Capítulo 3 O Pacto

O amanhecer chegou tingindo de ouro pálido as encostas das montanhas. O acampamento cigano, antes imerso no fogo e nas sombras da festa, agora ganhava vida com os sons familiares do dia. O estalar da lenha nos fogões improvisados, o riso das crianças correndo entre as carroças, o tilintar dos talheres e das panelas, o murmúrio das mulheres preparando ervas e tecidos - tudo voltava à normalidade.

As carroças seladas, entretanto, permaneciam imóveis no centro do acampamento, cobertas por mantas grossas para proteger do sol. Ninguém se aproximava muito; mesmo os mais corajosos mantinham distância respeitosa. Sabiam que os visitantes dormiam lá dentro - ou descansavam, como dizia a drabarni, "em silêncio de pedra e sombra".

Liliana despertou tarde, como sempre, com o cabelo emaranhado e a lembrança da noite anterior queimando em seus pensamentos. Vestiu-se com um lenço vermelho nos cabelos e uma blusa branca com mangas largas, descendo da carroça de seus pais enquanto o vento fresco da manhã balançava as fitas coloridas do acampamento.

Durante o dia, ajudava a mãe a trançar ervas e a separar panos para os tecidos que seriam vendidos nas aldeias. Às vezes, escapava para o rio, jogando pedras na água como fazia desde menina, murmurando para si mesma sobre o "maldito destino" e o homem de olhos profundos que agora dormia a poucos passos de sua tenda.

As mulheres do clã cochichavam, trocando olhares curiosos:

- Ela o viu de perto, dizem que falou com ele!

- Que coragem... ou loucura. Ele é um Strigoi, um vampiro, vive entre os mortos!

Liliana ouvia tudo, fingindo desdém, mas o coração se acelerava a cada menção do nome Drago.

O dia passava preguiçoso, e o sol começava a cair sobre as montanhas. O acampamento mudava de tom - as cores ficavam mais profundas, o ar mais frio, e um silêncio reverente tomava conta. As carroças seladas se tornavam o centro das atenções, como altares de um segredo antigo.

E então, ao cair da noite, o ar mudava. O vento parecia conter o próprio som. As trancas das carroças se moviam com um estalo seco, e as portas se abriam lentamente. Um por um, os membros do bando de Drago saíam, silenciosos, de pele pálida, olhares atentos, movimentos leves e precisos. Por fim, ele.

Drago surgiu da escuridão da carroça como uma sombra sólida. A luz das fogueiras refletia em seus olhos, e o brilho frio de sua pele contrastava com o fogo. Seu manto se movia com o vento, e por um instante, o acampamento inteiro pareceu prender a respiração.

Liliana, que fingia não esperar por ele, estava sentada perto da fogueira principal, limpando ervas com a drabarni. Não resistiu e ergueu o olhar. Ele a viu imediatamente - como se a procurasse desde o primeiro passo fora da carroça.

- Está acordado, finalmente - disse ela, a voz carregada de ironia, tentando esconder o nervosismo. - Dormiu bem no seu caixão ambulante?

Um sutil sorriso curvou os lábios de Drago, e ele se aproximou até a luz tocar apenas parte de seu rosto, o restante envolto na penumbra.

- Durmo melhor quando há quem me observe - respondeu, com calma, o tom grave fazendo o ar parecer mais denso.

Liliana desviou o olhar, fingindo irritação, mas o coração batia descompassado.

- Não estava te observando. Só acho... curioso alguém que dorme de dia e surge como um vulto à noite. - Pausou. - Vocês são mesmo assim? Sempre entre o mundo dos vivos e o dos mortos?

Drago se aproximou mais, os olhos fixos nos dela:

- E você, Liliana Bari... sempre entre a rebeldia e o medo?

Ela ficou sem resposta por um instante, e ele aproveitou o silêncio.

Drago ajeitou-se ao lado dela, o rosto parcialmente iluminado pelo lampejo bruxuleante das velas. Seus olhos dourados, antes ameaçadores, agora refletiam apenas um cansaço antigo.

- O que somos não importa tanto quanto o que protegemos - começou, com voz grave, mas suave. - Este clã existe há séculos por causa do sangue que derramamos por ele. O sangue é o preço da existência, Liliana... e também o que a mantém.

Ela desviou o olhar, inquieta. - Eu ainda não compreendo. Como é possível viver... alimentando-se da vida de outros?

Drago inclinou a cabeça, observando-a com paciência.

- O sangue é o fio que liga tudo o que respira. Humanos o derramam em guerras, magos em rituais, e nós... bebemos para continuar. Não é um ato de maldade, mas de necessidade. Cada ser neste mundo consome algo para existir. Nós apenas conhecemos o preço do que tomamos.

Liliana o olhou, tentando decifrar se havia arrependimento em suas palavras.

- Então você não se arrepende?

Ele hesitou antes de responder, e seu olhar tornou-se distante.

- Arrependo-me apenas das vezes em que precisei tomar mais do que devia. - Suspirou, um som quase humano escapando-lhe dos lábios. - Mas a sede... é como o vento - nunca desaparece, apenas muda de direção. Aprendi a controlá-la. Aprendi a escolher de quem e por que.

Ele a fitou novamente, com uma expressão que mesclava dor e ternura.

- Eu não vivo entre os mortos, Liliana. Vivo entre os que precisam permanecer vivos.

As palavras ficaram suspensas entre eles, como um feitiço antigo.

Liliana sentiu o corpo estremecer. Pela primeira vez, enxergou nele não apenas a criatura das histórias, o predador da noite, mas algo mais profundo - um guardião condenado a existir nas sombras para que outros pudessem viver à luz.

- E quanto a mim? - perguntou, com a voz quase num sussurro. - Também terei de... beber sangue?

Drago se aproximou devagar, o toque dos dedos frios roçando o queixo dela.

- Sim - respondeu, sem rodeios, mas com gentileza. - O sangue será tua força e teu fardo. Mas tu não serás como nós. Há algo diferente em ti, algo que nem mesmo eu compreendo.

Ela sentiu o coração bater forte, o eco do medo e da curiosidade se misturando.

- E se eu... me recusar?

Drago sorriu com melancolia.

- Então o tempo fará isso por ti. O corpo imortal não se alimenta de vontade, mas de instinto. Quando chegar a hora, saberás o que fazer. E quando fizer, entenderás.

O silêncio voltou, mais denso e íntimo.

Liliana respirou fundo, tentando acalmar o coração acelerado.

Ele, por sua vez, observava-a como quem contempla uma chama - sabendo que, se chegasse perto demais, queimaria.

E, ainda assim, ficou.

Ele se afastou devagar, voltando-se para o fogo.

- Amanhã o sol voltará, e dormiremos novamente. Mas você... - disse, olhando-a por sobre o ombro - parece feita para a noite.

Ela o observou se afastar, o manto escuro dissolvendo-se na penumbra, o coração dividido entre raiva, fascínio e medo. A drabarni, que observava em silêncio, sorriu levemente e murmurou:

- A lua reconheceu seu reflexo, menina. E agora, nenhum dos dois poderá se esconder.

...

E assim os dias e noites se sucederam.

Durante o dia, o clã vivia em cores e risadas; durante a noite, o acampamento mergulhava em mistério, sob o olhar silencioso de Drago e de seus companheiros nas carroças seladas.

Entre o sol e a lua, entre o fogo e a sombra, Liliana e Drago se encontravam - dois destinos opostos, atraídos por algo tão antigo quanto a própria profecia que os unia.As noites nas Dolomitas tornaram-se diferentes desde a chegada de Drago. O ar parecia mais frio, as fogueiras ardiam por mais tempo, e até os lobos nos vales distantes uivavam com uma cadência diferente, como se saudassem o retorno de um velho senhor das sombras.

Liliana sentia isso - não apenas no ambiente, mas em si mesma. Dormia pouco, e quando fechava os olhos, via o rosto dele: a barba rala sombreando o maxilar, os cabelos castanho-escuros caindo até a nuca, e aqueles olhos, impossíveis de esquecer, tão profundos que pareciam guardar o próprio tempo.

Durante o dia, ela tentava manter-se ocupada, ajudando Milena e as outras mulheres, lavando roupas no rio, cuidando das crianças, rindo alto para espantar pensamentos perigosos. Mas ao entardecer, quando o sol começava a se esconder atrás das montanhas, o coração dela disparava.

Ela sabia que logo ele despertaria.

Três semanas após a festa, Liliana o viu novamente. Drago estava sentado próximo à fogueira central, sozinho, observando o fogo como quem lê um idioma que só ele entende. A luz alaranjada tocava seu rosto, criando um contraste entre o brilho e a sombra - a beleza humana e a natureza sobrenatural.

Ela se aproximou com passos firmes, mas o coração pulsava forte.

- Você sempre fica olhando o fogo assim? - perguntou, sentando-se diante dele sem pedir permissão. - Parece que tenta decifrar algo ali dentro.

Drago levantou o olhar, lento, com aquele ar que misturava gravidade e curiosidade.

- O fogo guarda memórias - respondeu. - Se olhar o bastante, pode ver rostos, lugares, tempos esquecidos.

- E o que você vê agora? - ela provocou.

Ele a observou por um instante longo, o suficiente para que o ar parecesse prender-se entre eles.

- Vejo o que o fogo sempre me mostrou... um eco do destino. E, hoje, esse eco tem o seu rosto.

Liliana desviou o olhar, sentindo as bochechas queimarem - não pelo fogo, mas pelo que aquela voz causava nela.

- Você fala como se eu fosse parte de um sonho antigo - disse, tentando manter o tom leve.

- Não um sonho - respondeu Drago - uma promessa.

O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo estalo das brasas. Ao redor, o clã já dormia, as carroças envoltas em penumbra. Liliana ficou ali, sentada, olhando-o.

- Dizem que você não envelhece - murmurou, quase para si. - Que vive entre nós há séculos. Que protege os Kalderash desde o tempo em que os ventos tinham outro nome. Isso é verdade?

Drago olhou o fogo outra vez.

- A verdade é um fardo pesado demais para os que medem o tempo pelo nascer do sol - respondeu com serenidade. - Mas sim... há muitas luas desde que o primeiro de vocês pediu abrigo nas montanhas. Eu os encontrei quando ainda eram nômades de sangue quente e passos silenciosos. Prometi proteger seus filhos e os filhos de seus filhos. E agora... chego ao fim dessa promessa.

- Comigo - completou Liliana, a voz trêmula entre desafio e medo.

Drago assentiu lentamente.

- Com você.

Ela ficou em silêncio por um longo tempo, sentindo o peso das palavras. O vento soprava leve, carregando o cheiro de terra fria e lenha queimada. Então, num impulso, ela perguntou:

- E se eu disser que não quero isso? Que não quero ser a continuação de uma promessa feita antes mesmo de eu nascer?

Drago se inclinou para frente, o olhar preso ao dela, intenso, implacável, mas sem violência.

- Então direi que o destino não se importa com o que queremos. Ele apenas... acontece. - Fez uma pausa, e sua voz baixou quase a um sussurro. - Mas se te serve de consolo, Liliana Bari, nem eu pedi por isso.

A sinceridade daquela confissão a desarmou. Pela primeira vez, ela viu algo em Drago que não era poder ou mistério - era cansaço. Um cansaço antigo, de quem carregava a eternidade nos ombros.

Ela respirou fundo, o coração leve e pesado ao mesmo tempo.

- Você é mesmo uma criatura estranha, Drago - disse, sorrindo de canto. - E perigosa.

Ele retribuiu o sorriso, um lampejo quase humano cruzando seu rosto.

- E você, minha florzinha, é teimosa, impulsiva e linda como a chama que insiste em queimar mesmo sob a chuva. - Seu olhar baixou por um instante, antes de se afastar. - Mas é isso que me mantém... desperto.

Liliana sentiu o mundo girar por um segundo. Quis responder, provocá-lo de novo, mas as palavras morreram na garganta.

Drago levantou-se devagar, o manto ondulando.

- Vá descansar. O amanhecer logo virá... e eu preciso da escuridão. - Ele começou a se afastar, mas antes de desaparecer na sombra, completou:

- Voltarei amanhã. Se quiser entender o que realmente é a profecia... venha até mim quando a lua tocar o topo da montanha.

E então ele se foi, silencioso, dissolvendo-se na penumbra.

Liliana ficou ali, sozinha diante da fogueira quase apagada, o fogo refletido nos olhos - e um novo brilho, desconhecido, queimando dentro dela.

...

O ar estava frio e denso, e o acampamento dormia em silêncio - todos, exceto Liliana Bari.

Ela caminhava sozinha pela encosta, o manto escuro cobrindo os cabelos, o coração pulsando com a certeza de que ele a esperava. Já havia passado um ciclo inteiro desde o primeiro encontro à beira da fogueira - e na noite seguinte seria seu casamento.

Os tambores estavam mudos, e até o vento parecia conter o som. Liliana seguia o caminho iluminado pela lua até o alto de uma clareira. Lá, entre as pedras antigas e o brilho pálido do luar, Drago a esperava.

Ele estava de pé, imóvel, como uma estátua viva. Os olhos, brilhando sob a luz lunar, pareciam conter o reflexo de eras inteiras.

- Eu sabia que viria - disse ele, a voz grave, baixa, quase um murmúrio que se misturava ao vento.

Liliana parou diante dele, respirando fundo. - E eu sabia que você estaria aqui - respondeu, firme, embora a voz tremesse. - Sempre está.

Por um instante, apenas o silêncio os envolveu. Então Drago estendeu a mão, convidando-a a aproximar-se.

- Amanhã o destino será selado diante de todos. Mas antes que isso aconteça, há algo que precisa saber.

Liliana deu um passo à frente, o coração acelerado.

- A profecia... - começou ela. - Fale. Diga o que realmente significa.

Drago ergueu o rosto para o céu, e a luz prateada da lua tocou sua pele pálida, quase translúcida.

- O que foi profetizado não é um casamento comum. É o início de uma nova era. - Fez uma pausa. - Ishtar, a Mãe das Estrelas, a Deusa das Bruxas, aquela que ensinou aos seres a magia, marcou você no nascimento. A lua na sua pele é o selo da deusa primordial, o símbolo da união entre o sangue humano e o eterno.

Liliana tocou o próprio ombro, como se a marca ali queimasse.

- E o que isso faz de mim?

Drago se aproximou, e sua presença era ao mesmo tempo fria e magnética.

- Faz de você a Rainha de todos os ciganos, humanos e inumanos. E faz de mim o Rei. Juntos, resgataremos o equilíbrio entre os mundos. Um novo ciclo começará. A era em que o medo da noite dará lugar à liberdade.

Liliana baixou os olhos, atordoada. - E se eu não quiser? Se eu não quiser viver assim... nas sombras, alimentando-me de sangue, vendo todos que amo envelhecer e morrer?

Drago permaneceu em silêncio por um instante, o olhar distante. Quando falou, sua voz era calma, cheia de sabedoria antiga.

- Viver para sempre não é o dom que muitos imaginam. É observar o tempo destruir o que se ama, é carregar memórias que nunca se apagam. Mas também é ter a eternidade para aprender, para sentir, para proteger. - Ele fez uma pausa, dando um leve sorriso triste. - O sangue... é apenas o preço da vida que não termina. Não é fome, é lembrança. Cada gota traz a essência dos que passam, e é isso que me mantém humano o bastante para ainda sonhar.

Liliana o encarou longamente. Nos olhos dele havia algo que jamais esperava encontrar - ternura.

- Então é isso... - murmurou ela. - Eu não sou apenas parte de uma profecia. Sou a escolha que você esperou por séculos.

Drago assentiu. - E, ainda assim, não te forçarei. - Aproximou-se mais, o rosto a poucos centímetros do dela. - Com ou sem profecia, com ou sem deusa, você tem o direito de escolher. Se disser "não", eu partirei com o vento. E a lua jamais te cobrará o que foi escrito.

O mundo pareceu parar. O vento cessou, o som das folhas desapareceu. Liliana sentiu o coração disparar. Tudo dentro dela - o medo, o desejo, a raiva e a fascinação - se misturava numa única certeza.

Ela ergueu o queixo, olhos firmes nos dele.

- Então ouça bem, Drago. Não escolho por medo, nem por dever. Escolho porque já não sei onde termino e onde você começa. Se o meu destino é caminhar entre a lua e a sombra, quero fazê-lo ao seu lado.

Drago respirou fundo, e algo - algo muito antigo - brilhou em seus olhos. Ele se inclinou lentamente, o movimento quase solene.

- Assim será, Liliana Bari. Rainha dos vivos e dos que caminham além da vida.

A distância entre eles se dissolveu como névoa ao vento.

Por um instante, apenas se olharam - o silêncio era denso, quase sagrado. O olhar de Drago, profundo e sombrio, prendia o de Liliana com uma intensidade que parecia atravessar a alma dela. O tempo parou. O som do vento, o farfalhar das folhas, o crepitar das tochas ao longe - tudo se calou.

Quando ele levantou a mão, o gesto foi lento, hesitante, como se temesse profanar algo puro demais. Os dedos tocaram de leve o rosto dela, traçando a curva da mandíbula até o queixo. A pele de Liliana estremeceu sob o toque - fria e quente ao mesmo tempo -, e um arrepio percorreu-lhe a espinha.

Drago a segurou com delicadeza, o polegar roçando-lhe o canto dos lábios, como se memorizasse o instante antes que ele se quebrasse.

Liliana não recuou. O coração dela - ainda vivo, pulsante - batia acelerado contra o peito.

O toque dos lábios foi leve, quase um sussurro. Um roçar breve, tênue como a primeira nota de uma música antiga, mas suficiente para rasgar o véu do mundo. O ar pareceu vibrar ao redor deles; o vento soprou de repente, arrebatado, fazendo as chamas das tochas dançarem e se erguerem num clarão súbito.

Drago aprofundou o beijo, agora menos contido. As mãos dele subiram, uma pousando na nuca de Liliana, a outra percorrendo-lhe os cabelos como se tentasse prender o tempo entre os dedos. O beijo se tornou mais intenso, ardente, mesclando o gosto frio da noite com o calor inesperado de suas bocas.

Liliana respondeu com igual fervor - o corpo se inclinando, os dedos segurando o tecido da camisa dele, puxando-o para si. E o mundo pareceu desaparecer: não havia carroça, não havia luar, não havia passado nem profecia - apenas o som das respirações entrecortadas, o sabor de eternidade e o pulsar de algo que desafiava a própria natureza deles.

Quando por fim se separaram, ofegantes, o ar ao redor ainda tremia. A lua, alta e plena, parecia brilhar com mais força, tingindo o rosto dos dois com uma luz prateada e viva.

Drago manteve a mão em seu rosto, o olhar ainda preso ao dela.

- Liliana... - murmurou, a voz rouca, reverente. - Você é o meu amanhecer.

Ela sorriu, um sorriso pequeno, mas verdadeiro - e pela primeira vez, a noite pareceu menos escura.

O primeiro beijo deles não foi apenas o encontro de dois seres - foi o cumprimento da promessa de Ishtar, o selo da união que marcaria o destino dos povos e das eras.

Quando se separaram, a respiração de Liliana era trêmula, mas o olhar firme.

Drago pousou a mão sobre o coração dela.

- Amanhã o mundo começará a mudar. E, quando o sol se esconder de novo... nenhum de nós será o mesmo.

A lua, testemunha silenciosa, derramava sua luz sobre eles - o Rei e a Rainha de uma nova era.

E a noite, finalmente, parecia sorrir.

            
            

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