Capítulo 2 White Horse

CAPÍTULO DOIS (Cristtine Miller)

Eu era uma sonhadora, antes de você chegar e me pôr pra baixo. Agora é tarde demais pra você e seu cavalo branco aparecerem.

- Taylor Swift, White Horse

Tudo poderia estar como sempre desejei; minha carreira junto ao meu sonho de um dia estar no mesmo palco lado do Enzo Cooper e como aquilo era uma realização pessoal e de fã para mim. Mas como em inúmeras vezes, o Isaac sempre tinha o poder de me machucar e estragar cada expectativa minha.

Foi como aconteceu no mesmo dia em que eu iniciaria minha nova turnê. O Isaac sempre com seu lado possessivo e extremamente infantil, alimentou um ciúme insaciável do Enzo. Mas não me pergunte o porquê, eu desconhecia qualquer razão lógica, sobretudo agora, naquela fase do meu trabalho. Eu havia acabado de falar com o Enzo enquanto saía para encontrar o Isaac e isso piorou tudo.

Isaac havia saído de Las Vegas até Amsterdam onde eu estava. Não para assistir o meu show, longe disso. Eu sabia que não. Então, eu estava indo a uma cafeteria para encontrá-lo e assistir o seu pequeno show. Entrando no estabelecimento, eu pude vê-lo batendo na mesa com as pontas dos dedos e parecia inquieto.

- Para que você vai passar no quarto do Enzo depois que sair daqui? - Isaac perguntou antes mesmo que eu pudesse me sentar em sua frente.

- Você esqueceu que meu trabalho agora é com ele? Esqueceu que hoje começa a turnê? Provavelmente não. Senão, não estaria aqui. – Fui direta e bufei.

O meu nível de paciência estava diminuindo... diminuindo... E eu poderia explodir a qualquer momento.

- E precisa ser no quarto dele? – Isaac insistiu.

- Eu vou aonde eu quiser! – eu disse alto, esquecendo as pessoas que estavam ao meu redor. - Seja no quarto, no banheiro, ou no inferno. Quantas vezes já te falei que você não manda em mim?

- Mas eu deveria. - Seus olhos azuis me fitaram.

Respirei fundo e tirei meus óculos de sol. Sentei-me ereta na sua frente e tentei manter minha calma e minha postura.

- Não deve nada, Isaac! – falei baixo. - Você é o meu namorado, não é o meu pai e muito menos o meu dono. Agora me explica o motivo dessa palhaçada. - Cruzei as mãos sobre a mesa.

- Eu não quero que você fique a sós com Enzo. – Ele disse com tranquilidade, sem hesitação.

- O quê? – sorri, incrédula. - Então é você que vai subir naquele palco e cantar com ele, não é? – fui irônica.

Isaac deu de ombros e bufou. Como se ele estivesse agindo da forma mais sábia do mundo.

- Não é isso. – Ele disse, mas sem apresentar argumentos.

Dessa vez, foi minha vez de bufar e a minha paciência estava no limite do limite.

- Pra mim é. – voltei ao assunto. - Esse é o meu trabalho, é toda a minha vida. Você me conheceu assim, sabendo de tudo e ninguém vai me mudar.

Eu já estava tão cansada de repetir tudo aquilo. A raiva já estava a mostra no meu tom de voz.

- Eu não posso deixar você ficar com esse Enzo. Você sabe que ele é um galinha pegador. – Isaac resmungou entre os dentes.

- E daí? Ele "pega" quem ele quiser – utilizei aquela expressão que particularmente achava ridícula. - E a pessoa que quer ser "pega" por ele. Nunca ouvi o Enzo ser acusado de estupro.

- Você quer ser pega por ele? – a voz de Isaac chegou imparcial no meu ouvido.

E isso foi a gota d'água. Eu ouvi direito aquilo?

Sim, você ouviu, Cristtine. E a minha paciência extrapolou.

- Eu não vou deixar você falar isso de mim, que insinue o que está por trás de suas palavras. Eu não vou deixar que você continue com esse seu charme. Eu não vou permitir que você estrague o meu dia. Eu lutei muito para chegar até aqui, e você nunca, nunca vai poder mudar uma opinião e um sonho meu. Acabou, Isaac! - me levantei daquela cadeira e sai pelas portas daquele café.

- É o que? - ele também levantou e me seguiu.

- Você ouviu. - Atravessei a rua gritando e não me permiti olhar para trás.

- E por que isso? – ele me seguia.

- Por que o quê? - eu gritei e girei entre os calcanhares. - Repensa todo o nosso relacionamento, repensa tudo o que você me falou hoje e chega a sua conclusão. - Segui até a entrada do hotel em passos rápidos, mas parei para encará-lo uma última vez. - Nunca mais me procure. Você me perdeu, Isaac, por sua culpa! E eu sinto muito por isso.

Entrei naquele hotel correndo e eu não iria chorar. Eu me proibia disso. Com o coração na garganta, fui até o quarto onde o Enzo estava e bati em sua porta. Alguns instantes depois, ele a abriu.

- Enzo, eu... - parei de falar quando eu o vi só com uma toalha branca em seus quadris.

Engoli em seco.

Ele havia acabado de sair do banho. Os cabelos escuros se tornavam ainda mais escuros, quase negros por sua umidez. Toda sua barriga ainda estava com pequenas gotículas de água e daquele jeito, deixando a tatuagem que vinha do seu peito até os braços mais a amostra, era tão... balancei a cabeça.

- Hãm... Desculpa. - Mordi o lábio. - Eu volto outra hora.

- Eu que peço desculpa. Eu pensei que era a Viviane com as letras das músicas. Mas pode entrar, eu me troco rápido. - Ele ofereceu e abriu mais a porta.

Dei um passo para trás.

- É melhor não. - falei rápido.

Era desconcertante só olhar para o seu rosto e imagina vê-lo só de toalha e molhado?

- Eu vou... é... – Voltei a falar com dificuldade. – Eu também vou dar uma olhada nas letras das músicas ainda. Você passa no meu quarto, é melhor. Resolvemos lá.

Tirei os meus olhos rapidamente de seu tórax e ele acabou rindo daquele jeito torto que fazia todas as suas fãs derreterem de amor por ele.

- Ok, Cristtine. Vou me trocar e passarei lá logo depois. – Ele sorriu e fechou a porta.

E eu segui para o meu quarto. Por um instante, eu havia esquecido o que tinha feito minutos atrás, mas só foi eu entrar no meu quarto e...

Por que isso novamente?

Caio no choro.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022