Quando a puxei para mim, pela cintura, pude sentir o calor do corpo dela, mas nada se comparou a quando a empurrei contra a porta. O cheiro de Melanie era delicioso e a reação do corpo dela ao meu toque me fez imaginar as muitas coisas que eu adoraria fazer com ela, por isso, me afastei e saí daquele apartamento.
Ao chegar em casa, Magno me esperava, tivemos nossa diversão com Raniero e, depois, precisei que o médico desse uma olhada em mim.
"O que diabos andou fazendo?", meu pai perguntou, olhando para o sangue do meu abdômen. "Você saiu da festa sem falar comigo e volta desse jeito?"
"Pai, por favor, o fratello estava com a noiva,", Magno falou e piscou para mim.
"Ainda assim!", meu pai reclamou e passou a mão pelos cabelos. "Será que não consegue nem esperar o ferimento ficar melhor para então colocar as mãos na sua noiva?"
"É que... é mais forte do que eu, pai. Eu a amo," falei na maior cara de pau e meu pai apenas balançou a cabeça.
"Costure direito, dessa vez! E você... vai descansar!"
"Sim, senhor. Mas pai?"
Ele, que já estava caminhando para a porta, parou e olhou por sobre o ombro.
"O que foi?"
"Amanhã Mel e eu nos casaremos no civil,"
"Certo."
A resposta curta e seca dele foi dada antes que a porta se fechasse atrás dele. Recostei minha cabeça no travesseiro enquanto Magno mantinha as mãos nos bolsos e me observava.
"O que foi, irmão? Admirando a beleza que você não herdou?"
"Você é tão engraçadinho!", Magno retrucou e suspirou. "O que te fez sangrar desse jeito? Você nem encostou no Cappa."
Revirei os olhos.
"Como você mesmo disse, eu estive com a minha noiva."
"E ela deixou você com o trabalho duro?", ele perguntou e eu notei o sarcasmo.
"Magno, Melanie e eu apenas nos beijamos, nada mais. O problema é que eu já estava mal desde a festa. Não tive um minuto de descanso,"
"Certo,"
Ele parecia não acreditar, mas eu não estava mentindo. Sinceramente, adoraria dizer que eu tinha aberto os pontos enquanto me deliciava com a bela loira que seria a minha esposa, mas não era esse o caso. Realmente foi apenas má sorte.
"O senhor precisa tomar os antibióticos, porque isso aqui não está nada bom," o médico me informou e seu olhar era sério. "O senhor não quer morrer por causa desse tiro, não é?"
"Não. Podem se retirar. Eu vou descansar, agora,"
Os dois saíram e eu finalmente pude ter um pouco de paz. Eu odiava dormir sem banho, mas francamente, pior seria me mover demais e abrir novamente aqueles malditos pontos. Que inferno! O desgraçado que tinha me causado aquele ferimento estava morto, mas o mandante dele... eu descobriria quem era. Algo me dizia que não era um indivíduo de outra máfia ou gangue, mas um dos nossos.
Pela manhã, Magno me ajudou a tomar banho. Eu não confiaria em mais ninguém, além do meu pai, porém, ele já estava mais velho e seria um absurdo ocupar o homem com isso.
Assim que coloquei uma roupa e me recostei na cama, sentindo-me um inútil, minha mãe entrou no quarto, cheia de preocupação.
"Mio bambino!", ela falou e eu apenas suspirei. Abri a minha boca para falar que ela não deveria me chamar assim, quando percebi alguém na porta. Droga! "Atanasia, meu bem entre!"
Se ela não fosse a minha mãe, teria ouvido uma boa grosseria. Aquele era o meu quarto!
"Mãe, este é o quarto do Cesare. Não acha que Atanasia, que não é mulher dele, estar aqui seja um tanto quanto... errado? Ela é solteira."
"Magno, fique quieto!", minha mãe ralhou com ele, que apenas deu de ombros e me olhou, como quem dizia 'eu tentei'.
Lancei a Atanasia um olhar de reprovação. Minha mãe podia não ter noção, já que queria forçar algo entre aquela mulher e eu, porém, Atanasia deveria compreender que eu não queria nada com ela. Se eu quisesse, inferno, já teria desposado a mulher! Teria me poupado muito trabalho! Mas não, ela era insuportável e mesmo Melanie sendo difícil, eu a escolheria mil vezes.
Atanasia, claro, ignorou o meu aviso visual e continuou a entrar no meu quarto, ficando logo atrás da minha mãe.
"E-eu fiquei preocupada, Cesare," ela disse e eu mantive o rosto sem expressão.
"É verdade, Cesare. Atanasia soube que você estava machucado e não conseguiu nem dormir direito! Ela é uma mulher muito sensível."
"Então por que a senhora contou a ela, se sabe que ela não aguenta?"
"Cesare!", minha mãe torceu a boca. "Atanasia é minha amiga, como eu não contaria a ela? Além disso, sabe o quanto ela gosta de você." Então, minha mãe olhou em volta."E a sua noiva? Você está machucado e ela não deu as caras! Humpf, isso mostra o quanto ela se importa!"
"Eu não disse a ela. Ela está grávida, e a última coisa que eu quero é preocupar a minha mulher e prejudicar o nosso bebê," eu não mentia. Quer dizer, Melanie não estava grávida, mas se estivesse, eu agiria assim.
Minha mãe continuou a colocar defeitos em Melanie, enquanto falava bem de Atanasia, que mantinha o rosto abaixado, como se fosse uma jovem tímida. Eu sabia o quão tímida ela era. Ha! Uma sonsa, isso era o que ela era!
Quando me vi sozinho com Magno, pedi ajuda a ele para trocar de roupa.
"Vai sair?"
"Sim. Eu vou me casar, Magno," eu disse e ele abriu a boca. "Não me olhe assim. Eu quase morri e... bom, Melanie está grávida. Se eu me for, seria terrível se ela e o nosso filho não fossem reconhecidos, não acha?"
"Hmm... isso é verdade. E o casamento religioso? Você sabe que os velhotes do Conselho não aceitariam um casamento meramente civil."
"Providenciarei isso. Mas ao menos legalmente, Melanie e a criança não ficarão desamparadas."
Estava ficando mais fácil mentir. Se eu continuasse nesse ritmo, eu mesmo acreditaria que estava com um bebê à caminho.
Magno foi comigo, pois seria uma das testemunhas. O motorista seria o outro.
"Hoje é domingo, irmão. Como vai se casar?"
"Eu falei ontem com um conhecido. Ele abrirá hoje, mais tarde."
"Mas é domingo. Por que não espera até amanhã, se de qualquer forma os papéis terão que ser processados amanhã?"
"Não. Porque precisamos do pedido. Hoje teremos o pedido, contabilizado como se tivesse sido feito na sexta-feira, e amanhã, o casamento será registrado. Não quero perder mais tempo. Amanhã preciso resolver alguns problemas e eu não quero arriscar."
Melanie, claro, não estava em casa. Eu pedi que um dos meus homens a vigiasse e ele disse que a minha querida noivinha estava no tal abrigo. Dirigimos até lá e, obviamente, quando ela me viu, seu rosto empalideceu.
Ela tentou puxar a mão, mas meu irmão abaixou o vidro da janela e sorriu para ela.
"Melanie!", ele disse e ela engoliu em seco, olhando feio para mim. Eu não dava a mínima.
"Magno!"
"Entre no carro, o que está esperando?"
Ela franziu a testa e me puxou para ela.
"Eu não vou casar!"
"Não force a minha mão, Melanie. O abrigo é logo ali,"
Pude ver a surpresa e, então, o ódio tomando conta dos olhos de Melanie. Eu não machucaria aquelas pessoas, mas ela não precisava saber daquilo, não é mesmo?
Ela me deu um leve empurrão e entrou no carro. Magno, ainda bem, tomou a frente para tornar o clima menos tenso. Eu amava o meu irmão!
Minutos depois, estávamos na frente de Mirco Licata, meu contato ali dentro.
Melanie assinou o nome dela, eu fiz o mesmo. Depois foi a vez de Magno e do motorista.
"Podem nos dar um momento?" pedi, assim que Melanie e eu saímos daquela sala, ela apertando a bolsa contra ela mesma como se a vida dependesse daquilo.
"Satisfeito?", ela perguntou com amargura.
"Claro que não," eu respondi e ela me fuzilou com o olhar. Inclinei meu rosto para ela. "Quem casa quer casa, meu amor."