez mais a faixada para o mundo sujo, o meu mundo sujo, foi ficando mais sólida e mais impossível de sair.

O mundo corporativo é sujo por si só, depois de muitos anos por traz disso, eu vejo hoje, que boa parte das grandes empresas estão envolvidas com algum tipo de merda ilegal, e de uma forma, isso meio que me consola.

Nós temos hoje boa parte da polícia do Reino Unido debaixo de nossa folha de pagamento, assim como eles, pessoas envolvidas com o governo, economia, médicos, advogados e por aí vai. É tudo uma grande e suja cadeia de merda.

Dr. Watson me tira de meus pensamentos, ao entrar para me examinar. Ele é um amigo de longa data nosso, e também faz parte de tudo isso, no final, nós que chegamos até aqui, só nos relacionamos com pessoas do mesmo meio, é uma forma de evitar a queda, de evitar problemas.

-Guto, você quebrou uma costela como já devia imaginar, terá que evitar fazer grandes esforços e repousar o máximo que for possível, se tratando desta parte do corpo não temos como engessar. – Dr. Watson fala, com seus óculos em cima do sue nariz anotando em um papel o que eu deveria comprar de remédios.

Agradeço o velho Watson, que já nos socorreu em muitos outros momentos piores durantes essa nossa caminhada de anos até chegarmos aqui, mas eu não preciso dessa merda toda de cuidado.

Logo após Dr Watson sair, Dom faz o mesmo, e combinamos de nos encontrar mais tarde no Camp Town, um PUB que é nosso, mas que não o tocamos as claras, usamos ele para fazer algumas reuniões estratégicas ou encontrar pessoas estratégicas que não podemos fazer dentro da Magma, pois hoje a empresa já possui mais de quinhentos funcionários, e lá nas vias de fato, o ramo é construção civil apenas.

A minha cabeça anda uma tortura, muita coisa acontecendo junto, é por isso que sempre que posso estou mesmo dentro de um ringue ilegal, no subúrbio, sendo apenas o Guto de sempre, aquele moleque que costumava correr descalço pelas ruas, que nem em seus melhores sonhos imaginou um dia estar onde estou.

Meu telefone toca novamente no exato momento que eu saio do banho, eu já tinha ouvido tocar outras duas vezes, mas me recusei a sair para atender. É a Nataly, eu já imaginava. Ignoro, mais uma vez.

Nataly é uma socialite de Londres, que vive na minha cola, não vou negar que já fodi ela inúmeras vezes, e que ela é gostosa pra um caralho, mas na mesma medida, ela é pegajosa, e eu definitivamente não sou o cara que nasceu para casar. Prefiro ter uma boceta nova a cada dia, do que me prender em apenas uma pelos restos dos meus dias.

            
            

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