Capítulo 6 Cidadezinha (2)

- Com o que? - pergunto desconfiada pelo medo que me toma

- Espantar o rato para ele vim na direção da caixa.

-Ah tudo bem então.

Desço do sofá ando alguns passos até a estante e me posiciono pra ter uma forma melhor de fazer um barulho ou algo do tipo para assustá-lo

- No três você bate na madeira, okay?

- S... sim

- Um.... dois...... pronta?

-Sim.

-Três.

Bato na madeira com tanta força que um livro cai no chão fazendo um estrondo maior do que eu estava imaginando, saio do canto pegando o livro da capa grossa da cor roxa que está bem empoeirado pra ler seu nome, ponho ele no mesmo lugar dos outros livros no seu devido lugar. O rapaz está agora com a caixa fechada provavelmente com o animal dentro, ele tira do bolso uma chave de fenda fazendo buracos pela caixa para entrar o oxigênio, com um sorriso vitorioso ele se levanta ficando na minha frente com seu olhar cor de mel fixo em mim, pela primeira vez na minha vida, eu não estou sentido medo do sexo ao contrário do meu... é esquisito essa sensação de poder confiar em um homem que não fosse o Alfred. Mas eu nunca senti esses formigamentos estranho na barriga e o coração ficar agitado com Alfred ou algo diferente.

-Prazer me chamo Eduardo. - Ele estende sua grande mão em minha direção na intenção de me cumprimentar

-Prazer... me chamo Cristal.

No momento que apertando a sua mão senti um estalo na minha mente, por medo desfaço rapidamente o aperto com um sorriso sem graça, mas seu olhar continua fixado nos meus olhos como se ele estivesse procurando alguma coisa dentro de mim.

-Bom.... Muito obrigado por me socorrer.

- Não precisa agradecer, eu estava passando para ir na oficina ajudar meu irmão e escutei.

- Até minha porta foi para os ares.

-Não precisa ficar preocupada, rapidinho arrumo uma porta para pôr no lugar da outra.

-Obrigada.

-Não me agradeça eu que quebrei sua porta, não sabia que ela iria quebrar na primeira tentativa.

-A minha casa toda está cheia de cupim.

-Sim.... Tenho que ir soltar a ratazana depois eu volto com uma porta.

-Ah sim, tudo bem.

Eduardo sai deixando seu cheiro de capim limão pela sala empoeirada e bagunçada, respiro fundo tomando coragem para arrumar a bagunça da casa. Saio da sala a procura de uma vassoura e uma pá, encontro no canto da geladeira com uma tonelada de poeira grudado nelas, ignoro esse pequeno detalhe e vou limpando a cozinha deixando a mais limpa possível, logo perto da cozinha tem uma porta de madeira fechada, com a minha curiosidade abro vendo uma cama de casal de madeira da cor escura o colchão e um armário de madeira da cor vermelha a duas janelas entre a cama a uma porta que só poderia ser o banheiro... A casa está quase limpa quando escuto uma voz feminina da Vivian me chamando, saio do banheiro e vou em direção a sala. Logo encontrando a menina dos cabelos lisos da cor preta, da pele vermelhada me esperando com um vestido azul bebê com uma vasilha em mãos e um sorriso radiante entre os lábios.

-Desculpa incomodar eu tentei bater na porta, mas não achei...

-Tudo bem...... a história da porta é uma longa história.

-Ah tudo bem, minha vó pediu para entregar esse pedaço de torta salgada que ela fez para você.

-Ah obrigada Vivian agradeça sua vó pela torta.

-Mas como que você ficou sem porta?

-Bom.... eu achei uma ratazana de baixo da geladeira, com isso comecei a pedir ajuda e chegou um rapaz aqui em casa que arrombou a porta deixando-a em pedaços.

-Esse rapaz e bonito é qual o nome dele?

-Ele falou que era Eduardo.

-Ah você conheceu Eduardo, ele e um rapaz muito bom.

-Então você o conhece?

-Sim, todo mundo dessa pequena cidade se conhece. Eu, Eduardo e outras crianças brincava na mina, a gente se conhece desde pequeno, mas algumas pessoas se afastaram e mudaram muito.

-Quem são essas pessoas?

-O irmão do Eduardo é um deles......

-Irmão?

-Sim, Matheus.... ele tem uns trinta e oito anos agora, ele sempre foi um cara que cuidava de mim me ajudava não se importava com meu problema de visão, mas no dia do meu aniversário de dezesseis anos ele se afastou de mim o único que ficou foi Eduardo.

-Assim do nada?

-Sim, eu não sei o que aconteceu.

-Que estranho.

-Muito, o pior que eu sentia algo por ele.

-Homem e assim mesmo não fica triste.

-Não estou triste, hoje em dia com meus dezenove anos eu me sinto muito bem em dizer que sou uma nova mulher independente.

-Que bom, fico feliz em escutar isso.

-E você cristal já se apaixonou por alguém?

-Sim... e não foi muito bom essa experiência.

-Vamos mudar de assunto estou sentindo o clima fica um pouco pesado.

-Sim... que um pedaço da torta?

-Aceito sim.

Estou horas conversando com Vivian sobre assuntos aleatórios, nunca da minha vida eu tinha pensado em conversar com facilidade com alguém que mal conheci. Estou muito feliz que minha vida está mudando de uma forma, isso me deixa bastante aliviada para fazer minha pequena vida seguir em frente longe daqueles que me infernizou ou mesmo me perturbou deste de pequena. Ana Lima morreu agora quem está vivendo dentro de mim e uma nova mulher chamada Cristal, uma mulher e dependente, imponderada e segura de si, sem medo do seu futuro, era isso que eu sempre quis.

-Cristal vai ter uma festa junina e eu quero muito que você participa para conhecer, mas os moradores.... e claro se não quiser eu irei entender.

-Claro que eu aceito, só não sei onde vai ser.

-Esteja pronta, amanhã as dez horas da noite.

-Eu não tenho uma roupa para festa junina.

-Eu tenho e posso te emprestar algumas.

-Obrigada.

-Agora eu preciso ir, minha vó deve estar preocupada comigo já.

-Sim, vou te acompanhar até a porta.

Me levanto para acompanhar Vivian mais somos interrompidas por Eduardo que chega com uma caixa de ferramentas da cor amarela a um homem acompanhando ele que está segurando uma porta de madeira. O rapaz do penteado de dread dos olhos castanhos escuros está fixado na Vivian igual Eduardo olhava pra mim algumas horas atrás. O homem tem alguns traços que lembra do Eduardo com seus lábios carnudos até a sobrancelha grossa com uma falha.

            
            

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