Chama Proibida - O Amor Impossível de Nathaniel
img img Chama Proibida - O Amor Impossível de Nathaniel img Capítulo 5 E eu sabia que seria cada vez mais difícil mantê-la do lado de fora.
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Capítulo 7 Quanto mais eu tentava manter distância, mais ela se aproximava. img
Capítulo 8 Eu tinha um plano. img
Capítulo 9 E era isso que me assustava. img
Capítulo 10 Eu sabia que ele estava tentando se afastar de mim. img
Capítulo 11 Helena... img
Capítulo 12 Decepção. img
Capítulo 13 Trouxe lembranças. img
Capítulo 14 Não era como eu planejava img
Capítulo 15 Meu sangue gelou e ferveu ao mesmo tempo. img
Capítulo 16 Nada em mim conseguia desistir dele. img
Capítulo 17 Ricardo nunca seria suficiente img
Capítulo 18 A raiva me consumia img
Capítulo 19 A possessividade de Ricardo img
Capítulo 20 A tensão atravessou a rua como uma corrente elétrica invisível. img
Capítulo 21 Pelos olhos de Ricardo img
Capítulo 22 A agressão... img
Capítulo 23 Eu a defendi img
Capítulo 24 Está tudo bem agora. Ninguém vai te tocar img
Capítulo 25 Aquela menina ia acabar comigo. img
Capítulo 26 Há dias não o vejo img
Capítulo 27 Ecos do silêncio img
Capítulo 28 Mas o silêncio dói. img
Capítulo 29 Você é covarde demais pra admitir o que sente. img
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Capítulo 5 E eu sabia que seria cada vez mais difícil mantê-la do lado de fora.

Nathaniel Alexander Montenegro

Faz anos que aprendi a controlar minhas emoções. Décadas, talvez. Trabalhando como investigador para o governo dos Estados Unidos, se eu deixasse a mente se perder em desejos ou fraquezas, estaria morto. A vida me ensinou a ser firme, calcular cada passo, não me deixar dominar por nada que tirasse meu foco. Claro que eu tinha os meus casos, e minha decisão de não me envolver seriamente foi quando conheci uma tal mulher, que me levou para o buraco.

Ou pelo menos era assim até Zoe aparecer diante de mim com aquele sorriso curioso e insistente, como se tivesse o poder de atravessar todas as camadas que construí ao longo de uma vida inteira.

Eu não deveria olhar para ela do jeito que olho. Não deveria reparar nos detalhes que só um homem repara quando está interessado em uma mulher. Mas o problema é que reparo. Todos os dias.

Naquele fim de tarde, estava sentado nos degraus da varanda da mansão, depois de horas de trabalho. As mãos sujas de poeira, o corpo cansado, o suor escorrendo pela nuca. Tirei o boné, deixando os cabelos castanhos úmidos de suor respirarem um pouco. E, como já era costume, ouvi passos leves se aproximando.

Era ela.

Zoe caminhava devagar, provavelmente voltando da faculdade. A mochila pendurada em um ombro só, os cabelos cacheados e soltos caindo pelas costas, balançando com o vento. Ela não precisava fazer esforço para chamar atenção. Bastava existir. Bastava olhar para mim com aqueles olhos cor de chocolate que pareciam querer decifrar cada pedaço do meu silêncio.

- Está cansado? - perguntou, parando perto da cerca que separava minha casa da pousada.

- Bastante. - respondi, com sinceridade. - Mas é um cansaço bom.

- Bom? - ela riu, inclinando a cabeça. - Não sei como pode achar bom ficar o dia inteiro empoeirado, carregando coisas pesadas, quebrando telhas...

- É que esse tipo de cansaço não me incomoda. - falei, olhando para ela, mas tentando não deixar meu olhar se prolongar demais. - Cansaço da mente é pior.

Ela se aproximou mais, apoiando os braços sobre a cerca, como se quisesse encurtar a distância entre nós. - E você tem muito cansaço da mente?

Sorri de leve, desviando os olhos para a casa.

- Já tive. Hoje em dia, menos. Acho que aqui é mais fácil viver em paz.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, e senti seu olhar preso em mim. Não era o olhar de uma menina distraída. Era o olhar de alguém que estava observando com atenção, tentando entender. Zoe tinha uma forma intensa de olhar, como se quisesse arrancar respostas que eu não estava disposto a dar.

- Você é diferente. - ela disse, de repente.

- Diferente como? - perguntei, arqueando a sobrancelha.

- Não sei. - ela mordeu o lábio, pensativa. - Parece que nada abala você. Como se o mundo inteiro pudesse desmoronar, e ainda assim você estaria calmo, sentado na sua varanda, tomando café.

Ri baixo.

- Talvez seja só aparência.

- Não... - ela insistiu. - Eu sei que não é só isso.

Fiquei em silêncio. Não queria aprofundar. Não com ela. O que Zoe via em mim era só a superfície. A verdade era que eu carregava sombras que ela nem imaginava. Encontros perigosos, inimigos antigos, lembranças que ainda hoje me faziam acordar no meio da noite. Nada disso era visível para ela, e eu preferia que continuasse assim.

- Você não devia me olhar desse jeito, Zoe. - falei, enfim, sem levantar o tom.

Ela arregalou os olhos, surpresa. - Que jeito?

- Como se eu fosse algum tipo de enigma que você quer resolver.

Ela deu um sorriso de canto, brincalhão, mas no fundo provocador.

- Talvez você seja mesmo.

Suspirei, passando a mão pelo rosto.

- Não vá por esse caminho.

- Que caminho? - perguntou, com inocência fingida.

Olhei para ela de frente.

- O caminho de achar que sabe mais do que realmente sabe.

O sorriso dela não se desfez. Pelo contrário, parecia se divertir com minha resistência. E eu percebi o perigo naquele instante. Zoe não era só bonita. Não era só jovem. Ela era determinada, curiosa, brava quando queria. E eu sabia que, se ela decidisse algo, não haveria força no mundo capaz de fazê-la recuar.

Meu amigo Antônio, o pai dela, não fazia ideia de como a filha olhava para mim. Ele confiava em mim, como vizinho, como amigo, como alguém que poderia até proteger sua família. Se soubesse do que passava pela minha mente nesses momentos, talvez nunca mais falasse comigo.

Mas era difícil resistir. Porque cada detalhe nela me chamava. A voz doce, mas firme. Os lábios carnudos que se moviam com naturalidade. O jeito como ela gesticulava quando falava, como se cada palavra fosse importante. Eu fingia tranquilidade, mas por dentro, algo se movia em mim todas as vezes que ela se aproximava.

- Nathaniel... - ela quebrou o silêncio, chamando meu nome como se gostasse de saborear cada sílaba. - Posso te ajudar nas reformas?

Olhei para ela, sério.

- Não.

- Não? - ela riu, surpresa. - Por que não?

- Porque não é lugar para você. - respondi, firme. - É pesado, sujo, arriscado.

- Eu não sou tão frágil quanto pareço. - rebateu, cruzando os braços.

- Eu sei. - admiti, sem pensar. - Mas ainda assim... não é para você.

Ela inclinou o rosto, intrigada, e eu percebi que talvez tivesse deixado escapar mais do que deveria. Aquilo não passou despercebido por ela. Zoe não deixava nada escapar.

- Então... você se importa comigo? - perguntou, em tom provocador, mas havia algo mais fundo por trás da pergunta.

Engoli seco, mantendo a expressão firme.

- Eu me importo com seu pai.

- Com meu pai? - ela ergueu as sobrancelhas. - É só isso?

- É. - menti, olhando para a casa. - Só isso.

Ela ficou me observando em silêncio por alguns segundos, como se tentasse decifrar se eu falava a verdade ou não. E eu sabia que minha mentira não era convincente. Porque a cada vez que Zoe chegava perto, eu sentia. Sentia meu coração bater mais forte, o corpo reagir, a mente lutar contra pensamentos que não deveria ter.

Mas eu era mais velho. Eu sabia controlar. Eu precisava controlar.

- Então tá. - ela disse, dando de ombros. - Se não quer minha ajuda, vou só ficar olhando.

Revirei os olhos.

- Você é teimosa, Zoe.

- Eu sei. - ela sorriu, satisfeita. - Mas você gosta disso.

Ela virou as costas e caminhou de volta para a pousada, o balanço dos cabelos acompanhando seus passos. Fiquei parado na varanda, observando, até desaparecer pela porta. Respirei fundo, apoiando os cotovelos nos joelhos e passando as mãos pelo rosto.

Sim, eu gostava. E era exatamente isso que me assustava.

Porque não importava o quanto eu tentasse esconder, Zoe já tinha encontrado um jeito de entrar.

E eu sabia que seria cada vez mais difícil mantê-la do lado de fora.

            
            

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