O Legado da Verdadeira Herdeira
img img O Legado da Verdadeira Herdeira img Capítulo 7 O Baile das Máscaras
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Capítulo 10 A Noiva do Silêncio img
Capítulo 11 A Voz da Verdadeira Herdeira img
Capítulo 12 A Mancha img
Capítulo 13 O Peso do Coração img
Capítulo 14 O Peso do Anel img
Capítulo 15 Sob os Olhos da Farsa img
Capítulo 16 O Suspiro img
Capítulo 17 As Sombras e o Sussurro img
Capítulo 18 A Noiva Louca img
Capítulo 19 Entre o Riso e o Suspiro img
Capítulo 20 O Murmúrio img
Capítulo 21 O Eco do Silêncio img
Capítulo 22 O Veneno e o Suspiro img
Capítulo 23 O Elo e a Ruína img
Capítulo 24 O Peso da Palavra img
Capítulo 25 O Despertar no Silêncio img
Capítulo 26 O Segredo no Quarto img
Capítulo 27 O Segredo Revelado img
Capítulo 28 O Despertar Negado img
Capítulo 29 Vozes e Provas img
Capítulo 30 O Olhar Entreaberto img
Capítulo 31 O Sussurro e o Alvoroço img
Capítulo 32 A Voz Entre as Sombras img
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Capítulo 7 O Baile das Máscaras

A sala de estar da mansão estava repleta de convidados naquela noite. O pretexto era uma recepção casual organizada por sua mãe, mas ela sabia que os rumores de sua curatela haviam corrido como pólvora, e todos os olhos estavam curiosos para ver de perto "a herdeira que ousava governar um império alheio".

Quando desceu a escadaria, vestida em seda azul, cada passo ecoou como o som de um gongo anunciando batalha. Ela sorriu com elegância, mas seu olhar varria o ambiente com a precisão de quem reconhece predadores em meio à multidão.

E lá estavam eles.

O noivo traidor, impecável em seu terno escuro, conversava animadamente com alguns investidores. Ao lado dele, como uma sombra brilhante, estava a falsa filha - usurpando seu lugar com aquele ar doce e frágil que conquistava facilmente qualquer plateia. Ao vê-la, a impostora apertou ainda mais o braço do homem, como se quisesse marcar território.

Sabrina respirou fundo. O coração acelerava, mas não era mais de amor: era de guerra.

- Minha querida - o noivo aproximou-se, com aquele sorriso treinado que, um dia, fora capaz de desarmá-la. - Não esperava te ver tão radiante.

Ela deixou que ele beijasse sua mão, mas respondeu com ironia suave:

- O brilho vem quando a gente aprende a tirar a poeira das ilusões.

O sorriso dele vacilou, ainda que por um instante.

A falsa filha, percebendo o clima, apressou-se a intervir.

- É bom vê-la, irmãzinha - disse, com falsa ternura. - Tenho ouvido tantas coisas a seu respeito. Imagine, você cuidando de negócios... Quem diria?

O salão ficou em silêncio. Os convidados fingiam conversar, mas escutavam cada palavra.

Ela inclinou levemente a cabeça, mantendo a calma.

- Pois é. Quem diria que, às vezes, os papéis se invertem. - A voz soou doce como mel, mas cortante como navalha. - Alguns herdaram apenas um sobrenome emprestado. Outros nasceram com ele gravado no sangue.

O rubor subiu ao rosto da impostora, mas o noivo segurou sua mão, disfarçando a tensão com mais um sorriso.

- Estamos todos aqui para celebrar, não para discutir. - A voz dele soava conciliadora, mas os olhos queimavam de irritação.

- Concordo - ela respondeu, com serenidade. - Celebremos, então, os novos tempos.

Levantou a taça de vinho e brindou sozinha, deixando que o gesto ecoasse como um desafio público. Alguns convidados sorriram em aprovação discreta. Outros desviaram o olhar, temendo o escândalo iminente.

Mais tarde, quando a música suave dominava o salão e os casais dançavam, o noivo a puxou para um canto reservado. O charme habitual agora estava manchado de impaciência.

- O que está acontecendo com você? - perguntou, baixo. - Desde quando se tornou tão... ousada?

Ela o encarou sem desviar.

- Desde que percebi que ousadia é a única forma de sobreviver entre cobras.

Ele segurou seu braço com firmeza, mas disfarçou para não chamar atenção.

- Cuidado. Esse jogo que está jogando pode custar caro.

Ela se inclinou para ele, sorrindo como quem confidencia um segredo.

- Você ainda não entendeu, não é? - sussurrou. - Eu já paguei o preço mais alto. Não tenho mais nada a perder.

Ele recuou, confuso. Por um momento, parecia que uma sombra de dúvida o atravessava. Mas, em seguida, vestiu novamente o sorriso.

- Sempre misteriosa... - murmurou. - Mas lembre-se, querida: ninguém desafia impunemente a família que protegeu seu nome por tantos anos.

Ela riu baixinho, um riso que ele não reconheceu.

- Vamos ver de quem era o nome que realmente protegia quem.

E saiu, deixando-o parado, engolindo a própria fúria.

A noite avançava, e o salão começava a esvaziar. A falsa filha, sem conseguir suportar a atenção dividida, aproximou-se para o confronto final.

- Você acha que pode tomar tudo de mim só porque está jogando com papéis e juízes? - sussurrou, com veneno na voz. - Nunca será amada. Nunca terá o que eu tenho.

Sabrina se aproximou até que seus rostos quase se tocassem.

- Amada? - repetiu, em tom calmo, quase compassivo. - Você ainda acredita que ele ama alguém além de si mesmo?

O silêncio da impostora foi resposta suficiente.

- O que você tem é apenas a sobra da minha vida passada. E, desta vez, não deixarei que tome mais nada. - O olhar dela faiscava. - Aproveite enquanto pode. O relógio corre contra você.

Deixou-a ali, paralisada, e caminhou para fora do salão. O ar noturno a recebeu como uma lufada de liberdade.

Ela sabia que aquela batalha era apenas a primeira de muitas. Mas já não era mais a noiva enganada. Era a verdadeira herdeira, e os dias da farsa estavam contados.

No fundo, sentiu vontade de correr até o hospital, de contar a Gael cada detalhe, de deixar que o silêncio dele fosse testemunha de suas vitórias. Mas conteve-se. Haveria tempo.

Por ora, bastava saber que o mundo começava a perceber: ela não seria mais uma sombra apagada pela mentira.

Quando entrou em sua carruagem, abriu o caderno e escreveu apenas uma frase:

"Hoje, eles me viram. E não puderam me calar."

Guardou a pena, fechou os olhos e deixou que a noite embalasse sua determinação. O baile havia terminado, mas a guerra estava apenas começando.

            
            

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