MARCADA PELO ALFA MALDITO
img img MARCADA PELO ALFA MALDITO img Capítulo 4 A Sombra Que Me Observa
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Capítulo 12 O Perigo Esconde-se nas Sombras img
Capítulo 13 Ciúmes, Fúria e Sangue img
Capítulo 14 O Monstro Que Ele Teme... img
Capítulo 15 Eu a Ferrei. Eu a Ferrei. Eu a Ferrei. img
Capítulo 16 Meu Nome Ainda Está em Sua Pele img
Capítulo 17 O Lobo Que Eu Salvei img
Capítulo 18 Um Alfa À Minha Porta. Outro No Meu Pensamento. img
Capítulo 19 O Baile Começou. A Caçada Também. img
Capítulo 20 A Fome no Ar e Lobos Sem Dono img
Capítulo 21 Antes Que o Sangue Seque img
Capítulo 22 O Eco da Vila Morta img
Capítulo 23 Aquilo Que Nunca Devíamos Ser img
Capítulo 24 Onde o Medo se Disfarça img
Capítulo 25 Instinto, Mentira e Feromônio img
Capítulo 26 Draxa e Outras Heresias img
Capítulo 27 De Volta à Capital, de Volta ao Caos img
Capítulo 28 A Máscara e o Nome Emprestado img
Capítulo 29 O Coelho e os Príncipes img
Capítulo 30 Entre Máscaras e Garras img
Capítulo 31 Quando o Lobo se Levanta img
Capítulo 32 O Nome Dela Preso na Garganta img
Capítulo 33 O Lobo Queimando Sob a Pele img
Capítulo 34 Ela Não Sabe Que é Minha img
Capítulo 35 A Mão que Ela Escolheu img
Capítulo 36 O Instinto Que Me Conduz img
Capítulo 37 Enquanto o Mundo Espreita img
Capítulo 38 O Instinto Antes do Trono img
Capítulo 39 Do Suspeito ao Cerco img
Capítulo 40 Quando o Medo Conhece o Nome da Fera img
Capítulo 41 Quando o Lobo Tira a Máscara img
Capítulo 42 Diplomacia em Sangue Frio img
Capítulo 43 A Ira do Herdeiro img
Capítulo 44 O Último Limite img
Capítulo 45 Entre o Veneno e o Vínculo img
Capítulo 46 Convite Disfarçado de Ameaça img
Capítulo 47 Você Já É Dele img
Capítulo 48 Se Me Colocou no Tabuleiro, Vai Me Ouvir img
Capítulo 49 Ou Me Seguem, ou Caiam Comigo img
Capítulo 50 A Coroa se Curva à Vontade do Alfa img
Capítulo 51 Se Você Me Deixar Ficar img
Capítulo 52 Onde o Medo Cede img
Capítulo 53 Onde o Corpo Descansa e o Coração Desperta img
Capítulo 54 Onde Meus Fantasmas Foram Vistos img
Capítulo 55 O Beijo Que Veio Depois da Verdade img
Capítulo 56 O Lobo Que Aprende a Esperar img
Capítulo 57 Quando a História É Escrita nas Sombras img
Capítulo 58 A Guerra Sob a Pele do Reino img
Capítulo 59 Aquilo Que o Sangue Não Pode Esconder img
Capítulo 60 Quando o Corpo Grita Antes da Alma img
Capítulo 61 Entre Presas e Promessas img
Capítulo 62 Depois do Uivo, o Silêncio img
Capítulo 63 Sabia Demais img
Capítulo 64 Onde a Luz Não Entra img
Capítulo 65 Quando o Elo Vacila img
Capítulo 66 Ecos de Um Novo Coração img
Capítulo 67 Aquilo Que Se Diz Brincando... img
Capítulo 68 Convite para a Sombra img
Capítulo 69 Viva... ou Morta img
Capítulo 70 Sangue de Experimento img
Capítulo 71 O Custo do Sangue Raro img
Capítulo 72 O Despertar do Lobo Ancestral img
Capítulo 73 O Uivo que Rasgou Tratados img
Capítulo 74 Sangue na Neve img
Capítulo 75 A Forma Que o Amor Moldou img
Capítulo 76 A Voz Que Me Trouxe de Volta img
Capítulo 77 As Promessas e os Traidores img
Capítulo 78 Quando o Rei Desperta img
Capítulo 79 Segredos Sob as Cinzas img
Capítulo 80 Tratado de Sombras img
Capítulo 81 A Noiva e a Coroa img
Capítulo 82 Na Véspera do Amanhã img
Capítulo 83 A Coroação do Lobo e da Lua img
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Capítulo 4 A Sombra Que Me Observa

POV ENRICA

Acordei com uma estranha sensação de vazio, um aperto incômodo no peito que se espalhava antes mesmo que minha mente pudesse processar o motivo. Algo estava errado.

Permaneci imóvel por um instante, esperando que essa impressão se dissipasse, que fosse apenas um resquício de algum sonho que já havia se esvaído na inconsciência. Mas não passou. Era real.

Meu corpo sabia antes mesmo que meus olhos se abrissem. O peso ao meu lado, o calor constante que havia preenchido o pequeno espaço da cabana nas últimas horas, havia desaparecido.

Meu coração perdeu um compasso.

Virei-me devagar, meus dedos deslizando pelo colchão improvisado até onde ele havia estado na noite anterior. Tudo o que encontrei foi o frio.

Meus pulmões se encheram, mas o ar pareceu pesado, difícil de ser puxado.

Eu sabia que isso aconteceria. Ele era um lobo selvagem, pertencente à floresta. Mas, ainda assim, a confirmação de sua ausência me atingiu com mais força do que deveria.

Sentei-me, levando uma das mãos ao rosto enquanto tentava organizar os pensamentos. Eu não podia ficar assim, inquieta por algo que já era previsível. Ele não era meu hóspede, muito menos meu companheiro. Eu o ajudei porque era a coisa certa a fazer, e ele simplesmente se foi. Como deveria.

Então, por que meu peito se sentia tão apertado?

Meu olhar percorreu a cabana, uma parte de mim esperando encontrá-lo em algum canto, ainda fraco demais para ter ido longe. Mas não havia sinal dele. Apenas um detalhe chamou minha atenção.

O cobertor que eu havia usado para cobri-lo estava dobrado sobre minha cama.

Meu estômago se revirou com essa constatação. Ele não havia partido às pressas ou em um instinto de sobrevivência. Ele teve tempo para se levantar, se afastar e ainda deixar aquilo ali.

Me levantei em um impulso, os pés tocando o chão frio de madeira enquanto minha respiração acelerava em uma inquietação crescente. Com passos rápidos, alcancei a porta e a abri, permitindo que o ar cortante da manhã me envolvesse.

O mundo lá fora estava silencioso demais.

A floresta parecia contida, como se segurasse a respiração. Minhas mãos se apertaram contra a borda da porta quando meus olhos encontraram as pegadas na neve.

Elas levavam para a mata densa.

Saí da cabana, meus pés afundando levemente no chão gelado enquanto meus olhos seguiam o rastro. As marcas eram fundas, nítidas. Ele ainda não deveria estar completamente recuperado, e isso significava que não podia ter ido muito longe.

Mas então, elas simplesmente desapareceram.

Apenas neve intocada diante de mim.

Meu coração deu um salto desconfortável. Isso não era normal.

Meus olhos varreram os arredores, buscando alguma resposta para aquilo. Nenhuma trilha secundária, nenhum sinal de um salto, nenhum vestígio de que ele tivesse mudado de direção. Ele estava ali... e então não estava mais.

Minha garganta secou, e um nó se formou em meu peito. Algo não estava certo.

E então, de forma sutil, eu senti.

O ar ao meu redor carregava um cheiro diferente. Forte, denso.

Minha respiração falhou no mesmo instante.

Meu corpo reagiu antes da minha mente processar o que acontecia. Meus pulmões se encheram involuntariamente, minha pele formigou com um calor desconhecido, como se algo invisível me envolvesse e tomasse conta de cada parte de mim.

Minha mente tentou resistir, mas meus instintos gritavam uma verdade que eu não queria admitir.

Aquele cheiro não estava ali antes.

Era marcante, intenso, possessivo.

Minhas mãos se fecharam ao lado do corpo enquanto tentava raciocinar, mas meu lobo se agitou sob minha pele, inquieto, em alerta. Era um cheiro de Alfa.

Engoli em seco.

Eu não tinha certeza se pertencia ao lobo que eu havia resgatado. Poderia ser de qualquer um, poderia ter vindo com o vento. Mas, se fosse dele, por que eu só estava sentindo agora?

Meus olhos se voltaram para a cabana. O cheiro estava lá dentro também. Na madeira, nas paredes. Como se tivesse sido deixado ali intencionalmente.

Minhas entranhas se retorceram com essa ideia.

Eu conhecia muito bem a intenção por trás disso. Era um aviso silencioso.

Alfas não deixavam seus cheiros ao acaso.

Era um sinal de posse.

Meu peito subia e descia de forma irregular, a respiração presa entre a incredulidade e a inquietação. Eu não podia simplesmente aceitar essa ideia sem provas concretas.

Mas então, a sensação de estar sendo observada tomou conta de mim.

Meus instintos ficaram em alerta máximo, cada músculo do meu corpo enrijecendo. Me virei rapidamente, os olhos analisando cada sombra entre as árvores.

Nada.

Nenhum movimento, nenhum som. Mas meu lobo sabia.

Alguém estava ali.

A floresta permanecia imóvel, como se esperasse que eu fizesse algo.

Um frio percorreu minha espinha.

Eu deveria voltar para dentro, ignorar essa sensação, deixar essa história para trás e seguir minha vida como se nada tivesse acontecido.

Mas, por mais que tentasse, algo dentro de mim se recusava a acreditar que aquilo terminaria ali.

Com um último olhar desconfiado para a mata silenciosa, me virei e entrei na cabana, fechando a porta atrás de mim com um peso que não estava ali antes.

Apoiei-me contra a madeira, soltando um suspiro trêmulo, enquanto tentava acalmar meu coração acelerado.

Eu precisava tirar essas ideias da cabeça.

***

POV CALEB

Meus deveres como príncipe exigiam minha atenção, e eu tentava, com todas as forças, me convencer de que nada havia mudado.

Mas era mentira.

Os salões do castelo fervilhavam com a movimentação costumeira, conselheiros discutindo alianças, soldados marchando pelos corredores de pedra, ecos de ordens e estratégias que deveriam ser minha prioridade. Mas não eram.

Minha mente estava em outro lugar.

Com ela.

A lembrança de seu cheiro ainda pairava ao meu redor, insistente como um veneno que não podia ser expelido. O vazio deixado por sua ausência se espalhava dentro de mim como uma ferida aberta. Eu não deveria sentir isso. Eu odiava sentir isso.

- Você está estranho, Caleb. - Samuel quebrou o silêncio ao meu lado, cruzando os braços enquanto me analisava com o olhar atento. - Desaparece por quatro dias, volta cheio de ferimentos e agora age como se estivesse possuído. O que diabos aconteceu?

- Foi um vacilo - murmurei, sem vontade de prolongar o assunto.

- Vacilo? - Oliver ergueu uma sobrancelha, descrente. - Você nunca vacila.

Ignorei a provocação e continuei andando, mas sabia que eles não largariam do meu pé tão facilmente.

- Caçadores - esclareci, seco. - Fui atingido, mas nada grave.

Oliver soltou uma risada irônica.

- Nada grave? Você parecia um maldito cadáver. E como diabos conseguiu escapar daquele jeito?

Minha mandíbula se contraiu. Eu sabia que não conseguiria escapar dessa conversa sem dar respostas. Suspirei, vencido.

- Fui salvo por um ômega.

O silêncio caiu entre nós como um trovão abafado. Os dois se entreolharam antes de explodirem em risadas.

- Você? Salvo por um ômega? - Oliver zombou, apoiando-se contra a parede. - Essa eu preciso ouvir.

Samuel ainda me observava com cautela, sua incredulidade evidente.

- Você nunca aceitou ajuda de ninguém, muito menos de um ômega. O que mudou?

Passei a mão pelo rosto, exausto.

- Eu não tive escolha. Ela me encontrou quando eu estava quase inconsciente e cuidou dos meus ferimentos.

Samuel inclinou a cabeça, avaliando minhas palavras.

- Ela? Então é uma ômega.

- O nome dela é Enrica - admiti, quase contra minha vontade. - Mas não sei muito sobre ela.

Oliver assobiou baixo.

- Uma desconhecida que salvou sua vida? Interessante. Aposto que ela já tem um alfa.

O sangue subiu instantaneamente à minha cabeça. Um rosnado gutural escapou de minha garganta antes que eu pudesse conter.

Oliver me encarou, surpreso, enquanto Samuel ergueu as mãos em rendição.

- Calma aí - ele disse, ainda pasmo. - Desde quando você se importa se uma ômega tem ou não um alfa?

Oliver analisou minha expressão com um brilho divertido nos olhos.

- Você nunca ligou para essas coisas de Luna, de vínculos, de ligação de sangue. Nunca quis se prender a ninguém. Mas agora... - ele estreitou os olhos. - Isso parece te incomodar.

Minha respiração ficou pesada.

Eu odiava admitir, mas a ideia de Enrica pertencendo a outro era insuportável.

- Não seja ridículo - murmurei, tentando retomar o controle. - Só estou dizendo que não devemos tirar conclusões precipitadas.

Samuel e Oliver trocaram um olhar carregado de significado. Meus punhos se cerraram quando Oliver abriu um sorriso zombeteiro.

- Pelo jeito, alguém já deixou sua marca naquela cabana - ele provocou. - Aposto que a floresta inteira sabe que você esteve lá.

Samuel arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.

- Você fez isso, não fez? - seu tom não era acusador, apenas curioso. - Marcou o território.

Outro rosnado reverberou em meu peito antes que eu pudesse impedir. Oliver riu.

- Acho que não precisamos de resposta. Sua reação já disse tudo.

Eu os encarei com um olhar afiado, mas eles não pareciam intimidados.

- Isso não significa nada - retruquei, minha voz saindo mais ríspida do que eu pretendia. - Foi instintivo.

- Ah, claro - Oliver sorriu ainda mais. - Instintivo.

O fato de que estavam certos só tornava tudo pior. Eu sabia o que fiz.

Deixar meu cheiro impregnado na cabana, marcá-la como parte do meu território... eu não deveria ter feito isso.Mas fiz. E agora eu não conseguia parar de pensar nisso. Ou nela.

            
            

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