O clube era um mar de diamantes brilhantes e sorrisos falsos. E no centro de tudo, como uma rainha em sua corte, estava Kátia. Ela usava um deslumbrante vestido vermelho que provavelmente custou mais do que toda a mensalidade da faculdade de Alice. Era um vestido que Guilherme comprara originalmente para Alice.
"Alice! Você veio!", gritou Kátia, correndo e pegando sua mão. Seu aperto era surpreendentemente forte. "Estou tão feliz que você está aqui."
Guilherme as observava, sua expressão indecifrável. Ele notou as olheiras sob os olhos de Alice, a palidez de sua pele. Ele sabia que ela estivera chorando. Isso lhe deu uma doentia sensação de satisfação.
"Como devo te chamar?", Kátia perguntou docemente, sua voz alta o suficiente para que todos ao redor ouvissem. "Alice? Ou devo começar a praticar te chamando de... Cunhadinha?"
A provocação tinha a intenção de machucar, de lembrar Alice de sua posição precária. Alguns meses atrás, teria. Agora, Alice apenas se sentia cansada.
"Chame-me do que quiser", disse Alice, sua voz plana. Ela puxou a mão do aperto de Kátia.
A testa de Guilherme se franziu. Ele estava acostumado com ela revidando, com suas lágrimas. Essa indiferença fria era nova. Era perturbadora.
"Você está se sentindo bem, Alice?", ele perguntou, seu tom mais suave do que o habitual.
"Estou bem."
Os sussurros começaram ao redor deles. As pessoas a reconheceram. Ela era a noiva de Guilherme Rizzo, a garota da Mooca. E havia a nova, a assistente bonita. A fofoca era densa no ar.
Alice ignorou. Ela só precisava passar por aquela noite. Apenas mais alguns dias, ela disse a si mesma. Mais alguns dias e ela estaria livre.
Kátia, no entanto, tinha outros planos. Ela arrastou Alice pela festa, apresentando-a a pessoas com um brilho triunfante nos olhos. Ela ria e tocava o braço de Guilherme, e ele sorria para ela, um tolo apaixonado e babão. Então Kátia olhava para Alice, seu sorriso se transformando em um sorriso de escárnio que dizia claramente: *Ele é meu*.
"Sabe", disse Kátia, inclinando-se para perto de Alice, "Guilherme diz que me ama. Ele diz que sou eu quem realmente o entende." Ela fez uma pausa, sua voz caindo para um sussurro conspiratório. "Ele diz que você é apenas... bagagem do passado dele."
Alice não reagiu. Ela era um recipiente vazio. As palavras não podiam mais machucá-la.
"Então pode ficar com ele", disse Alice calmamente. "Eu desisto."
O sorriso de Kátia vacilou. Ela esperava lágrimas, uma cena. Isso não fazia parte de seu roteiro. "Você não pode 'desistir', Alice", ela sibilou. "Guilherme decide quando você desiste."
"É mesmo?", disse Alice, um pequeno sorriso sem humor brincando em seus lábios. "Você acha que venceu, Kátia. Mas tudo o que você venceu foi um monstro narcisista que vai se cansar de você no segundo em que a próxima coisinha bonita aparecer. Você não é a rainha dele. Você é apenas o brinquedo mais recente dele."
O rosto de Kátia corou de raiva. "Sua vadia!"
Nesse momento, Guilherme se aproximou. A expressão de Kátia mudou em um piscar de olhos. Seus olhos se encheram de lágrimas, seu lábio inferior tremendo. Ela sutilmente se posicionou entre Guilherme e Alice, um sorriso estranho e calculista no rosto.
"Vamos ver quem é o verdadeiro brinquedo", ela sussurrou, e então tropeçou para trás, soltando um grito agudo ao cair na piscina decorativa atrás dela.
"Kátia!"
Ela se debatia na água rasa, fazendo um grande show de engasgar e cuspir. Alice, agindo por puro instinto, estendeu a mão para ajudá-la.
Mas era tarde demais. Guilherme já estava lá. Ele viu a mão estendida de Alice, e seu rosto se contorceu de raiva.