Coroa e Sangue: Um romance Real
img img Coroa e Sangue: Um romance Real img Capítulo 8 Primeiro contato
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Capítulo 10 Não consigo entender img
Capítulo 11 Quero me aproximar. img
Capítulo 12 Ferida img
Capítulo 13 Por favor, acorde. img
Capítulo 14 Eu sei que é você. img
Capítulo 15 Ciúmes img
Capítulo 16 Mal entendido img
Capítulo 17 Fuga rápida img
Capítulo 18 Admitir img
Capítulo 19 Momento de se próximas img
Capítulo 20 Provocação img
Capítulo 21 Amor img
Capítulo 22 Protegendo img
Capítulo 23 Rei...demônio img
Capítulo 24 Casamento img
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Capítulo 8 Primeiro contato

Elore e Junne entraram na carruagem que as levaria ao castelo. O silêncio preenchia o espaço entre elas, mas era impossível não perceber o nervosismo que dominava Elore. Apesar do medo, ela se concentrava no propósito de sua jornada: garantir a dignidade de sua mãe e proteger sua família.

Enquanto a carruagem seguia pelos caminhos que levavam ao castelo do rei, Elore observava a paisagem pela janela. Seus pensamentos eram uma mistura de dúvidas e determinação. Junne, sentada ao seu lado, manteve-se alerta, oferecendo apoio silencioso.

Quando finalmente chegaram, foram recebidas por uma fileira de serviçais. Elore, desajeitada como sempre, tropeçou ao sair da carruagem. Seu pé ficou preso no vestido, e ela caiu de cara no chão.

"Senhorita!" exclamou Junne, ajudando-a a se levantar.

Elore sorriu de forma constrangida, tentando minimizar a situação.

"Bem, ao menos já deixei minha marca por aqui, não é?" brincou, ajeitando o vestido agora manchado.

Um homem de porte imponente se aproximou.

"Senhorita Elore, sou Ajax. Bem-vinda ao castelo. O rei está aguardando. Por favor, sigam-me."

Elore respirou fundo e seguiu Ajax pelo luxuoso corredor até a sala do trono. Cada passo parecia ecoar, amplificando seu nervosismo. Quando chegaram, ela ergueu os olhos para ver o rei. Sua presença era imponente.

"Bem-vinda, Elore," o rei disse, sua voz grave preenchendo o ambiente.

Elore endireitou a postura, decidida a não demonstrar fraqueza.

"Majestade, esta é Junne, minha companheira. Espero que não seja um problema que eu a tenha trazido."

O rei a observou atentamente, como se estivesse tentando desvendar quem ela realmente era.

"Não será um problema. No entanto, desejo falar com minha futura esposa a sós."

Junne hesitou, mas Elore a tranquilizou com um aceno.

"Está tudo bem, Junne. Espere lá fora."

Após a saída de Junne, o rei desceu do trono e se aproximou de Elore. Sua presença era intimidadora, mas ela manteve a calma.

"Por que você concordou em se casar comigo?" ele perguntou, indo direto ao ponto.

Elore sustentou seu olhar, sua voz firme e cheia de determinação.

"Porque você é o rei, do reino mais poderoso de Valermont "

Ele arqueou uma sobrancelha, intrigado.

"Por status, então?"

"Não. Não me importo com status."

O rei deu mais alguns passos em sua direção, sua curiosidade evidente.

"Então, por que está aqui? Poderia ter rejeitado , mas a sua família enviou você."

Elore ergueu o queixo, encarando-o sem medo.

"Minha família não teve escolha. Meu pai temia que você destruísse tudo. Mas eu vim por minha mãe. Não posso suportar vê-la sofrer."

Um lampejo de surpresa passou pelos olhos do rei.

"Pela sua mãe?"

"Sim, é algo pessoal," Elore respondeu, sua voz carregada de emoção.

Por um momento, o rei a estudou em silêncio. Então, ele recuou.

"Ajax!" ele chamou.

Ajax apareceu imediatamente.

"Leve a senhorita ao quarto dela."

Elore assentiu, pronta para encerrar a conversa. Antes de sair, o rei a interrompeu.

"Elore," ele disse, sua voz reverberando pela sala. "O jantar será às 20h. Não se atrase."

"Sim, majestade," ela respondeu, com um leve aceno de cabeça.

Quando chegaram ao quarto, Elore foi recebida por uma vista de tirar o fôlego: um jardim magnífico se estendia além das janelas, com flores de cores vibrantes e fontes de mármore decoradas.

"É lindo," ela murmurou, encantada.

Ajax abriu a porta e fez uma reverência.

"Se precisar de algo, estarei à disposição."

"Obrigada... Ajax, certo?" Elore perguntou, confirmando o nome.

"Sim, senhorita." Ele se retirou, deixando as duas sozinhas.

Elore olhou ao redor, maravilhada. "Isso é incrível!"

" O quarto ou o soldado?" Junne brincou, com um leve rubor nas bochechas.

"Definitivamente o quarto," Elore respondeu.

"Como você se sentiu com o rei?" Junne perguntou, curiosa.

"Não sinto medo," respondeu Elore, pensativa.

"Você é a única, senhorita. Ele me deixou apavorada," confessou Junne.

"Ei, estou aqui para te proteger," disse Elore com um sorriso. "Vamos explorar o jardim?"

Junne hesitou.

"Não sabemos como ele reagirá..."

"Eu assumo a culpa," disse Elore, determinada.

Junne suspirou, finalmente cedendo.

"Está bem, mas tenha cuidado."

Juntas, saíram para explorar o jardim.

Ajax entrou na sala do trono com passos firmes, o som de suas botas ecoando pelo chão de mármore impecavelmente polido. Sua postura era impecável, e a expressão em seu rosto denotava respeito e lealdade. Ele parou a poucos passos do trono, curvando-se profundamente diante do rei. Sua voz soou clara, com um tom que mesclava disciplina e dever:

- Sua Majestade, informo que os aposentos foram mostrados à senhorita Elore, conforme suas ordens. Há algo mais que o senhor precise?

O rei, que estava relaxado em sua cadeira de ouro maciço adornada com pedras preciosas, endireitou-se ligeiramente, seu olhar intenso pousando em Ajax como se quisesse ler sua alma. Ele inclinou a cabeça, intrigado, e perguntou:

- Bom trabalho, Ajax. Agora, diga-me, o que achou da jovem Elore?

Houve um breve silêncio enquanto Ajax considerava cuidadosamente suas palavras. Quando finalmente falou, sua voz era profunda e carregada de admiração genuína:

- Sua Majestade, ela é uma jovem única. Diferente de todas as nobres que já conheci. Há nela uma força de caráter e uma determinação que a fazem se destacar... - Ele hesitou, um leve sorriso suavizando sua expressão séria. - Exatamente igual quando éramos crianças.

O rosto do rei se iluminou com um sorriso que carregava não apenas satisfação, mas também um toque de nostalgia. Seus olhos, antes severos, agora brilhavam com um calor inesperado.

- Ela é exatamente como eu me lembrava - disse ele, em um tom que parecia mais um murmúrio para si mesmo do que uma resposta direta a Ajax.

Ajax permaneceu em silêncio, ainda inclinado em reverência, mas atento a qualquer nova ordem.

Enquanto isso, nos corredores iluminados por lustres ornamentados, Elore e Junne caminhavam lado a lado. Seus passos ecoavam suavemente, misturando-se à tranquilidade do ambiente. Quando entraram na biblioteca, o ar carregado do perfume sutil de livros antigos as envolveu como um abraço reconfortante. As estantes imponentes, que pareciam tocar o teto abobadado, estavam repletas de livros que sussurravam histórias de eras passadas.

Ela deslizou os dedos delicadamente sobre as lombadas dos livros, seu toque reverente como se estivesse lidando com um tesouro raro. Seus olhos brilhavam com fascinação enquanto ela exclamava:

- Uau, é lindo.

Junne, que sempre soubera da paixão de Elore por livros, olhou para a jovem com um sorriso compreensivo. A lembrança do sofrimento de Elore, causada pela proibição de sua madrasta em relação à leitura, fez seu peito apertar.

- Sei o quanto isso significa para você - comentou Junne, sua voz baixa e cheia de empatia.

Elore assentiu, e seus olhos escuros brilharam com uma mistura de emoção e melancolia.

- Ler sempre foi minha maneira de escapar... É mágico, sabe? Cada página oferece um novo mundo, uma nova esperança.

Antes que Junne pudesse responder, uma voz grave e autoritária ecoou pela biblioteca, cortando o momento de intimidade.

- Você sabe ler?

Ambas se viraram rapidamente, surpresas ao perceberem a figura imponente do rei à entrada da biblioteca. Sua presença parecia encher o ambiente, tornando o espaço ainda mais pequeno.

Elore piscou, tentando recuperar a compostura diante da pergunta inesperada. Seu coração acelerado parecia querer fugir do peito, mas ela manteve a cabeça erguida, respondendo com firmeza:

- Sim, Sua Majestade.

Os olhos do rei pousaram nela, e algo em sua expressão mudou. Ele parecia admirar não apenas a resposta, mas também a coragem por trás dela.

- Normalmente, as filhas não são ensinadas a tais coisas. Apenas a cuidar de seus maridos, aprender etiqueta e costura - comentou ele, o tom impregnado de críticas veladas aos costumes rígidos.

Elore hesitou por um momento, mas um pequeno sorriso curvou seus lá, ela respondeu com simplicidade, mas com um brilho desafiador nos olhos:

- Bem, eu não sei costurar.

O silêncio que se seguiu foi quase palpável. O rei estreitou os olhos ligeiramente, estudando-a como se tentasse desvendar o que havia por trás daquela ousadia. A tensão no ar aumentou, e Elore, percebendo que talvez tivesse ido longe demais, baixou os olhos, sentindo a necessidade de se desculpar.

Antes que pudesse dizer algo, o rei interrompeu o momento com um gesto abrupto.

- Está bem. Vou me retirar.

Sem mais palavras, ele virou-se e saiu da biblioteca, deixando Elore confusa e levemente inquieta.

Junne tocou levemente o braço de sua senhora, tentando confortá-la.

- Senhorita, está tudo bem. Ele não parecia zangado - disse com suavidade, sua voz carregando uma tentativa de tranquilizar.

Elore, no entanto, ainda estava perdida em pensamentos.

- Eu não o olhei de forma errada... - murmurou para si mesma, mordendo o lábio inferior, frustrada com a interação.

Junne apertou sua mão gentilmente.

- Eu sei que não, senhorita.

As duas ficaram em silêncio por um momento, permitindo que a serenidade da biblioteca as envolvesse novamente. Contudo, as palavras de Junne logo cortaram o ar, trazendo um aviso carregado de preocupação.

- Tenha cuidado, senhorita.

Elore franziu o cenho, intrigada.

- O que quer dizer com isso, Junne?

A jovem dama de companhia hesitou, como se temesse falar mais do que deveria.

- Apenas... tome cuidado com o rei. Ele é um homem complicado.

- Eu vou - respondeu Elore com um leve sorriso, tentando aliviar a tensão. Ela puxou Junne para um breve abraço, sentindo o calor reconfortante da amizade que compartilhavam.

Quando se afastaram, Elore passou os olhos pelas estantes e escolheu um livro com uma capa simples, mas que parecia prometer uma história envolvente.

- Você quer que eu leia para você? - ofereceu, sua voz animada ao pensar na possibilidade de compartilhar algo que amava.

O rosto de Junne se iluminou, seus olhos refletindo entusiasmo.

- Claro, senhorita!

Elore abriu o livro e começou a ler, sua voz fluindo como uma melodia suave, desenhando cenas vívidas que envolviam as duas. A história de Esmeril e Augusto, com sua beleza e tragédia, foi se desenrolando, criando uma atmosfera mágica na biblioteca.

Elore começou a leitura:

"Num jardim tranquilo e sereno, Esmeril e Augusto se deleitavam na alegria de amar livremente. Após superarem os obstáculos impostos por suas famílias, eles caminhavam de mãos dadas, saboreando a beleza das estrelas cintilantes no céu noturno. A paz reinava no ar, preenchendo seus corações de felicidade.

Decidiram subir até a sacada para ter uma visão mais clara das estrelas. Enquanto Esmeril contemplava o céu, um vento frio soprou, fazendo-a tremer. Percebendo o desconforto de sua amada, Augusto prontamente tirou seu casaco e o colocou sobre os ombros dela. Esmeril olhou para ele com olhos marejados, comovida com o gesto carinhoso. Seus olhares se encontraram, e ambos sorriram.

- Meu sonho se tornou realidade - disse Augusto.

- E qual era o seu nobre sonho, senhor? - perguntou Esmeril, curiosa.

- Admirar você, tocar você, sentir você é minha maior felicidade - respondeu ele, e Esmeril sorriu, se aproximando dele e sussurrando suavemente em seu ouvido:

- Eu te amo, Gus.

O homem olhou profundamente em seus olhos e se inclinou em direção à sua boca, beijando-a lentamente com amor e ternura, enquanto um fogo apaixonado os envolvia. Quando interromperam o beijo, mantiveram suas testas unidas, sussurrando um para o outro:

- Eu te amo, Esmeril - disseram em uníssono.

No entanto, a paz foi abruptamente interrompida por uma explosão ensurdecedora. Ao se afastarem, Esmeril percebeu que Augusto estava sangrando, atingido por um tiro disparado pelo próprio pai. Seu pai permaneceu imóvel, olhando para ela.

- Pai, o que você fez? - gritou Esmeril, em meio às lágrimas, enquanto o corpo inerte de seu amado caía da sacada.

- Um Carpter jamais fará parte da família Luffley - proclamou o pai, frio e implacável.

- Renuncio a esse sobrenome, renuncio a essa família! - exclamou Augusto, revoltado pela traição de seu pai.

Enquanto subia na borda da sacada, Esmeril o encarou com determinação.

- Pela eternidade, seremos nós.

- Desça daí agora! - gritou o pai, mas era tarde demais. Esmeril se jogou e caiu ao lado de seu amado, ambos encontrando paz eterna na morte."

À medida que Elore lia, sua própria voz vacilava em alguns trechos mais emocionantes. Quando chegou ao fim da história, onde a tragédia se revelava, ela levantou os olhos e viu Junne enxugando lágrimas com as mãos trêmulas.

- Junne... - murmurou Elore, sua voz gentil, tocada pela reação de sua amiga.

Junne fungou, tentando conter os soluços.

- Desculpe, senhorita. É só que... é tão triste. Eles mereciam viver esse amor.

Elore envolveu Junne em outro abraço, apertando-a com firmeza.

- Eles estarão juntos pela eternidade - tentou consolar, embora sentisse uma pontada de melancolia no próprio coração.

Junne balançou a cabeça, ainda emocionada.

- Mas não é justo, senhorita. Eles deveriam ter tido mais tempo.

As duas ficaram em silêncio por alguns instantes, absorvendo a intensidade da história. O relógio ao fundo da biblioteca emitiu um som sutil, e Elore percebeu que estava atrasada.

- Já passou da hora do jantar, e nem me arrumei ainda! - exclamou, alarmada, enquanto se levantava.

Junne secou as lágrimas rapidamente e sorriu.

- Vamos, senhorita. Ainda temos uma longa noite pela frente.

Elore segurou a mão de Junne, o olhar determinado.

- E eu estou ansiosa para descobrir o que mais essa aventura nos reserva.

Juntas, elas deixaram a biblioteca, os passos ecoando pelos corredores do castelo. No entanto, em suas mentes, a história de Esmeril e Augusto ainda ecoava, um lembrete pungente do preço que o amor e a intolerância podem cobrar.

            
            

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