Agora ela entendia. Beatriz, insegura sobre os sentimentos persistentes de Dante por Lara, estava tentando empurrá-la para Arthur. Para neutralizar a ameaça.
O rosto de Arthur se contraiu. Ele também entendeu. A única coisa que ele não suportava era ser publicamente associado a Lara, especialmente pela mulher que amava. Isso quebrava sua fantasia.
"Vamos, vamos tirar umas fotos!", Beatriz cantarolou, alheia, empurrando-os para a área de fotos da loja. Ela clicou sem parar, criando uma coleção de memórias felizes e falsas.
"Que casal bonito", murmurou uma vendedora para sua colega.
"Não seja ridícula", Arthur retrucou, a voz afiada e fria. "Ela é minha irmã." Ele disse a palavra "irmã" como um insulto, uma forma de colocar o máximo de distância possível entre eles.
Lara sabia que ele estava de mau humor agora. Ela encontrou seu olhar raivoso e depois desviou o olhar, voltando para o provador. Ela estava farta dessa farsa.
"Lara, pare aí mesmo."
A voz de Dante cortou o ar. Ele estava de volta. E parecia furioso.
Ele caminhou até ela, os olhos em chamas. "O que você pensa que está fazendo? Vestida assim, com ele?" Ele gesticulou com raiva para Arthur. "Você não tem vergonha na cara?"
Ele agarrou o braço dela, o aperto como ferro, e a puxou para frente. "Vá se trocar. Agora."
A força de seu puxão foi demais. Lara tropeçou, seus pés se enroscando no vestido longo. Ela caiu, a cabeça batendo na quina de uma mesa baixa com um baque surdo.
A dor explodiu atrás de seus olhos. O mundo inclinou.
"Lara!"
O rosto de Dante mudou instantaneamente, sua raiva substituída por pânico. Ele correu para ajudá-la a se levantar.
Arthur estava lá um segundo depois, seu próprio rosto pálido de alarme, limpando o corte na testa dela com seu lenço.
"Foi minha culpa", disse Beatriz, a voz tremendo de culpa. "Eu pedi para ela experimentar. Sinto muito, Dante."
Dante voltou sua fúria para ela. "Por que você fez isso? Você tem ideia do que as pessoas vão dizer se os virem juntos assim? Os boatos vão destruir a reputação desta família!"
Beatriz, que nunca tinha visto esse lado dele, ficou chocada. Seus olhos se encheram de lágrimas.
"É só um vestido, irmão", interveio Arthur, a voz se elevando em defesa de Beatriz. "Por que você está fazendo tanto alarde com isso?"
"Fique fora disso, Arthur", avisou Dante. "E fique longe dela." Ele apontou para Lara. "Não quero você perto dela."
"Eu nunca me casaria com ela!", Arthur retrucou, as palavras uma garantia desesperada destinada a Beatriz.
A discussão se intensificou, suas vozes uma cacofonia áspera ao redor de Lara. Beatriz, sobrecarregada, caiu em prantos e saiu correndo do ateliê.
Instantaneamente, ambos os irmãos pararam de brigar e correram atrás dela.
"Beatriz, espere!"
Eles se foram.
Lara foi deixada sozinha no meio do ateliê de noivas, sentada no chão em um vestido de noiva que não era para ela, com sangue escorrendo pela testa.
Uma vendedora se aproximou dela timidamente. "Senhora... sobre o vestido? Ele foi danificado."
Lara olhou para a pequena mancha de sangue na seda branca.
"Eu vou levar", disse ela, a voz baixa, mas firme.
Afinal, ela precisaria de um vestido de noiva em breve.