Capítulo 7 Proposta Indecente

As casas tinham uma aparência completamente diferente das da cidade. Quase todas ofereciam uma vista para a deslumbrante praia. Ao invés de decorações elegantes, eram adornadas com flores e plantas praianas ao redor.

A mulher e o detetive caminharam lado a lado até a casa dele, que possuía um grande cercado e uma decoração encantadora.

Na frente, havia uma ampla piscina azul, adornada com algumas belas estátuas. Nos fundos, uma varanda com vista para o mar. A casa era pintada em belíssimos tons de laranja e branco gelo.

Uma mulher elegante os esperava na entrada. Seus cabelos eram volumosos e cacheados, adornados por uma faixa vermelha. Sua pele tinha um tom achocolatado tão doce que quase dava vontade de morder.

- Esta é a nossa governanta, Thalia - ele a apresentou. - Ela cuida da organização da casa e faz parte da nossa família há muitos anos.

- Olá, eu sou Jennie Christine - Estendeu a mão, que foi recebida com carinho pela morena.

- Já me informaram sobre você, querida - Sorriu para ela. - Farei o possível para que se sinta bem aqui.

- Por favor, tratea-a como se fosse da família também - pediu Samuel.

- É claro que sim, eu finalmente vou ter companhia nesta casa. - Os dois sorriram um para o outro, enquanto Jennie admirava o belo vestido longo em um tom vermelho alaranjado de Thalia.

As duas pareciam ter estilos semelhantes, o que agradou a Christine. Seria bom ter uma amiga com os mesmos gostos. No entanto, ela também esperava que Thalia não atrapalhasse seus planos com Zack.

- Preciso ir agora. - avisou o detetive.

- Você sabe... - Jennie segurou seu braço antes que ele saísse. - Quando aquele policial vai chegar? Não quero ficar sem proteção depois do que aconteceu hoje.

- Ele já deve estar chegando. - respondeu. - Fui informado que precisou apenas resolver algumas questões pessoais antes de vir, mas vai chegar hoje à tarde ainda. Se estiver com muito medo, posso apressá-lo.

- Faça isso. - mandou, escondendo um sorriso perverso.

Depois que a governanta mostrou os lindos cômodos da casa, encerrando com o quarto, Jennie ficou por lá admirando as roupas novas.

Quando chegou, as sacolas já haviam sido trazidas pelo motorista e estavam perfeitamente posicionadas na sua nova cama, que, por sinal, era grande e confortável. Bastou isso para que ela se deitasse, descansando por um tempo e admirando tudo ao seu redor.

As coisas mudaram de uma hora para a outra, e muito rapidamente. Ela precisou pedir férias do trabalho, e o chefe lhe concedeu apenas três meses. Esperava que fosse suficiente.

Pegou seu celular e, pela primeira vez, quis pesquisar quem era Joseph Santiago, o homem que a salvou mais cedo.

Sentou-se na cama às pressas quando descobriu que aquele senhorzinho era sócio de uma empresa de tecnologia e dono de uma marca nova de sapatos chamada 'Santiago's', já um pouco famosa na França e no México.

Ele realmente é um homem muito influente e não só do seu país, do mundo todo.

No meio da pesquisa, Jennie ouviu o barulho de um carro. Ao olhar pela janela, viu o policial Zack saindo de um carro parecido com o que ela havia chegado. Isso a motivou a procurar rapidamente por um biquíni dentro da pequena bolsa que havia trazido.

O biquíni era branco e um pouco ousado, mas destacava seu corpo como nenhum outro.

Ela tirou o vestido e vestiu o biquíni rapidamente, lançando olhares furtivos pela janela para verificar se Zack ainda estava lá. Por cima, colocou apenas uma saída de praia aberta no meio e transparente.

- Quero ver você me dar um fora agora. - Seu ego falava mais alto, mesmo que ela estivesse se humilhando para que ele a notasse.

Ela desceu as pequenas escadas do segundo andar, ajeitou o cabelo e colocou seus melhores óculos escuros. Respirando fundo, abriu a porta e começou a desfilar para fora.

Incrivelmente, a tática de Jennie funcionou, atraindo não só a atenção do policial, mas também do detetive e do médico que estavam com ele.

Jennie passou pelos três, balançando suas mexas e deixando-os sem palavras com sua cintura fina e coxas definidas. Ela tinha seios pequenos, mas eram firmes e redondos. A parte de cima do biquíni salientava muito esse detalhe.

- Aonde vai? - perguntou Samuel.

- À praia. - respondeu.

O Santiago precisou andar até Jennie para impedi-la.

- Não pode sair da casa. - avisou a ela.

- Por que não? - Colocou as mãos na cintura.

- Ainda é perigoso. - Pigarreava. - Volte para dentro, por favor.

- Mas... Do que adianta eu estar em Malibu e não sair de casa? - indagou, perplexa.

- Acredite, faço isso para o seu bem. - retrucou.

- Posso pelo menos ficar na piscina? - perguntou.

- Não. - negava. - Volte... agora mesmo.

- Certo, mas esqueça o jantar. - Ela se virou com um suspiro irritado, entrando na casa novamente. Zack e Bruce, que assistiam a tudo em silêncio, trocaram olhares, mas permaneceram calados.

A Christine se jogou no primeiro sofá que encontrou, cruzando as pernas e os braços, ficando imóvel. A incredulidade a dominava. O que iria fazer agora?

A Christine manteve-se naquela posição por cerca de quinze minutos, até que o detetive e o médico entraram na casa. O doutor, encantado, elogiava cada detalhe que avistava.

- Jennie, esse é o doutor Bruce, vocês já se conheceram no hospital. - O detetive apresentou-os.

- Sim. - Confirmou, levantando-se rapidamente e tentando se cobrir com a saída de praia transparente, sem muito sucesso. - Peço desculpa pelo ocorrido há pouco.

- Não tem problema. - Era educado. - Eu quero sempre ir à praia quando passo minhas férias nesse lugar magnífico.

- Tem uma casa aqui também? - perguntou a Christine.

- Tenho. - afirmou. - Fica aqui perto.

- Somos vizinhos, isso é ótimo. - Ela abriu um belo sorriso.

- Bruce também vai cuidar de você - revelou Samuel. - Quando não estiver se sentindo bem, chame-o. Ele virá algumas vezes por semana para saber como você está.

- Não precisa. - Achava que não precisava de tanta proteção. - Tenho plena certeza que Zack pode dar conta.

- Da sua segurança sim. - Samuel respondeu. - A saúde já não tenho tanta certeza. Por favor, aceite.

- Olha, é complicado depois daquele vexame que me fez passar lá fora. - Ela cruzou os braços novamente. - Só aceito pela simpatia do doutor Bruce.

- Certo - concordou o Santiago. - Ele vai te entregar o resultado de alguns exames. Enquanto isso, eu preciso voltar ao trabalho.

Jennie sequer se atreveu a acenar ou dizer adeus. Estava furiosa com ele pela humilhação que havia passado, tanto diante do policial quanto do médico.

- Vamos tratar do nosso assunto. - Ela virou para Bruce. - Está tudo certo com o meu corpo?

- Com o seu corpo?

- Sim, nos exames? - retrucou.

- Claro. - confirmou. - É até uma grande surpresa. Sua pressão está normal, os exames sanguíneos estão ótimos. Você é uma mulher saudável. - Entregava a elas papéis que ele carregava nas mãos.

- Veio até Malibu para me dizer que sou saudável? - perguntou, desconfiada.

- Na verdade, não. - Ele sentou-se no sofá e estendeu o braço, indicando que queria que ela também se sentasse. E assim fez. - Você ajudou Joseph porque sabia que ele era rico?

- Óbvio que não. - Jennie negou imediatamente. - Ajudaria até se fosse um mendigo. E cheguei a pensar que fosse.

- Fico bem mais tranquilo. - murmurou. - Desculpe, eu me preocupo com a minha família.

- Sua família?

- Samuel e eu praticamente crescemos juntos; fui como um irmão mais velho para ele - contou. - Joseph e minha mãe namoraram por um tempo, e agora eu ajudo os dois no que posso.

Ele não era apenas um pouco mais velho que o detetive, mas consideravelmente mais velho. Seus cabelos e barba já estavam grisalhos, embora ele ainda fosse um homem robusto e elegante. Jennie notou que Bruce preferia camisas e ternos de cores claras, diferente de Samuel.

- Sem querer ser inconveniente, mas quantos anos tem? - cedeu à curiosidade.

- Trinta e oito. - revelou. - Pareço bem mais velho devido às várias noites que passei em claro estudando medicina. Construir uma bela carreira não é nada fácil.

- E Samuel?

- Vinte e oito. - respondeu.

- Dez anos mais velho. - destacou. - Deve ter dado muitos conselhos amorosos a ele.

- Não precisou muito. - negou. - Ele é bom em conquistar o que quer. - explicava. - Está interessada nele, senhora Jennie?

- Senhora? - indagou. - Por favor, eu tenho vinte e quatro. - retrucou, revirando os olhos. - E não, só quero saber que tipo de homem Samuel é. Nós vamos ter que fingir uma relação por enquanto, mas depois de hoje à tarde fiquei indisposta a fazer isso.

- Não considera que esteja fazendo isso para a sua segurança? - perguntou Bruce.

- Sim, mas pensei que seria como férias e não como um confinamento. - bufou. - Quero me divertir um pouco.

- Se você decidir levar esse relacionamento a sério novamente, posso levá-la para se divertir quando quiser - propôs. - Conheço lugares que você iria adorar.

- Quando eu quiser?

- Quando quiser. - afirmou, dando um riso de canto ao perceber o brilho no olhar dela. - Basta devolver um sorriso ao rosto do meu irmão.

No início, ao conhecer Bruce no hospital, a presença dele a incomodava. Agora, ela achava que podia confiar nele para ajudá-la.

- Tudo bem, eu vou.

...

            
            

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