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Capítulo 5
Eliza Altheron
Eu me segurei no painel, os dedos doendo, a cabeça latejando com medo e ódio enquanto ele acelerava.
- Você é minha agora, porra! - Liam rosnou, virando o volante bruscamente enquanto fugíamos do carro preto - VAI ME OBEDECER! FAZER O QUE EU MANDAR!
- Nunca! - cuspi a palavra, sentindo a garganta arder. - Você acha que pode simplesmente me levar?! Me obrigar?!
O carro saltou numa lombada e voltou ao chão com um baque violento. Liam nem piscou.
- O velho já preparou tudo, Eliza - ele disparou, os olhos cravados na estrada escura. - Casamento, documentos. Só falta sua assinatura, caralho! Eu fiz a porra do serviço, você é a recompensa e vou te levar comigo!
- Eu nunca vou assinar essa merda! - gritei, com a voz embargando. - Nunca!
Ele riu, uma risada seca e sem humor.
- Vai, sim. Nem que eu tenha que amarrar você pra isso. Tenho direitos.
O carro preto atrás de nós se aproximava rápido. As luzes dançavam no retrovisor como olhos de uma fera.
Liam xingou baixinho, abriu o porta-luvas e puxou uma arma. Sem cerimônia, ele enfiou o metal gelado na minha mão.
- Mira pra trás e aperta o gatilho, gata - ele ordenou, tinha a voz fria como aço.
Eu olhei para a arma, trêmula. Olhei para trás.
As luzes do carro inimigo cegavam meus olhos.
- Eu... eu não sei - gaguejei. - Não consigo ver direito!
- Então sobe em mim! Senta no meu colo! - ele gritou, jogando o carro pra esquerda pra escapar de um golpe do perseguidor. - Fica de frente pra eles e mete bala, Eliza! Mostra que não é a sonsa que me pareceu quando te vi.
Meu cérebro desligou. Eu só obedeci por raiva.
Escalei o banco com dificuldade, com o coração na boca, e me sentei no colo dele, de frente para o vidro traseiro, tentando mirar como ele mandou. O carro balançava violentamente sob nós dois, mas eu me ajeitei como pude, engatando uma perna de cada lado dele.
- Mira nas luzes, porra! - Liam rugiu, a mão firme no volante, o corpo tenso sob o meu.
Segurei a arma com as duas mãos, joguei o corpo todo pro lado da janela, fechei um olho, respirei fundo - e atirei.
O vidro traseiro estilhaçou em pedaços. O carro preto se desviou, mas continuou vindo.
Eu disparei de novo, e de novo, a mão doendo, o coração disparado.
Então - senti. Debaixo de mim, o volume endurecido, quente e pulsante de Liam.
O choque me congelou. Parei de atirar. Eu estava praticamente sentada no pênis dele, com os seios na sua cara, sem usar nenhum sutiã. Nossos corpos praticamente colados. Caramba! Ele é um homem grande, que sensação incrível!
Minhas mãos tremeram, o gatilho escorregou dos meus dedos. O corpo de Liam estava tenso, duro - e não apenas pela adrenalina. Ele estava excitado. Isso me deixou estranha, quente.
Fiquei imóvel, sentindo o sangue subir ao meu rosto. Olhando pra ele enquanto dirigia.
Liam soltou um rosnado abafado, uma mistura de raiva e desejo contido.
- Continua atirando, porra... - ele sussurrou rouco, a voz rouca de tensão - ...ou juro que te faço esquecer desses filhos da puta aqui e agora. Vá ser gostosa assim na puta que pariu!
Minha respiração travou na garganta. O que eu tinha acabado de provocar? Ele é um homem. Um baita homem.
- Ah, esquece! Vou descer! - sussurrei, empurrando seu peito firme, tentando manter a sanidade.
Mas o volume latejante entre nós parecia zombar de qualquer tentativa de lucidez.
Meu Deus do céu!
O carro preto ainda estava atrás... Apontei a arma novamente, até que, de repente, ele desapareceu numa curva da estrada, sumindo como um fantasma na noite.
Tudo ficou silencioso. Só o motor do carro rugindo, e nossos corpos colados demais. Liam soltou uma risada baixa, cheia de malícia e frustração.
- Que pena - murmurou, com sua voz grossa - Eu até que estava me divertindo vendo você rebolar em cima de mim.
Eu arregalei os olhos, o rosto queimando de vergonha.
- Seu... seu nojento! - esbravejei, tentando sair de cima dele, mas Liam largou o volante por um segundo e segurou minha cintura com força.
- Fica quieta - rosnou. - Fica quieta e sente.
- Eu não sou uma das suas vadias! - rebati, mas minha voz soou fraca até pra mim mesma.
Ele riu, um som rouco que fez cada pêlo do meu corpo se eriçar.
- Ainda não.
- Nunca! - retruquei, com um ódio que era muito mais medo... e outra coisa que eu me recusava a nomear.
Ele me olhou, os olhos de um verde vibrante, cheios de algo que eu nunca tinha visto de perto - desejo bruto, violento, faminto.
- Para de bancar a santa, Eliza. Eu te vi no jardim dando uns beijos quentes num cara - ele disse, com desprezo. - Eu sei que você tá sentindo. Tá toda molhada sentada em mim.
Eu queria socá-lo.
- Maldito assassino.
Mas o que eu fiz?
Joguei a arma no banco traseiro com um gesto impulsivo, ignorando tudo que minha cabeça gritava. Imediatamente ele encostou o carro na beira da estrada.
E então - me inclinei e beijei o desgraçado.
Com raiva, com fome, com a inocência desesperada de alguém que nunca teve nada e, pela primeira vez, queria tudo.
Nossos lábios se chocaram com violência.
Liam respondeu no mesmo segundo, com uma força brutal, dominando minha boca, a mão subindo pelas minhas costas até enroscar no meu cabelo, puxando meus fios com brutalidade.
Ofegante, eu me apertei mais contra ele, sem nem saber o que fazia. Só sentia, porque sabia que de alguma forma eu o estava provocando.
Eu nunca tinha conhecido o corpo de um homem. Só tinha beijado o coroinha do padre que visitava o internato - um beijo seco, sem alma, tão sem vida quanto todo o resto daquele lugar.
Mas Liam... Liam é o caos, o fogo, o veneno e cura ao mesmo tempo.