Capítulo 4 Segurança Particular

Jennie se sentia constrangida, então tudo que pôde fazer foi sentar em um dos bancos e abaixar a cabeça. Tanto o detetive quanto o médico e o policial agora conheciam seus gostos por peças íntimas.

- É melhor nós sairmos e deixá-los a sós. - Propôs o doutor Bruce para o policial Zack, que concordou e saiu da sala junto com ele.

- Muito obrigada. - Jennie agradeceu a Samuel, irônica.

- É uma questão de agilidade - respondeu. - Quanto mais rápido acharmos provas, mais rápido podemos encontrar o atirador desconhecido e livrar você e meu pai disso.

- Tudo bem, mas foi desnecessário expor minhas calcinhas assim. - alertou.

- Se não estivesse tão preocupada com o sapato, poderia ter me avisado - disse Samuel, um pouco nervoso com o que tinha acontecido. - Me desculpe! Eu deveria perguntar se você está bem, em vez de ser impaciente. Só estou preocupado com como tudo vai ser daqui para frente se não encontrarmos esse homem.

- Eu estou bem - garantiu. - Tem alguma ideia de por que ele queria matar seu pai?

- Eu sou detetive. Já incriminei muitas pessoas bem ruins, de todo tipo - contou. - Alguém deve estar querendo se vingar e, claro... - Deu uma breve risada. - Existe vingança maior do que matar alguém que eu amo?

- Um dos jornalistas disse que esse senhor é muito influente - apontou para ele, que ressonava. - Pode ser isso também.

- Meu pai não tem inimigos, é a pessoa mais gentil que conheço - disse, apertando os lábios finos, revelando marcas ao lado deles, mas que não chegavam a ser covinhas. - É quase certo que sejam meus. Com certeza deram um jeito de descobrir que Joseph é meu pai. Lamento por ter se envolvido nisso; o agente Zack já me contou grande parte da história.

- Mesmo quase levando um tiro, não lamento tê-lo ajudado - declarou Jennie. - No momento em que ele me apareceu pedindo ajuda, soube que não merecia passar por isso.

- Ainda bem que ele encontrou a pessoa certa. A maioria não ajudaria - disse Samuel. - Antes de você ir, vou precisar te levar à delegacia para um depoimento. Quero que pense detalhadamente no que viu do atirador, isso será essencial. Chegou a ver o rosto dele?

- Não, ele usava uma boina - lembrou da cena. - Muito ridícula, por sinal. - Começou a ter uma crise de risos, o que fez Samuel dar um sorriso discreto também.

O pai do detetive começou a dar sinais de que iria acordar e abriu os olhos lentamente, buscando algo ou alguém pelo quarto. Jennie levantou do banco apressadamente, como se fosse uma parente ansiosa por boas notícias.

- Meu filho, eu ouvi sua voz. - Joseph sussurrou devagar, agarrando o braço dele. - Que bom que está aqui.

- Não deveria ter saído sozinho, sem nenhum segurança por perto - Samuel repreendeu.

- Não aguentava mais andar com eles, são chatos e não conversam nada. - retrucou. - Queria dar uma volta sozinho.

- Olha só o que arranjou. - disse o detetive. - E ainda envolveu uma mulher inocente nisso.

- Onde ela está? - perguntou Joseph.

- Estou aqui, senhor - avisou Christine, ainda de longe.

- Pode vir até aqui? - pediu, também chamando com a mão. A mulher foi prontamente. - Como é mesmo o seu nome?

- Jennie Christine. - Estendeu a mão. - É um prazer, senhor Santiago.

Em vez de apertar a mão dela, Joseph pegou a mão do filho e a entregou a ela. Os dois apertaram as mãos, um pouco tímidos, trocando sorrisos constrangidos.

- O prazer é meu, senhorita Christine. - cumprimentou Samuel, lançando um olhar envergonhado ao seu pai.

- Você vai ter que proteger essa moça agora, Samuel - explicou Joseph. - Por isso, quero que se conheçam e se deem bem.

- Não se preocupe, pai - assegurou, encarando-a em seguida. - Ela vai estar em boas mãos durante a investigação, eu prometo. - Ele fez uma promessa à bela mulher.

- Não é suficiente, meu filho. - declarou o senhor Santiago. - Você agora precisa fingir que está junto com ela.

- Como? - Pareceu não ter entendido direito.

- Ele não precisa fazer isso. - negou Jennie, voltando a ficar nervosa.

- Para me ajudar, ela precisou confirmar que era minha nora e que está grávida de um filho seu. - revelou Joseph.

O detetive olhou para ela com o rosto pálido e os olhos esverdeados, que escureciam à medida que compreendia a magnitude do problema em que a mulher estava envolvida.

- As coisas são mais complicadas do que pensei - refletia. - Nem você nem meu pai podem ficar sozinhos a partir de agora. Precisam andar com seguranças.

- Mas... não dá - negou Jennie. - Eu preciso trabalhar, fazer minhas coisas, ter minha vida. Como vou fazer isso com vários seguranças em volta? E, além disso, como vou saber se eles são confiáveis?

- Tem razão - concordou Samuel. - Você precisa pegar suas coisas e sair da sua casa. Também tem que pedir demissão do trabalho e se afastar de tudo por enquanto - disse, pegando o celular. - Não pode sair da cidade, então vou arranjar outro lugar para você! Que tal a minha casa em Malibu?

- O quê? Eu não posso largar minha vida, logo agora que está dando tudo certo. Isso é inaceitável... - Jennie negava até perceber o que tinha escutado. - Espera... Você disse Malibu?

- Sim, você pode ficar lá até pegarmos o atirador - disse, mexendo no aparelho, distraído.

Isso fez a Christine pensar melhor.

- Talvez... talvez eu precise mesmo de umas férias. - Levantou o queixo, abrindo um sorriso ardiloso. - E com certeza deve ser bem mais seguro que aqui.

Seria incrível curtir uma praia... Uma praia cheia de celebridades. Era impossível recusar.

- É sim, eu mesmo vou cuidar pessoalmente da segurança da casa. - assegurou.

- Por que não tira umas férias e fica lá com ela? - indagou Joseph. - Assim poderá protegê-la melhor.

- Vai me dizer que agora preciso cuidar também do bebê imaginário? - Foi sarcástico.

- É possível que, se descobrirem que eu menti sobre estar grávida, aí sim vão querer me matar? - Jennie pensava em voz alta.

Isso fez o detetive encará-la, também ponderando que essa poderia ser uma possibilidade.

- É possível. - O idoso confirmou.

- Não posso abandonar o meu trabalho - negou o detetive. - Preciso cuidar desse caso - salientou. - Vou encontrar alguém realmente confiável para ficar com você - disse, levantando a cabeça e tentando pensar em uma pessoa. - Pode até ser que já tenhamos alguém perfeito para isso.

- Nós temos?

- Creio que sim - declarou Samuel, andando até a entrada, onde abriu a porta e o chamou. O homem loiro entrou de volta na sala, um pouco confuso com a situação. - Agente Zachary, você tem um novo encargo - informou o detetive. - Precisa proteger a senhorita Jennie Christine enquanto ela estiver escondida na minha casa em Malibu.

- Malibu? - Zack não esperava por isso.

- Apenas durante a investigação, pode ficar despreocupado com o seu trabalho. Tudo vai estar nos conformes - afirmou Santiago. - Sua única preocupação de agora em diante é cuidar dessa moça - explicou devagar e com muita seriedade.

Esse homem e ela sozinhos em uma casa luxuosa em Malibu? Agora, Jennie estava plenamente satisfeita.

- Eu ainda acho que tem que ser você, Samuel. -- O pai dele não parecia nada contente com isso.

- Também preciso cuidar da sua segurança, pai. - retrucou. - Mas tudo bem, vou dar um jeito de passar por lá nos finais de semana.

- Melhorou agora. - concordou Joseph.

Christine tinha a impressão de que aquele senhor gostava muito dela e queria que ela realmente fosse sua nora e ficasse com o detetive.

Mal sabia ele que quem despertava tensão nela era Zack, e só de imaginar que ficariam sozinhos numa casa, suas pernas tremiam de ansiedade e seus lábios ficavam automaticamente úmidos.

Estava claro que, a partir dali, as coisas seriam diferentes; sua rotina seria diferente. E ela esperava que o policial também tivesse esse desejo por ela.

Talvez, mesmo depois de quase ser morta, as coisas fossem boas agora. Ela se livraria do trabalho e das dores de cabeça por um tempo e, de alguma forma, confiava naquele detetive. Ele resolveria tudo e, depois, Jennie poderia voltar à sua vida normal e prosseguir com sua carreira.

Agora, a prioridade seria aproveitar e se aproximar do policial, que nem imaginava o quanto Jennie o desejava.

...

            
            

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