De Herdeira a Vingativa
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Capítulo 3

O rosto de Kaila se contorceu de raiva. As palavras de Clara haviam atingido o alvo.

"Sua vadia!", Kaila gritou, sua compostura cuidadosamente construída desmoronando. "Você se acha muito melhor do que eu!"

Clara viu a selvageria nos olhos de Kaila e decidiu ir embora. O confronto era inútil.

Mas Kaila não havia terminado. Ela se lançou, as mãos arranhando o rosto de Clara.

Clara se esquivou facilmente. Kaila, impulsionada por seu próprio ímpeto, tropeçou para a frente, seu salto alto prendendo na barra de seu vestido. Ela soltou um grito de surpresa ao tropeçar e cair com força no chão de pedra.

O barulho ecoou da varanda e, de repente, todos os olhos estavam sobre elas.

Bruno apareceu em um instante. Ele passou correndo por Clara sem um olhar e se ajoelhou ao lado de Kaila, envolvendo-a em seus braços.

"Kaila! Você se machucou?", ele perguntou, a voz grossa de pânico e preocupação.

Kaila começou a chorar, uma performance magistral de inocência injustiçada. "Ela me empurrou, Bruno! Ela me chamou de parasita e depois me empurrou!"

A cabeça de Bruno se ergueu, seus olhos se fixando em Clara com fúria gélida. "Traga-a aqui", ele latiu para um de seus seguranças.

O guarda escoltou Clara de volta ao salão de baile, onde ela agora era o centro de um círculo silencioso e julgador.

"Qual é o seu problema?", Bruno rosnou, o rosto sombrio. "Não consegue deixá-la em paz por uma noite? Você tem que ser tão mesquinha, tão ciumenta?"

A multidão murmurou, seus olhares mudando de pena para desprezo. Eles acreditaram na mentira.

Clara manteve a cabeça erguida, a voz firme. "Eu não a empurrei. Ela me atacou e caiu."

"Ela me insultou, Bruno. Ela me xingou", afirmou Clara, mantendo o tom uniforme.

"Então ela tentou me bater", continuou Clara, "e tropeçou nos próprios pés."

Kaila soluçou mais forte nos braços de Bruno. "Eu não... eu não tentei bater nela. Ela deve ter me feito tropeçar", ela sussurrou, distorcendo a verdade com facilidade praticada. "Bruno, por favor, não fique bravo com ela. Tenho certeza de que ela não quis."

Seu falso apelo por misericórdia apenas solidificou a convicção de Bruno. Ele via Clara como a agressora, a noiva ciumenta atacando.

"Peça desculpas a ela", Bruno ordenou, a voz baixa e perigosa. "Agora mesmo. Ou eu juro, Clara, vou fazer você se arrepender."

A exigência era tão absurda, tão completamente desconectada da realidade, que Clara quase riu. Pedir desculpas? Para a mulher que havia orquestrado seu espancamento?

"Não", disse ela, a voz soando com finalidade. "Não vou me desculpar por algo que não fiz."

O rosto de Bruno endureceu em uma máscara de pura raiva. "Tudo bem", ele sibilou. Ele agarrou o braço dela e a arrastou de volta para a varanda, empurrando-a em direção à beirada. "Você tem duas escolhas. Peça desculpas, ou mandarei meus homens te jogarem daqui."

O ar da noite estava frio contra sua pele. Abaixo, as ruas da cidade eram uma queda vertiginosa. Uma onda de medo a invadiu.

"Bruno, você não pode estar falando sério", ela sussurrou, a voz trêmula. "Ela mandou me espancar em nossa própria casa, e você não fez nada. Agora, por isso, você me mataria?"

Sua comparação, o contraste gritante entre a reação dele às lágrimas de crocodilo de Kaila e seu desprezo por sua agressão física real, parecia pairar no ar.

Nesse momento, Kaila soltou um gemido suave e ficou mole em seus braços, os olhos se fechando. Ela havia desmaiado.

Toda a atenção de Bruno voltou-se para ela. Sua raiva de Clara foi instantaneamente substituída por uma preocupação frenética por sua amante. "Kaila! Kaila, acorde!"

Ele a pegou no colo, o rosto uma máscara de terror. Ao se virar para levá-la a um médico, ele lançou um último olhar venenoso para Clara.

"Jogue-a daqui", ele ordenou a seus guardas.

O mundo inclinou. A mente de Clara não conseguia processar as palavras. Ele não podia estar falando sério. Não podia.

Mas os guardas se moveram em sua direção, os rostos impassíveis. Eles agarraram seus braços.

E então ela estava caindo.

O impacto foi uma explosão de dor branca e quente. Ela aterrissou no telhado de azulejos do terraço abaixo, apenas um andar, mas foi o suficiente. Ela ouviu um estalo doentio quando sua perna se quebrou.

Sua visão embaçou. A dor era um fogo que a consumia por completo. A última coisa que viu antes de desmaiar foi a imagem de Bruno, embalando Kaila em seus braços, desaparecendo na noite sem um olhar para trás.

Ela acordou em uma cama de hospital. O mundo era uma névoa de branco e o cheiro estéril de antisséptico.

Duas enfermeiras cochichavam perto da porta.

"É ela, a noiva de Bruno Barreto."

"Eu sei. Ele está aqui a noite toda, no quarto do fim do corredor. Não sai do lado dela."

"Ele deve amá-la muito."

Clara fechou os olhos, uma risada amarga e silenciosa presa na garganta.

Elas estavam falando de Kaila.

Naquele momento, ela finalmente entendeu. Não era que Bruno fosse incapaz de amar. Ele era perfeitamente capaz disso. Ele apenas não a amava. Por quem ele amava, ele moveria montanhas, perdoaria qualquer pecado e destruiria qualquer um que entrasse no caminho.

E por quem ele não amava, ele a deixaria quebrada e sangrando em um telhado de pedra fria sem pensar duas vezes.

            
            

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