Capítulo 3 Ardente tentação

Belly

A minha vida deu um giro grande, anos após anos passei a trabalhar como uma condenada e ainda viver de migalhas, passar por humilhações diárias, ser tratada pior que um pano de chão, tudo isso sem um pingo de reconhecimento, e agora me acusam de roubar? Nem uma agulha eu peguei! São duas demônias mesmo, Jamile e a mãe dela, arquitetando cada passo para me ver quebrada e desesperada. Fiquei presa naquele inferno, servindo, limpando, obedecendo, e tudo em troca de nada. E eu, que só queria abrir meu próprio restaurante e ser paga pelo meu trabalho, me vejo novamente em uma teia de mentiras e acusações absurdas.

Minha amiga teve problemas com o empréstimo, os lugares que íamos alugar travaram sem explicação, e de repente todas as portas se fecharam de novo. Eu estava pronta para pedir demissão, finalmente livre, mas, claro, elas precisavam me manter amarrada, e agora ainda me acusam de roubo. Isso não vai ficar assim. E para completar, o delegado é amigo dessas duas! Jamile ainda gargalha com a mãe, como se tivesse vencido algum troféu, e meu advogado, o único que aceitou me ajudar, tremia de medo delas.

Na audiência, me acusaram de vender joias, penhorar objetos pessoais, furtar dinheiro, mentiras tão grandes que até hoje me queimam por dentro. Entrei no avião com a passagem só de volta, decidida a nunca mais colocar os pés naquele país. Ainda assim, não conseguia acreditar que estava sendo acusada de roubo de novo. Minha vida sempre foi dura, cheia de cicatrizes que eu preferia esquecer, e agora mais essa humilhação.

Perder a audiência era melhor que perder meu réu primário. Entrei no avião com a passagem só de ida, decidida a nunca mais pisar naquele país. Ainda assim, era quase impossível acreditar que realmente haviam manchado meu nome daquele jeito. Minha vida já tinha sido dura demais, cheia de lembranças que eu preferia apagar para sempre. A aeromoça me perguntou se eu estava perdida e, por um instante, até achei que estava mesmo, mergulhada nos meus próprios pensamentos.

Guardei o celular após mandar mensagem para minha irmã e conferi o número do assento. Estava certo, mas quando fui me informar, a aeromoça me tratou como lixo. Disse, com aquele sorriso arrogante, que aquela era a classe nobre e que o meu lugar era lá atrás, na econômica. Na hora, tudo que eu queria era enfiar a cabeça da Jamile numa privada. A culpa de todo esse inferno era dela e da mãe cobradora, que arquitetaram tudo para não me pagar um centavo pelos anos de serviço. Fiquei sem trabalho, sem dinheiro e com ódio até nos ossos.

Falei sozinha, resmungando que iria processar aquelas duas serpentes. A aeromoça precisou atender um casal, então aproveitei a cortina aberta e caminhei alguns passos. Foi aí que o vi. Um homem dormindo, com fones no ouvido, tão impecável que até a gravata parecia ter sido moldada no corpo dele. O terno elegante, as abotoaduras douradas, a barba aparada, era impossível não notar.

O assento ao lado estava vazio e, antes que a aeromoça voltasse, sentei-me. Só queria respirar um pouco, mas quando olhei melhor, o choque veio rápido. Eu o conhecia. Era o mesmo homem daquela noite, aquele com quem dancei, aquele que não consegui esquecer. Não podia estar enganada.

Quando ele abriu os olhos e me encarou, perguntou quem eu era e por que estava ali. Eu estava pronta para responder, mas a aeromoça dos peitos quase estourando na blusa branca apareceu toda empinada, com aquele batom escuro tentando chamar a atenção dele. Pedi desculpas e comecei a levantar, mas ele segurou minha mão com firmeza.

Disse que aquele lugar era da noiva dele e que ficaria vazio, que eu podia ficar. Não insistiu, afirmou. Eu só concordei, porque quem era eu para negar aquele convite? Conversamos por um tempo e, entre uma bebida e outra, percebi que ele estava destruído. Falava da ex-noiva, do casamento que nunca aconteceu, das promessas quebradas. Um desperdício de homem, tão lindo e tão devastado. E claro, cada vez que eu lembrava de Mário, meu ex-marido desgraçado, sentia uma raiva queimando dentro de mim.

Ele perguntou como eu havia ido parar no México. Suspirei e admiti que era uma longa história, uma que me tirava o ar só de lembrar. Disse que ele era bonito demais para ter sido machucado daquela forma. Ele agradeceu e contou que estavam juntos há seis anos, mas que ela tinha receio de dividir uma vida com ele.

O bonito quis saber se eu não tinha receio de conversar tão abertamente com um desconhecido. Respondi que, após enfrentar um marido possessivo e violento, medo era a última coisa que eu sentia. Solicitei outra bebida, dizendo que meu dia estava péssimo. Ele sorriu, e aquele sorriso fez meu coração bater tão forte que até me assustei. A conversa esquentou depois de mais algumas taças. Ele me olhava como se quisesse decifrar cada traço meu. Pediu desculpas pela ousadia, disse precisar perguntar algo e, se fosse demais, era para fingir que não ouviu. Mas quando ele falou, quase engasguei.

Ele disse querer fazer sexo comigo no banheiro do avião e que, desde o momento em que me viu, não conseguia controlar o desejo, que seu corpo reagia a cada mínimo olhar. Fiquei nervosa enquanto ele tocava meu rosto com delicadeza e me beijava com gosto de tequila. Foi um beijo que me deixou sem ar, algo que nunca vivi nem com Mário. Quando ele afastou os lábios, perguntou se eu aceitava. A voz dele veio baixa, quente, afrouxando a gravata enquanto me olhava como se eu fosse a única pessoa naquele avião. E quando eu estava prestes a responder, ele repetiu, mais intenso, mais perto, mais perigoso para o meu autocontrole.

- Então, aceita?

- Sim! - respondi para a maior loucura da minha vida.

Não perdi tempo e repeti, e ele me beijou. Estava completamente envolvida pelo calor do beijo, sentindo as mãos dele percorrerem meu corpo, mas precisei detê-lo por um instante. Continuamos nos beijando, intensamente, até que ele me soltou e, ofegante, perguntou se eu aceitava, apertando-me contra seus braços.

Aceitei na loucura, sem pensar duas vezes, e ele sorriu nos meus lábios, aquele sorriso que fazia meu coração disparar. Eu estava pronta para ir com ele, perdida naquele fogo que me consumia.

Tão fora de mim, tão ofegante, ainda tentando acreditar que era real, lembrei-me de quando dançamos no México, mas decidi não mencionar nada sobre isso. Afinal, nos conhecíamos somente há dois dias.

- Tem certeza da sua decisão? - perguntou ele, beijando minha mão com aquela intensidade que me derretia.

- Digo que sim - respondi, sorrindo maliciosamente.

- Então espero seus comandos.

- Vai na frente, vou dar dois toques na porta, não tenha receio. Quero te proporcionar o melhor prazer da sua vida - disse ele, e as palavras me deixaram sem fôlego.

- Quero fazer amor com você no banheiro do avião, pois desde que te vi, não consigo controlar este desejo latejando em mim - murmurou.

Engoli o último gole de vinho, sentindo o calor subir pelo meu corpo. Ele estava levemente bêbado, mas e daí? Esta seria a última vez, pensei, ao me levantar e seguir para o banheiro, como havíamos combinado. Meu coração batia descompassado, borboletas no estômago, mãos geladas, e quantas vezes olhei meu reflexo no espelho? Muitas.

Alguém bateu à porta. Sabia que era ele. Quando abriu, entrou e fechou a porta, seus olhos fixos nos meus, penetrantes, como se me lessem por dentro. Fixei-me nos lábios rosados dele, e a palpitação do meu coração parecia uma escola de samba.

Então aconteceu algo que eu jamais poderia esperar. Ele me carregou no colo, me encostou na parede e, sem demora, puxou minha calcinha, rasgando-a com rapidez e intensidade. A sensação me deixou completamente excitada, o fogo do desejo consumindo cada parte do meu corpo. Ele me penetrou tão rápido que não deu tempo de protestar.

- Espera! - pensei, mas era impossível falar. Cada estocada era intensa, ele levantava minhas pernas, e o prazer era dolorosamente delicioso.

- Te quero, você é tão linda que poderia me apaixonar facilmente - murmurou ao meu ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha. Suas palavras me faziam arder, meu corpo derretia com a intensidade do prazer. Ele estava ofegante, suado, faminto, e o calor entre nós aumentava a cada instante.

Quando ele parou, retirou a calça e a cueca branca, revelando seu volume já animado, preparando-se para mais. Agachou-se, e sua boca encontrou minha intimidade ardentemente, sua língua explorando meu ponto mais sensível, me deixando em êxtase. A intensidade era diferente de tudo que eu já sentira, muito além de qualquer ficante ou namorado. No meio daquele frenesi, lembrei que ainda não sabia seu nome. Perguntei, e ele sussurrou ao meu ouvido:

- Rafael.

- Me chamo Belly - respondi, ofegante, e ele sorriu ao ouvir meu nome, me beijando loucamente de novo, sem esperar, as estocadas intensas continuando, levando-me a um êxtase que parecia infinito.

No banheiro não havia chuveiro, mas o pequeno sanitário e o espirrinho de água ajudaram a aliviar o calor antes de voltarmos ao nosso lugar no avião, conscientes de olhares curiosos ao redor. Ele pegou o celular, conferiu as notificações, fechou o aparelho e, ainda levemente bêbado, colocou minha cabeça em seu ombro.

- Quero que esta noite nunca acabe - falei, desejando que aquele momento se prolongasse.

- Sinto muito, não sei o que me deu, nem como deixei isso acontecer - disse ele, olhando-me nos olhos, ainda ofegante

- Foi somente um lance, e por favor, não comente com ninguém.

            
            

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