A Obsessão Cruel do Bilionário
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Capítulo 3

"Não é sua culpa, minha pobrezinha", Guilherme arrulhou, acariciando o cabelo de Kátia. Sua voz estava carregada de uma ternura que Alice não ouvia há meses. "Ela só está com ciúmes. Ela sabe que não pode competir com você."

Kátia olhou para ele, seus olhos grandes e inocentes nadando em lágrimas falsas. "Mas é com ela que você vai se casar, Guilherme. Eu nem deveria estar aqui. Eu sou só... eu sou só sua assistente."

"Não diga isso", disse Guilherme, sua voz firme. Ele ergueu o queixo dela. "A posição de Sra. Rizzo não está garantida. Ainda não."

As palavras foram um golpe físico. Alice sentiu o ar sair de seus pulmões e cambaleou para trás contra a parede, a mão voando para o peito para tentar parar a dor.

A cabeça de Guilherme se virou bruscamente. Ele a viu. Sua expressão mudou instantaneamente de preocupação para uma suspeita fria e dura.

"Alice? O que você está fazendo aqui? Está me seguindo?" Ele deu um passo à frente, posicionando-se defensivamente na frente de Kátia, como se Alice fosse algum tipo de ameaça.

O gesto protetor doeu mais do que suas palavras.

"Eu estava... Davi tinha uma consulta médica", ela gaguejou, apontando para o final do corredor. Sua voz estava rouca de lágrimas não derramadas. "Guilherme, o que você fez com ele ontem... o médico disse que poderia tê-lo matado. Ele é só um menino!"

Um lampejo de algo - culpa, talvez - cruzou o rosto de Guilherme, mas desapareceu em um instante. A presença de Kátia apagou qualquer vestígio de sua consciência.

"Ele está bem. Eu nem toquei nele", disse Guilherme, desdenhoso.

"Ele tem dezessete anos!", gritou Alice, sua voz quebrando. "Como você pode ser tão cruel?"

"Oh, Alice, sinto muito", Kátia interveio por trás de Guilherme, sua voz escorrendo falsa simpatia. "A culpa é toda minha. Eu não deveria ter dito a Guilherme que você me chateou. Eu vou embora."

Guilherme a puxou de volta, envolvendo um braço em volta dela possessivamente. "Não seja boba. Não é sua culpa que ela seja uma vadia ciumenta." Ele olhou para Kátia, então se inclinou e a beijou, um beijo longo e lento bem na frente de Alice.

Alice soltou uma risada amarga e quebrada. O som era feio, mas ela não conseguia parar. Todos em seu círculo a chamavam de a mulher mais sortuda de São Paulo, a Cinderela que havia capturado o príncipe. Eles não viam as grades de sua gaiola dourada. Eles não viam o monstro por trás do sorriso encantador. Isso não era um conto de fadas. Era um pesadelo.

"Com licença", disse ela, sua voz plana e morta. "Preciso passar."

Ela tentou contorná-los, mas a mão de Guilherme disparou, agarrando seu pulso. "Não tão rápido."

Seus olhos estavam frios. "Kátia sofreu um pequeno acidente de carro esta manhã. Foi só uma batidinha, mas ela está muito abalada. O médico quer dar a ela um soro nutritivo para ajudar com o choque, mas ela tem pavor de agulhas." Seu olhar se voltou para o centro de doação de sangue no final do corredor. "Ela precisa de sangue. Você vai doar."

Alice o encarou, sua mente se recusando a processar a exigência monstruosa. "O quê?"

"Kátia tem um tipo sanguíneo raro. Você também. É uma combinação perfeita."

Alice sentiu uma onda de tontura. Ela tinha anemia leve. Guilherme sabia disso. Ele costumava ser quem garantia que ela tomasse seus suplementos de ferro, quem a repreendia se ela parecesse pálida demais. Aquele cuidado, que ela um dia valorizou, agora parecia outra mentira.

"Nós... não temos o mesmo tipo sanguíneo", disse ela fracamente, uma mentira desesperada. "Eu sou O-positivo. Ela é..."

"Não seja difícil, Alice", Guilherme a interrompeu. "O gesto é o que importa. Vai mostrar a ela o quanto você está arrependida."

Ele se afastou e olhou para Kátia. "O que você acha, meu bem? Ela deveria fazer isso?"

Ele estava dando o poder a Kátia, transformando a humilhação dela em um espetáculo para a diversão de sua amante.

Antes que Alice pudesse protestar, dois dos seguranças de Guilherme apareceram, agarrando seus braços. Eles a arrastaram em direção ao centro de doação, seus pés tropeçando no chão polido.

Eles a prenderam na cadeira. A agulha entrou, uma picada afiada e fria. Ela observou seu próprio sangue, escuro e vermelho, serpentear pelo tubo de plástico. Sentiu-se tonta, o quarto girando levemente.

A enfermeira olhou para ela com preocupação. "Senhor, ela está muito pálida. Já tiramos uma bolsa inteira. Mais do que isso pode ser perigoso."

Guilherme, que estava perto da porta com Kátia em seus braços, nem sequer olhou. "Continue. Eu digo quando parar."

A enfermeira pareceu horrorizada, mas não ousou desafiá-lo. A máquina continuou zumbindo. A visão de Alice começou a embaçar nas bordas. O mundo desbotou para um cinza opaco. Ela podia ouvir Guilherme e Kátia sussurrando e rindo, suas vozes um murmúrio cruel e distante.

Ela acordou em uma pequena sala de recuperação vazia. Um cobertor estava jogado sobre ela. Sua cabeça latejava, e uma fraqueza profunda e dolorosa se instalou em seus ossos. Ela se levantou e viu.

Na lixeira ao lado de sua maca, jogada de lado como lixo, estava a bolsa de seu sangue.

Ela se lembrou então, uma memória nebulosa de antes de desmaiar. A voz de Kátia, alta e enojada.

"Eca, Guilherme, não quero o sangue dela em mim. Provavelmente está sujo. Jogue fora."

E a risada fácil de Guilherme. "O que você quiser, meu bem."

Eles haviam tirado seu sangue, a empurrado ao limite do colapso, apenas para jogá-lo fora. Não se tratava de ajudar Kátia. Tratava-se de quebrar Alice.

E enquanto ela olhava para a bolsa descartada de sua própria força vital, ela soube que ele havia conseguido. Algo dentro dela se quebrou completamente.

            
            

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