Sua Esposa Indesejada, Seu Verdadeiro Amor
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Capítulo 8

Lara voltou para a silenciosa mansão Monteiro. A casa parecia um museu de sua dor. Ela ouviu a governanta ao telefone, dizendo a alguém que o Sr. Dante não voltaria para casa naquela noite; ele estava com a Srta. Tavares. Claro que estava.

Ela caminhou para seu quarto, o vestido de noiva comprado em uma caixa grande debaixo do braço. Ao fechar a porta atrás de si, um par de braços a envolveu por trás.

O cheiro de uísque velho encheu o ar. Arthur.

"Senti sua falta", ele arrastou as palavras, pressionando o rosto em seu pescoço, tentando beijá-la.

"Estou naqueles dias", disse ela, a mentira saindo facilmente. Era a maneira mais simples de se livrar dele.

Ele riu, um som baixo e bêbado. "Eu só quero te beijar."

Ela virou a cabeça. "Estou cansada, Arthur. Quero dormir."

Ele hesitou, seus olhos piscando com um momento de confusão bêbada, então a soltou. "Você ainda está brava por hoje?", ele perguntou. "Você sabe que temos que fingir ser irmão e irmã na frente de todo mundo. É o nosso segredo."

Suas mentiras eram tão reflexas, tão arraigadas, que ela sentiu uma onda de profundo cansaço. Ambos eram mentirosos. Dante, com suas promessas de um futuro, e Arthur, com sua performance de amor. Um par de irmãos, brincando com seu coração como se fosse um brinquedo que pudessem compartilhar e quebrar à vontade.

Ela estava farta.

"Você está certo", disse ela, olhando-o diretamente nos olhos. "Nós somos irmão e irmã. Não será mal interpretado novamente."

Ele franziu a testa, sentindo a mudança em seu tom, a finalidade em suas palavras. Seu olhar caiu sobre a caixa em suas mãos.

"O que é isso?"

"O vestido de noiva", ela respondeu com sinceridade. "Eu sujei de sangue, então tive que comprar."

Ele aceitou a explicação simples sem questionar. Sua autoabsorção era um escudo que o deixava cego.

Nesse momento, seus pais o chamaram do andar de baixo. Ele lhe deu um beijo rápido e distraído na bochecha e saiu.

Lara abriu sua maior mala e colocou cuidadosamente o vestido de noiva dentro. Então, pelos dois dias seguintes, ela desmontou sua vida naquela casa. Embalou seus itens essenciais. Todo o resto, cada memória, cada presente, cada último vestígio da garota que viveu, esperou e amou dentro daquelas paredes, ela jogou fora.

Quando terminou, seu quarto estava surpreendentemente vazio. Três malas estavam junto à porta. Era tudo o que restava de uma década.

O dia em que ela deveria partir para Florianópolis, para se casar com um estranho, era também a luxuosa festa de aniversário de Beatriz Tavares. Os Monteiro a estavam oferecendo em seu mega-iate. Lara era obrigada a comparecer. Uma última performance.

A festa era um evento brilhante. O ar zumbia com champanhe e fofocas.

"A Beatriz tem tanta sorte. Os Monteiro a adoram."

"Você viu o anel dela? Deve ter uns vinte quilates."

Então, os sussurros se voltaram para ela.

"Aquela é a adotada, Lara Campos."

"Ouvi dizer que ela tentou seduzir os dois irmãos. Tão sem vergonha."

"Olha para ela, não tem classe nenhuma."

O desdém deles era um manto familiar. Ela o usara por anos. Baixou a cabeça e saiu do salão principal, buscando refúgio no convés aberto.

A brisa fresca do mar parecia limpa. Ela olhou para a água escura e agitada, tentando respirar.

"Você realmente é uma peça, não é?"

A voz era doce, mas as palavras eram puro veneno. Era Beatriz. Seu rosto lindo estava contorcido em um desprezo feio que Lara nunca tinha visto antes.

"Com licença?", disse Lara, confusa.

"Não se faça de boba comigo", Beatriz cuspiu. "Você acha que eu não vejo como você olha para ele? Como está tentando reconquistá-lo? Eu vi você no ateliê de noivas. Eu vi o jeito que ele olhou para você mesmo quando estava com raiva. Ele nunca olhou para mim daquele jeito."

"Beatriz, você entendeu errado--"

"Eu não entendi nada errado! Você é uma sanguessuga, um caso de caridade que provou da vida boa e agora não quer largar! Você se jogou para cima do Dante, e quando isso não funcionou, foi atrás do irmão dele! Você é nojenta! Você está estragando tudo!"

Seu ódio era tão repentino, tão intenso, que era desconcertante. Naquele momento, Beatriz agarrou os ombros de Lara e a empurrou. Com força.

Lara ofegou, seus pés escorregando no convés liso. Ela girou os braços, tentando encontrar o equilíbrio, mas foi inútil. A amurada era terrivelmente baixa.

Ela viu a água escura e rodopiante abaixo, e um medo primitivo a dominou. Ela instintivamente se agarrou a Beatriz, seus dedos cravando no tecido caro de seu vestido.

"Me solta!", Beatriz gritou, seu próprio equilíbrio comprometido enquanto tentava empurrar Lara novamente.

Elas balançaram na beirada por uma fração de segundo, um emaranhado grotesco de medo e ódio.

Então, ambas caíram.

                         

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