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CAPÍTULO NOVE (Enzo Cooper)
Acalme-se, amor, talvez eu seja um mentiroso. Mas por esta noite eu quero me apaixonar e fazê-la confiar em mim.
- Ed Sheeran, I'm A Mess
Depois de nos apresentarmos naquele programa aparentemente chato, Cristtine e eu, junto com nossos produtores voltamos ao hotel que estávamos hospedados. Nesta noite teríamos o nosso segundo show e eu estava extremamente tranquilo e animado. Como todos já apostavam, todos shows seriam recordes de ingressos, e o de hoje não seria diferente.
À tarde, quando o apresentador que nos enchiam de perguntas encerrou aquele papo e nos mandou cantar, uma paz interior brotou em minhas entranhas me fazendo relaxar e esquecer um pouco a tensão da ligação que eu recebi na noite anterior.
Balancei a cabeça no devaneio que meus pensamentos queriam seguir, porque no fundo, eu sabia que daria tudo certo. Saí do banho e ao me arrumar para o show, desejei naquele momento saber como a Cristtine estaria. Faltavam vinte minutos para o nosso horário quando eu saí do meu quarto e enquanto eu me aproximava do elevador, mudei minha rota e fui até o quarto de Cristtine.
Bati na porta e em segundos, ela apareceu terminando de passar algo brilhoso e vermelho nos lábios. Vestida com um short preto até a metade das coxas, e uma blusa quase transparente com as mangas até as curvas do braço e com alguns detalhes que eu não sei explicar. Ela estava extremamente linda. Com um chapéu preto por cima de seu cabelo, mas com aquela franja loira que a deixou tão... Tão desejável.
- Enzo. – Ela sorriu.
- Está pronta? – perguntei, ignorando o elogio silencioso no fundo da minha garganta.
- Estou. – Ela sorriu e cruzou as mãos em frente ao seu corpo.
- Você estava me esperando? - dei um pequeno sorriso porque ela não parecia nem um pouco surpresa por eu estar ali, parecia encantada.
- Estava esperando, mas eu não esperava. – Ela deu de ombros e eu franzi a testa. - Ah, esquece. - Ela sorriu nervosa e corando ao mesmo tempo.
Ela não podia simplesmente corar daquele jeito na minha frente sabendo que o corredor estava vazio. Eu tinha centenas de ideias em minha cabeça das diversas maneiras que eu poderia fazê-la corar naquele corredor inteiro.
- Então, vamos? - ofereci o meu braço e mais uma vez ignorei meus instintos porque eu não podia fazer aquilo.
Cristtine colocou o batom, (ao menos eu achava que era um porque sua embalagem tinha detalhe demais) na mesa ao lado da porta do quarto e aceitou minha mão.
- Atrevo dizer que você está me encantando, Cristal. - sussurrei no seu ouvido enquanto seu corpo se arrepiava e ficava trêmulo, sorri sobre sua pele.
- Hãm... Obrigada. - Sua voz estava baixa, desnorteada.
- Elevador ou escada? – eu perguntei parando em frente ao elevador.
Ela olhou para mim e em seguida para minha boca e sacudiu a cabeça rapidamente.
- A escada é melhor. - Ela tirou os olhos de mim, sorri ao compreender sua resposta.
- Escada então.
Inteligente, Cristtine. Seria impossível me manter controlado em um lugar fechado e abafado com ela. Ela precisava fugir o máximo que podia, porque eu estava quase prestes a entregar aquela luta.
- Enzo, eu não aguento mais. Você não tem relógio? O show é daqui a cinco minutos. – Viviane nos saudou assim que chegamos ao térreo do hotel.
- Boa noite, Viviane. - Sorri para ela e levei a Cristtine até a van.
- Ela é sempre assim? - Cristtine perguntou em meio a risos.
- Às vezes é pior.
✨
Havíamos terminado mais um show e foi tão incrível quanto o primeiro. Eu nunca iria parar de me impressionar com tanta energia que o público transmitia. Fazia todo o esforço valer a pena.
- Eu quero participar de turnês com você por mais uns longos anos. - Cristtine falou enquanto bebia água, refletindo os meus pensamentos.
Ela estava suada enquanto tentava prender os cabelos e isso me fez recriar certas cenas em minha cabeça.
- Podemos repetir quantas vezes você quiser. – Eu sussurrei, ainda incapaz de tirar meus olhos dela.
- Cris! - Caroline, a empresária da Cristtine, apareceu dentro do camarim e me fez desviar o olhar.
- Oi, Carol. - Cristtine se levantou e a abraçou.
- Parabéns pelo show! Vocês arrasaram. - Caroline olhou para mim e sorriu logo em seguida. - E aí? - sussurrou algo para a Cristtine que a deixou com rosto todo vermelho.
- Aqui não, Carol. - Cristtine olhou nervosa pra mim.
Eu mordi o lábio e estava extremamente curioso em saber o que aquele "e aí?" significava. Eu sabia que tinha algo a ver comigo porque Cristtine era transparente demais e bem, eu era um cara atento aos sinais.
- O que eu estou perdendo? – outra voz feminina adentrou nosso camarim.
Uma mulher alta, de cabelos castanhos claros, um pouco mais acima da cintura e olhos cor de mel, tão parecidos com os da Cristtine, mas sem aquele brilho das estrelas em suas íris, a pele era levemente bronzeada e ela usava peças de roupas preta. E estava parada em nosso meio.
- Nada, Clara. Chegou no momento certo. - Cristtine a respondeu.
- Enzo - Caroline olhou para mim. - Essa aqui é a Clara. Minha namorada.
Eu fiquei surpreso por uma leve fração de segundos, mas provavelmente ninguém percebeu.
- Prazer, Clara. - Apertei sua mão.
- Prazer conhecer você. - Sorriu. – Amor, vamos? – ela soltou minha mão e agarrou a Caroline.
- Por favor, Clara. Leva ela embora agora. - Cristtine falou com convicção e logo em seguida, elas desapareceram.
- Eu não sabia. – Eu comentei com Cristtine quando ficamos a sós.
- Vi pela sua reação. - Ela sorriu e eu fiquei surpreso por ela ter notado. - O que achou da Clara?
- Ela é muito bonita. – Confessei.
- Tudo mundo fala isso. Só que ela nunca acredita. – Ela deu de ombros e parecia incomodada com alguma coisa. Provavelmente por estar a sós comigo e bem, eu gostava de provocar.
- Acho que isso me lembra alguém. – comentei, segurando o riso e me aproximei um pouco dela.
Cristtine semicerrou os olhos entendendo o que falei e logo em seguida sorriu. E naquele momento, eu já havia ganhado a minha noite.
- Acho que já vou indo. – Eu anunciei e enfiei minhas mãos nos bolsos.
- Já? - Cristtine me perguntou com surpresa e seus olhos perderam um pequeno brilho. - Vai dormir com outra fã. - Não foi uma pergunta e ela disfarçou seu incômodo encarando seu reflexo no enorme espelho em nossa frente.
- Não, Cristtine. Eu não vou. – Eu disse com sinceridade.
- E por que você vai embora? – ela virou-se para me encarar.
- Você não vai querer saber. - Olhei rapidamente para os seus lábios vermelhos.
- Eu não quero ficar sozinha de novo. Eu odeio a solidão. – Resmungou e soltou a respiração.
- Você não está sozinha. - Segurei seu rosto próximo ao meu e senti quando meu estômago revirou. - Quer ir comigo? - perguntei.
- Com você... É... Para onde? – sua respiração estava ofegante e ela parecia nervosa demais com a minha pergunta.
- Para o hotel. Comigo. – Eu disse, encarando os seus olhos
- Hum... Eu... - ela parecia desconcertada e incapaz de formar alguma frase coerente.
- Não, Cristal. - me afastei dela ao entender a razão de sua relutância. - Não iremos fazer nada. – Por mais que o meu corpo queimasse por isso. - A gente pode assistir filmes, se divertir, dançar, beber. E depois eu levo você de volta ao seu quarto. – Eu sorri, a tranquilizando.
- Se for filmes de terror, acho que não consigo dormir sozinha. – Ela comentou rindo e parecia tímida.
- Então eu me deito com você até você dormir. – Eu segurei sua mão. – Agora vamos, antes que a Viviane venha até nós.